Professores seguem em greve - prevista inicialmente até dia 9 -, ainda sem serem recebidos por Adriane Lopes, sendo que essa movimentação deixa cerca de 100 mil alunos sem aula.
Cientes do impacto, eles apontam que essa greve é um mecanismo para que se chegue a um acordo, juntamente com uma forma de cumprir a lei de responsabilidade fiscal.
"A prefeita não atendeu, se escondeu. Isso é ruim não só para os professores, mas para a sociedade. São 100 mil crianças afetadas de alguma forma e a prefeita não atende a educação, isso é ruim pra Campo Grande", comenta Gilvano Bronzone, atual Secretário de Formação Sindical.
Eleito pela categoria, Gilvano assume a presidência do Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP) no próximo dia 15 de janeiro.
Ele comenta que, apesar de ter data da greve ser fixada até dia 9, Gilvano explica que tanto podem parar antes, caso Adriane Lopes tome uma postura, quanto podem estender o movimento.
"A gente quer que assine ainda hoje, queremos que amanhã nossos alunos voltem para a escola. Mas também não significa que, ao chegar dia 9 e a prefeita não tiver uma solução, a gente não discuta, rediscuta e planeje outras formas de paralisação, ou até mesmo outra greve", diz.
Ele revela que essa ação que depende da prefeita ter seriedade e responsabilidade com Campo Grande, não somente com professores ou sindicato.
"Para reiniciar um diálogo que travou. Professor não quer fazer greve, até porque é a única categoria que tem que repor cada dia que fez. Nós não queremos, mas da forma que estamos, e aí a prefeita reforça, mais ainda isso.
Atual presidente da ACP, Lucílio Nobre fala que o ato é importante para fazer pressão na prefeita, assim como denunciar o descaso com a educação, quando não se cumpre a lei.
"Estamos tencionando, solicitando a reunião com ela, porque foi mandado ofício na sexta-feira, ela não recebeu, não estava na prefeitura. Então a gente vai aguardar. Mais uma vez, insistimos com ela para que receba comissão, e aponte uma saída para os 10,39% do mês de novembro", frisa.
Valor inegociável
Lucílio sempre faz questão de ressaltar que "não dá pra dialogar fora dos 10,39", dizendo que Adriane ficou oito meses como prefeita, sendo que sabia do acordo com os professores e da lei de responsabilidade fiscal.
"Claro, que tem que ser cumprida. Nós vamos insistir nisso. Tanto uma quanto outra. Por que não cumpriu a lei de responsabilidade fiscal, sabendo que tinha que cumprir com os professores?", questiona.
Ainda, é importante frisar que a Prefeitura de Campo Grande entrou com uma ação no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) pedindo que o movimento seja considerado ilegal, uma vez que a profissão se enquandra como "serviço fundamental e indispensável".
"O jurídico da ACP vai fazer a manifestação ainda hoje, apontando que o movimento é justo, ele é legítimo e respeita a legislação vigente", destaca Lucílio Nobre.
Também Gilvano ressalta que o Jurídico da ACP tem tomado conta da situação, sendo que o TJ apontou - desde sexta-feira (2) - o prazo de cinco dias para que a categoria se manifeste.
"Nosso jurídico está tentando - diferente da prefeita -, com a maior celeridade [rapidez] possível, dar a resposta e os dados que o Tribunal pediu", confirmou.
Para ele, essa demora é realmente um descaso, dizendo que a educação vem pagando um preço alto desde 2015, e em 2019 com o reajuste zero.
"Isso tem que parar, porque atinge diretamente a qualidade da educação das nossas crianças, que precisam sonhar"
Mas até quando?
Gilvano salienta que esse movimento da educação não vai cessar, a menos que o problema seja resolvido.
Ainda que não apontem para um número "X ou y" de dias pelos quais manterão o ato, a categoria ressaltar que ficarão presentes "até o último dia de mandado" de Adriane Lopes, caso seja necessário.
"Esperamos que a Prefeita acerte antes, esse é o nosso objetivo... mas nós também não podemos dizer que vamos encerrar tudo dia 9 se ela não resolver até lá. Quem vai decidir isso é a categoria, que não tem demonstrado um sinal sequer de que quer recuar", diz.
Diante disso, os professores organizaram inclusive um "varal das reivindicações", que primeiramente seria pendurado no canteiro central.
Com os fortes ventos, os magistrados da educação iriam recorrer às instalações do lado de fora da prefeitura, sendo impedidos de deixarem ali suas reivindicações.
"Foi anunciado a proposta, do acampamento do magistério público municipal ser feito aqui, e falam que essa contenção é por causa das decorações de Natal. Mas é engraçado que só tá em frente da prefeitura e não está em todo o canteiro central da Afonso pena", revela Guilherme Afonso, professor da rede municipal.
Amanhã (06), os professores tem ato na Câmara Municipal, organizado para 08h, para pedir apoio dos vereadores.
"O professor vai ter que receber. Não tem como querer achar que vai empurrar com a barriga, ou não vai dar atenção pra categoria. A gente entrou na sexta-feira e agora a gente quer uma solução e é aqui, não adianta correr e se esconder", complementa Lucílio.
Como o Executivo Municipal tem percentuais para cumprir até 2024, o presidente da ACP destaca que as ações de greve servem inclusive para politizar a população.
"Em outros tempos vocês lembram. Eram xingamentos, a categoria sempre foi questionada, fomos chamados até de comunistas. O movimento de greve, não é simples e fácil, é cansativo, tem gente que não quer parar porque não quer, aí põe defeito em tudo. O celular enche de coisas, pressão de tudo quanto é lado, mas quem não tem as manhas não entra não. E nós entramos na greve e vamos continuar", finaliza ele.