Falsos agentes de saúde voltaram a agir em Campo Grande. Depois de aterrorizar moradores da região do Bairro São Francisco, eles fizeram vítimas no Aero Rancho, na manhã de ontem. O pedreiro Giovane Lopes de Oliveira, 24 anos, que trabalhava na casa usada como alvo pelos bandidos, localizada na Rua Iemanjá, foi ferido por um tiro na nuca. A dona da residência, a vendedora autônoma Ana Cláudia Canhete, 34 anos, conta que dois homens bateram palmas em frente ao portão, por volta das 10h30min. Ela os atendeu e uniformizados, com crachá e mochila identificaram-se como agentes de saúde e pediram para entrar na casa em trabalho de vistoria contra focos de dengue. “Eles estavam com a roupa de agente, crachá. Eu mesma abri o portão”, lembra Ana Cláudia. Ao entrar, questionaram se havia cachorro na residência, “eu disse que tinha e então pediram para ver a carteira de vacinação”, conta. Para pegar o documento, Ana Cláudia entrou na casa pela porta dos fundos e os falsos funcionários da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) a acompanharam. Já no interior da casa, renderam a vendedora, o marido dela e duas adolescentes – uma de 13 e outra de 14 anos. As vítimas foram levadas para o cômodo onde funciona o escritório de Ana e obrigadas a deitar no chão. Os assaltantes foram para os fundos da residência e renderam os três pedreiros que trabalhavam no local. Eles aumentavam o muro para colocação de cerca elétrica. Os trabalhadores foram levados para o mesmo cômodo onde estavam as outras vítimas e também obrigados a ficar deitados. Em um determinado momento, um dos falsos agentes disparou um tiro e acabou ferindo o pedreiro Giovane Oliveira. “Ele não reagiu, não fez nada. O cara [bandido] deu um tiro e o Giovane se mexeu na hora e pegou nele”, conta um colega da vítima, de 30 anos, que prefere não se identificar. A vítima baleada foi encaminhada para o posto de saúde do bairro e não corre risco de morte. Após ferir o pedreiro, os ladrões fugiram com notebook, máquina digital e celulares. “Foram coisas pequenas, ainda não consegui saber tudo o que levaram”, declarou a vendedora, que em abril do ano passado, foi vítima de outro assalto, no mesmo local, também praticado por falsos funcionários públicos. “O ladrão estava com uniforme e crachá dos Correios. Disse que tinha uma entrega e eu abri. Ele amarrou eu e a empregada e roubou a televisão e meu carro”. O primeiro roubo durou cerca de 40 minutos e o de ontem, a metade do tempo. “Trabalhei para reconstruir tudo. E agora de novo. Os malandros são mais espertos que a polícia. Quem é que vai adivinhar que é bandido?, desabafa Ana Cláudia. A vendedora conta que antes de fugir os assaltantes fizeram uma ligação. “Não ouvi o que eles falaram, mas deve ter sido para alguém vir buscá- los”. De acordo com relato dos pedreiros, os ladrões são morenos, medem cerca de 1.60 m de altura e um estava com um revólver calibre 38 e uma pistola. Ainda segundo a proprietária do imóvel, antes de os falsos servidores da Sesau entrar na casa dela, ela os viu caminhar pela rua e até sair de outras residências. Nenhum morador próximo quis falar sobre o assunto. São Francisco No Bairro São Francisco, que fica mais perto da região central da cidade, falsos agentes de saúde assaltaram pelo menos duas residências no início do mês. Eles também perguntam sobre a existência de cachorros e pediram para ver a documentação. Em uma das casas, chegaram a ameaçar arrancar os dentes e a língua de uma das vítimas com um alicate, caso não falasse onde havia dinheiro. A ação dos bandidos que se passam por servidores da Saúde tem atrapalhado o combate à dengue. A Secretaria de Saúde já abriu sindicância para apurar como os ladrões conseguiram uniformes e crachás de funcionários. A Polícia Civil investiga o caso, com apoio do Serviço Reservado (PM2) da Polícia Militar.