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Lei que garante dia exclusivo para deficientes é descumprida

Sancionada há seis meses, lei que institui festividade inclusiva obriga que eventos comemorativos organizados pelo município reservem o dia, mas, até agora, a Cidade do Natal não cumpriu a medida

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Lei municipal que garante programação especial para pessoas com deficiência em eventos da Prefeitura de Campo Grande não está sendo cumprida. Um dos exemplos é a Cidade do Natal.

Publicada no Diário Oficial de Campo Grande no dia 12 de julho de 2022, a Lei nº 6.885 institui a obrigatoriedade de reservar programação dedicada exclusivamente às pessoas com deficiência e suas famílias nas festividades comemorativas do município.

Porém, há seis meses em vigor, nenhuma festividade feita pela prefeitura organizou este dia dedicado ao atendimento de pessoas com deficiência, mesmo que a lei garanta que a festividade inclusiva esteja incluída no calendário oficial de eventos do município.

Segundo o idealizador e criador da lei, o vereador Silvio Eduardo Alves Pena (DEM), conhecido como Silvio Pitu, a criação da festividade inclusiva surgiu a partir de relatos de pais com filhos autistas, que enfrentavam dificuldades de levá-los em eventos públicos.

“Durante minha caminhada na vida pública, tenho observado e conversado com muitas pessoas com deficiência. Em função de suas limitações, muitos relatam a vontade de participar de maneira mais ativa de festas e eventos do município. E, infelizmente, uma boa parte dessas pessoas não quer participar mais, por se sentir excluída. Pensando em uma forma de reverter isso, criei uma lei que pudesse ajudá-los nesse sentido, buscando a inclusão até nos momentos de festa”, disse o vereador. 

A lei tem como objetivo a inclusão social da pessoa com deficiência, dedicando programação exclusiva para elas nas festividades que ocorrem na cidade.

ACESSIBILIDADE

Segundo a Prefeitura de Campo Grande, a Cidade do Natal foi planejada e construída para inclusão de todos os munícipes. 

“A Cidade [do Natal] tem uma arquitetura toda inclusiva. A estrutura conta com banheiro, rampas de acesso, sinalização, piso tátil e roda-gigante acessíveis. Além desses, está previsto um dia exclusivo para crianças com necessidades especiais e suas famílias”, diz a nota da prefeitura, sem citar em qual data seria realizado este dia exclusivo.

O público com deficiência, segundo a lei, teria um dia exclusivo com diversas atividades adaptadas, além de profissionais capacitados para atender público específico.

O Movimento Orgulho Autista Brasil, por intermédio do projeto Guardião Azul – Amigo do Autista, enviou um ofício à prefeitura na quinta-feira (29), solicitando o dia de inclusão na Cidade do Natal. 

“Solicitamos a viabilidade da programação dedicada às famílias de pessoas com deficiência, em especial aos autistas, para que possamos apreciar o local com as devidas adequações ao público”, diz o documento.

Ainda segundo o ofício enviado, “a solicitação atende à Lei nº 6.885, de 12 de julho de 2022, que garante a instituição da obrigatoriedade de reservar programação dedicada exclusivamente às pessoas com deficiência e suas famílias, denominada festividade inclusiva, nas festividades comemorativas no município de Campo Grande”.

DIFÍCIL ACESSO

A reportagem do Correio do Estado entrou em contato com pais de filhos autistas, para entender quais são as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência e seus familiares ao frequentar festividades em que não há acessibilidade adequada.

Elaine Martins, de 47 anos, é mãe de Luiz Arthur Martins, de 12 anos, que é autista e estuda na Rede Municipal de Ensino (Reme). Para Elaine, levar seu filho na Cidade do Natal implica em diversas dificuldades, fazendo com que ela evite levar o filho em locais com grande movimentação.

“Eu evito levá-lo, a multidão acaba assustando ele. As luzes, os barulhos e as pessoas incomodam o Luiz. Infelizmente, é tenso e traumático”, relatou Elaine.

Questionada sobre o que seria necessário haver na Cidade do Natal para ajudar os autistas a estarem nesses espaços, Elaine defendeu um período dedicado ao atendimento das pessoas com deficiência.

“Acho bom ter um horário ou dia exclusivo, também acho que falta divulgação desses eventos para as famílias, saberem quando ir e exigirem esse direito”, afirmou.

Alexandre Figueiredo, que também é pai de uma criança autista e é idealizador do grupo Guardião Azul – Amigo do Autista, publicou em suas redes sociais como foi a experiência de levar seu filho Eduardo Kawamoto para a Cidade do Natal.

Segundo Alexandre, a família dele foi bem recebida no local, conseguindo acesso à roda-gigante após questionar sobre a fila preferencial.

