Cidades

Campo Grande

Em meio a protestos, Câmara aprova reforma administrativa por 25 a 2

Apenas os vereadores Luiza Ribeiro e Prof. André Luis votaram contrários à proposta

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Nem os protestos que resultaram no cancelamento da sessão da última terça-feira (10) conseguiram evitar a aprovação Projeto de Lei nº 41, de 4 de dezembro de 2024, do Executivo, que propõe uma reforma administrativa na Prefeitura de Campo Grande.

A proposta foi votada durante sessão extraordinária realizada na manhã desta quarta-feira (11), e teve 25 vereadores favoráveis e dois contrários. Apenas Luiza Ribeiro (PT) e Prof. André Luis (PRD) votaram "não".

Antes da votação da reforma administrativa, foram votadas emendas. Quatro delas eram a favor da manutenção das secretarias de Juventude, Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Cultura e Turismo, e da subsecretaria de Políticas para a Mulher.

Elas foram apresentadas pela vereadora Luiza Ribeiro, e tinham como objetivo atender às reivindicações que preencheram a Câmara Municipal na manhã de ontem, quando a sessão precisou ser suspensa por falta de energia elétrica na Casa de Leis. No entanto, as matérias em questão não foram aprovadas.

Posteriormente, foram aprovadas com unanimidade emendas que determinam que qualquer modificação no orçamento do próximo ano, que estavam destinadas às secretarias que estão sendo dissolvidas, sejam feitas a partir de lei municipal, e não decreto, como previa o projeto.

O vereador Prof. André Luiz considerou o Projeto de Lei enviado pela prefeita Adriane Lopes (PP) "sem pé nem cabeça", e reforçou que o texto foi enviado para a Câmara Municipal "fora do prazo" - fato considerado por ele uma manobra política.

Isso porque há 1 ano a prefeitura assinou um pacto com o Tribunal de Contas da União se propondo a fazer essa reforma administrativa. No entanto, o texto deveria ter sido encaminhado até o dia 24 de abril de 2024.

"Isso que a gente está discutindo agora era para ter sido feito lá em abril, e não foi por quê? Porque era campanha eleitoral", destacou o vereador.

Outro compromisso previsto no pacto era criar uma comissão para elaborar e avaliar o projeto de lei, o que também não foi feito. O prazo a ser seguido era junho de 2024.

"Ao apagar das luzes somos colocados a votar uma reforma sem pé nem cabeça, que não foi discutida com o servidor, que não teve comissão", acrescentou Prof. André Luis.

O vereador lembrou ainda que o projeto prevê, além da extinção das pastas já mencionadas, a dissolução da Subsecretaria de Bem-Estar Animal.

"Qual a importância de uma Secretaria Especial de Casa Civil ser maior do que uma Secretaria de Cultura e Turismo; de uma Secretaria de Articulação ser mais importante?", acrescentou.

André Luiz mencionou ainda que irá pedir a judicialização do Projeto de Lei apresentado.

Durante toda a sessão, a vereadora Luiza Ribeiro se posicionou a favor das emendas apresentadas e contrária ao texto proposto pelo Executivo. Em um dos momentos, ela destacou que o projeto enviado pela prefeita não é fundamentado.

"Ela [Adriane Lopes] precisa justificar à sociedade o porquê da reforma administrativa, mas ela não justifica (...) Não pode ser porque ela achou que 'é melhor assim'", disse Ribeiro.

Além disso, a vereadora mencionou que a proposta foi elaborada por uma consultoria contratada pela prefeitura, que é de Brasília.

"Mas essa consultoria não apresentou nem no projeto de lei e nem para a sociedade qual é a razão jurídica para alterar a estrutura administrativa de Campo Grande", acrescentou.

Segundo ela, o texto não dá nem a dimensão do impacto financeiro dos cortes propostos, e nem soluções para as atividades já realizadas pelas secretarias que serão dissolvidas.

