Na tentativa de conter problemas relacionados à epidemia de dengue em Campo Grande e já esperando aumento dos casos hemorrágicos da doença, a prefeitura deu início a um plano de contenção na rede pública de saúde. As medidas emergenciais incluem expansão da quantidade de leitos para internação hospitalar e também intensificação do fumacê, que passou de três para nove equipes.
Além dos 14 leitos do Hospital Dia, no Centro de Doenças Infecto Parasitárias (Cedip), disponibilizados na quinta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) também quer reservar leitos para pacientes com dengue na Santa Casa e no Hospital Adventista do Pênfigo (HAP).
Os leitos extras na unidade municipal não são suficientes para atender aos casos que surgem. Nesta sexta-feira, 12 pessoas já estavam internadas no Hospital Dia, ou seja, apenas duas vagas estavam disponíveis para novos pacientes. “A dengue hemorrágica é uma complicação da doença e, quando evolui, é necessário o encaminhamento para hospital”, afirmou em nota a Sesau.
O superintendente de Relações Institucionais de Saúde do município, Antônio Lastória, informou que a intenção é ter estoque de leitos em outros hospitais. “Pode ser que de uma vez só a gente tenha mais casos, de repente. Por isso tem que deixar preparado. Vamos tentar reservar leitos nos demais hospitais também”.
A preparação é por conta da possibilidade de aumento súbito de casos devido a grande quantidade de notificações. “A hidratação do paciente com dengue pode ser feita em qualquer unidade, nossa preocupação é se eventualmente será necessário algo além disso. Estamos preparando a retaguarda, como temos ouvido sobre dengue hemorráfica, vamos preparar as unidades de saúde. E com dengue cada vez é uma novidade”, afirmou Lastória.
Além da estrutura fixa, a Sesau afirma que tema ainda a disposição tendas do Exército, que já foram usadas em outras situações de epidemia e podem ser montadas nas unidades de saúde.
A reserva de leitos do Hospital Dia foi anunciada há dois dias, como parte do plano contingência. O local vai funcionar 24 horas por dia para acolher pacientes encaminhados via Central de Regulação Hospitalar, que necessitem de acompanhamento e internação. Em cada período vão trabalhar na unidade um médico clínico geral, um enfermeiro, um administrativo e três técnicos de enfermagem.
DENGUE
Enquanto a quantidade de casos aumenta, a prefeitura aguarda para depois do Carnaval a publicação da situação de emergência junto ao Governo Federal. O trâmite todo, que demora em torno de dez dias úteis, ainda ainda está na primeira etapa sob análise da Defesa Civil. Depois disso, o pedido deve passar por análise do Ministério do Desenvolvimento Regional, voltar para a Sesau, para só então seguir para o Ministério da Saúde.
Dados da Sesau apontam que entre os dias 1º de janeiro e 26 de fevereiro foram notificados 6.414 casos de dengue. Apesar de expressivo, o número é menor do que o registrado no mesmo período em 2016 - que no total teve 30 mil casos -, quando ocorreu a última epidemia da doença. À época foram notificados mais de 19 mil casos de dengue, somente nos primeiros 60 dias do ano.
Apesar da situação de epidemia, o Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgado na quarta-feira demonstra que na Capital apenas 74 casos de dengue foram confirmados por critério laboratorial neste ano, enquanto por critérios clínicos-epidemiológicos baseado nos sintomas, foram 1.476 registros. Portanto, um total de 1.550 confirmações.
Ontem a pasta confirmou a morte de um idoso de 72 anos provocada por dengue e complicações respiratórias. O homem morreu no dia 25 de janeiro na Santa Casa, após ficar cinco dias internado. No dia 13 de fevereiro uma mulher de 76 anos morreu em Três Lagoas, também vítima da dengue. Já S.R.N., 5 anos, que morreu no Hospital Universitário no dia 25 de fevereiro, teve a doença descartada. Caso seja autorizada a situação de emergência, Campo Grande teria mais celeridade na compra de medicamentos e insumos.


