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Sem dipirona e bromoprida, rede pública não tem remédios básicos

A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande informou que pelo menos 15% dos medicamentos ofertados na rede de atendimento da Capital estão em falta nos postos de saúde

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Não é de hoje que moradores de Campo Grande convivem com a falta de remédios básicos na rede pública de saúde. Conforme apurado pelo Correio do Estado, várias Unidades Básicas de Saúde (UBSs) enfrentam desabastecimento de dipirona, bromoprida e alguns analgésicos. 

A dipirona é aplicada como analgésico, para tratar dores moderadas ou intensas, e como antitérmico, para baixar febres a partir de 38ºC.

Na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Aero Rancho, um morador, que preferiu não se identificar, relatou que, ao tentar pegar os medicamentos que constavam na receita médica de sua mãe, foi informado que os remédios estavam em falta e que ele teria de arcar com a compra em uma rede particular. 

“Realmente faltam muitos medicamentos, inclusive o mais básico, que é a dipirona. Eu estava com a receita para dipirona, paco [analgésico] e bromoprida, receitados para a minha mãe que está com câncer, e eles não tinham nenhum dos remédios na unidade”, salientou. 

Ao questionar se em outras UBSFs encontraria os fármacos, ele foi informado que há meses existe a falta de dipirona, que, segundo a funcionária da unidade de saúde do Aero Rancho, é um problema por falta de compras da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). 

“É um gasto que pesa no nosso orçamento, porque, além de arcar com os medicamentos, um paciente com câncer ainda demanda uma dieta e uma alimentação específicas, que também são caras”, disse o morador. 

Na UBSF Dr. Ademar Guedes de Souza – Mata do Jacinto, enquanto aguardava por exames na sexta-feira (20), a estudante A. B., de 22 anos, relatou que por diversas vezes presenciou pessoas em busca dos medicamentos saírem da unidade de saúde sem os fármacos. 

“Enquanto estava na fila para ser atendida, percebi que todo mundo que chegava com a receita em mãos era informado que a farmácia estava fechada naquele dia e que precisaria ir até a Unidade de Pronto

Atendimento [UPA] do Nova Bahia atrás do medicamento”, salientou a estudante, que preferiu ter a identidade preservada. 

Na UPA Leblon, um paciente que preferiu ter a identidade preservada disse à reportagem que diversos medicamentos estão em falta na unidade de saúde, principalmente a dipirona. 

Fontes ouvidas pela reportagem na UBS Coronel Antonino confirmaram a falta de dipirona em gotas.

Pacientes que tentaram pegar o medicamento relataram que voltaram para casa de mãos vazias. 

Ao lado da UBS, na UPA Coronel Antonino, a equipe do Correio do Estado conversou com uma idosa que estava acompanhando sua neta no atendimento médico. Ela relatou que no local não conseguiu receber dipirona em gotas, paracetamol e bromoprida. 

“Além desta segunda-feira, eu já tinha tentado conseguir os remédios no fim de semana. E mais uma vez fui informada que eles estão em falta”, destacou a idosa. 

Uma funcionária da UPA Nova Bahia, que terá a identidade preservada, afirmou que “em todos os postos de saúde há falta geral de medicamentos. Temos poucos remédios para entregar”. 

Entre os remédios básicos que ela tinha à disposição, a profissional destacou que contava apenas com o paracetamol.

15% EM FALTA 

Em nota, a Sesau informou que, atualmente, a rede municipal de saúde tem 85% do estoque de medicamentos abastecido.

Conforme a secretaria, existem algumas faltas pontuais, “por conta da indisponibilidade do produto ou da matéria-prima no mercado e da estagnação no processo de compra, em razão de pedidos de realinhamento de preço”. 

A Sesau alega ainda que, nos casos em que não houve o cumprimento do prazo de entrega por parte do fornecedor, a secretaria chegou a entrar com ações judiciais contra as empresas, no intuito de garantir o abastecimento dos medicamentos. 

Segundo a Sesau, “o abastecimento de medicamentos no município tem sido regular desde 2017, a partir da reorganização dos processos de compras e empenho da gestão.

No ano anterior, 2016, o estoque de medicamentos estava abaixo da chamada reserva técnica, com menos de 20% dos itens disponíveis”, finalizou a nota.

Ao Correio do Estado, a secretária-adjunta de Saúde, Rosana Leite de Melo, destacou que vai apurar junto à Sesau a falta de medicamentos relatada pelos pacientes.

“Tivemos uma reunião técnica na sexta-feira [20] e, até então, não haviam apontado essa situação para nós. No entanto, eu e minha equipe vamos verificar a falta desses medicamentos”, disse Rosana. 

Saiba: De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o Brasil produz, atualmente, apenas 5% dos ingredientes necessários para a produção de medicamentos.

