Cidades

MEIO AMBIENTE

Pantanal não tinha ataque fatal de onça-pintada há 17 anos

Segundo pesquisador especialista em onças, registros de comportamento agressivo do animal contra humanos é raro

Continue lendo...

A morte de Jorge Avalo, 62 anos, por ataque de onça-pintada no Pantanal de Mato Grosso do Sul ocorreu 17 anos depois do último registro fatal no bioma, onde foi constatado na época que a região do acidente teria a prática de ceva, quando há a doação de alimentos a animais silvestres, geralmente para fins turísticos.

Mestre em Ciências Ambientais e pesquisador pantaneiro especialista em onças-pintadas, Diego Viana informou ao Correio do Estado que a última ocorrência de ataque fatal do felino no Pantanal ocorreu em Cáceres (MT).

“O último ataque fatal registrado foi em 2008, na região de Cáceres, onde na época técnicos do ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade] foram até a região e constataram que no local ocorria ceva. Em 2023, também houve uma situação de ataque a um peão de fazenda em Corumbá, mas felizmente, mesmo com ferimentos, a pessoa sobreviveu”, declarou.

O último ataque fatal do maior predador pantaneiro ocorreu em 24/6/2008, quando Luiz Alex Silva Lara, 22 anos, foi arrastado e morto por uma onça-pintada no Pantanal de Mato Grosso. A vítima estava dormindo em uma barraca quando sofreu o ataque na localidade do Pacu Gordo, às margens do Rio Paraguai.

Em 2023, também foi registrado um outro ataque de onça, dessa vez no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Um homem de 40 anos foi atacado na região do Paiaguás, em 29/8 daquele ano. A vítima precisou ser resgatada de avião para Corumbá.

Segundo relatos à época, o peão foi averiguar o motivo de alguns cães estarem latindo próximo de uma cerca na fazenda. Ao chegar no local, ele se deparou com o felino, que o atacou imediatamente.

CAUSAS

Viana ressaltou que os fatos que culminaram na fatalidade desse fim de semana devem ser investigados pela perícia técnica. Ele também deixou suas condolências à família do caseiro morto no ataque, que ocorreu na região conhecida como Touro Morto, a aproximadamente 150 km de Miranda.

O especialista salientou que todos os registros de comportamento agressivo das onças apontam que o ataque aos seres humanos não é uma situação comum, porém, elas podem sim acontecer, especialmente em algumas condições.

“As onças são animais silvestres e selvagens que têm comportamentos instintivos e territoriais. E nós, como seres humanos, estando dentro do ambiente da onça-pintada, a gente tem que seguir alguns protocolos para evitar a exposição de situações de vulnerabilidade e que podem levar a tragédias como essa”, pontuou.

Com relação ao comportamento desse animal, o pesquisador elencou que encontros inesperados com o felino em mata fechada, fêmeas com filhotes (que podem ter comportamento de defesa), onças com alimento e felinos no período reprodutivo são fatores naturais que podem causar a sua agressividade, levando a um possível ataque.

Entre os fatores antrópicos (ações humanas), a presença de animais domésticos – como cachorros sendo criados próximo à beira de rios – também atrai a atenção de predadores como a onça, além da prática da ceva, quando pessoas deixam animais mortos para manter as onças próximas com a intenção de facilitar o avistamento. Essa situação, inclusive, chegou a ser investigada na região há dois anos.

Com relação à ceva, o pesquisador alertou que a ação humana ligada à facilitação de avistamento dos animais é proibida pela Lei Estadual nº 8.912, de 5 de maio de 2015.

“Fica proibido esse tipo de alimentação, e a lei normatiza o avistamento e como ele deve ser feito. Para se beneficiar do turismo de avistamento, as pessoas devem realizá-lo de forma responsável”, enfatizou.

Segundo Viana, é possível a realização de algumas ações que visam a prevenção de ataques de onças-pintadas na região pantaneira. Entre elas estão a instalação de cercas elétricas na propriedade, a utilização de repelentes luminosos e olfativos e o fomento da educação ambiental, além de protocolos de segurança contínua em áreas de coexistência entre humanos e onças.

ATAQUE NO PANTANAL

O corpo do caseiro foi encontrado a partir de denúncia feita por um guia de pesca local que estranhou a ausência de Jorge Avalo no pesqueiro onde trabalhava. Foi então que a Polícia Militar Ambiental (PMA) iniciou as buscas.

