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Queimadas: equipes enfrentam calor e áreas de difícil acesso no Pantanal

Bombeiros e brigadistas lutam contra o fogo e encontram cenário desolador no Estado

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“É meio desolador, queimou boa parte do nosso Pantanal”, afirma Jonatas Lira Costa e Silva de Lucena, 2º tenente do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul. Atuando há dois anos em Corumbá, cidade localizada a 428km de Campo Grande, ele enfrentou diversos incêndios desde o início do ano no Pantanal sul-mato-grossense e viu a situação piorar nos últimos meses com a seca prolongada. “As ocorrências de incêndio começaram em janeiro, depois tiveram três meses de chuva e o restante do ano foi uma ocorrência atrás da outra. Eu estava até sexta-feira passada na região do Amolar. Fiquei dez dias por lá”, explica.

A região que compreende a Serra do Amolar é uma das mais importantes em termos de conservação do Pantanal, um verdadeiro corredor da biodiversidade, essencial para a manutenção de diversas espécies. O local tem montanhas, áreas alagáveis e, por isso, muitas vezes pode ser de difícil acesso para as equipes que tentam conter o fogo. “A dificuldade maior desse período em campo é o clima e o relevo da vegetação da região. Como está muito quente por aqui, quando a gente estava lá [em campo] fazia 42ºC e 43ºC quase diariamente. Ainda tinham os longos deslocamentos, cerca de 10 km, aproximadamente, para acessar os pontos do incêndio. Era muito desgastante o trabalho durante os dias e, pelas longas distâncias, tínhamos bastante dificuldade também com acesso a água, hidratação e outras pendências logísticas”, pontua.

Segundo o bombeiro, a água era muitas vezes consumida durante o trajeto. “Quando as operações eram durante o dia, só o deslocamento que a gente fazia já consumia toda a água que a gente levava. De tempos em tempos, uma equipe acabava levando refeições e água para a gente. Nessa missão, o principal foi isso; a desidratação e a ausência de oferta de água constante foi o fator mais desgastante”, acredita.

Nesse caminho, apesar dos esforços dos bombeiros, nem sempre foi possível controlar o fogo. “Nós fizemos um trabalho certinho para impedir que o fogo avançasse a serra e surgiu o fogo em outra região, que acabou pegando onde a gente tinha impedido”, frisa. De todas as perdas, para o tenente Lucena a principal foi a flora. “É o mais impactante para a gente, ver as grandes áreas queimadas. Como eu estou aqui o ano inteiro trabalhando nessa missão, a gente vê o tanto que queimou”, conta.

 

Devastação

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o município de Corumbá é o recordista em focos de incêndio nos últimos meses, superando Poconé, em Mato Grosso, que aparece em segundo lugar no ranking. 

As regiões da Serra do Amolar, Passo do Lontra e Porto Esperança, distritos de Corumbá, são as mais atingidas pelos focos. A situação grave dos incêndios atinge não só a flora e a fauna, mas também os moradores que dependem da região para sobreviver. No fim do mês de setembro, por exemplo, equipes militares do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul e do Paraná chegaram a resgatar sete ribeirinhos que residiam na região do Pantanal, ao norte de Corumbá, em razão do avanço das chamas. Com o nível do Rio Paraguai baixo, a subsistência também é afetada.

Estima-se, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), que 26% do Pantanal foi consumido pelo fogo até a última medição, no dia 3 de outubro. O porcentual equivale a 3,977 milhões de hectares, sendo 1,817 milhão de hectares de área queimada no Pantanal de Mato Grosso do Sul e 2,160 milhões de hectares atingidos pelas chamas no Pantanal de Mato Grosso.

Para conter o fogo, são cerca de 30 bombeiros de Mato Grosso do Sul, 39 do Paraná e 21 de Santa Catarina. “Também estamos recebendo mais um efetivo da força nacional e contamos com o apoio do efetivo da Marinha, Exército e dos brigadistas do Prevfogo”, explica o tenente Lucena.

 Em Corumbá, são 30 brigadistas do Prevfogo, que também estão atuando na região da Serra do Amolar, Estrada Parque, Passo do Lontra, entre outros locais. “Também estamos na região onde há uma base avançada, na Fazenda Bodoquena, ao sul da BR-262, e que vai até a região de Porto Esperança, onde estamos concentrando esforços para controlar os incêndios. E também ao longo de toda a BR-262, entre Corumbá e Miranda, justamente pare evitar que as fumaça e as próprias chamas atinjam a rodovia e o tráfico de veículos”, explica Alexandre Matos Martins, analista ambiental do Prevfogo/Ibama-MS.

