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Pantanal tem o menor número de focos de calor e área queimada em quase 30 anos

Estiagem severa começou em 2019 no bioma e, desde então, o território não havia registrado níveis tão baixos de fogo

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No período mais crítico de estiagem no Pantanal em mais de 100 anos de monitoramento, este ano está apresentando números favoráveis em relação aos incêndios florestais. Neste ano, a área queimada no território, dividido entre Mato Grosso do Sul (65%) e Mato Grosso (35%), é a menor conforme os dados já disponíveis. Em relação aos focos de calor, houve a maior redução em quase 30 anos (desde 1998), e quase zerou as incidências.

Um período crítico de estiagem teve início em 2019, com pico em 2024. Como reflexo dessa situação de menos chuva e temperaturas altas, os incêndios florestais ocasionaram um cenário de crise no Pantanal em 2020 (26% do território queimado) e 2024 (17%).

Já este ano, o cenário mudou drasticamente e, conforme levantamentos do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), menos de 1% de área foi atingida pelo fogo.

Até agora, são 15.512 mil hectares atingidos. Desde o início do levantamento, o menor acumulado era de 2018, quando foram 198.842 mil hectares acometidos pelo fogo.

Conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde 1998, quando inicia a série histórica de monitoramento, o bioma nunca teve tão poucos focos de calor ativos. Do início de janeiro até 16 de agosto, havia apenas 144 focos e, destes, 19 focos foram neste mês.

Em 2024, somente em agosto, o Inpe registrou 4.411 focos no Pantanal. O agosto com o menor número de focos até aqui era o de 2022, com 96.

CHUVA E FISCALIZAÇÃO

Um dos fatores que podem ter contribuído para esse cenário de, até agora, tranquilidade está relacionado ao nível do Rio Paraguai, que este ano foi favorecido com boa quantidade de chuva em sua cabeceira, e está acima do que geralmente ocorre neste período de seca.

“A régua de Ladário, que mede a altura do Rio Paraguai, começou a descer agora, no fim do mês de julho. Mesmo assim estabilizou em 3,30 metros por uns 20 dias. Normalmente, começa no fim do mês de junho e nesse período estaria com 0,50 centímetros. Ano passado também foi agravado pois o rio começou a descer em maio ainda, antecipando em quase um mês”, avaliou o coordenador estadual do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Márcio Yule.

Além disso, por causa do forte incêndio que atingiu o bioma em 2024, este ano o Poder Público, incluindo governo do Estado e governo federal, tomaram medidas mais fortes em relação ao fogo no bioma.

Relatório do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e o Corpo de Bombeiros aponta que ações em campo seguem sendo realizadas, mesmo com a ausência de fogo.

“Observa-se uma redução de 60% na área queimada do Cerrado em MS, e uma redução de 98,8% no bioma do Pantanal, em MS e MT, em relação ao ano passado. O Corpo de Bombeiros já está em atuação na região desde o dia 1º de janeiro e já foi empregado um efetivo de 676 bombeiros e bombeiras militares nas ações de prevenção, preparação e combate aos incêndios florestais”, observou o relatório, que analisa dados entre 1º de janeiro e 13 de agosto.

Para enfrentamento dos incêndios florestais, o governo federal também publicou a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo (PNMIF), que completou um ano de funcionamento. Já em Mato Grosso do Sul, o governo estadual instituiu a Lei do Pantanal, n. 6.160, de 18 de dezembro de 2023, mas que entrou em vigor em 19 de fevereiro de 2024.

Nela, constam determinações específicas para uso do solo e medidas de prevenção de incêndios florestais. Na prática, sua implantação segue realizada. Além da mobilização estadual, o governo federal também alterou sua atuação e passou a ter brigada permanente no Pantanal desde dezembro de 2024.

O Prevfogo/Ibama está com equipes mobilizadas a partir do Parque Marina Gattass, em Corumbá, e também em outras áreas, como na Aldeia Uberaba – Guató –, em área que fica entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bolívia.

Os dados positivos identificados até agora enfrentam o desafio de prognóstico sobre as condições climáticas que favorecem os incêndios entre agosto e setembro.

“A previsão da probabilidade de fogo para o trimestre julho-agosto-setembro de 2025 mostra que grande parte do estado encontra-se em nível entre alerta alto e atenção. Em alguns municípios das regiões sul, sudoeste e pantaneira observa-se municípios em níveis de alerta”, informou o boletim mais recente do Cemtec-MS.

Resolução da Semadesc e Imasul n. 004/2025 suspendeu até 30 de novembro qualquer medida de queima prescrita e licenciamento de queima controlada em Mato Grosso do Sul para tentar evitar que algum foco de fogo perca o controle e se transforme em um incêndio.

