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Internações de bebês com problemas respiratórios são recorde em 2023

Registros mostram 153 mil hospitalizações no ano, com média diária de 419 casos, apontando para desafios na saúde infantil.

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Em 2023, as internações de bebês menores de 1 ano por pneumonia, bronquite e bronquiolite em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram significativamente, registrando um crescimento de 24% em comparação ao ano anterior. De acordo com um levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância, iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP), foram contabilizadas 153 mil internações ao longo do ano passado, estabelecendo um novo recorde, com uma média de 419 internações por dia.

Esse número representa o maior registro dos últimos 15 anos, conforme destacado pela Fiocruz em comunicado publicado em seu site. O estudo também revelou que o SUS investiu R$ 154 milhões em 2023 no tratamento desses bebês, um aumento de aproximadamente R$ 53 milhões em relação ao ano de 2019, período anterior à pandemia de covid-19.

A análise das taxas de internação por região mostrou uma tendência de queda até 2016, com variações nos anos seguintes até 2019. A partir de 2020, ano do início da pandemia, houve uma queda média de 340% nas internações, seguida por aumentos constantes nos anos subsequentes, culminando no recorde observado em 2023.

As regiões Sul e Centro-Oeste destacaram-se por apresentar as maiores taxas de internação no último ano. A Fiocruz atribui isso ao frio intenso na região Sul e às queimadas associadas ao clima seco na região Centro-Oeste, condições que aumentam a vulnerabilidade das crianças a doenças respiratórias.

O coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini, apontou as mudanças climáticas e a baixa cobertura vacinal infantil como fatores principais para o aumento nas internações. Ele enfatizou a importância da atualização da caderneta de vacinação de bebês e crianças, além da necessidade de manter as gestantes com as vacinas em dia para garantir anticorpos aos bebês nos primeiros meses de vida.

Boccolini também defendeu a inclusão da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) no calendário do SUS, medida já aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Os dados de internação foram obtidos do Sistema de Internações Hospitalares do SUS, enquanto informações sobre nascimentos foram extraídas do Sistema Nacional de Nascidos Vivos, abrangendo o período de 2008 a 2023. O Observatório de Saúde na Infância tem como objetivo disseminar informações científicas sobre a saúde de crianças até 5 anos, facilitando o acesso a dados qualificados à sociedade.

*Com informações Agência Brasil

MENOS POLUENTES

Ônibus movido a gás natural começa a ser testado no transporte público de Campo Grande

Testes começaram nesta terça-feira (29) e serão realizados em várias linhas; Objetivo é que reduzir emissão de poluentes

29/10/2024 18h00

Ônibus movido a GNV será testado em algumas linhas

Ônibus movido a GNV será testado em algumas linhas Foto: Divulgação / PMCG

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Um ônibus movido a Gás Natural Veícular (GNV) começou a ser testado nesta terça-feira (29) no transporte público de Campo Grande. Confome a prefeitura, o objetivo é aumentar a eficiência do transporte e reduzir as emissões de poluentes.

O veículo é o modelo K 280 IB 4×2, da fabricante Scania, e tem capacidade para transportar 44 passageiros, incluindo pessoas com deficiência (PCD), é equipado com ar-condicionado e câmbio automático. 

O mesmo modelo já passou por bateria de testes em São Paulo, Curitiba e Recife.

o período de testes, o ônibus irá operar em alguns itinerários pré-estabelecidos da cidade e serão avaliados indicadores de eficiência e a viabilidade do Gás Natural Veicular como alternativa ao diesel, considerando as especificidades pontuais, como distâncias, clima e condições de terreno.

O ônibus será monitorado em várias rotas, permitindo uma análise abrangente de seu desempenho sob diferentes condições.

O trajeto será iniciado pela linha 082 – Aero Rancho – Shopping. Conforme a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), a escolha desse itinerário levou em consideração os dois terminais de atendimento e as vias sem obstáculos, projetadas para corredores do transporte coletivo.