Comunidades

A agente comunitária de saúde Maria de Lourdes de Arruda, 51 anos, não desiste de conter o fogo na Área de Proteção Ambiental Baía Negra, em Ladário, onde reside. “Primeiramente é o nosso espaço e é o espaço que Deus deu para a gente”, afirma. Integrante da Brigada Comunitária Voluntária em Ladário e Corumbá, Lourdes nasceu em Aquidauana, mas aprendeu a amar a região onde mora há anos.  

Quando o fogo começou a atingir a região, Lourdes não teve dúvidas em enfrentar as altas temperaturas. “Tenho visto muito fogo. Igual a esse eu nunca vi, principalmente na nossa área aqui, que nunca foi tão queimada. O fogo vem de supetão”, explica.  

Além de Lourdes, na área moram mais três famílias. Na hora de combater o fogo, ela vai ao lado do companheiro, João. “A maior dificuldade é chegar na área que está sendo atingida. Você olha o fogo e pensa: ‘Meu Deus, eu não vou dar conta de apagar isso’. A altura que está esse fogo, é uma coisa que eu não sei explicar. Vem a fumaça, vem o calor, vem o bichinho passando pelas pernas da gente, fugindo do fogo”, conta.  

Controle

Atuando como brigadista do Prevfogo desde 2009, Jan Verues Romero, 43 anos, é experiente no combate aos incêndios no Pantanal. “A gente vai para combater em morros, áreas de difícil acesso, na Estrada Parque, onde também estão tendo muitos focos de incêndio, queimando muitas pontes de madeira. E esse dia nós estávamos lá no rabicho”, explica.

Sobre as dificuldades, Jan, conta que o principal é o difícil acesso às áreas que estão com grandes focos de incêndio.  

“Quando o fogo começa, quando ele faz a cabeça e vai avançando muito com o tempo seco, ele chega ao meio da mata e a gente não tem como entrar, porque tem muito corixo e a profundidade é grande. É difícil o acesso, às vezes a gente consegue, a gente faz o possível e o impossível”, frisa. Nesse trajeto, encontrar animais fugindo do fogo é comum.  

“Vi muitos animais pequenos, como roedores e cobras. Alguns a gente até salva, tenta tirar do fogo. Tem biólogo conosco, ele vem tentar ajudar, mas tem muitos mesmo que na rapidez de sair do fogo acabam indo de encontro com ele de novo; às vezes até morrem dentro de fogo, pelo medo que eles sentem. Já vimos vários animais mortos dentro do fogo, como bezerro, cobra e jacaré”, conta.  

Seca

Alexandre Matos Martins, analista ambiental do Prevfogo/Ibama-MS, explica que a velocidade dos incêndios tem dificultado o trabalho. “As principais dificuldades hoje no combate aos incêndios têm sido a velocidade e a intensidade desses incêndios, que estão muito velozes, muito quentes e com poder destrutivo muito grande”, ressalta.

O acesso ao Pantanal ficou ainda mais complicado com a diminuição do nível do Rio Paraguai e a formação de brejeiros em alguns pontos da região pantaneira. “Os acessos no Pantanal como um todo, o deslocamento até a região que está pegando fogo, que dificulta muito o combate aos incêndios. Chegar no Amolar, ainda mais com o [Rio] Paraguai baixo, é difícil. Não conseguimos navegar com embarcações grandes, acaba encalhando; tem que ir com pouco material e poucas pessoas”, pontua Martins. 

Fronteira

Azul anuncia voos diretos para Assunção, no Paraguai, a partir de dezembro

Atualmente, a capital paraguaia tem entre dois e três voos diários para o Brasil, todos eles operados pela Gol e pela Latam

15/04/2024 21h00

Alto volume da dívida da Azul com os arrendadores de aviões decorre de uma negociação feita no início da pandemia Arquivo/ Correio do Estado

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A Azul Linhas Aéreas anunciou, na tarde desta segunda-feira (15), que começara a operar voos para Assunção, no Paraguai, a partir de quatro cidades brasileiras: Campinas (Viracopos), Curitiba, Florianópolis e Recife.

O início da operação está marcado para dezembro, com aeronaves Embraer E-2, com capacidade para 136 passageiros, ou Airbus A320, para 174 passageiros.

