Cidades

Projeto Comprova

Não há evidências de que o governo tenha 'lista secreta' de estados onde pode ocorrer chuva preta

Postagem diz que o governo brasileiro tem uma lista secreta de estados que podem registrar a chamada chuva preta, no entanto, os dados são públicos, e não há evidências da existência dessa lista

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Enganoso

Não há evidências de que o governo tenha uma “lista secreta” de estados brasileiros que podem registrar a chamada chuva preta. Ao Comprova, um meteorologista explicou que dados de monitoramento de eventos climáticos são públicos, portanto qualquer pessoa pode ter acesso. A conta que compartilhou a publicação se descreve como uma página de “histórias reais e fictícias de puro entretenimento”.

Conteúdo investigadoVídeos publicados no TikTok que apontam a existência de uma suposta lista secreta em que o governo compila os estados que devem registrar chuva preta. Em uma das gravações, sobreposto às imagens, um texto diz: “Alerta urgente. Assista antes que o vídeo seja retirado pelo governo”. Na outra filmagem, o post diz: “Alerta urgente. Chuva preta decreta estados de emergência”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Não há evidências de que o governo tenha uma “lista secreta” com os estados propensos a registrar a chamada chuva preta, fenômeno que atingiu alguns municípios brasileiros entre agosto e setembro em decorrência das queimadas. Em entrevista ao Comprova, o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Lucas Fumagalli, explicou que os dados para identificação do fenômeno são públicos e, por essa razão, não faz sentido falar em lista secreta. Segundo o especialista, os dados são observados em tempo real, disponibilizados de forma gratuita e estão à disposição de “todos aqueles que consigam interpretar as imagens”.

“Por exemplo, estou observando nesse momento as imagens de satélite. Estou vendo uma grande pluma de fumaça entre a Bolívia, Paraguai, Mato Grosso do Sul, Paraná, e uma frente fria avançando sobre essa região com fumaça. O que provavelmente poderia acontecer nessa situação? A ocorrência de um fenômeno deste tipo. Então, essas informações não são privadas ou confidenciais do governo. Elas são informações públicas, geralmente divulgadas a partir de satélites, que também não são satélites brasileiros, são estrangeiros”, pontuou Fumagalli.

O satélite referenciado pelo meteorologista é o geoestacionário GOES-16, de fabricação americana, que fornece dados publicamente. “As informações estão prontamente disponíveis. Por esse motivo, acredito que não faz sentido pensar em uma lista secreta de estados ou municípios que poderiam ser afetados pela chuva preta”, complementa.

Questionado, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) destacou que “a chuva preta pode ter ocorrido em diversas localidades, especialmente nas áreas onde havia fumaça”, mas não comentou sobre a questão da “lista secreta”.

Mesmo dizendo que a lista era secreta e estava sendo protegida pelo governo, o autor da publicação menciona os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

A meteorologista Rafaela Gomes, que também atua na Funceme, explicou que os estados mencionados pelo conteúdo estão inseridos em regiões que possuem alto índice de incêndios florestais, acarretando em uma quantidade mais densa de queimadas e, portanto, mais suscetíveis ao fenômeno.

“Nessas regiões do Brasil, tanto Norte quanto essa parte Centro-Oeste e Sudeste, houve um grande número de queimadas este ano. Essas queimadas, especialmente entre agosto e setembro, fizeram com que aumentasse a quantidade de poluentes na atmosfera, e com o fenômeno das chuvas que ocorre nesta época do ano, acaba que, quando chove, tem essa mistura entre a poluição e a gotícula de água”, afirmou Rafaela.

O perfil alvo da checagem menciona outras alegações sem qualquer evidência, como a de que escolas estavam sendo fechadas devido ao fenômeno, que alguns estados decretaram emergência por causa da chuva preta e que o problema também estava sendo enfrentado em Portugal, país em que “o dia virou noite”. No entanto, os decretos de emergência (Pará e RondôniaSão PauloMato GrossoEspírito Santo) foram motivados pelas condições climáticas, como altas temperaturas, tempo seco e incêndios florestais, e não pela chuva preta. Também não foram encontrados registros de que o fenômeno tenha ocorrido em Portugal. Além disso, as publicações faziam menção a meteorologistas fictícios, que não foram encontrados pelo Comprova.

Outra alegação do vídeo é de que a chuva preta estaria deixando os bombeiros “sem saber o que fazer”. Na verdade, as equipes se mobilizaram para combater incêndios florestais, que causam destruição de biomas, deixam o ar carregado de fumaça e podem facilitar o acontecimento do fenômeno. Especialistas explicam (veja mais abaixo) que a chuva preta em si não tem potencial para tamanha destruição: ela nada mais é do que a junção das gotículas de chuva com partículas de fuligem da fumaça causada pelas queimadas, que deixam a água ‘suja’ e em tom escuro. No mais, o aviso de chuva preta se deve ao fato de que não é recomendada a exposição a essas gotículas, justamente por estarem carregadas de poluentes.