“Esse é um resultado da parceria da MSGás com a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, o Consórcio Guaicurus e da Scania. Esse ônibus vai reduzir em 90% a emissão de gases de efeito estufa em Campo Grande, além de outros benefícios, como maior comodidade para o passageiro viajar nos vários trajetos", disse a CEO da MSGás, Cristiane Schmidt.

“Ao iniciarmos os testes do ônibus movido a Gás Natural, estamos dando um passo significativo em direção à inovação e à sustentabilidade no transporte público de Campo Grande. Estamos liderando o Centro-Oeste com esta tecnologia, que não só melhora a qualidade do transporte, mas também garante um futuro mais sustentável para nossa cidade. Esperamos que esses testes tragam resultados positivos e que possamos expandir essa iniciativa, beneficiando nossa população com um transporte mais moderno e confortável”, afirmou a prefeita Adriane Lopes (PP).

Benefícios

De acordo com a prefeitura, entre os benefícios do ônius movido a GNV estão:

  • Ambiental: O uso do GNV pode reduzir as emissões de CO² (aquecimento atmosférico) em até 90%, 97% menos material particulado (doenças respiratórias) e 95% menos NOX (causador da chuva ácida), contribuindo para as metas de descarbonização da cidade.
  • Econômico: A expectativa é que o GNV apresente uma economia significativa em comparação ao diesel, com abastecimento seguro e menos poluente.
  • Social: A população terá acesso a um transporte público mais moderno e confortável, com melhorias na qualidade de vida urbana.

Resposta

Instituto nega "esquema" e aponta negligência no tratamento de crianças com cardiopatia

Uma das crianças estava com cirurgia atrasada em pelo menos 6 anos, e agora vai precisar entrar na fila para aguardar um transplante

29/10/2024 17h05

Familiares apontam falhas no atendimento oferecido pela Santa Casa de Campo Grande, considerada referência em cirurgias cardíacas pediatricas.

Familiares apontam falhas no atendimento oferecido pela Santa Casa de Campo Grande, considerada referência em cirurgias cardíacas pediatricas. Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O Instituto 1 Só Coração negou a acusação feita pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), que motivou a abertura de um Inquérito Civil por parte do Ministério Público Estadual (MPE), de que os pais de crianças com indicação de cirurgia cardíaca estariam sendo persuadidos a recusar o serviço oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a fim de enriquecer ilicitamente a rede privada.

À reportagem, a representante do instituto, Gabrielle Montalvão, afirmou que a denúncia feita pela SES não tem fundamento, já que o instituto, que reúne familiares de crianças com cardiopatia, tem como foco apenas lutar por melhores condições de atendimento e assistência a essas crianças.

Montalvão esclareceu ainda que em algumas situações, o SUS não atende às expectativas dos familiares, que querem celeridade no processo, e em outras, há negligência no diagnóstico - o que faz com que casos considerados de urgência sejam tratados pelo serviço público como de menor gravidade.

"O instituto apenas presta auxílio aos familiares de crianças que enfrentaram dificuldades no atendimento e pedem outra possibilidade de tratamento. Mais de 90% das crianças que chegam para nós já passaram do tempo de fazer a cirurgia", revelou Montalvão.

Um dos casos mencionados pela representante do instituto foi de uma criança de 11 anos, que aguardava por uma cirurgia a qual deveria ter sido submetida aos 6 anos de idade. Devido ao atraso, agora ela só poderá ser curada por um transplante.

Em entrevista ao Correio do Estado, a mãe da criança - que receberá o nome fictício "Marta" neste material -, contou um pouco sobre a experiência vivida com a filha, desde o diagnóstico até a descoberta da necessidade do transplante.

Marta descobriu que a criança tinha ventrículo único e vasos mal posicionados no coração durante o sétimo mês de gestação. Após o parto, a recém nascida precisou ficar 18 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva neonatal da Santa Casa de Campo Grande, até a medicação ser ajustada.