"Esse projeto de lei trazido pela prefeita não corresponde às necessidades administrativas porque não está fundamentado", concluiu.

Luiza disse ainda que irá procurar por juristas para checar uma possível violação de decretos e demais irregularidades que podem estar presentes na matéria.

Posteriormente, em entrevista coletiva, a vereadora reiterou a necessidade da prefeita apresentar uma justificativa para tamanha mudança na administração, principalmente por estar escorada em um discurso de corte de gastos, mas sem demonstrar, exatamente, quanto do dinheiro da máquina pública é aplicado e será "economizado" após os cortes.

"A prefeitura não pode fazer uma modificação tão estrutural na cidade sem qualquer justificativa plausível. Ela precisava apresentar primeiro o impacto econômico desta reforma. Não foi apresentado quanto custa hoje a estrutura existente e quanto custará de economia para a cidade a redução destas secretarias. Então, este pedido dela não tem fundamento jurídico. Além do mais, também não foi oportunizada a análise de todas as emendas como foi apresentado. Então, nós vamos apresentar uma ação para o cancelamento desta votação", concluiu.

O que diz o povo

A "Casa do Povo", como se apresenta a Câmara Municipal, recebeu nesta manhã dezenas de manifestantes contrários à reforma administrativa, principalmente aos cortes de secretarias. Representantes da juventude, do meio ambiente, da cultura e das mulheres consideram a extinção das pastas um retrocesso.

A doutora em psicologia social e docente da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Jacy Correa Curado, disse que acompanha o movimento desde a primeira coordenadoria da mulher, que surgiu no Estado em 1999 e em Campo Grande em 2005, e que cada política foi construída com muita luta. A dissolução da Subsecretaria de Políticas para a Mulher representaria a perda de tudo o que foi conquistado nos últimos 25 anos.

"A gente não pode retroceder, teria que ampliar, dada a condição das mulheres no nosso estado, os índices de feminicídio, de violência e de desigualdade social. Então, a gente não vê sentido nisso ser enxugado, reduzido", disse Jacy.

 Além disso, mencionou ainda que concentrar todas as gestões tira a autonomia das subsecretarias, e acaba dando à prefeita uma espécie de "superpoder".

"A proposta é para reduzir orçamento justamente em cima da cidadania das pessoas. Da mulher, da juventude, da cultura, do meio ambiente. Então, a gente acha que a prefeitura está aqui para trazer esses resultados. Vejo que não tem muito sentido político de uma gestão fazer essa redução. Concentrar tudo na Segov eu acho que cria um superpoder da prefeitura de ter todas essas subsecretarias sem autonomia, porque acaba tirando a autonomia quando você está subordinado a um outro organismo", acrescentou.

Outra preocupação é a Casa da Mulher Brasileira, que é de responsabilidade da prefeitura e recebe ações da Subsecretaria de Políticas para a Mulher.

"[Com a aprovação do projeto] a gente não sabe como vai ser administrada a Casa da Mulher daqui pra frente. A gente tem políticas na subsecretaria, a gente tem funcionários, então como vai ser, se a proposta é enxugar? O que vai ser cortado, o que vai ser mantido? Nesse sentido a gente acha que é um retrocesso, as mulheres vão sair perdendo. Vai aumentar a desigualdade, vai aumentar a violência. Se com tudo que a gente faz, ainda existe, imagina se reduzir?" questionou.

As dúvidas se estendem aos demais prejudicados pelo corte das pastas. Além da falta de explicações no próprio texto apresentado, também há críticas quanto a falta de diálogo, que vem sendo "negado" pela prefeitura.

"A gente não sabe qual a finalidade disso, com quem que a gente conversa, quem é a nossa representação. Até agora não tem informação nenhuma disso. Fez uma coisa arbitrária, sem conversa, sem diálogo com as pastas, com as secretarias", disse Fernanda Kunzler, atriz, produtora cultural e integrante do movimento SOS Cultura. 

Também há duvidas quanto ao destino do dinheiro que já havia sido destinado à cultura para o próximo ano.