Atualmente, a capital paraguaia tem entre dois e três voos diários para o Brasil, todos eles operados pela Gol e pela Latam a partir no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

A Azul ainda não divulgou os horários e a frequência dos voos. A companhia informou, apenas, que os voos que partem de Viracopos e Curitiba serão regulares, enquanto os de Florianópolis e Recife serão sazonais -operados apenas durante a alta temporada de verão.

"Esta nova rota surgiu a partir de uma provocação da Embratur, que nos cantou a bola de que a conexão com o país poderia ser melhor estudada e desenvolvida", disse Vitor Silva, gerente de planejamento e estratégia da Azul, durante o anúncio da nova rota, em um evento de turismo em São Paulo.

Também presente no anúncio, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, ressaltou que a importância do Paraguai também como origem de turistas. Segundo ele, em 2023 houve um aumento de 19% no fluxo de paraguaios para o Brasil, que se tornou o quarto maior emissor de turistas para o Brasil. "Esse fluxo, entretanto, acontece principalmente por via terreste", disse.

Assunção será o oitavo destino internacional na malha da Azul, que também voa para Orlando e Miami, nos EUA; Punta del Este e Montevideo, no Uruguai; Paris, na França; Lisboa, em Portugal e Curaçao, no Caribe. A companhia ainda não divulgou

PETROBRAS

Tribunal derruba liminar que suspendeu conselheiro da Petrobras

O mérito da ação será analisado ainda pela Quarta Turma -órgão de segunda instância- do tribunal

15/04/2024 20h00

A AGU (Advocacia-Geral da União) já recorreu também da decisão que afastou Mendes da Petrobras.. Divulgação

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O juiz federal do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) Marcelo Saraiva derrubou nesta segunda-feira (15) uma liminar -decisão provisória- que suspendia o mandato do ex-ministro Sergio Machado Rezende no conselho de administração da Petrobras.

O presidente do colegiado, Pietro Mendes, continua suspenso. Rezende fora afastado do conselho na semana passada, em liminar de primeira instância concedida a pedido do deputado estadual de São Paulo Leonardo Siqueira (Novo), sob o argumento de que sua nomeação fere o estatuto da estatal.

O mérito da ação será analisado ainda pela Quarta Turma -órgão de segunda instância- do tribunal, com sede em São Paulo.

Siqueira é também o autor da liminar que suspendeu o mandato de Mendes, por suposto conflito de interesses entre seu papel no conselho da estatal e sua atividade como secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME (Ministério de Minas e Energia).

A AGU (Advocacia-Geral da União) já recorreu também da decisão que afastou Mendes.

Petrobras e governo esperam que a suspensão do mandato também seja revertida neste caso.
A indicação de Rezende é questionada pelo descumprimento de quarentena exigida para a nomeação e ex-dirigentes sindicais ao conselho das estatais.

A Petrobras argumenta que uma liminar do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski eliminou essa restrição.

A estatal chegou a alterar seu estatuto usando como justificativa a liminar, em uma decisão que gerou críticas de investidores privados e especialistas em governança.

Na época, a empresa defendeu que seguirá a lei, caso a liminar de Lewandowski seja derrubada.

"Nesse momento processual, entendo que não houve descumprimento do Estatuto Social da Petrobras no tocante ao requisito da quarentena, isso porque, no momento da posse prevalecia o entendimento da Suprema Corte", escreveu Saraiva.

Assim, diz ele, a manutenção do afastamento do mandato gera "perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo" e pode acarretar "vultoso impacto financeiro" na vida de Rezende, que também teve o salário de conselheiro suspenso.

Ex-dirigente do PSB, Rezende foi ministro da Educação e de Ciência e Tecnologia nos primeiros mandatos do presidente Lula. Foi excluído da lista do governo para a renovação do conselho na próxima assembleia, dando lugar ao secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux.

Mendes, por sua vez, deve ser reconduzido como presidente do conselho, segundo a lista apresentada pelo governo à estatal.

Aliado próximo do ministro Alexandre Silveira, ele chegou ao MME ainda no governo Bolsonaro -primeiro, como diretor do Departamento de Biocombustíveis, em 2020.

Foi promovido a secretário-adjunto em 2022 e levado ao colegiado que define a estratégia da estatal pelas mãos de Silveira em 2023. Tem tido embates com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que passou as últimas semanas sob fritura.

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