A Assembleia Legislativa já está em ritmo de campanha e a oposição promete esquentar ainda mais o debate na próxima semana. O plano é rebater dados, apresentados na primeira sessão do ano pelo governador André Puccinelli (PMDB), que comparam a atual gestão com a anterior. Segundo os petistas, os números são falsos e o governador esqueceu de comentar “fiascos” de sua administração. Mas não mostrou esses dados falsos. Os petistas prometem “mostrar tudo” nas próximas sessões. Apesar do clima de campanha estar em evidência, tem parlamentar insistindo na teoria de que a eleição não vai comprometer os trabalhos do Legislativo. O tom político foi observado na primeira sessão do ano, que virou palanque eleitoral. Puccinelli usou a mensagem do Executivo para comparar a atual gestão com a do seu antecessor, o ex-governador José Orcírio dos Santos (PT), seu virtual adversário na disputa pela sucessão estadual. O PT contraatacou, informando que as conquistas foram possíveis graças aos investimentos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os tucanos se apressaram em informar que só foi possível crescer graças a estabilidade econômica, que o Governo do PSDB começou a construir. Na sessão seguinte, o marasmo tomou conta. Os deputados permaneceram no plenário por menos de uma hora e não aprovaram projetos relevantes. Ontem, também não foram aprovadas propostas de interesse popular, mas, pelo menos, o rumo do discurso saiu do campo eleitoral para o Zoneamento Econômico e Ecológico (ZEE). Porém, na próxima semana, o deputado Paulo Duarte (PT) vai retomar as comparações entre as gestões do PT e do PMDB. Ele discorda dos dados apresentados pelo governador na abertura do ano legislativo. “Quem deu largada ao clima de campanha na Assembleia foi o André. Em vez de prestar contas do governo, ele veio aqui fazer campanha”, afirmou. “Estou me preparando para, na próxima semana, contestar ponto a ponto do discurso do governador”, completou. Segundo o petista, Puccinelli apresentou uma “série de inverdades” e esqueceu de nomear os “fiascos” de sua gestão. “O Trem do Pantanal, por exemplo, é uma enganação”, declarou. “No afã de mostrar alguma coisa, o governador lançou a atração sem fazer os investimentos necessários. Agora, ninguém quer andar a 17 km/h em um vagão desconfortável e sem ar-condicionado, ainda mais na região do Pantanal, que faz muito calor”, explicou. Sem comprometer Apesar das evidências de que o debate eleitoral está ocupando o espaço da discussão sobre projetos e até pode esvaziar o plenário, alguns deputados insistem que o processo não vai comprometer o trabalho na Assembleia. Pelo menos assim pensam os deputados Youssif Domingos (PMDB), Junior Mochi (PMDB), Pedro Kemp (PT) e Zé Teixeira (DEM). Para eles, é natural o trabalho não engrenar nas primeiras sessões. “Todo o início de ano é assim porque é preciso seguir processo regimental, como formar as comissões e nomear os líderes de bancada. Só depois disso, é possível redistribuir os projetos e retomar as votações”, explicou Zé Teixeira. “É possível compatibilizar a campanha com o trabalho parlamentar. São apenas três manhãs de sessão por semana. Portanto, nos demais horários é possível tocar a campanha”, engrossou Júnior Mochi. Por outro lado, os deputados Amarildo Cruz (PT) e Marquinhos Trad (PMDB) reconhecem que a campanha vai derrubar a produção parlamentar. “Eles dizem que não, mas não tem como a campanha não atrapalhar. Só sei que a minha parte vou cumprir”, prometeu Marquinhos. “Todo mundo sabe que o plenário esvazia. Nos anos anteriores sempre foi assim”, reforçou Amarildo.