"Sem secretaria, a gente não sabe como isso vai ser, onde isso vai parar, como que vai ser gerido esses recursos. Tem edital em aberto que era para ter sido lançado em 2022, só foi lançado esse ano, agora na semana de pagamento de repasse dos recursos, que é de investimento do município, eles suspenderam o calendário de aplicação de pagamento desses recursos. Então assim, há uma intencional política de desmonte dessa secretaria", concluiu.

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TRANSPORTE COLETIVO

Novo valor da tarifa de ônibus será anunciado "nos próximos dias", diz prefeita

Justiça deu prazo de 15 para prefeitura reajustar o valor do passe e Adriane Lopes disse que missão do novo diretor da Agência de Regulação é trabalhar nesta pauta

13/01/2025 11h45

Tarifa do transporte coletivo deve ser reajusta em 15 dias

Tarifa do transporte coletivo deve ser reajusta em 15 dias Foto: Gerson Oliveira / Correio do EStado

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A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, garantiu que o reajuste da tarifa do transporte coletivo será anunciado em breve, mas disse que valores e outras definições ainda estão sob análise do novo diretor-geral  da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), José Mário Antunes, que tomou posse nesta segunda-feira (13).

"O novo diretor da Agência de Regulação foi empossado hoje e vai estar trabalhando nesta pauta e, pelos próximos dias, vamos anunciar a população. A missão dele já é a partir de hoje trabalhar em cima dessa pauta que é tão importante para Campo Grande", disse a prefeita.

Questionada sobre o possível novo valor, a prefeita voltou a repetir que o assunto será trabalhado a partir de hoje.

Em decisão assinada na última quinta-feira (9), o juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 4ª Vara de Fazendas Públicas e de Registros Públicos deu o prazo de 15 dias para que a Prefeitura de Campo Grande reajuste a tarifa de ônibus.

O reajuste deveria ter ocorrido em outubro do ano passado e foi estipulada multa diária de R$ 50 mil até que o aumento seja efetivado.

O último reajuste do passe de ônibus ocorreu em março do ano passado, quando passou de R$ 4,65 para R$ 4,75.

Na última gestão, a Agereg, que é responsável pelo transporte coletivo da Capital, era chefiada por Odilon de Oliveira Júnior.

Decisão judicial 

A decisão que determina e dá prazo para o reajuste leva em consideração o contrato de concessão, assinado em 2012, que definiu outubro como data-base para os aumentos anuais.O reajuste deveria haver naquele mês em 2024, o que não foi feito.

Por isso, o Consórcio Guaicurus entrou com embargo de declaração na Justiça, por descumprimento, no qual o juiz deu o prazo para o reajuste.

“Intime-se o requerido [Prefeitura], pessoalmente para que,no prazo de 15 dias, comprove nos autos o efetivo reajuste da tarifa que deveria ter ocorrido no mês de outubro do ano passado, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), até o efetivo reajuste”, diz a decisão.

O novo valor da tarifa deve ser definido através de novos cálculos, já que nem a tarifa técnica, valor que é usado como base para a tarifa pública, ainda não foi divulgado pela administração. A tarifa técnica, esta tarifa é de R$ 5,95.

A decisão do juiz, no entanto, não tem relação com o reequilíbrio do contrato de concessão do transporte público, já que este tema aguarda que uma perícia judicial nas contas da concessionária seja realizada. A análise começou em dezembro e ainda deve demorar para ser concluída.

Polícia

Envolvido em latrocínio de PM morre em confronto com o Choque

Ele é o segundo do trio que matou Valdir Antunes de Oliveira, em 2014, a ser morto pelo Batalhão de Choque da PM

13/01/2025 11h30

Divulgação: BPMChoque

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Bruno Allef Bibiano Cristaldo, de 31 anos, morreu em confronto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPMChoque) na noite do último domingo (12), em Campo Grande.

