Cidades

ENTREVISTA

"Jogos Escolares são essenciais para um atleta chegar às competições internacionais "

O professor e técnico que está no comando do principal órgão de fomento ao esporte e ao lazer de Mato Grosso do Sul fala sobre a formação de atletas de alto rendimento e investimentos

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Em tempos de Jogos Olímpicos muitos se pegam pensando no que os atletas passaram para chegar até esta festa do esporte mundial, que neste ano ocorre em Paris. O trabalho vem desde a base, e em Mato Grosso do Sul, parte deste trabalho é coordenado pela Fundeção de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), órgão do governo do Estado que promove das atividades recreativas às competições e treinamentos de alto rendimento. 

O entrevistado desta semana é o diretor-presidente da Fundesporte, professor e técnico Paulo Ricardo Martins Nuñes. Além de explicar como funciona programas importantes, caso do Bolsa Atleta, que atende tanto estudantes quanto atletas de alto rendimento, o dirigente da Fundesporte exalta investimentos em infraestrutura e a identificação de talentos nas escolas, por meio de competições como os Jogos Escolares.

“São essenciais para se chegar a competições internacionais como uma olimpíada, porque é eles são a base de uma pirâmide de uma carreira esportiva que o país precisa ter”, comenta.

 

Confira a entrevista: 

Quantos atletas de alto rendimento Mato Grosso do Sul tem atualmente contemplados com o Bolsa Atleta? Qual o balanço que você faz deste ano olímpico?

O balanço que fazemos é muito positivo. Embora não tenhamos atletas nas olimpíadas, tivemos dois atletas disputando as últimas seletivas com chances de classificação, e também teremos três atletas na paralimpíadas, além de um atleta guia e uma técnica, por isso, o saldo é extremamente positivo. 

Especificamente sobre o programa Bolsa Atleta e Bolsa Técnico, nesta edição 2023-2024, estão contemplados 345 atletas e 38 técnicos. O investimento mensal é de R$ 331 mil e a soma dos pagamentos ao longo dos 12 meses é de R$ 3,97 milhões. Os valores das bolsas varia de R$ 500 a R$ 1,5 mil. Os recursos são provenientes do FIE (Fundo de Investimentos Esportivos). 


Os pagamentos serão efetuados a partir de fevereiro de 2024, de modo retroativo referente aos meses de dezembro e janeiro. Os programas do Governo do Estado possuem ainda uma categoria especial, a MS Olímpico, que auxilia atletas, e seus respectivos técnicos, que estão na corrida olímpica, isto é, em preparação intensa e decisiva visando os Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2024.
 
Como está o incentivo para o alto rendimento nas bases? Vocês atuam junto com a secretaria de Educação para identificar talentos?

Sim, trabalhamos, e um dos programas que temos é o Prodesc, o Programa de Desenvolvimento do Esporte Escolar. Ele é feito em parceria com a Secretaria de Educação. São mais de 700 ações espalhadas por todo o Estado, projetos de iniciação esportiva. Além disso, temos para os jovens atletas que se destacam o Bolsa Atleta Estudantil, que é a porta de entrada do programa Bolsa Atleta, no qual o estudante pode progredir até a categoria internacional. Além disso temos editais que fazemos com os clubes. Os clubes fazem um trabalho com a base, e podem ser contemplados, como por exemplo na última edição do edital, que foi um edital de R$ 7 milhões. Além disso, temos o apoio às federações. 

As federações desenvolvem as competições com esses atletas, tanto da base, quanto os de alto rendimento. Por isso, a gente trabalha com os programas de iniciação ao treinamento e apoio ao atleta, além de apoio aos clubes e federações também. 

Acredita que os Jogos Escolares, caminho para os Jogos da Juventude, são o grande caminho de formação para uma grande geração olímpica?

Sim, sem dúvida. Os jogos escolares estaduais e brasileiros são a melhor forma de representar uma cidade, um estado e um país, no que diz respeito à busca pelo alto rendimento. São essenciais para se chegar a competições internacionais como uma olimpíada, porque é eles são a base de uma pirâmide de uma carreira esportiva que o país precisa ter.