Inicialmente, os especialistas diziam que e menina precisaria fazer três cirurgias. A primeira, chamada Bandagem, foi realizada quando ela tinha apenas 8 meses de vida, e a segunda, chamada Glen, foi feita quando ela tinha 2 anos e 9 meses.

"Mas depois das cirurgias começou meu pesadelo. Minha filha sempre foi nas consultas, nunca faltei. As médicas falavam que ela precisaria de três cirurgias no total, mas ela só fez duas. Depois, internamos seis vezes na Santa Casa, e nos mandaram embora em todas elas. Sempre chegava alguem mais grave para 'passar na frente', ou o leito da UTI não tinha vaga", relatou Marta.

Mais recente, a menina, que atualmente tem 11 anos, começou a apresentar sinais de cansaço que foram avaliados pela mãe como incomuns, por isso, a especialista que acompanha o caso foi procurada.

"A médica disse que estava 'tudo bem', e que minha filha poderia esperar a cirurgia. Fui atrás de uma segunda opinião, e aí meu mundo caiu", desabafou a mãe.

Em setembro deste ano, Marta procurou por um hospital referência em cardiologia no estado de São Paulo, que constatou que todas as cirurgias as quais a menina havia sido submetida foram feitas com atraso, e o Fontan, o terceiro procedimento que ela aguardava para fazer, era recomendado para pacientes com até no máximo 5 anos de idade, ou seja, a cirurgia estava atrasada em, no mínimo, 6 anos.

"Lá em São Paulo fiz vários exames que fizeram os médicos chegarem a essa conclusão, exames que nunca foram realizados aqui, nem pelo SUS e nem que tenham pedido para eu fazer particular. Ficamos 19 dias internadas, realizando os exames e trocando a medicação", detalhou.

A única saída apresentada pelos especialistas foi um transplante de coração.

"A função do coração da minha filha não está boa, e ela vai precisar entrar na fila para o transplante com 11 anos de idade, tudo isso devido a demora em fazer a cirurgia dela", disse a mãe.

Marta acrescenta que procurou pela Defensoria Pública para pedir auxílio para que a filha recebesse tratamento fora do estado, pedido esse que foi negado.

A Santa Casa disse que internaria a menina para realizar a cirurgia de Fontan, mas um dos critérios para a entrada no centro cirúrgico era a função do coração estar boa, o que não é o caso da filha de Marta.

Apesar da preocupação e da necessidade de mudar os medicamentos, o quadro da menina é estável no momento.

Além de Marta, Gabrielle Montalvão citou diversas outras mães que também enfrentaram dificuldades ao utilizar o Sistema Único de Saúde. Em dois dos casos recentes mencionados pela representante do instituto, crianças morreram na espera pela cirurgia. Em outro, a cirurgia foi feita, mas o bebê veio a óbito por falta de assistência no pós-operatório.

"Ter nossa imagem vinculada pela Secretaria de Estado à fake news é muito triste. Nossa luta nunca será contra pessoas específicas, mas sim por uma condição melhor", disse Montalvão, lembrando o inquérito aberto pelo MPE.

Ela reforça que o ideal realmente seria que as famílias fossem assistidas pelo SUS, na Santa Casa de Campo Grande, mas que, em alguns casos, não é uma possibilidade.

"Nossas crianças têm sim chance de vida, e nós precisamos melhorar essa assistência dentro do Estado. Anualmente nascem mais de 300 crianças com cardiopatia, que necessitam de cirurgia. Precisamos de mais profissionais", acrescentou.

Para embasar o argumento, Gabrielle apresentou dados de um estudo conduzido pelo o pelo Ministério da Saúde e pelo Hospital do Coração (HCOR), que revelou que apenas no ano de 2018, em Mato Grosso do Sul, aproximadamente 480 crianças nasceram com cardiopatias congênitas, dentre elas, 330 precisavam de cirurgia pelo SUS. O levantamento mostra ainda que a produção cirúrgica da Santa Casa, o único hospital de referência no estado, foi de 138 procedimentos, atendendo 42% da demanda.