Foram encontrados vestígios de sangue e pegadas de animal silvestre de grande porte nas proximidades do pesqueiro onde ocorreu o ataque.

Equipes da PMA de Corumbá, Miranda e Aquidauana foram mobilizadas e seguiram até o local. As buscas continuaram ao longo desta segunda-feira e se estenderam até a manhã de ontem, quando os restos mortais da vítima foram localizados por policiais ambientais, familiares e guias da região em um capão de mato a cerca de 280 m do rancho.

SAIBA

A Polícia Militar Ambiental verificou que o pesqueiro contava com sistema de câmeras de segurança. Porém, os equipamentos não estavam em funcionamento no momento do ocorrido.

Assine o Correio do Estado

Pesquisa

Wolbachia reduziu mais de 60% dos casos de dengue em Campo Grande

O cientista brasileiro criador do "bloqueador da dengue", Luciano Andrade Moreira, foi escolhido pela revista Nature como uma das 10 pessoas que moldaram a ciência em 2025

08/12/2025 18h00

Casos de dengue reduzem em MS

Casos de dengue reduzem em MS Divulgação

Continue Lendo...

Um estudo conduzido pela Fiocruz juntamente com as universidades de Yale, Stanford, Johns Hopkins, de São Paulo (USP) e Monash University, na Austrália, pelo World Mosquito Program (WMP) e pelas secretarias Municipal de Saúde de Campo Grande e Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul, divulgaram uma análise detalhada da soltura em massa dos mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia para frear os casos de dengue em Campo Grande. 

Os resultados da análise mostraram uma redução de 63,2% em 2024 na incidência da doença em áreas onde a Wolbachia atingiu níveis estáveis na população de mosquitos, após a soltura entre 2020 e 2023. 

A liberação dos mosquitos com a bactéria foi realizada de forma contínua pelos três anos, abrangendo seis grandes zonas urbanas e totalizando mais de 100 milhões de insetos liberados. 

A técnica introduz a bactéria Wolbachia, que já é comum em cerca de 60% dos insetos, no mosquito Aedes aegypti. A presença dessa bactéria dificulta a proliferação do vírus dentro do mosquito, o que diminui a sua capacidade de transmitir doenças. 

No ano de 2024, a prevalência média da bactéria nos mosquitos era de 86,4%. Quase 90% das áreas monitoradas alcançaram prevalência igual ou superior a 60%, considerado indicador de estabilidade. 

Ao todo, foram monitoradas as 1.677 ovitrampas distribuídas pela cidade, o que permitiu o acompanhamento do avanço da Wolbachia a cada mês. 

A análise da série histórica de casos de dengue, que começaram a ser monitorados em 2008, mostrou que, após a intervenção da bactéria, a cidade deixou de sofrer grandes surtos como os observados antes da intervenção. 

Antes da implementação, os casos anuais frequentes ultrapassavam 4.700 registros. Nos anos seguintes, os números se estabilizaram em números menores: 

  • Em 2021: 410 casos
  • Em 2022: 8.045 casos
  • Em 2023: 11.406 casos
  • Em 2024 (até setembro): 605 casos

Atualmente, foram confirmados 8.372 casos de dengue em Mato Grosso do Sul até a última sexta-feira (5).

Foram confirmadas 18 mortes em decorrência da doença e outras 7 estão em investigação. 

Esse número é 60% menor que o número de mortes registrado no mesmo período referente ao ano passado, quando o Estado já contabilizava 30 óbitos confirmados. 

O número também é menor que o registrado no mesmo período em 2023, quando foram registrados 43 óbitos pela doença. Em 2022, foram 24 mortes na janela de tempo. 

Além disso, no mesmo período, foram notificados 8 mil casos a menos de janeiro a outubro deste ano com relação ao mesmo período no ano passado. 

O método

O projeto de liberação dos mosquitos do Aedes aegypti com a bactéria da Wolbachia espalhou pelas sete regiões de Campo Grande 102 milhões de mosquitos.