Ele foi apontado como um dos envolvidos no latrocínio (roubo seguido de morte) do policial militar Valdir Antunes de Oliveira, de 37 anos, morto em 2014. Na ocasião, três homens invadiram a loja de materiais de construção do PM e fizeram reféns. Quando Valdir chegou, foi recebido a tiros no estabelecimento.

Em setembro do ano passado, um outro envolvido no assalto, Weslei Galvani, de 38 anos, também foi morto pelo Choque.

Ocorrência

Em nota, o Choque informou que policiais faziam patrulhamento no bairro Nova Lima quando avistaram um motociclista com capacete levantado e em alta velocidade. Diante disso, a guarnição deu ordem de parada por meio de sinais sonoros e luminosos, mas o condutor da motocicleta empreendeu fuga.

Em determinado momento, o motociclista diminuiu a velocidade, com intuito de manobrar e fazer o retorno na via para continuar a fugir, mas a equipe interviu e desembarcou para realizar a abordagem.

O homem, no entanto, não acatou às ordens do Choque, levou a mão à cintura e sacou um revólver.

No momento em que ele apontou a arma para a equipe, o comandante efetuou disparos para neutralizar a ação do agressor. Ele foi resgatado com sinais vitais e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento do bairro Nova Bahia, onde posteriormente foi constatado seu óbito.

Com ele foi encontrado um aparelho celular, uma carteira com seis trouxinhas de substância análoga a cocaína, além de um revólver com cinco munições intactas e uma deflagrada.

Segundo envolvido no crime morto

No dia 9 de setembro do ano passado, um outro envolvido na morte do PM Valdir Antunes de Oliveira, foi morto pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar. Ele foi identificado como Weslei Galvani, e tinha 38 anos.

O caso aconteceu no fim da tarde, quando equipes realizavam rondas na BR-260, em Campo Grande, na altura do trevo da saída para Sidrolândia. A equipe de moto patrulhamento avistou dois homens em uma motocicleta, e notou que um deles tentava esconder algo na cintura, enquanto cobria o rosto para evitar identificação. A ação suspeita motivou a abordagem.

O piloto do veículo obedeceu a ordem e se deitou no chão. Já o garupa, tentou reagir e foi morto, como descreveu o BPMChoque em nota divulgada na época.

"O garupa, no entanto, demorou a obedecer às ordens e, ao se dirigir em direção a uma área de mata, tentou sacar uma arma. Foi ordenado que ele levantasse as mãos, mas ele desconsiderou a ordem e continuou tentando sacar a arma com a intenção de agredir a equipe policial. Diante da ameaça iminente e injusta, foi necessário disparar contra o garupa, atingindo-o", diz nota.

O homem foi desarmado, socorrido e encaminhado ao Hospital Regional de Campo Grande, onde foi atendido pelo médico de plantão, que constatou o óbito.

Foram apreendidos com ele uma arma taurus 9 milímetros e um carregador contendo 8 cartuchos intactos.

Envolvido em morte de PM

Segundo o Batalhão de Choque, os dois homens citados na reportagem integravam o trio envolvido no assalto que resultou na morte do soldado da Polícia Militar, Valdir Antunes de Oliveira, de 37 anos.

Conforme noticiado pelo Correio do Estado, Valdir foi baleado na manhã do dia 23 de julho de 2014, durante um assalto a uma loja de materiais de construção localizada no Jardim Oliveira, em Campo Grande.

Os três rapazes invadiram a loja, que pertencia à família do soldado, e renderam uma funcionária e a esposa do PM, que estava com uma criança de colo. Eles colocaram as vítimas dentro de um banheiro, enquanto pegavam o dinheiro do caixa.

O policial chegou ao local, e foi recebido com um tiro. Os criminosos fugiram, levando R$ 200 em dinheiro, a arma do policial e o celular de um cliente.

Valdir chegou a ser socorrido e foi encaminhado para o Hospital Regional, porém não resistiu aos ferimentos e morreu.

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