Quanto mais atletas nessa base, mais atletas chegarão ao nível de uma olimpíadas, no topo desta pirâmide. Por isso, o investimento que o governo do Estado tem feito nos jogos escolares tem essa preocupação. Investimos em condições hoteleiras, de infraestrutura, de alimentação. Isso é o reflexo do nosso plano de longo prazo. Porque um garoto que é descoberto nos jogos escolares vai para a competição nacional e tem destaque, certamente ele pode ser convocado para a seleção brasileira. A partir de lá, ele inicia uma carreira esportiva.

E aquele que por acaso não foi convocado ou não se destacou, teve um experiência dentro dos jogos estaduais ou dos jogos nacionais, e isso é carregado pela vida toda, deste jovem atleta, do ser humano. Creio que é um processo de formação muito importante e nós temos visto hoje que os grandes países têm essa preocupação de investir na base por meio de jogos nas faixas etárias.  

No caso de Mato Grosso do Sul, adotamos o nome de jogos escolares, mas em outros países, uma outra nomenclatura foi usada.

Não existe alto rendimento sem boa infraestrutura, como a Fundesporte tem contribuído com a infraestrura? E com a capacitação de treinadores?

A Fundesporte tem contribuído com a infraestrutura. Nós também temos o entendimento de que a boa performance passa por uma boa estrutura. Por isso temos apoiado as prefeituras municipais por meio de convênios, com várias finalidades. Como por exemplo para a reforma das instalações esportivas já existentes, para a compra de materiais esportivos de qualidade.

Também entendemos que não basta apenas a infraestrutura física, mas também são necessários bons equipamentos, para que o atleta possa melhorar seu desempenho. Temos uma novidade, acabamos de assinar um convênio para a construção de uma pista de skate, algo que não temos aqui no Estado. 

E ainda dentro dessa mesma pergunta, também temos uma unidade de capacitação de treinadores. Por meio dela fazemos cursos de capacitação em todo o Estado, com os professores. Atuamos de uma forma regionalizada com os educadores, e também promovemos um curso para o alto rendimento. Por exemplo, tivemos agora no fim do mês passado um curso nível 2 de vôlei de quadra. Teremos em breve um curso de basquetebol.

Contratamos técnicos de renome nacional, que já passaram por seleções brasileiras, para capacitar os professores daqui do Estado no alto rendimento. Além destes cursos regionalizados e dos cursos de alto rendimento, neste ano inauguramos um centro de referência esportiva na Antiga Escola Riachuelo, em Campo Grande. Ele também vai funcionar como um centro de capacitação, dentro das instalações que eram de educação física da antiga escola. 
 
E tem mais obras em vista?

Sim, temos previstos para este ano a inauguração de mais duas pistas olímpicas de atletismo. Uma em Ponta Porã e outra em Chapadão do Sul. São pistas que vão poder sediar eventos nacionais, de primeiro mundo. Além de servir de palco de competição com atletas nacionais, o mais importante é que nelas estarão treinando os atletas locais. A Federação de Atletismo, por exemplo, também poderá utilizar destes espaços para trazer campeonatos em parceria com a fundesporte.

Também estamos levando acampamentos de treinamentos dentro do Estado para os atletas treinarem nestes pisos, que é piso olímpico. Elas serão alguns dos diferenciais para 2024. Temos mais projeções para daqui mais dois anos, de obras que estamos em análise para poder colocar em prática, mas isso ainda envolve vários fatores, como organização, planejamento. 

O futebol é um esporte de massa que está no coração dos brasileiros, entretanto, em ano olímpico, e visibilidade de outros esportes aumenta. Como a Fundesporte pode ajudar na divulgação destes outros esportes nas comunidades?

Nós temos nossos projetos com o futebol. Mas temos ações muito importantes de divulgação de todas as modalidade. Nós ajudamos a todas as todas as federações de esportes olímpicos, e não olímpicos. São diversas possibilidades de ajuda para eles divulgarem suas atividades. Temos nossas redes sociais, que sempre divulgam os resultados de todos os nossos atletas.

Além disso, damos ênfase para os atletas que estão nos representamos em competições importantes, caso por exemplo do Rufino (canoagem) e do Ieltsin Jacques (atletismo) nas paralimpíadas. Mas temos um calendário esportivo o ano todo, e estamos sempre em parceria. 

A Fundesporte historicamente sempre foi parceira das federações. O único caminho para se incentivar os esportes é por meio de federações, de uma cultura oficialista, ou há outros mecanismos mais transversais?

