Os 3,5 mil habitantes do povoado de Largo Velho, na zona rural de Irará (BA), cidade 128 quilômetros ao norte de Salvador, ainda não têm acesso a ferramentas de comunicação como telefonia celular ou internet móvel, por ausência de sinal. Mesmo telefonia fixa é raridade no local. Os estudantes do ensino médio da área, porém, frequentam aulas transmitidas diretamente de Salvador, por meio da tecnologia de tráfego de dados por internet via satélite.
Ali, em salas de uma escola municipal, 60 alunos do ensino médio acompanham, junto com outros 14,5 mil estudantes de 133 municípios do Estado, aulas formuladas e ministradas por apenas 39 professores, em uma sala-estúdio do Instituto Anísio Teixeira (IAT), na capital. O programa, chamado Ensino Médio com Intermediação Tecnológica (Emitec), foi criado em 2008.
Os docentes, três por disciplina, foram selecionados dentro do próprio corpo de professores do Estado e passaram por curso específico para montar e apresentar as aulas. “Priorizamos o saber construir slides com boa animação, bem ilustrados, a passagem de slides com velocidade adequada para uso didático”, diz a coordenadora do Emitec, Letícia Machado.
Entre os estudantes, as novidades tecnológicas fascinam, ao mesmo tempo em que eles têm a oportunidade de aprender com os professores “da capital” – o que confere algum status extra às aulas. Outro fator, que seria listado como crítica por boa parte dos estudantes de “aulas analógicas” – como as tradicionais estão sendo chamadas –, é apontado como benefício pelos alunos. “A gente precisa prestar bastante atenção para acompanhar as aulas, mais do que o normal, e isso nos faz aprender mais rápido”, diz Quele Pinto Gomes, de 16 anos, do 3.º ano do ensino médio.