Com o aumento do número de acidentes de trânsito registrados em Campo Grande, como mostra matéria publicada ontem pelo Correio do Estado, o atual diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), Rudel Trindade Júnior, afirmou que um dos desafios dos órgãos de gestão do trânsito é justamente a fiscalização dos motoristas.
“Nós precisamos aprimorar a fiscalização. A fiscalização é complicada, porque as pessoas têm aquele conceito que é uma indústria de multa. Tanto que, aqui, do Detran-MS, nossa fiscalização só atua em lei seca, porque é o nosso principal problema, que é quando as pessoas morrem. Então, aprimorar nesse sentido, passar para a sociedade o risco que é você cruzar com o cidadão embriagado. Nós precisamos desse conceito com a sociedade, que o tipo de fiscalização que a gente faz é um tipo de fiscalização para manter a vida das pessoas. E aí vem a educação para o trânsito, que é contínua”, afirmou Trindade.
De acordo com dados do Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito (GGIT) de Campo Grande, em apenas 11 meses deste ano, o número de acidentes de trânsito já superou a marca do ano passado inteiro.
De janeiro a 24 de novembro foram 9.794 ocorrências, enquanto no período de janeiro a dezembro de 2021 foram notificados 8.638 acidentes.
O principal problema, como aponta Trindade, é a junção álcool e direção de um veículo automotor. Segundo ele, além da educação no trânsito e da fiscalização, a engenharia de trânsito também colabora para evitar que essas colisões aconteçam. Ele avalia, porém, que essa questão tem sido bem atendida.
“Normalmente, a gente sempre falava antigamente em engenharia, fiscalização e educação. A engenharia de trânsito hoje no estado de Mato Grosso do Sul avançou muito, hoje todas as vias estão finalizadas, há semáforo em todos os cantos, o Detran-MS mesmo investiu mais de R$ 40 milhões em sinalização, implantamos semáforos no interior e aqui na Capital, apoiamos a Agetran [Agência Municipal de Transporte e Trânsito] em rotatórias, então, a parte de engenharia está bem”, declarou o diretor-presidente do Detran-MS.
Em entrevista ao Correio do Estado publicada no dia 17 de dezembro, Trindade ainda afirmou que o momento atual tem se mostrado muito pior do que antes da Covid-19 em relação às infrações de regras de trânsito.
“O volume de trânsito foi retomado muito rapidamente. Da mesma forma, a economia se aqueceu muito rápido, você viu aqui em Mato Grosso do Sul. Então, quando voltou da pandemia, ela [economia] voltou com muito mais vigor. E a gente estava também conversando sobre isso, dizendo que a gente está sentindo um pouco mais de desrespeito à legislação. Eu acho que alguma coisa aconteceu que as pessoas estão mais destemidas”, disse Trindade na entrevista.
AFONSO PENA
Ainda conforme dados do GGIT publicados na reportagem desta terça-feira, a Avenida Afonso Pena foi a via mais perigosa de Campo Grande neste ano, por registrar o maior número de acidentes de trânsito da cidade, com 450 ocorrências de janeiro a 24 de novembro.
Apesar de a Afonso Pena ser a via com mais acidentes, a maioria não teve feridos. As vias com mais óbitos registrados neste ano foram as avenidas Duque de Caxias, Marechal Deodoro e Júlio de Castilho, com duas mortes cada.
Os motociclistas estiveram presentes no maior número de acidentes, foram 49 dos 73 óbitos do ano.
O levantamento aponta que a velocidade excessiva, o uso de álcool e a condução sem habilitação foram os principais fatores dos acidentes, tanto em 2021 quanto neste ano.
De acordo com o GGIT e o Batalhão da Polícia Militar de Trânsito (BPMTran), do total de acidentes deste ano, 6.094 foram sem vítimas e 3.656 com vítimas. Dos 73 óbitos, 41 foram no local e 32 a caminho da unidade de saúde ou na internação.
Em 2021, foram 4.106 ocorrências sem vítimas, 4.457 com pessoas feridas e um total de 75 mortes. Apesar do número menor de mortes (73) em relação a 2021, o ano ainda não terminou.