Um outro estudo, publicado na Revista Epidemiológica Brasileira, mostrou que, no estado do Mato Grosso do Sul, a mortalidade por malformações congênitas foi maior que a mortalidade por prematuridade em 2020.

"Considerando que a cardiopatia congênita é o tipo de malformação que mais leva neonatos ao óbito, é crucial que as políticas de saúde pública foquem na detecção precoce e no tratamento adequado dessas condições", defende o instituto.

Gabrielle disse à reportagem que já foram feitas diversas reuniões com as autoridades de saúde para pedir por melhorias no atendimento, acompanhamento e tratamendo dessas crianças, mas que o serviço oferecido ainda está longe do ideal.

"Nós iremos tentar contato com eles o mais cedo possível, não podemos aceitar que eles nos vejam como uma ameaça quando claramente nós não temos culpa da alta mortalidade e da baixa produção cirurgia do hospital em questão", concluiu Gabrielle.

A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau), órgão que recebeu as mães recentemente para mais um diálogo, foi procurada e questionada sobre a quantidade de pacientes que aguardam em filas por cirurgias de cardiopatia, e quais fatores fazem com que os procedimentos levem tanto tempo para serem realizados. No entanto, não houve resposta até o momento de publicação deste material. O espaço segue aberto para posicionamento.

Inquérito do MPE

O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou inquérito civil para apurar a regularidade do serviço de cirurgia cardíaca prestado pela Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), mantenedora do Hospital Santa Casa de Campo Grande, e a possibilidade de um grupo estar convencendo fanílias das crianças que necessitam da cirurgia a não utilizarem o serviço público habilitado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Conforme consta no documento, a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES) acionou o MPE apontando que advogados, médicos e membros do Instituto 1 Só Coração estariam persuadindo os responsáveis pelas crianças com indicação de cirurgia cardíaca a recusarem o serviço público, descredibilizando o servço oferecido pelo SUS, com o objetivo de alcançar enriquecimento ilícito.

Tal fato veio à tona porque o Estado tem estranhado a quantidade de demandas judiciais para arcar com custos financeiros exorbitantes de cirurgias cardíacas pediátricas feitas fora da rede referenciada do SUS. A estranheza se deve ao fato de que o serviço demandado é oferecido pela rede pública na Santa Casa da Capital, que é considerado referência no procedimento.

Ou seja, mesmo com a qualidade comprovada do serviço e a cobertura do SUS, constantemente são ajuizadas ações de pacientes que não se submetem ao procedimento no hospital.

A pasta considerou que os advogados "estão a denegrir o serviço referenciado do SUS com judicialização de demandas contra o Estado de alto valor financeiro fora da rede referenciada do SUS".

Para a SES, incentivar as famílias a buscarem pelo tratamento na rede privada com a descredibilização do serviço oferecido pelo SUS pode se tratar do caso de uma disseminação de informações falsas e tendenciosas, as chamadas fake news, e elas estariam "afetando diretamente as finanças públicas do Estado de Mato Grosso do Sul e dos Municípios".

"Considerando que, por tudo que dos autos citados contam, a imagem do serviço de cirurgia cardíaca pediátrica da Santa Casa está sendo denegrida sem qualquer comprovação e, por conseguinte, o Estado de Mato Grosso do Sul está sendo demandado judicialmente para que arque com os custos financeiros exorbitantes de cirurgias cardíacas pediátricas fora da rede referenciada do SUS, servimos da presente para solicitar averiguação deste Ministério Público quanto ao fato ora apresentado", finaliza a SES.

A instauração do Inquérito Civil foi publicada no Diário Oficial do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (DOMP) desta terça-feira (29).

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