O Comprova entrou em contato com o autor da postagem, que não retornou às mensagens.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 3 de outubro, um dos vídeos tinha mais de 944 mil visualizações e 45 mil curtidas. Já o outro, alcançou 5.3 milhões de visualizações e mais de 96 mil curtidas.

Fontes que consultamos: Inmet, Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e meteorologistas.

Entenda o que é a chuva preta

Segundo o meteorologista Lucas Fumagalli, da Funceme, a chuva preta nada mais é do que a junção das gotículas de chuva com partículas de fuligem da fumaça causada pelas queimadas, que deixam a água “suja” e em tom escuro.

“Quando a chuva ocorrer, ela vai levar também todo esse material particular do que está presente na atmosfera em direção à superfície da terra. E é por isso que se observa, então, essa chuva preta, porque ela está carregando não só o vapor da água que estava presente na atmosfera, mas também por todo o material particular que estava presente”, comentou Fumagalli.

O alerta de chuva preta se deve ao fato de que não é recomendada a exposição a essas gotículas, justamente por estarem carregadas de poluentes, como explicou o meteorologista Natálio Abrahão em entrevista concedida ao Correio do Estado, jornal de Mato Grosso do Sul, um dos estados onde foi registrado o fenômeno em setembro.

“É sempre importante não expor, tanto pessoas quanto animais, às chuvas que ocorrem depois de longos períodos de estiagem”, pontuou.

No mês de setembro, a chuva preta foi registrada em quatro municípios de Mato Grosso do Sul, o que havia sido antecipado pela meteorologia. Cidades do Oeste e do Sudoeste e do Paraná, assim como Santa Catarina e São Paulo também registraram o fenômeno, o que foi igualmente alertado pela meteorologia.

Quem emite os alertas

O meteorologista Fumagalli explicou que os alertas são emitidos tanto pelo Inmet e por órgãos estaduais, como por empresas privadas de meteorologia. Ele aponta que nem a iniciativa pública nem a privada tendem a fazer uso de listas secretas sobre onde o fenômeno irá ocorrer.

“O meteorologista se encarrega de interpretar todas essas informações e, no caso do Instituto Nacional de Meteorologia, aplicar os avisos quando forem pertinentes. Mas eu acredito que, relativo à chuva preta, esse tipo de previsão não é feita. Foi constatado que houve esse tipo de precipitação, porque se tinha uma grande quantidade de fuligem na atmosfera, devido à quantidade muito recorde de queimadas, e essa chuva preta foi coletada por observadores e, em geral, a própria sociedade”, ponderou.

Por meio de uma nota enviada ao Comprova, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) reforçou que os alertas meteorológicos são emitidos para as defesas civis municipais e estaduais, pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), com base nas previsões do Inmet, do Ministério da Agricultura e Pecuária, e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Questões envolvendo crise climática são frequentemente checadas pelo Comprova. Verificamos, por exemplo, que não há evidências de que MST tenha ameaçado “incendiar o agro” antes das queimadas recentes e que um vídeo foi tirado de contexto para dizer que brigadistas estariam causando incêndio no Pantanal. Além disso, explicamos que o decreto no Pará é de emergência climática, e não lockdown.

 

investigação do MPE

Esgoto atinge principal rio de Bonito e empresa leva multa de R$ 300 mil

Vazamento foi constatado pela PMA no Córrego Bonito, que desemboca no Rio Formoso acima do Balneário do Sol e Ecoparque Porto da Ilha

05/10/2024 11h30

Córrego Bonito, que inicialmente recebia o esgoto, desemboca no Rio Formoso cerca de 3 km acima do Balneário do Sol

Córrego Bonito, que inicialmente recebia o esgoto, desemboca no Rio Formoso cerca de 3 km acima do Balneário do Sol Foto: Divulgação

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Um vazamento de esgoto no Córrego Bonito, que por sua vez deságua no principal rio da cidade turística, o Formoso, foi punido com multa de R$ 300 mil reais. Além disso, o suposto crime ambiental agora virou alvo de inquérito do Ministério Público Estadual. 

O córrego Bonito tem apenas 14 quilômetros e corta parte da região central da cidade, desembocando no Rio Formoso cerca de três quilômetros acima do atrativo turístico Balneário do Sol, um dos mais movimentados de Bonito. Um pouco mais abaixo está outro importante ponto turístico, o Ecoparque Porto da Ilha.

Em justamente por poluir o principal rio da região é que os policiais ambientais aplicaram multa pesada, pois entenderam que o vazamento estava gerando risco à saúde dos turistas que frequentam aqueles locais. Mas, o valor ficou longe do máximo possível para estes casos, que é de até R$ 50 milhões. 

Os policiais ambientais foram acionados por populares e confirmaram que em determinados momentos havia somente gotejamento de esgoto, mas em outros o esgoto escorria em grande quantidade, formando até uma espécie de espuma branca sobre a água do Bonito.

