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Humano saiu antes da África, aponta estudo

Humano saiu antes da África, aponta estudo

ESTADÃO CONTEÚDO

05/07/2019 - 13h31
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Uma descoberta feita por pesquisadores brasileiros e italianos traz uma nova hipótese para a primeira migração de humanos da África para o restante do mundo. Em expedições pela Jordânia, no Oriente Médio, o grupo de cientistas encontrou artefatos de pedra lascada que indicam que ancestrais do Homo sapiens saíram do continente africano milhares de anos antes do que se acreditava e o primeiro movimento migratório foi de espécies mais primitivas do que se pensava.

Em quatro expedições ao vale do Rio Zarka, no norte da Jordânia, os pesquisadores das Universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Federal do Paraná (UFPR) encontraram ferramentas datadas de cerca de 2,4 milhões de anos atrás, as mais antigas a ser achadas fora da África. O tipo de artefato, de pedra lascada, é típico de indivíduos da espécie Homo habilis, a primeira do gênero humano.

Até agora, acreditava-se que os primeiros humanos a sair da África migraram há 1,9 milhão de anos e seriam da espécie Homo erectus, uma evolução do Homo habilis. "Com as nossas descobertas, demonstramos que o homem saiu da África cerca de 500 mil anos antes e a transição entre o Homo habilis e o Homo erectus aconteceu no Cáucaso e não na África", explica o biólogo, arqueólogo e antropólogo Walter Neves, professor do Instituto de Estudos Avançados da USP e um dos cientistas que participaram do projeto.

Renomado pesquisador na área de evolução humana, Neves foi um dos responsáveis pelo estudo de Luzia, considerado o esqueleto humano mais antigo das Américas e danificado no incêndio do Museu Nacional.

De acordo com o cientista, as novas descobertas ajudarão a preencher algumas lacunas no campo da Paleontologia, a principal delas referente aos mais antigos fósseis humanos encontrados no Cáucaso, datados de 1,8 milhão de anos.

Hoje, acredita-se que esses fragmentos, achados em Dmanisi, na República da Geórgia, eram do Homo erectus, mas parte dos crânios encontrados apresentava características mais primitivas que o erectus. "Pode ser que a espécie encontrada no Cáucaso, portanto, seja Homo habilis ou uma intermediária entre o habilis e o erectus", explica Neves.

Métodos

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores fizeram quatro expedições à Jordânia, de 2013 a 2016, totalizando 80 dias de trabalho de campo. Nas escavações, encontraram centenas de artefatos de pedra lascada, que passaram por diversas análises para que fosse estimada a idade dos objetos. 

"Geralmente, em outras pesquisas, usa-se apenas um método de datação. Nós usamos três métodos diferentes e todos apontaram para os mesmos resultados", explica Giancarlo Scardia, professor da Unesp e um dos autores do estudo, que será publicado nesta semana no periódico científico Quaternary Science Reviews.

Mesmo tendo adotado rigorosos métodos de pesquisa para confirmar a datação dos artefatos e para comprovar que as lascas foram produzidas por humanos e não pela natureza, os pesquisadores dizem já esperar contestações da comunidade científica internacional. "A gente vem de um país que não tem tradição em pesquisa paleoantropológica, então as nossas contribuições são sempre vistas com muito preconceito", afirma Neves.

Para dar sequência aos achados e avançar no estudo, parte dos cientistas do grupo pretende voltar à Jordânia no ano que vem para dar sequência às escavações. De acordo com os pesquisadores, a nova hipótese de evolução humana proposta pelos brasileiros ganharia ainda mais força caso fósseis do Homo habilis fossem encontrados na região da Jordânia, comprovando a saída precoce do gênero da África.

"Os fósseis existem, mas são raríssimos. Portanto custa caro achar fósseis. Mas raro não é impossível", diz Fábio Parenti, professor da UFPR. As informações são do jornal O Estado de S Paulo.

 

Meio Ambiente

Pantanal: ONG diz que denúncia de grilagem é calúnia e "perseguição invejosa"

Autores da denúncia contra a Ecotrópica tem ligações com outra ONG; que teve menos êxito no mercado de carbono

21/01/2025 17h41

Ecotrópica vende títulos de preservação na região da Serra do Amolar

Ecotrópica vende títulos de preservação na região da Serra do Amolar

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A organização não governamental Ecotrópica, alvo de denúncia protocolada pelo pecuarista Bruno Teixeira Canabrava e pelo advogado Nelson Araújo Filho, afirma serem caluniosas as acusações de suposta grilagem de aproximadamente 5 mil hectares da União.

A Ecotrópica também afirmou, em nota enviada após a publicação de reportagem pelo Correio do Estado com o teor da denúncia feita por Bruno e Nelson, que as acusações “partem de pessoas sem qualquer credibilidade perante os pantaneiros”.

“Os denunciantes, que respondem ou já responderam por processos judiciais, nunca construíram ou ajudaram na preservação do Pantanal, mas acreditam que podem parecer defensores da moral e da lei, mesmo desprovidos de qualquer moral ou autoridade, em clara e absoluta perseguição invejosa e desprovida de qualquer razoabilidade”, afirma a dura nota da Ecotrópica.

A Ecotrópica, cujo nome é abreviatura de Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos, é uma fundação privada, dona de aproximadamente 70 mil hectares no Pantanal, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Ex-INSS

Recentemente, foi acusada pelo pecuarista, que é vizinho da Ecotrópica na Serra do Amolar, e também por Nelson, ex-advogado do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), demitido do órgão federal depois de ter sido condenado por improbidade administrativa.