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JUSTIÇA

Para frear feminicídio, curso do TJMS permitirá que policiais atuem como oficiais de justiça

Policiais civis e militares treinados poderão cumprir medidas protetivas de urgência

08/04/2025 17h20

Lançamento aconteceu na sede do TJMS - (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul)

Lançamento aconteceu na sede do TJMS - (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) FOTO: Divulgação TJMS

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Nesta segunda-feira (7), o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul lançou o curso de formação de policiais civis e militares para desempenharem, em caráter temporário, funções similares a oficiais de justiça, ficando autorizados a cumprireme medidas protetivas de urgência. O lançamento marcou o início de um novo ciclo de atuação integrada entre os poderes Judiciário e Executivo no combate à violência doméstica e familiar.

A ação faz parte de um Acordo de Cooperação Técnica, firmado entre o TJMS e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), da Polícia Civil e da Polícia Militar, que pretende suprir a carência de oficiais de justiça e dar maior celeridade ao cumprimento de mandados judiciais, como intimações, afastamento do agressor do lar e mandados de prisão, previstos na Lei Maria da Penha.

Realizada pela Ejud-MS, a capacitação começa nesta terça-feira (8), e vai formar, inicialmente, 42 policiais militares, 12 policiais civis e 8 servidores ad hoc, para atuarem em Campo Grande. Ao final, os policiais que obtiverem a certificação estarão habilitados a atuar em funções análogas a de oficiais de justiça, podendo cumprir mandados judiciais nos casos em que não houver disponibilidade de oficiais do Poder Judiciário.

No lançamento do curso, o diretor-geral da Escola Judicial de MS (Ejud-MS), desembargador Marco André Nogueira Hanson, falou da importância da capacitação técnica dos policiais. “Os policiais e servidores designados que participarão deste curso não serão apenas responsáveis pela execução de mandados, mas estarão na linha de frente, desempenhando um papel vital na proteção das mulheres em momentos de extrema vulnerabilidade”.

Na ocasião, a coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, desembargadora Jaceguara Dantas da Silva, também ressaltou o caráter humanitário da iniciativa. “A capacitação busca proporcionar aos policiais um olhar mais humanizado, mais solidário, compreendendo a vulnerabilidade extrema em que essas mulheres se encontram. Essa é uma medida temporária que vai otimizar muito o trabalho do Judiciário e, principalmente, proteger as mulheres, resguardando sua integridade física, psicológica e a própria vida.”.

Também presente na cerimônia de lançamento, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, reiterou o compromisso da gestão estadual com a proteção das mulheres, lembrando que Mato Grosso do Sul é pioneiro em ações de combate à violência doméstica, com a instalação da 1ª Casa da Mulher Brasileira e o Estado se prepara para receber mais três casas.

“Capacitar os nossos policiais militares e civis para atuarem como oficiais de justiça é muito mais do que desmistificar, é ousar, é compartilhar responsabilidades. Queremos apoiar e receber apoio. A união entre poderes e instituições transforma gargalos em soluções reais”, enfatizou o secretário.

A solenidade contou ainda com a presença do corregedor-geral de Justiça, desembargador Ruy Celso Barbosa Florence, que ressaltou os riscos enfrentados pelos profissionais envolvidos no cumprimento desses mandados. “Esse crime é complexo, tem muitas nuances, como emoções e sentimentos, e coloca em risco, muitas vezes, a vida desses policiais que atuam para combatê-lo em nome da justiça e da proteção às vítimas”.

PARCERIA

Com duração de cinco anos, o convênio entre TJMS e Governo do Estado estabelece metas, prazos, capacitação técnica e o monitoramento do cumprimento dos mandados, que devem ser executados em até 48 horas. O modelo de atuação interinstitucional adotado por Mato Grosso do Sul já é considerado referência nacional, com potencial de inspirar políticas públicas semelhantes em outros Estados.

A expectativa é de que, com a atuação dos oficiais ad hoc, o sistema de justiça se torne mais ágil e eficaz, garantindo maior proteção às mulheres e contribuindo para a redução dos índices de violência e feminicídio em todo o Estado.

NÚMEROS

Em 2024, segundo dados do Monitor da Violência Contra a Mulher, plataforma mantida em parceria entre o TJMS e o Governo do Estado, foram registrados 21.123 boletins de ocorrência de violência doméstica e mais de 17 mil medidas protetivas de urgência foram deferidas. Esses números evidenciam a necessidade urgente de soluções práticas e integradas.

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Campo Grande

Clínica de depilação a laser ignora interdição e continua vendendo pacotes

A filial, que teve as atividades suspensas na sexta-feira (4) por falta de licença sanitária e por não atender clientes, segue agendando novos atendimentos em Campo Grande

08/04/2025 16h46

Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Mesmo tendo sido interditada pela Secretaria Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor (Procon-MS), uma clínica de depilação a laser segue vendendo pacotes para a unidade da Rua Euclides da Cunha, no bairro Santa Fé, em Campo Grande (MS).