De acordo com o World Mosquito Program (WMP), responsável por implementar o método em Campo Grande,  a prevalência da Wolbachia na população de mosquitos na Capital aumentou constantemente, sendo que em algumas áreas à prevalência deste inseto que impede a fecundação dos ovos do mosquito da dengue varia de 70% a 100%.

Ao longo das liberações, que aconteceram em seis etapas, mais de 2,5kg de ovos de mosquitos foram eliminados, segundo a WMP. As fases realizadas do projeto atingiram aproximadamente 130 mil pessoas por fase. 

Além da liberação dos mosquitos nos bairros, a pesquisa também desenvolveu outros métodos, como a iniciativa “Wolbito em casa” e a instalação de uma biofábrica na sede do Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS), para produzir milhões de mosquitos com a bactéria Wolbachia usados para o enfrentamento da Dengue, Zika e Chikungunya, doenças transmitidas pelo Aedes.

Nature’s 10

O engenheiro agrônomo Luciano Andrade Moreira, cientista estudioso do uso da bactéria Wolbachia para bloquear a transmissão do vírus da dengue, zika e chikungunya no mosquito Aedes aegypti, foi escolhido pela revista Nature como uma das dez pessoas ao redor do mundo que moldaram a ciência em 2025, configurando na lista “Nature’s 10”. 

A técnica desenvolvida a partir de sua pesquisa em parceria com outros cientistas foi chamada de “Método Wolbachia”, mostrando que os mosquitos portadores da bactéria têm menor probabilidade de contrair os vírus. 

Assim, a aplicação do método pode ser decisiva no controle de doenças. 

Os mosquitos infectados com a bactéria, chamados de wolbitos, ao serem liberados em áreas urbanas se reproduzem com outros Aedes aegypti, reinfectando a bactéria para novas gerações de mosquitos. 


 

TEMPO

Pancada de chuva atinge Campo Grande devido a ciclone que passa pelo Sul do Brasil

Em MS, a atuação indireta de ciclone extratropical pode favorecer a formação de chuvas intensas e tempestades

08/12/2025 17h34

Chuvas intensas estão previstas para todo o Estado durante a semana

Chuvas intensas estão previstas para todo o Estado durante a semana Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Continue Lendo...

O ciclone que está previsto para atingir a região Sul do Brasil começa a fazer efeito nos municípios de Mato Grosso do Sul. Na tarde desta segunda-feira (8), uma pancada de chuva atingiu Campo Grande, acumulando cerca de 10,8 mm e mantendo a temperatura em 22°C, dando um alívio no calor.

De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (CEMTEC), o aprofundamento rápido de um sistema de baixa pressão atmosférica dará origem a formação de um ciclone extratropical no centro-sul do Brasil.

No Estado, a atuação indireta do ciclone extratropical pode favorecer a formação de chuvas intensas e tempestades, que podem vir acompanhadas de raios e fortes rajadas de vento e eventual queda de granizo.

Confira os maiores acumulados de chuvas em MS desde a madrugada

Chuvas intensas estão previstas para todo o Estado durante a semana

Como adiantado pelo Correio do Estado, as chuvas, embora irregulares, devem ser de valor excessivo, podendo acumular volumes de 100 a 200 milímetros em setores isolados. As pancadas devem seguir durante toda a semana.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Mato Grosso do Sul está, novamente, em alerta de perigo para chuvas intensas, especialmente na metade norte do Estado.

Previsão do tempo

De acordo com o CEMTEC, o tempo segue com instabilidade durante a terça-feira (9).  A presença de muita nebulosidade favorece a formação de chuva em diversas regiões do Estado, com acumulados que podem superar os 40 mm em 24 horas em alguns pontos. 

Chuvas intensas estão previstas para todo o Estado durante a semanaEscreva a legenda aqui

As regiões Sul, Cone-Sul e Grande Dourados têm previsões de mínimas entre 20-22°C e máximas entre
24-29°C.

As regiões Pantaneira e Sudoeste marcam mínimas entre 21-23°C e máximas entre 25-31°C.

Regiões do Bolsão, Norte e Leste com mínimas entre 21-23°C e máximas entre 24-29°C.

Na Capital, as mínimas serão entre 20-23°C e máximas entre 22-25°C.

Os ventos atuam entre o quadrante norte e oeste com valores entre 40-60 km/h e, pontualmente, podem ocorrer rajadas de vento acima de 60-80 km/h

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).