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MPE denuncia usina de Rio Brilhante por contravenção penal
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Dois policiais civis de Ponta Porã fizeram pelo seis viagens usando viatura oficial e cada um recebia R$ 80 mil por viagem
12/06/2025 12h38
Em 5 de setembro de 2023 o Gaeco apreendeu 538 quilos de cocaína que haviam sido levados de Ponta Porã e Dourados por policiais
Flagrados em setembro de 2023 com 538 quilos de cocaína, os policiais Anderson César dos Santos Gomes e Alexandre Novaes Medeiros, que utilizavam viatura policial para fazer o transporte das drogas, foram demitidos oficialmente da Secretaria de Justiça e Segurança Pública nesta quinta-feira (12), conforme publicação do diário oficial
A demissão foi decidida pela Justiça em janeiro deste ano, quando ambos foram condenados em primeira instância a 19 anos e quatro meses de prisão. Na decisão judicial foi determinado que a demissão ocorresse depois que estivessem esgotadas as possibilidades de recurso.
O esquema de tráfico de cocaína foi desbaratado em uma operação do Gaeco no dia 5 de setembro de 2023. Naquela data, mais de meia tonelada da droga foi descoberta em uma casa em Dourados. O entorpecente foi avaliado em R$ 40 milhões.
Um dos policiais foi preso em flagrante e o outro foi detido dias depois. Durante a investigação ficou comprovado que eles haviam feito pelo menos outras cinco viagens levando cocaína de Ponta Porá, na fronteira com o Paraguai, até Dourados.
Conforme o Ministério Público, eles utilizavam viaturas oficiais para fazer o transporte das drogas e cada um recebia R$ 80 mil em dinheiro pelo transporte, que foi feito pelo menos seis vezes entre os meses de julho e agosto de 2023.
Embora tivessem utilizado viatura oficial, uma caminhonete S-10, para fazer o transporte, eles não foram condenados por conta disso, explica o MPE.
"É que existe jurisprudência indicando ser apenas uma infração administrativa, o uso do veículo oficial para tarefas fora do trabalho de policiamento. Diante do entendimento já pacificado nos tribunais superiores, o juiz responsável, Marcelo da Silva Cassavara, absolveu os réus dessa imputação, sem deixar de anotar a prática do 'frete seguro' como um dos elementos para apenar os condenados", explicou à época o MPMS
Porém, ficou comprovado que as viagens eram constantes entre Ponta Porã e Dourados. “Fizeram por inúmeras vezes, pelo menos nos dias 14/07/23, 27/07/23, 31/07/23, 04/08/23, 08/08/23 e 05/09/23, privando a sociedade, que é destinatária de todos os bens públicos, daquele automóvel, além de utilizarem, ainda que não em sua totalidade, combustível custeado pelo Estado de Mato Grosso do Sul, para traficar drogas, proporcionando, ainda, com essa conduta reiterada, o desgaste desnecessário e prematuro da viatura (pneus, óleo, freio etc), tão necessária em importante região de fronteira, com altos índices de criminalidade", descreveu o juiz ao condená-los.
Os dois ex-policiais eram lotados na 1ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã e estão presos desde setembro de 2023.
Cidades
Segundo aliados do presidente do Senado, ele teria rejeitado um novo pedido de prorrogação da CPI por considerar que houve tempo suficiente para a conclusão dos trabalhos
12/06/2025 12h30
CPI das Bets rejeita relatório de Soraya e livra celebridades de indiciamento Divulgação
Após sete meses de investigação, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas do Senado foi encerrada nesta quinta-feira (12) sem a aprovação do relatório final. Por 4 votos a 3, o parecer apresentado pela relatora, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), foi rejeitado pelos parlamentares.
Com isso, o documento não será encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), frustrando as expectativas de responsabilização criminal de envolvidos com as chamadas "bets".
O relatório pedia o indiciamento de 16 pessoas e empresas por crimes como estelionato, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e propaganda enganosa. Entre os nomes citados estavam as influenciadoras digitais Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, além de empresários do setor de apostas, como Fernando de Oliveira Lima (conhecido como Fernandinn OIG) e José Daniel Carvalho Saturnino.
De acordo com o portal Correio Braziliense, a última sessão foi marcada por instabilidade e embates entre senadores. Soraya criticou a baixa participação dos colegas e afirmou que houve esvaziamento deliberado da comissão. “Não quero mais essa prorrogação. Trabalhar nadando contra a maré? Eu não vou continuar me desgastando. Todo mundo aqui foi exposto”, desabafou.
