Em ação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), o secretário municipal de Governo e Gestão Estratégica de Corumbá, Nilson da Silva Pedroso, foi preso em uma operação contra fraudes em licitações em Itaporã, município localizado a 233 quilômetros de Campo Grande.
A operação, que recebeu o nome de “Fake Cloud”, cumpriu mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Corumbá e Itaporã, neste último, foram cumpridos três mandados de prisão e seis de busca e apreensão.
Recentemente, supostos esquemas de corrupção tornaram-se alvo de investigações nos municípios de Terenos, Miranda e Bonito.
O que se sabe sobre o secretário?
Antes de assumir a Secretaria Municipal de Governo e Gestão Estratégica, em Corumbá, Nilson atuou como superintendente de Compras e Aquisições Governamentais no município de Itaporã, durante a gestão do prefeito Marcos Pacco (PSDB).
Na Cidade Branca, Nilson assumiu a secretaria na administração do atual prefeito Gabriel Alves de Oliveira (PSB).
Por meio de nota, a Prefeitura de Corumbá informou que, embora os fatos não tenham ocorrido no município, a administração acompanha as investigações, com base na lei e no princípio da presunção de inocência.
Leia a nota na íntegra:
“A Prefeitura de Corumbá informa que tomou conhecimento da prisão do Secretário Municipal de Governo e Gestão Estratégica Nilson dos Santos Pedroso, pelo GAECO/MP-MS, referente a fatos supostamente ocorridos no município de Itaporã. Embora eventuais fatos não tenham ocorrido no município de Corumbá.A administração acompanha o desenrolar dos acontecimentos,observando a lei e a presunção de inocência.
Outras informações serão prestadas caso haja necessidade, quando houver desdobramentos oficiais do processo. A atual gestão reafirma seu compromisso com a legalidade, transparência e com a moralidade administrativa, não pactuando com qualquer desvio de conduta, abuso ou irregularidade no âmbito do serviço público municipal”.
Operação
Os mandados judiciais foram concedidos depois que a promotoria de Itaporã descobriu uma suposta organização criminosa que praticava fraudes em contratações públicas e estava envolvida em corrupção ativa e passiva.
A investigação constatou a existência de um grupo criminoso estruturado que atua fraudando, sistematicamente, processos de contratações públicas por dispensa de licitação, voltados ao fornecimento de licença de sistemas de backup de dados em armazenamento em nuvem para o Poder Executivo Municipal de Itaporã, desde 2022.
Naquele ano, o prefeito de Itaporã era Marcos Pacco (PSDB). Porém, o candidato dos tucanos perdeu a eleição do ano passado e desde o começo de 2025 o município é comandado pelo prefeito Tiago Carbonaro, do PP. O MPE não informou se o suposto esquema de fraudes passou de uma administração para outra.
De acordo com a investigação, após negociações ilícitas dos empresários com agentes públicos, diversos processos foram simulados e direcionados para beneficiar determinada empresa, mediante propostas fictícias e exigências técnicas previamente elaboradas para restringir a concorrência.
O papel dos agentes públicos, em conluio com os empresários, consistia em fornecer informações privilegiadas e organizar a fraude procedimental, com vistas ao sucesso do grupo criminoso, em contrapartida a constantes recebimentos de vantagens indevidas.
“Fake Cloud”, termo que dá nome à operação, traduz-se da língua inglesa como “nuvem falsa”, e faz alusão aos objetos dos contratos, o backup de dados em armazenamento em nuvem, o que não era fornecido ao ente público.
O que diz a prefeitura de Itaporã
A atual gestão de Itaporã, cujo prefeito Tiago Carbonara assumiu no dia 1º de janeiro, informou por meio de nota que não possui qualquer ligação com os contratos ou outros atos levantados na investigação. Frisou, ainda, que o pente-fino realizado no município se refere à gestão municipal de 2021 a 2024.
Confira a nota:
“A Prefeitura Municipal de Itaporã esclarece que a operação “Fake Cloud”, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 23 de outubro de 2025, pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), refere-se exclusivamente a procedimentos administrativos ocorridos durante a gestão municipal de 2021 a 2024, especificamente vinculados ao Processo Licitatório nº 183/2022, cuja vigência encerrou-se integralmente no referido período.
A atual administração, sob a gestão do Prefeito Tiago Carbonaro desde 1º de janeiro de 2025, não possui qualquer vínculo, envolvimento ou responsabilidade sobre os contratos, atos ou decisões mencionados na investigação. Todos os fatos apurados antecedem completamente o atual mandato e não guardam qualquer relação com a presente gestão.
Desse modo, reafirmando seu compromisso com a transparência, a legalidade e a ética na administração pública, a Prefeitura de Itaporã informa que permanece à disposição e em plena colaboração com os órgãos de controle e investigação, reforçando sua dedicação em conduzir uma gestão responsável, íntegra e voltada exclusivamente ao interesse público”, informou a prefeitura de Itaporã.
Outras operações
Desde o começo do ano, já são pelo menos 12 prefeituras que foram alvo de operações do MP. Quatro destas operações ocorreram desde o dia 9 de setembro, dia em que o prefeito de Terenos chegou a ser preso. Dias depois foi solto, mas está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
Semanas depois, em 1º de outubro, o MPE desencadeou a “Operação Copertura”, tendo como objetivo o cumprimento de 31 mandados de busca e apreensão para tentar desmantelar um suposto esquema de corrução na prefeitura de Miranda.
Uma semana mais tarde, em 10 de outubro, o alvo foi a prefeitura de Bonito, onde ocorreu a operação Águas Turvas. Naquele dia os investigadores foram para as ruas para cumprir quatro mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão. Um dos principais alvos havia sido preso dias antes na operação de Terenos, revelando elo entre as fraudes em diferentes cidades.
** Colaborou Neri Kaspary