Ajudar as federações é uma ação positiva da Fundesporte, porque as federações precisam desta ajuda porque divulgam os esportes e organizam as competições. Famamos das federações de esportes olímpicos e não olímpicos. É uma maneira de incentivarmos as federações a cada dia, de se criar grandes campeonatos, e se ofertar modalidades esportivas para a população. Mas é claro que não nos restringimos ao apoio às federações. Temos, por exemplo, um edital de R$ 7 milhões que atendem além das federações, também os clubes. Além disso, como já tratamos aqui, temos programas importantes como o Bolsa Atleta. 
 
Quais os planos da Fundeporte para o próximo ciclo olímpico?

A Fundesporte trabalha com um calendário que a gente organiza todo começo de ano. Além deste calendário anual temos um calendário de quatro anos em que pensamos as ações pensando no ciclo olímpico. Como já disse, temos vários programas que vão do auxílio às federações e aos clubes para a melhora da infraestrutura. Auxiliamos os atletas a viajar para fora do Estado para nos representar. 

Não pensamos em apenas uma modalidade. Claro que que temos algumas modalidade que se destacam e já temos uma organização própria da federação, que tem nos trazidos excelentes resultados. Cito como exemplo o judô, a canoagem.

Temos um atletismo muito forte, com bons resultados na base dos jogos escolares e nos jogos da Confederação Brasileira de Atletismo. Temos também outras modalidades que vem fazendo um trabalho muito bem feito, em que a gente tem perspectiva que daqui quatro anos algum atleta se destaque e possa compor uma seleção brasileira. E o curioso é que o esporte é muito dinâmico, além de nós, também temos outros estados trabalhando com este mesmo pensamento, de colocar seus atletas na seleção brasileira

Aí quando descobrimos com a federação algum atleta de destaque a gente ajuda. A Fundesporte é parceira das federações por elas levarem esses atletas a competir em nível nacional. É dentro deste trabalho que estão os programas de excelência como Bolsa Atleta e Bolsa Técnico, que ajudam muito os atletas. 

Perfil

Paulo Ricardo Martins Nuñez 

Paulo Ricardo Martins Nuñez, 57 anos. Atua há 28 anos na área da Educação Física. Atualmente é professor efetivo do Curso de Educação Física da UFMS e Diretor-Presidente da Fundação de Desporto e Lazer de MS . Tem experiência profissional internacional como técnico de handebol, tendo no currículo 35 jogos internacionais como treinador da modalidade.

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Atividades Suspensas

Unidade Básica de Saúde é interditada por falta de enfermeiros em MS

Com apenas um enfermeiro atendendo em duas extensões da UBS Marcelino, o Conselho Regional de Enfermagem suspendeu o atendimento

10/09/2024 18h57

Durante a vistoria, o Coren-MS constatou a falta de profissionais para atender à demanda de mais duas extensões da UBS Marcelino

Durante a vistoria, o Coren-MS constatou a falta de profissionais para atender à demanda de mais duas extensões da UBS Marcelino Marcelo Casal Jr / Agência Brasil

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Durante a inspeção à Unidade Básica de Saúde Marcelino, o Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Coren-MS) interditou a unidade por falta de profissionais de enfermagem para atender à demanda no município de Pedro Gomes.

A UBS em questão possui duas extensões no município que passaram pela vistoria do Coren-MS, na segunda-feira (10), sendo elas: São Luiz e Santo Antônio.

Segundo o presidente do órgão, Leandro Rabelo Dias, são poucos os profissionais para atender e prestar auxílio à comunidade que procura atendimento, sendo que a situação perdura há algum tempo.

“Já foram feitas várias fiscalizações, e, em uma delas, não havia nem técnicos para auxiliar pacientes. A administração não tomou as medidas necessárias, e a única enfermeira tem que fazer um trabalho hercúleo, pois não há contratação de profissionais há anos”, disse Rabelo.

Interdição

Ainda durante a vistoria, foi feita a leitura do Termo de Interdição pelo Procurador-Geral da Instituição, Dr. Douglas Cardoso, que tratou com os representantes da administração pública dos “próximos passos” para retirar a interdição.

“A decisão do Conselho é de interditar eticamente a totalidade do exercício da enfermagem nas extensões São Luiz e Santo Antônio, que fazem parte da Unidade Básica de Saúde Vila Marcelino. Entretanto, é assegurada a continuidade da assistência de enfermagem aos pacientes que já estão internados ou sob cuidados da enfermagem na data da interdição”, diz a nota do Coren-MS.

