Cidades

TENSÃO NO CAMPO

Em Terenos, temor é de mais tentativas de invasão de fazendas

Grupo de sem-terra de nome Fênix tentou ocupar fazenda da família da senadora Tereza Cristina neste domingo, mas bateu em retirada após chegada da PM

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Na manhã de ontem, no município de Terenos, a tentativa de invasão da Fazenda Santa Eliza, pertencente ao espólio de Maria Manoelita Corrêa da Costa, mãe da senadora Tereza Cristina (PP), elevou a tensão entre produtores e trabalhadores sem-terra na região. O chamado Grupo Fênix Renascer das Cinzas entrou na Fazenda Santa Eliza, da família de Tereza Cristina, pela manhã, para retirar madeira da reserva legal e foi repreendido por seguranças, que chamaram a Polícia Militar.

O Grupo Fênix, conforme apurou o Correio do Estado, é chefiado por duas mulheres dissidentes de um outro acampamento, que troca de local na região há pelo menos dois anos.

Logo após a ação da Polícia Militar, que foi apurar o possível esbulho possessório (tentativa de invasão), mas também um crime ambiental (desmate de reserva legal), os sem-terra bateram em retirada. 

O engenheiro-agrônomo Fernando Corrêa da Costa Neto, irmão de Tereza Cristina, e um dos proprietários da área que pertence ao espólio de sua mãe disse ao Correio do Estado que, em conversa com outros proprietários da região, existe o rumor de que o grupo pretende invadir fazendas na região. 

"Trata-se de uma fazenda extremamente produtiva, tanto nas áreas que nossa família gerencia quanto nas áreas que estão arrendadas", explicou Fernando Corrêa da Costa Neto. 

Ele contou ao Correio do Estado que, nas primeiras horas deste domingo, um grupo formado por aproximadamente oito pessoas entrou na reserva legal para cortar vegetação, possivelmente para fazer ainda mais barracos para o acampamento que existe em frente à fazenda.

"O grupo era composto por alguns velhinhos e dois garotões. Os garotões pareciam ser os seguranças. Foi perto da beira do Córrego Cachoeirinha", contou. 

Logo depois que a Polícia Militar chegou ao local, os sem-terra bateram em retirada. Segundo apurado pelo Correio do Estado, o grupo que entrou ontem na Fazenda Santa Tereza há alguns meses tentou entrar na Fazenda Sucuri e, agora, ameaçaria a Fazenda Campo Verde.

O que diz o MST?

No início, quando a informação era que a fazenda teria sido ocupada por sem-terra, vários grupos ligados a ruralistas chegaram a atribuir a autoria da ocupação ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O Correio do Estado entrou em contato com lideranças do MST, em Mato Grosso do Sul e em Brasília, e elas foram categóricas em afirmar que não havia nenhum envolvimento do MST na invasão. 

"O MST em Mato Grosso do Sul vem, por meio desta nota, afirmar que não realizou ocupação em áreas ligadas à senadora Tereza Cristina (PP), em Terenos (MS). Ainda que seja figura proeminente do agronegócio e tenha em seu histórico a condução do Ministério da Agricultura durante o governo (Jair) Bolsonaro, o MST não organizou nem apoiou nenhuma ação em latifúndios da senadora", afirmou o movimento, em nota.

O MST ainda ressaltou que não promoveu ocupações de terra no mês passado no estado de Mato Grosso do Sul. "No último período, aprofundamos nossas ações de solidariedade, principalmente com indígenas. A partir dos nossos cinco acampamentos e diversos assentamentos no Estado, doamos centenas de quilos de alimentos saudáveis, além de sementes agroecológicas, para diversas comunidades indígenas", explicou o MST, que ainda repudiou qualquer ligação com a ação realizada pelo Grupo Fênix, também conhecido na região como Movimento Campesino, e criticou a CPI aberta na Câmara dos Deputados para fiscalizar as ações do MST no Brasil.

"Repudiamos a tentativa de vincular a luta do MST à ação ocorrida na propriedade ligada à senadora. Em um momento de avanço da criminalização contra o MST, por meio, por exemplo, da instalação de uma CPI ilegal contra nós, tais vinculações só servem para incitar a sociedade contra a luta legítima do movimento".

Crítica

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Terenos, Diná Freitas, criticou movimentos como o que tentou invadir a fazenda da família Corrêa da Costa, da qual a senadora Tereza Cristina é uma das herdeiras. 

"O propósito desses grupos é levantar de manhã e arrumar um jeito de ganhar dinheiro facilmente. Por que montar acampamento é fácil, né? Difícil mesmo é fazer assentamentos", disse Diná. 

Ela lembrou que o Fênix ou Campesino não tem ligação com movimentos indígenas nem com MST e muito menos com Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Ela acredita que o grupo voltará, mesmo tendo batido em retirada após a tentativa frustrada de invadir a terra ou de ampliar o acampamento.