PROTEÇÃO

Pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Rita de Cássia Martins dos Santos analisa que o histórico grave de devastação exige que medidas mais eficazes sejam implantadas no Pantanal para proteção de sua biodiversidade e das populações que residem e dependem do território.

“Embora tenha sido protocolada uma petição requerendo a inscrição do sítio na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo, a Unesco não acatou a solicitação e manteve o Pantanal fora da lista elaborada em 2023. Conclui-se que o bioma permanece carente de proteção a nível nacional e internacional, ante a escassez de medidas eficazes para o controle dos incêndios”, alertou a pesquisadora em artigo científico.

O conselho nacional, que envolve um dos critérios para o Pantanal ter esse título de patrimônio, ficou desativado entre 2019 e início deste ano. Com o risco de haver a desclassificação, houve mobilização e o colegiado foi reativado.

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CAMPO GRANDE

Bioparque Pantanal terá Papai Noel mergulhador em programação especial de Natal

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

14/12/2025 18h00

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

Atração promete encantar visitantes de todas as idades Divulgação/ Gov MS

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O Bioparque Pantanal preparou uma programação especial de Natal para receber o público em dezembro, com uma das atrações mais aguardadas do período: o Papai Noel Mergulhador.

A apresentação está marcada para as 10h dos dias 23 e 24 e promete surpreender famílias e visitantes ao unir magia, educação ambiental e o contato direto com a biodiversidade.

A ação, que já se tornou tradicional no calendário do atrativo, leva o personagem natalino para dentro dos tanques, reforçando de forma lúdica a importância da conservação ambiental e da relação harmoniosa entre o ser humano e a natureza.

Atenção nos horários!

No dia 24 de dezembro, o Bioparque Pantanal funcionará em horário especial, das 8h30 às 14h30, permitindo que o público aproveite a véspera de Natal com uma experiência diferente em um dos maiores complexos de água doce do mundo. O último horário de entrada será até 13h30.

Já nos dias 25 e 31 de dezembro, não haverá visitação. O empreendimento também permanecerá fechado entre 1º e 7 de janeiro de 2026, período destinado à realização de manutenções internas, voltadas à segurança dos visitantes e ao bem-estar dos animais. As atividades serão retomadas normalmente no dia 8 de janeiro.

Bioparque Pantanal

Inaugurado em março de 2022, o Bioparque Pantanal já recebeu mais de 1 milhão de visitantes e se consolidou como referência nacional em turismo científico, inclusivo, sustentável e contemplativo. O espaço é reconhecido pela estrutura moderna e pelo compromisso com a educação ambiental, acessibilidade e conservação da fauna.

A visita ao Bioparque Pantanal é gratuita, mas o agendamento é obrigatório e deve ser feito exclusivamente pelo site bioparquepantanal.ms.gov.br.

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MANIFESTAÇÃO

"Sem anistia", manifestantes protestam contra PL da Dosimetria em todo o Brasil

Atos ocorreram em diversas cidades e classificam projeto como anistia disfarçada aos envolvidos no 8 de Janeiro

14/12/2025 17h00

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo Divulgação/ Agência Brasil

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Manifestantes de diversas cidades brasileiras foram às ruas neste domingo (14) em protesto contra a aprovação do chamado Projeto de Lei da Dosimetria, que altera o cálculo das penas aplicadas aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para os organizadores, o texto representa uma “anistia disfarçada” e abre caminho para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes de seu governo.

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reuniram movimentos sociais, centrais sindicais, estudantes e partidos de esquerda. Pela manhã, manifestações ocorreram em capitais como Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Maceió, Fortaleza, Salvador e Brasília.

Na capital federal, o protesto teve início em frente ao Museu da República e seguiu em direção ao Congresso Nacional. Durante o trajeto, manifestantes entoaram palavras de ordem e exibiram cartazes com frases como “Sem anistia para golpista” e críticas diretas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Campo Grande

Em resposta a aprovação por 291 a 148 votos na última quarta-feira (10), centenas de campo-grandenses liberais se encontraram na esquina da Rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena para protestar contra a tentativa de Anistia das pessoas que foram condenadas pelo 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além de apoiadores, a manifestação contou com a presença de algumas autoridades da esquerda de MS, como o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que foi o primeiro político a chegar no local.

Em conversa com a reportagem, o parlamentar falou sobre o movimento desta manhã e a importância de dar uma rápida resposta ao PL da Dosimetria.