Segundo aliados do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ele teria rejeitado um novo pedido de prorrogação da CPI por considerar que houve tempo suficiente para a conclusão dos trabalhos. Também pesaram críticas ao suposto uso político e midiático da comissão.
Apesar da derrota no colegiado, Soraya anunciou que entregará o relatório e as provas reunidas diretamente às autoridades competentes, como o MPF e o Ministério da Fazenda.
Conforme relatório, há indícios de que Virgínia Fonseca cometeu crimes ao divulgar apostas em redes sociais por meio de práticas enganosas. Durante depoimento à CPI, a influenciadora admitiu ter simulado ganhos com apostas usando contas falsas, o que, para a relatora, configura estelionato e publicidade enganosa.
O documento também aponta que Virgínia assinou contratos com plataformas de apostas que previam pagamento de até 30% sobre o valor perdido por apostadores que utilizassem seus links de divulgação. Soraya chamou essa prática de “cachê da desgraça alheia”, alegando que há um estímulo abusivo para que influenciadores incentivem seguidores a apostar, inclusive com promessas irreais de lucro.
Em uma das postagens analisadas, a influenciadora dizia: “Está dando muito dinheiro! Uma seguidora entrou no link, botou R$ 20 e ganhou R$ 4 mil, corram é só por R$ 20 e jogar”.
Já Deolane Bezerra é acusada no relatório de estar ligada a uma empresa de apostas não autorizada a operar no Brasil. Embora atualmente não conste como sócia formal da empresa, Soraya afirma que há indícios de que a influenciadora atua nos bastidores, ocultando sua relação com a plataforma por meio de “laranjas”, o que também poderia configurar lavagem de dinheiro.
A relatora ainda destacou que a página da empresa afirmava, falsamente, ter autorização do Ministério da Fazenda para operar, o que configura estelionato.
Os jogos on-line de apostas – que hoje financiam boa parte do futebol profissional brasileiro – ainda foram apontados como responsáveis pela redução do consumo das famílias, em especial, das mais pobres, que deixaram de gastar no comércio para perder renda no jogo, com impactos negativos para a economia brasileira.
A CPI estima que o setor movimentou entre R$ 89 bilhões e R$ 129 bilhões em 2024, valor que se aproxima do orçamento do Ministério da Educação previsto para 2025 (R$ 187,2 bilhões).
Jogos totalmente virtuais, como os chamados “tigrinho”, “ratinho” e “cobrinha”, foram considerados os mais nocivos, por não estarem vinculados a resultados reais e por utilizarem algoritmos não auditáveis, o que permite manipulação e facilita a lavagem de dinheiro.
Mesmo sem aprovação, o relatório propõe uma série de medidas para coibir abusos e regular o setor de apostas. Entre elas estão:
Como não é possível auditar o algoritmo usado por essas empresas, o resultado é passível de manipulação, segundo o parecer de Soraya. No relatório, ela pedia a proibição total desse tipo de jogo.
“Dada à facilidade de manipulação dos resultados, também se torna mais fácil a lavagem de dinheiro, considerando que os ganhos podem ser simulados para esquentar o produto de dinheiro oriundo de infrações penais diversas”, completou.
O relatório da CPI das Bets do Senado faz uma série de recomendações para o Executivo e para o Banco Central, com propostas para maior controle; e para o Legislativo, por meio de propostas de projetos de lei.
Nesse contexto, o relatório final da CPI defende a criação da Plataforma Nacional de Auditoria e Monitoramento de Jogos de Azar (PNAMJA).
“Para que o marco legal brasileiro alcance efetividade e responsabilidade social, é imperativo que o Poder Público disponha de instrumentos modernos de monitoramento e fiscalização”, justificou Soraya.
Além da proibição dos jogos totalmente on-line, como o jogo do “tigrinho”, a relatora pede uma regulação mais rígida da propaganda das bets, vedando o direcionamento a menores de 18 anos.
“Publicidades abusivas fazem lavagem cerebral com os consumidores, atingindo até mesmo crianças e adolescentes, com a participação dolosa de influenciadores e outros famosos”, disse a relatora.
Segundo o documento, “os anúncios não podem sugerir que as apostas resolvem problemas financeiros, emocionais ou profissionais, nem as apresentar como alternativa ao emprego ou como forma de recuperar perdas anteriores”.
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