"Eles vão voltar, porque, quando os movimentos independentes, mais fortes e constituídos junto ao Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] conseguem uma área, eles ficam sabendo e vão para a frente das fazendas e até invadem. Movimentos constituídos, como o nosso, que é sindical, não invade", afirmou.

CUIDADO

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Agência emitiu alerta sobre compra e consumo desses medicamentos

21/12/2025 22h00

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas Divulgação

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Popularizadas por influenciadores e celebridades, as chamadas canetas emagrecedoras, como Mounjaro e Ozempic, vêm sendo cada vez mais buscadas por pessoas que desejam emagrecer de forma rápida, muitas vezes sem orientação médica e sem nenhum critério.

Diante da procura desenfreada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a compra e consumo desses medicamentos. Segundo a Anvisa, a venda e o uso de canetas emagrecedoras falsas representam um sério risco à saúde e é considerado um crime hediondo no país.

A farmacêutica Natally Rosa esclarece que o uso de versões manipuladas ou de origem desconhecida é uma prática perigosa.

"Uma pessoa que ela se submete, que ela é exposta ao uso de um medicamento fora dessas regulamentações, os riscos dela, com certeza, estão exacerbados. Desde a ausência de uma resposta ideal, como as contaminantes."

A farmacêutica destaca o que observar na embalagem e no produto para conferir sua autenticidade:

"Temos alguns sinais. A própria embalagem já chama a atenção, já que as bulas são de fácil acesso na internet. Então, qual é a apresentação física dessa embalagem? De que forma que ela se apresenta? Como está o rótulo? O rótulo está no idioma do Brasil? Do nosso idioma aqui? Não deve estar em outras línguas, por exemplo. Existe lote e validade de fácil acesso? Você consegue identificar? A leitura, a descrição do medicamento, o princípio ativo, ela precisa estar bem legível. Todas as informações precisam estar bem claras."

Ela também chama a atenção para valores: preços muito abaixo do praticado no mercado são sinal de alerta grave. O medicamento só é vendido com apresentação e retenção da receita médica.

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BRASIL

Dilma será indenizada por tortura física e psicológica na ditadura

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

21/12/2025 21h00

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências Comissão da Verdade/Divulgação

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A ex-presidente Dilma Rousseff receberá, da União, uma indenização de R$ 400 mil por danos morais, em razão de perseguição política e tortura durante a ditadura militar no Brasil. A decisão foi proferida na última quinta-feira (18) pela 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que também determinou o pagamento de uma reparação econômica mensal, em razão da demissão que ela sofreu na época.

O relator do caso, desembargador federal João Carlos Mayer Soares, afirmou que os atos praticados pelo Estado caracterizam grave violação de direitos fundamentais e ensejam reparação por danos morais.

“Foi evidenciada a submissão [de Dilma] a reiterados e prolongados atos de perseguição política durante o regime militar, incluindo prisões ilegais e práticas sistemáticas de tortura física e psicológica, perpetradas por agentes estatais, com repercussões permanentes sobre sua integridade física e psíquica”, diz Soares.

Ao longo dos anos, a ex-presidente deu diversos depoimentos sobre os interrogatórios violentos que sofreu. A tortura contra Dilma incluiu choques elétricos, pau de arara, palmatória, afogamento, nudez e privação de alimentos, que levaram a hemorragias, perda de dentes, entre outras consequências de saúde.

Dilma Rousseff foi presa em 1970, aos 22 anos, e passou quase três anos detida, respondendo a diversos inquéritos em órgãos militares em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Após deixar a prisão, Dilma mudou-se para o Rio Grande do Sul e, em 1975, começou a trabalhar na Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado.

Ela continuou sendo monitorada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) até o final de 1988 e perseguida por seu posicionamento político de críticas e oposição ao governo militar. Em 1977, o ministro do Exército à época, Silvio Frota, divulgou uma lista do que chamou de “comunistas infiltrados no governo”, que incluía o nome de Dilma, o que acarretou na sua demissão.

De acordo com o desembargador federal, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, a ser paga pela União, deve ser calculada de modo a refletir a remuneração que receberia caso não tivesse sido alvo de perseguição política.

Anistia política

Em maio desse ano, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconheceu a anistia política à Dilma Rousseff e também fez um pedido de desculpas pelos atos perpetrados pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.

Para o colegiado, ficou comprovado que o afastamento de Dilma de suas atividades remuneradas, à época, ocorreu por motivação exclusivamente política.

Então, foi determinado o pagamento de R$ 100 mil de reparação econômica, em parcela única, que é o teto de pagamento previsto na Constituição para esses casos.

Entretanto, para a 6ª Turma do TRF1, é assegurada a prestação mensal, permanente e continuada aos anistiados que comprovem o vínculo com atividade laboral à época da perseguição política, “ficando prejudicada a prestação única anteriormente concedida na esfera administrativa”.

Após a redemocratização de 1988, a ex-presidente também teve a condição de anistiada política reconhecida e declarada por quatro comissões estaduais de anistia, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebendo outras reparações econômicas simbólicas.

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