A suspensão das atividades ocorreu na sexta-feira (4), após o órgão receber diversas denúncias - entre elas, de clientes que compraram um pacote de depilação, mas não conseguiram agendar o procedimento.

Durante a fiscalização, realizada em conjunto com a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Decon), constatou-se que o espaço está com o alvará de funcionamento e o sanitário vencidos desde 2023.

Ainda assim, em contato com a empresa, pacotes continuam sendo vendidos sem que o cliente seja informado da interdição, e seguem sendo direcionados para um salão de beleza terceirizado - apontado na denúncia do Procon-MS -, distante do local.

Uma prática que chama atenção, conforme explicou o advogado e conselheiro estadual de Defesa do Consumidor pela OAB/MS, Nikollas Pellat, que enfatizou: o cliente precisa saber o que está acontecendo.

“Eles têm a obrigação legal, prevista no princípio da informação do Código de Defesa do Consumidor, de informar os seus clientes”, disse Pellat.

Mesmo que a empresa possua outra unidade, localizada no Shopping Norte Sul Plaza, e esteja com toda a documentação em dia, o advogado reforça que a recondução dos clientes para outro espaço deve ocorrer de forma transparente.

“Agora, se eles não estão atendendo os requisitos legais para funcionamento, e estão apenas pegando os clientes e mudando de local  no intuito, digamos assim, de burlar essa suspensão das atividades, aí isso está errado. Além das questões relacionadas ao princípio da informação, eles estão descumprindo uma determinação dos órgãos de fiscalização competentes com relação ao consumo”, pontuou.

Pellat ressaltou que o consumidor que fechou um pacote após a interdição, acreditando que realizaria o procedimento no espaço da Rua Euclides da Cunha, deve procurar o Procon-MS ou a Decon.

Contratei o serviço. E agora?

Caso o cliente tenha assinado o contrato depois da interdição desta unidade, o advogado explica que é discutível, inclusive, a aplicação de multa por rescisão contratual.

“Entende-se que o consumidor teve uma quebra de confiança com a empresa. A empresa não agiu de modo a informar toda essa situação. Quebrou a confiança. Então, isso pode ser pleiteado, mas entraria numa discussão jurídica, seja via Procon ou até judicial, sobre a não cobrança de multa por quebra de confiança, devido à ausência de informação que teria levado o cliente a nem fechar o contrato”, destacou Pellat.

Venda continua

Outra prática que persiste é a terceirização do atendimento para o salão de beleza localizado na Rua Hermelita de Oliveira Gomes, a cerca de 700 metros da clínica de depilação.

Em conversa com a Polícia Civil, a reportagem do Correio do Estado apurou que a venda não é proibida, desde que os agendamentos sejam feitos para datas posteriores à regularização da situação do espaço.

O que não foi o caso, já que ao contatar a clínica foi possível agendar horário para esta terça-feira (8), às 13h. Além disso, a nova administradora tenta, por todos os meios, fechar o contrato de forma virtual, por meio do WhatsApp.

A questão do alvará é apontada como uma violação leve, passível de rápida correção. O problema constatado, segundo a Polícia Civil, foi a grande quantidade de clientes e a falta de horários disponíveis para atendimento, o chamado “overbooking”.

Quanto ao salão de beleza - que está com os alvarás em dia -, ele é "vendido" como se fosse uma filial da clínica, mas, até o momento, a polícia apurou que o local pode não fazer parte do mesmo grupo.

“Vamos ouvir o proprietário em declaração, porque, de repente, foi efetuado algum negócio e eles podem ter adquirido o salão, estando em fase de transição”, informou a Polícia Civil.

Alvará 

Ao questionar a atendente que se apresentou como nova gestora e atribuiu à anterior o vencimento da documentação, sobre a interdição do local, ela informou que a situação dos alvarás será resolvida ainda hoje.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Campo Grande para questionar a situação, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta.

A empresa também foi contatada por meio do único e-mail disponibilizado no site. No entanto, não recebemos resposta. O espaço segue aberto.

Recomendações

  • É importante que o consumidor leia o contrato;
  • Em caso de descumprimento do serviço, denuncie aos órgãos responsáveis;
  • Verifique se as informações relativas ao atendimento constam no contrato (como datas, horários e local onde o serviço será prestado).

Informações que devem constar no contrato

  • Local em que o serviço será prestado;
  • Forma de pagamento;
  • Índices de correção;
  • Cláusulas relativas à rescisão (por parte da empresa e do cliente);
  • Penalidades em caso de rescisão.

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