Investimento em estações de tratamento de esgoto e de extensão da rede de água em 4.470 quilômetros impulsionaram salto de 76 pontos porcentuais na cobertura de esgoto em Campo Grande, em um período de 25 anos.
De acordo com a Águas Guariroba, empresa responsável pelos serviços de abastecimento de água na capital sul-mato-grossense, no início da concessão da empresa, a cobertura de esgoto da cidade era de 18%. Com o passar dos anos, o grupo proporcionou um salto de cobertura de saneamento básico, que atualmente está na casa dos 94%.
Em 2020, o governo federal estabeleceu o novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020), que traça uma meta de universalização do acesso à água potável de 99% e coleta e tratamento de esgoto de 90% para toda a população brasileira até 2033.
Com os avanços no abastecimento de água em Campo Grande, o objetivo proposto para todos os municípios do País foi atingido pela Águas Guariroba em 2024, com nove anos de antecedência.
Os dados resultam em reconhecimentos de serviços em comparação com outros municípios brasileiros. Segundo o ranking de competitividade dos municípios, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), divulgado em 2024, Campo Grande é a cidade com melhor saneamento no Centro-Oeste.
Campo Grande também é uma das capitais que mais investem no saneamento por habitante, conforme dados deste ano do ranking do saneamento do Instituto Trata Brasil.
De 2019 a 2023, a média de investimento das capitais do Brasil em saneamento foi de R$ 130,05 por habitante. Campo Grande investiu 50% a mais, R$ 195,31 por habitante – um total de R$ 877 milhões.
Em entrevista ao Correio do Estado, a diretora-executiva da Águas Guariroba, Francis Faustino, explica que, apesar da meta nacional batida, a concessionária de abastecimento de água de Campo Grande prevê novas metas para universalização da rede de esgoto.
“Nós estamos bem adiantados perante o marco de saneamento, mas não a contento da nossa população, que quer atingir os 98% de cobertura de esgoto. Estamos com várias obras em andamento e planejamos chegar aos 98% até 2029. Este ano a gente pretende fechar com 94,8% ou 95% de cobertura na cidade”, disse Francis.
Bairros como Novos Estados e Jardim Tijuca devem ser contemplados com o cronograma de implantação da rede de esgoto, porém, o trabalho também depende de ação conjunta de estruturação do poder concedente.
“Estamos atuando agora no Universitário, mas a confirmação do cronograma de implantação da rede de esgoto em outros bairros depende da determinação da prefeitura e da Agência de Regulação [dos Serviços Públicos – Agereg]. Eles avaliam qual bairro será o próximo a ser atendido e se o bairro vai receber outras estruturas de drenagem e pavimentação”, acrescentou a diretora-executiva.
Francis também reiterou que o avanço na universalização da rede de esgoto em Campo Grande se dá por várias etapas de investimento alcançadas pela Águas Guariroba, como, por exemplo, a inauguração em 2008 da primeira estação de tratamento de esgoto (ETE) no Bairro Los Angeles.
Na época, a concessionária tratava 900 litros por segundo, atualmente, são 1.080 litros por segundo tratados. Em 2012, a ETE Imbirussu foi inaugurada, tratando 120 l por segundo.
Além destas estações de tratamento, a empresa está concluindo a construção da ETE Botas, a terceira na Capital, que vai ampliar em 600 milhões de litros de esgoto por ano a capacidade de tratamento.
BRASIL
De acordo com o levantamento do Ministério das Cidades, por meio do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa), 167,6 milhões de habitantes (83,1% da população total do País) são atendidos pela rede de abastecimento. Na esfera urbana, o número sobe para 93,4%.
Já no módulo de resíduos sólidos, somando a área rural e urbana, 91,3% dos 4.778 municípios participantes têm coleta de resíduos sólidos domiciliares.
Outro número de destaque da pesquisa feita pela Sinisa envolve o esgoto. O indicador da parcela da população atendida com a rede coletora passou de 56%, em 2022, para 59,7%, no ano seguinte. De todo o esgoto coletado, 78,6% do volume é tratado.
O estado de Mato Grosso do Sul, que também tem o planejamento alinhado às diretrizes do novo Marco Legal do Saneamento, tem como meta atingir 90% de cobertura da rede de esgoto até 2026.
A expectativa é de que MS seja o primeiro estado do País a alcançar a universalização dos serviços de saneamento, antecipando em sete anos o prazo definido pela legislação federal.
PERDA DE ÁGUA
Em função da implementação de tecnologias com auxílio de inteligência artificial, Campo Grande tem um dos menores índices de perda de água tratada do País, com apenas 19% de água perdida, enquanto a média nacional é de 40%.
Em 2001, o índice de perdas de água na Capital estava em 56%, porém, a partir do lançamento do Programa de Redução de Perdas da Águas Guariroba, em 2006, o índice diminuiu nos anos seguintes para 28% e chegou até o registro atual.
“O vazamento acontece na rede, na qual temos milhares de quilômetros de tubulação enterrada, e nos 390 mil pontos de ramais que se interligam aos hidrômetros. E, para controlar eles, usamos várias tecnologias, com equipe de geofone e por meio de sistema de imagens de satélite que mapeia vazamentos de água não visíveis”, informou Francis Faustino.
Conforme publicado em reportagem do Correio do Estado sobre o Centro de Controle de Operações da Águas Guariroba, a empresa utiliza desde 2014 um programa israelense chamado Takadu, que identifica vazamentos, falhas no sistema e alterações no fluxo de água por meio de 728 sensores espalhados na rede de esgoto campo-grandense.
Com o auxílio do programa, a concessionária de saneamento da Capital consegue reparar 40% de casos de vazamento de água a mais que o número de denúncias de perdas, que são informados pela população por meio de ligações telefônicas.
SAIBA
Desde 2011, o abastecimento de água tratada é universalizado na Capital. Atualmente, a Águas Guariroba capta 280 milhões de litros d’água por dia.