O presidente do Coren-MS categorizou o episódio como “desumano” na questão de um único profissional da saúde ter que ficar responsável por dois prolongamentos da UBS.

“Quando um profissional trabalha de forma irregular, é nosso dever agir. Atuamos amparados pelas resoluções do Cofen, sob a égide da lei, para que os profissionais de enfermagem sejam sempre reconhecidos e valorizados. É dever da administração pública zelar pela saúde dos munícipes, bem como por condições ideais de trabalho para seus colaboradores”, pontuou Rabelo.

Atividades

Com isso, o retorno do atendimento nas extensões só será liberado caso a administração do município realize a contratação ou alocação de enfermeiros adequados para atuar durante o expediente.

Também ficou determinado que os técnicos e auxiliares de enfermagem não exerçam suas atividades sem a supervisão direta de enfermeiros.

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INCÊNDIO

Flávio Dino determina convocação de bombeiros e emprego de mais aeronaves no Pantanal

Ministro do STF também determinou a ampliação do efetivo da PRF na fiscalização da região e mutirão para investigação das causas do surgimento de incêndios

10/09/2024 18h33

Foto: Joédson Alves / Agência Brasil

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, determinou a convocação imediata de mais bombeiros militares, oriundos de outros estados, para compor a Força Nacional e atuarem no combate ao incêndio no Pantanal e na Amazônia, além de determinar o emprego de mais aeronaves das Forças Armadas na identificação e combate ao fogo.

A contratação e a requisição de aeronaves na iniciativa privada também foi autorizada.

A decisão foi dada nesta terça-feira (10) em audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF), convocada pelo ministro Flávio Dino no âmbito das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 743, 746 e 857, julgadas em março, quando foi determinado que a União adotasse ações repressivas e preventivas para combater os incêndios no Pantanal e na Amazônia.

A audiência foi realizada pois o ministro considerou que é de responsabilidade da Corte acompanhar de perto o cumprimento integral da decisão do Tribunal.

Na reunião, a  Advocacia Geral da União (AGU) apresentou relatório sobre a situação atual dos incêndios nos dois biomas e o que está sendo feito em cada uma das áreas do governo federal para resolver o problema. 

Flávio Dino afirmou que o Brasil vive “uma verdadeira pandemia de queimadas que deve ser enfrentada” e que os danos não são só ambientais, mas também econômicos e à saúde humana.

Desta forma, ele determinou que todas as frentes de fogo na Amazônia e no Pantanal devem ter combate imediato assim que identificadas, com a convocação de mais bombeiros militares e homens da Força Nacional. O contingente será definido pelo Ministério da Justiça e informado ao STF e deve vir de locais não atingidos por incêndios florestais.

Também foi determinada a ampliação do efetivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na fiscalização das regiões da Amazônia e do Pantanal.

As Polícias Federal e Civil e pela Força Nacional deverão realizar um mutirão para ações de investigação e enfretamento das causas do surgimento de incêndios por ação humana.

Na próxima etapa das negociações, o ministro Flávio Dino receberá governadores e representantes dos nove estados que compõem a Amazônia Legal e mais o Mato Grosso do Sul, em nome do Pantanal, para debater as medidas que deverão ser tomadas em âmbito estadual. A reunião está marcada para o dia 19 de setembro, às 10h, na sala de sessões da Primeira Turma.

Mudança na lei

Também na audiência de conciliação, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, João Paulo Capobianco, ressaltou que a situação é tão grave que as medidas, por maiores que sejam, ainda são insuficientes.

Como uma forma de endurecer e coibir os incêndios criminosos, ele defendeu que o crime de incêndio se torne hediondo.

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Herman Benjamin, coordenador geral do Observatório do Meio Ambiente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), explicou o que o aumento da pena para incêndios criminosos depende do Congresso Nacional.

Como a necessidade de alterações legislativas foi diagnosticada durante a audiência, em várias sugestões dos participantes, em complemento às decisões tomadas na reunião, o ministro Flávio Dino decidiu ainda que o ministro Herman Benjamin irá coordenar a elaboração de propostas de alteração legislativa sobre tipificações e penas quanto aos incêndios florestais e queimadas.

As propostas serão apresentadas posteriormente ao Poder Legislativo, em alinhamento com as metas definidas na ADPF 743.

 

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