Conforme a denúncia, a Ecotrópica estaria usando os documentos que possui para obter faturamentos milionários com a venda de Títulos de Cota de Reserva Ambiental. Estes títulos nada mais são do que créditos de carbono, negociados no mercado voluntário e também no mercado público.

A Ecotrópica explica que todos os títulos que ela negocia têm lastro.

“Todas as nossas áreas são absolutamente documentadas, registradas, sendo, em sua grande maioria, áreas consideradas e reconhecidas como Áreas de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, com aval e reconhecimento pelos órgãos federais (Instituto Chico Mendes, IBAMA e INCRA) e estaduais (IMASUL, no Mato Grosso do Sul), sendo de nossa propriedade há mais de três décadas”, informa.

Uma fonte consultada pelo Correio do Estado explica que o georreferenciamento das áreas onde reside a acusação da suposta grilagem poderá ser um “tiro no pé”, porque o mercado de carbono já deve ter exigido toda a documentação para pagar pelos títulos, inclusive os arquivos georreferenciados das áreas.

Além do mais, o advogado Nelson Araújo Filho, um dos autores da denúncia, teria ligação com outra ONG, supostamente concorrente, mas bem menos exitosa em ações de preservação, arrecadação de fundos e comercialização de créditos de carbono, chamada Instituto Agwa.

Ataques

A denúncia de Bruno e Nelson também ajusta sua mira contra o Instituto Homem Pantaneiro, cujo diretor e presidente, coronel Ângelo Rabelo, atua em parceria com a Ecotrópica.

Curiosamente, Rabelo tem sido protagonista de ações de preservação do Pantanal nesta década, tendo ganho prêmios nacionais e internacionais.

No primeiro semestre de 2024, Rabelo foi para Nova Iorque (EUA) para o evento anual do The Explorers Club, que reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global para transformar positivamente o mundo. Ele foi indicado como uma das 50 pessoas no mundo a atuar para transformações positivas, no The Explorers 50.

Em 15 de dezembro, Ângelo Rabelo, que é o principal alvo das denúncias, recebeu homenagem no programa Melhores do Ano de 2024, exibido pela TV Globo, durante o programa Domingão do Huck.

Ao Correio do Estado, Rabelo reiterou confiar na lisura da Ecotrópica e afirmou que, em Mato Grosso do Sul, atua como gestor das áreas da ONG, que tem sede no Estado de Mato Grosso.

Nelson, na denúncia, afirmou que a Ecotrópica negociou cada título de crédito de carbono a R$ 2 mil, e chega a alegar que eles valeriam pelo menos R$ 4 mil. Ao apontar o suposto uso de terras devolutas da União, insinua um faturamento irregular de ao menos R$ 10 milhões com a operação.

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Direito

Justiça reverte decisão que impediu mulher de assumir concurso como cotista

Candidata reconhecida como negra por órgão oficial teve a entrada pelo regime de cotas negada em concurso do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

21/01/2025 17h30

Foto: Divulgação

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Após ser aprovada no 10º Concurso Público do Quadro de Pessoal do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul (TJMS), uma mulher de Campo Grande, que se inscreveu como cotista negra, precisou procurar a Justiça para ter sua condição aceita.

A campo-grandense ingressou com uma ação pela Defensoria Pública em relação ao concurso, cujo resultado ainda não foi homologado. A inscrição pelo regime de cotas foi feita no 1º trimestre de 2024, mas só obteve parecer favorável após intervenção judicial.

Foi impetrado um mandado de segurança que resultou em uma decisão judicial favorável à candidata, cujo nome não foi divulgado. Ela relatou que, mesmo com leis que garantem o direito às cotas, enfrentou a negativa.

“São anos estudando para conquistar uma vaga! E mesmo tendo uma lei que garanta a cota, a banca negá-la é uma injustiça. A análise da banca foi desrespeitosa, em tom de deboche”, disse a candidata.

Segundo informações da Defensoria Pública, o nome da candidata, como aprovada pelo regime de cotas, ainda não consta como sub judice na página do concurso.

Entenda

Durante o procedimento de heteroidentificação, isto é, a confirmação de que a pessoa se autodeclara negra, realizado pela banca avaliadora do concurso, a candidata recebeu uma negativa.

Dessa forma, ela não pôde disputar as vagas asseguradas por lei aos candidatos negros. A mulher havia se inscrito como parda e, ao ser reprovada nesse procedimento, buscou a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul.

De acordo com o defensor público do Núcleo da Fazenda Pública, Moradia e Direitos Sociais (Nufamd), Alceu Conterato Junior, o TJMS considera que, em casos onde a pessoa já foi reconhecida como afrodescendente por órgãos oficiais, seu ingresso não pode ser negado em concursos.

“Para situações idênticas, o TJMS tem se pronunciado reiteradamente no sentido de que, se o candidato tiver sido reconhecido por órgão oficial como afrodescendente, sua exclusão de certames seguintes, nessa mesma condição, constitui-se em abuso de poder e absoluta ilegalidade”, explicou o defensor.

Cabe ressaltar que, no caso da candidata, muito antes de prestar o concurso para o TJMS, ela já havia sido reconhecida como negra pelo Exame Nacional da Magistratura (Enam).

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