“A equipe da roda-gigante nos permitiu rápido e fácil acesso quando perguntamos sobre a fila preferencial. Em um primeiro momento, a fila é única, contudo, ao perguntar sobre o acesso preferencial, eles nos encaminharam para acessar uma rampa, o que agilizou o tempo de espera”, declarou.

Mesmo com o bom acesso à roda-gigante na Cidade do Natal, Alexandre relatou que Eduardo não conseguiu ficar por muito tempo na festividade.

“Conseguimos acompanhar a parada natalina e caminhar pela estrutura. Mas o som e a quantidade de pessoas deixou meu filho agitado, querendo voltar para casa. Ao todo, conseguimos permanecer 30 minutos no local”, explicou.

Alexandre ainda afirma que falta mais acesso ao estacionamento da Cidade do Natal. 

“Uma dificuldade são as vagas de estacionamento para pessoas com deficiência, que são quase inexistentes e que ainda são ocupadas por veículos sem cartão de estacionamento especial”, finalizou Alexandre.

Saiba: A Cidade do Natal conta com cortejo musical, parada natalina, trenzinho e presépio decorado com uma oliveira de 200 anos, além de roda-gigante, que, segundo a prefeitura, tem acessibilidade. Além do equipamento, a Cidade do Natal conta com instalação de piso tátil para pessoas com deficiência visual. 
 

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Programa quer indígenas gerando renda na agricultura

Parceria entre o IFMS e o Ministério dos Povos Indígenas tem o objetivo de promover a autonomia financeira das comunidades

08/02/2025 09h30

Cacique Alder lidera um projeto de piscicultura na Aldeia Água Bonita

Cacique Alder lidera um projeto de piscicultura na Aldeia Água Bonita Foto: Saul Schramm

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Com o objetivo de dar autonomia financeira aos indígenas, além de garantir sua segurança alimentar, será executado, por meio de uma parceria entre o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o programa Teko Porã: Fortalecimento do Bem Viver do Povo Guarani-Kaiowá, que fomentará geração de renda na agricultura e na piscicultura.

Para tirar do papel a iniciativa, que contém 9 metas, o IFMS abriu, nesta quinta-feira, um processo seletivo para montagem da equipe de interessados em ajudar a implementar o programa. 

Será feito um cadastro dos profissionais de diversas áreas para atuar como bolsistas e colaboradores nas atividades que serão realizas nas comunidades indígenas do Estado.

Entre as metas está o fomento à piscicultura sustentável, que tem como objetivo a implementação de tanques elevados para a criação de peixes nas comunidades indígenas, contribuindo para a segurança alimentar e a geração de renda, além de promover práticas de manejo sustentável e participação comunitária.

Também está nas metas a implementação de quintais produtivos, que pretende promover a agricultura sustentável nas comunidades indígenas por meio da criação de espaços para cultivo que fortaleçam a segurança alimentar, resgatem tradições alimentares e estimulem a autonomia econômica das famílias.

O programa voltado para a etnia guarani-kaiowá surgiu por meio das diligências da coordenação do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (Demed) do MPI, que instituiu um gabinete de crise, no dia 22 de setembro de 2023, com a finalidade de propor ações concretas em função da violação de direitos humanos do povo guarani-kaiowá na região sul do Estado. 

“O MPI realizou três diligências no sul do Estado, totalizando 51 visitas a localidades habitadas pelos guarani-kaiowá, em 20 municípios. Diante desse contexto, o gabinete propôs o programa Teko Porã, com investimento de cerca de R$ 6 milhões, composto por um conjunto de seis iniciativas voltadas à efetivação de direitos do povo [indígena]”, afirmou o secretário-executivo do MPI, Eloy Terena.

PROCESSO SELETIVO

De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, estão sendo ofertadas 47 bolsas para profissionais de diversas áreas interessados em participar do projeto. As bolsas têm valores mensais que variam de R$ 700 a R$ 3.900, dependendo da categoria. 

As inscrições começaram na quinta-feira e seguirão até o dia 16 de fevereiro, no site do IFMS. O início das atividades do projeto está previsto para março.

O edital selecionará profissionais e estudantes para compor as equipes das diferentes metas do projeto. As funções incluem, mas não se limitam a: antropólogos, engenheiros (ambiental, civil, elétrico e agrônomo), arquitetos, economistas, psicólogos, sociólogos, técnicos especializados em piscicultura, eletrotécnica, audiovisual e informática, intérpretes de guarani, jornalistas/documentaristas, fotógrafos e técnicos audiovisuais e estudantes de diversas áreas, como técnico em meio ambiente, agropecuária, eletrotécnica e engenharia de pesca.

