Carlos Delano foi designado como responsável do chamado Núcleo de Recuperação de Ativos (NURAT), demanda do Ministério e Secretaria de Justiça e Segurança Pública
Nesta quinta-feira (07), por meio de portaria publicada no Diário Oficial de Mato Grosso do Sul, o Estado ganhou a criação de um Núcleo para tomar o patrimônio do crime organizado, que será comandado pelo ex-delegado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEH) que trouxe índices de referência para a delegacia.
Carlos Delano Gehring Leandro de Souza, que assumiu a titularidade da DEH em 2019, foi dispensado da 'Homicídios' e designado, pelo delegado-geral da Polícia Civil, Lupersio Degerone Lucio, como responsável pelo chamado Núcleo de Recuperação de Ativos (NURAT).
Conforme o delegado-geral, a criação atende demanda do Ministério e da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (MJSP e SEJUSP/MS).
"Para fins de gerenciar e dar a devida destinação aos bens apreendidos em poder dos criminosos, trazendo maior eficiência e efetividade nas investigações da Polícia Civil, principalmente visando a descapitalização do crime organizado", expõe.
Cabe apontar que o MJSP é responsável pela articulação da Rede Nacional de Recuperação de Ativos (Recupera), sendo que o núcleo vai de encontro com a adesão da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul à tal instância.
Com isso, o núcleo irá trabalhar na melhor destinação de bens apreendidos e sob a custódia da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, por meio da identificação ; localização; apreensão; administração e destinação dos ativos ligados à infrações penais.
Nome de peso
Ao Correio do Estado, Carlos Delano detalhou que, como se trata de um trabalho a ser iniciado, ainda não é possível "prever" o que lhe aguarda, ou ainda projetar os valores que estão ligados quando a pauta é recuperação de ativos criminais.
Ainda assim, o oficial ressalta seu posicionamento junto ao Núcleo de Recuperação de Ativos (NURAT), traçando um paralelo com as ações executadas por quase cinco anos junto à DEH.
"É um trabalho diferente, sem dúvida. Muito técnico, que precisa ser desenvolvido em Mato Grosso do Sul. Um grande desafio", afirma.
Delano assumiu a DEH em 2019, integrando força-tarefa investigativa sobre os homicídios praticados por milícia em Mato Grosso do Sul, trazendo uma expressiva quanto à resolutividade de inquéritos policiais, como bem mostra análise da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol-BR).
Membro da polícia civil sul-mato-grossense há quase duas décadas (desde 2006), quando assumiu como delegado de Polícia, Delano já atuou inclusive na Corregedoria Geral da PC.
Além disso, registrou atuações em delegacias de alguns municípios do interior, como Dourados e Douradina, trabalhando ainda mas delegacias: de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) e especializadas de repressão ao narcotráfico, roubos e furtos de veículos e roubos e furtos (Defurv e Derf).
Desde 2021, a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados traz estudo sobre resolutividades e elucidações, ligadas aos inquéritos das policias Federal e Civis do território nacional.
Em síntese por amostragem, o território sul-mato-grossense, inclusive, aparece com taxa de elucidação de homicídios maior do que muitos países, como:
- Suécia (83%)
- Alemanha (88%)
- Nova Zelândia (91%)
- Austrália (87%)
- Canadá (75%)
- EUA (66%).
Quanto aos dados usado nessa pesquisa, referentes aos anos de 2021 e 2022, Mato Grosso do Sul aparece na segunda colocação no ranking de inquéritos conclusos (94,9%), índice percentual menor apenas que o Maranhão (96,65%).
Sobre o quadro de informações repassados à época pela Polícia Civil para a Adepol-BR, Mato Grosso do Sul registrou 377 inquéritos instaurados em 2021, dos quais 294 foram relatados, resultando em uma taxa de 78%.
Em 2022, foram instaurados 297 inquéritos policiais, sendo que 282 desses IPs foram relatados, o que resulta em uma taxa de 94,9% de resolutividade.
Importante ainda esclarecer que, tais resultados ainda foram obtidos diante de uma falta de agentes, observada em todas as vagas por função, com taxas que beiravam 80%. Confira:
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