"Mais uma vez, a população dá um recado para a Câmara dos Deputados, que está votando na contramão de tudo aquilo que a população deseja, porque quem atentou contra a democracia, quem quebrou a série dos poderes em Brasília, quem tentou dar um golpe de estado no Brasil tem que ser condenado e pagar por esses crimes. Dar uma lição na história de que nós não aceitamos mais golpes no Brasil", disse o petista.

O ex-deputado estadual e agora candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Partido dos Trabalhadores, como oficializado neste sábado (13) pelo presidente do partido, Fábio Trad também compareceu ao protesto.

"É um momento muito importante, mas não só para a esquerda, para todos os democratas. Eu convido também a direita liberal que respeita a democracia, aquela direita dos anos 90 que respeitava a vontade das urnas, que não apoiava os Estados Unidos contra o próprio Brasil. Ela deveria estar aqui conosco, porque o que está em jogo aqui hoje não é só uma disputa partidária, é uma questão de civilização e barbárie", destaca.

Paulista ocupada

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi ocupada por manifestantes concentrados nos quarteirões próximos ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O ato reuniu representantes de sindicatos, movimentos sociais, estudantis e partidos políticos contrários ao projeto.

Durante o protesto, o coro de “sem anistia” foi repetido diversas vezes. Cartazes com dizeres como “Congresso inimigo do povo” ganharam destaque, assim como críticas ao comando da Câmara. Parte dos participantes vestiu roupas verde e amarelas para reforçar a rejeição à anistia dos envolvidos nos atos golpistas.

A votação do PL na Câmara ocorreu em meio a um episódio de tensão, após a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora pela Polícia Legislativa. Jornalistas foram impedidos de acompanhar a ação, e profissionais da imprensa relataram agressões.

Parlamentares da oposição avaliam que, com as mudanças previstas no texto, Bolsonaro poderia ter a pena reduzida de 7 anos e 8 meses para cerca de 2 anos e 4 meses em regime fechado, conforme o cálculo atual da Vara de Execuções Penais.

Segundo Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo, a mobilização foi motivada pela gravidade da proposta. “Nós entendemos que isso é uma anistia. Os crimes cometidos contra a democracia são muito graves e não podem ser perdoados. A impunidade abre espaço para novas tentativas de golpe”, afirmou. Ela acredita que a pressão popular pode influenciar a tramitação do projeto no Senado.

Protestos no Rio

No Rio de Janeiro, milhares de pessoas ocuparam as ruas próximas ao Posto 5, em Copacabana. O ato contou com a participação de movimentos sociais, sindicatos, estudantes, parlamentares, artistas e militantes de esquerda.

A manifestação ganhou caráter cultural com a participação de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se apresentaram durante a tarde. O evento foi batizado de “Ato Musical 2: o retorno”, em referência a uma mobilização anterior contra a PEC da Blindagem.

Além do PL da Dosimetria, os participantes protestaram contra a escala de seis dias de trabalho por um de descanso, o marco temporal para demarcação de terras indígenas, o feminicídio e cobraram transparência em investigações envolvendo o Banco Master.

Uma performance realizada por um grupo de mulheres chamou atenção ao comparar parlamentares favoráveis ao projeto a “ratos traiçoeiros”, com a distribuição de animais de borracha e fotos de deputados que votaram pela redução das penas.

A aposentada Angela Tarnapolsky, de 72 anos, afirmou que não poderia se omitir diante do que considera retrocessos democráticos. “Depois de tudo o que vivi desde a ditadura, é impossível aceitar um Congresso com esse nível de retrocesso”, declarou.

O deputado Glauber Braga participou do ato e agradeceu o apoio popular. Com a suspensão de seu mandato por seis meses, ele afirmou que levará o gabinete “para as ruas” e seguirá mobilizado contra o PL da Dosimetria e contra as chamadas emendas Pix, que permitem repasses de recursos públicos sem detalhamento do uso.

O que prevê o projeto

O PL da Dosimetria estabelece que os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito, quando cometidos no mesmo contexto, sejam punidos apenas com a pena mais grave, e não pela soma das penas. O texto também reduz o tempo necessário para a progressão de regime, do fechado para o semiaberto ou aberto.

A proposta pode beneficiar, além de Bolsonaro, militares e ex-integrantes do alto escalão do governo anterior, como Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

Parlamentares da oposição preveem, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o total da redução pode levar ao cumprimento de 2 anos e 4 meses em regime fechado em vez dos 7 anos e 8 meses pelo cálculo atual da vara de execução penal, segundo a Agência Câmara de Notícias. Mas a definição dos novos prazos será do STF e pode ser influenciada pelo trabalho e estudo em regime domiciliar, que diminuem o período de prisão.

O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.

**Colaborou Felipe Machado**

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