Córrego Bonito, que inicialmente recebia o esgoto, desemboca no Rio Formoso cerca de 3 km acima do Balneário do SolEstacas cederam e tubulação de esgoto começou a vazer perto da região central de Bonito

A multa de R$ 300 mil foi aplicada contra a concessionária Ambiental MS Pantanal, empresa contratada pelo Governo do Estado para coletar e tratar o esgoto em 68 municípios do interior do Estado, em 22 de março deste ano. 

Porém, o fato veio a público somente agora, uma vez que o MPE divulgou nesta sexta-feira (04), em seu diário oficial, a abertura do inquérito para apurar a pertinência ou não da multa e para acompanhar o caso e "para colher elementos adicionais para investigar os fatos lesivos e impor responsabilidades aos infratores". 

A direção da empresa já recorreu da multa e alega que o vazamento ocorreu porque muitos usuários do serviço conectam a água da chuva à tubulação do esgoto e por conta disso ocorrem sobrecarga e danos na tubulação. 

Além disso, informa que logo depois de ter recebido a multa providenciou a troca de seis metros da tubulação e reforçou as estacas que sustentam o duto no local em que ocorreu o vazamento. Fotos anexadas ao inquérito mostram que no local a tubulação é suspensa. E, sem as a quantidade suficiente de estacas, ela curvou e acabou rachando. 

Mas, apesar das explicações da concessionária e de sua alegação de que a multa é indevida, a promotoria instaurou a investigação e deu prazo de 20 dias para que a concessionária apresente sua defesa. 

PROCURA

Considerada a capital do Ecoturismo de Mato Grosso do Sul, o município de Bonito  recebeu 313 mil turistas ao longo do ano passado. E a tendência é de que neste ano o número seja superado, pois nos primeiros seis mesea cidade recebeu 163.920 turistas, conforme dados oficiais coletados pela prefeitura. 

LEI SECA

De última hora, TRE decreta Lei Seca 'meia boca' em Campo Grande

Com horários variados e uma exceção para restaurantes durante o almoço, a regulamentação na capital foi flexibilizada pela justiça

05/10/2024 10h50

Foto: Divulgação / TRE-MS

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De última hora, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) decretou, neste sábado (05), a regulamentação da venda e consumo de bebidas alcoólicas em bares, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais em Campo Grande (MS), durante o período eleitoral

Exceção para restaurantes durante o almoço

Em Campo Grande, a conhecida "lei seca" começará a valer às 3h da madrugada de domingo (06) e se estenderá até às 16h do mesmo dia, de um modo totalmente diferente do que foi aplicado em outras cidades de MS.

Além disso, conforme o informativo, os estabelecimentos que operam exclusivamente como restaurantes poderão servir bebidas alcoólicas durante o horário de almoço, que vai das 11h30 às 14h30, e, portanto, não estão sujeitos a regulamentação

Mesmo com medidas relativamente fracas, segundo o TRE-MS, o objetivo da proibição é garantir a ordem e  a segurança do processo eleitoral. No caso de descumprimento da decisão, será considerado crime de desobediência, enquadrado no artigo artigo 347 do Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65). Isto é, aquele que for flagrado infringindo a norma é de detenção de três meses a um ano e pagamento de multa.

Além da capital, a determinação comum em diversas regiões do Brasil, também está em vigor em outros 27 municípios do Estado.

Confira:

 

  • Água Clara
  •  Alvorada do Sul
  • Angélica
  •  Aquidauana
  • Anastácio
  • Batayporã
  • Bela Vista
  • Brasilândia
  • Coxim
  • Guia Lopes da Laguna
  • Jardim, Japorã
  • Maracaju
  • Mundo Novo
  • Nova Andradina
  • Novo Horizonte do Sul
  • Nova Alvorada do Sul
  • Ribas do Rio Pardo
  • Santa Rita do Pardo
  • Sete Quedas
  • Sidrolândia
  • Tacuru
  • Taquarussu
  • Terenos
  • Rio Brilhante
  • São Gabriel do Oeste

Para garantir o cumprimento da regulamentação, cópias da determinação serão encaminhadas à Promotoria Eleitoral, à Delegacia de Polícia Civil e à Polícia Militar. da Polícia Civil e à Polícia Militar para garantir o cumprimento das normas.

Lei Seca

Durante os períodos eleitorais, a Lei Seca é uma medida que visa garantir a ordem pública e a segurança nas eleições. Essa legislação, que proíbe a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em determinados horários e locais, é frequentemente implementada em várias partes do Brasil, incluindo estados e municípios.

A Justiça Eleitoral busca prevenir qualquer situação que possa causar tumulto ou desrespeitar o processo eleitoral. A população é, portanto, alertada para cumprir as diretrizes estabelecidas, sob risco de sofrer as consequências legais previstas na legislação.


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