FONTE DE RENDA

Em Mato Grosso do Sul, já existem algumas iniciativas dentro de comunidades indígenas de projetos agrícolas por meio de quintais produtivos e de piscicultura, porém, a proposta é de disseminar a ideia e o conhecimento das práticas dessas atividades para a comunidade guarani-kaiowá.

Em Campo Grande, na Aldeia Urbana Água Bonita, localizada na região do Nova Lima, começou em setembro de 2020 um projeto de piscicultura, idealizado pelo cacique Alder Romeiro Larrea.

O projeto já rendeu centenas de quilos de tilápia para as 10 famílias responsáveis pelos tanques. Nos tanques, é utilizado um sistema que funciona com duas bombinhas de máquina de lavar roupas e que permite reutilizar a mesma água desde quando o projeto começou. 

“Com a criação de peixes, a tendência da gente é de colocar a maior quantidade possível de pessoas da aldeia para se ocupar nos projetos, ter um complemento de renda ou mesmo uma fonte principal de renda”, explicou Alder. 

Na Terra Indígena (TI) Buriti, localizada no município de Sidrolândia, a prática da piscicultura, apoiada pela prefeitura, também rendeu à comunidade terena uma boa fonte de renda, porém, segundo o cacique Arildo Terena, o projeto foi paralisado recentemente.

Por meio do governo do Estado, o projeto Quintal Produtivo, criado em 2023, atende cerca de 2 mil famílias indígenas, que produzem e usufruem do cultivo em suas terras. O objetivo é incentivá-las, com materiais, ferramentas, mudas, sementes e instruções técnicas, para fazer o preparo do solo e o plantio.

O projeto realiza a entrega de mudas nas aldeias das regiões de Aquidauana, Nioaque, Dourados e Caarapó. As mudas são de alimentos tradicionais indígenas, como mandioca, maxixe, quiabo, cana-de-açúcar, batata e algumas mudas frutíferas.

SAIBA

Conforme informado pelo Correio do Estado, o MPI prepara um pacote de políticas públicas voltadas para o povo guarani-kaiowá que deverá ser divulgado na entrega da posse oficial da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, em Antônio João.

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Cidades

Brasil está na contramão da meta da OMS para extinção da tuberculose

Estudo mostra que tendência do país é ter aumento de casos

07/02/2025 23h00

Foto: Eduardo Gomes/ Fiocruz

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Estudo desenvolvido pelo Instituto Gonzalo Muniz, braço da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Bahia, aponta que as atuais políticas públicas em curso no Brasil não serão suficientes para que o país atinja as metas fixadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) voltadas para a eliminação da tuberculose. Ao contrário, a tendência atual é de um aumento na incidência da doença.

A pesquisa foi feita a partir de análises baseadas em dados de registros da doença no período que vai de janeiro de 2018 a dezembro de 2023. Os resultados foram reunidos em um artigo publicado na última edição da revista científica The Lancet Regional Health – Americas. Nesta sexta-feira (7), o portal da Fiocruz publicou uma nota com as principais conclusões.

Em 2023, o Brasil registrou 39,8 casos de tuberculose por 100 mil habitantes. As projeções do estudo indicam que, até 2030, a incidência será ainda maior: 42,1 por 100 mil pessoas.

O cenário brasileiro está na contramão da meta de eliminação da doença na região das Américas em 2035. A expectativa da OMS é reduzir a incidência em 50% no ano de 2025 e 80% em 2030, em comparação com as taxas de 2015. Se o Brasil estivesse na direção almejada, deveria ter chegado em 2023 com 6,7 casos por 100 mil habitantes.

Os pesquisadores não questionam o valor das políticas públicas atuais, mas apontam a necessidade de se criar estratégias integradas e elencam desafios que devem ser enfrentados. Entre eles está o acesso limitado à saúde, a não adesão ao tratamento e a limitação de recursos para ações inovadoras no controle da doença na última década. Também são mencionados os impactos da pandemia da covid-19. Os serviços de saúde voltados para o controle da tuberculose foram bastante afetados.

"Caso houvesse aumento da cobertura de terapia diretamente observada (DOT), de adesão ao tratamento preventivo (TPT) e da investigação de contato, combinado com esforços para reduzir casos de tuberculose entre populações vulneráveis, a incidência poderia ser reduzida a 18,5 casos por 100 mil, embora ainda seja um número acima das metas da OMS. Com essas intervenções, foram observadas reduções de 25,1% na incidência projetada até 2025 e 56,1% até 2030, destacando o potencial de estratégias integradas", registra a nota divulgada pela Fiocruz.

No artigo, os pesquisadores ressaltam também a necessidade de aprimorar os programas de controle da tuberculose em ambientes prisionais, por meio da melhoria da triagem e acesso ao TPT. Outra recomendação envolve a melhora da cogestão de casos de coinfecção com HIV e diabetes, com aumento de testes e início do tratamento.

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