Cidades

Indubrasil

Trabalhadores passam mal
em curtume que funciona mesmo interditado

Três setores da indústria foram interditados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)

VÂNYA SANTOS

03/09/2015 - 12h30
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Mesmo interditado, ao menos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o curtume Qually Peles, que fica no Indubrasil, em Campo Grande, mantém suas atividades normais e funcionários reclamam do forte cheiro de produto químico.

Conforme denúncia feita ao Portal Correio do Estado, nesta quinta-feira (3) pelos menos dois dos 40 funcionários que trabalham no local passaram mal com náuseas e forte dor de cabeça. Sem condições de exercer suas atividades, eles deixaram a indústria e foram para casa.

Já os funcionários que permaneceram no local reclamam que trabalham mesmo sentindo fortes dores de cabeça por conta do cheiro de produto químico e que sequer receberam do curtume máscaras de proteção.

Ainda de acordo com os trabalhadores que atuam no beneficiamento do couro, eles não deixam o local porque já foram avisados de que se forem embora terão o dia de trabalho descontado do salário. “Tem pessoas trabalhando nos dois turnos e o cheiro é muito forte”, garantiu um dos funcionários do Qually Peles.

INTERDIÇÃO

Interditado desde a morte de dois de seus funcionários em razão do acidente de trabalho ocorrido no domingo (30), o curtume Qually Peles conseguiu autorização para continuar funcionando até o fim do tratamento dos couros que já tinham começado a ser processados. A permissão foi assinada pelo coronel do Corpo de Bombeiros, Alexandre Figueiredo e se estende até o dia 5 deste mês.

Já o Ministério do Trabalho e Emprego interditou três setores da indústria, sendo o tanque onde os dois funcionários morreram, o depósito de produtos químicos e os tambores de processamento de couro, onde ocorre a manipulação de produtos químicos.

MORTES

Dois funcionários morreram e outros dois ficaram feridos depois do acidente que ocorreu por volta das 10h30min de domingo em um tanque de resíduos, onde a água do curtume é tratada. Segundo relatos de trabalhadores, os quatro teriam caído dentro do recipiente.

Leandro Cesario, 32 anos, foi retirado pelos funcionários, mas já estava morto e Roberto Carlos Prieto da Silva, de 38 anos, morreu dentro do tanque. Wellington Britto e Ademir de Jesus Ribeiro também foram retirados, um teve ferimentos graves e foi socorrido por equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Wellington, que precisou ser “entubado”, foi levado para a Santa Casa e nesta quinta-feira (3) deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi transferido para a enfermaria.

1944 - 2025

Sebastião Salgado já "desfilou" seu talento pelo Pantanal de MS

Ícone da fotografia brasileira e mundial morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, e um dos seus trabalhos durante a carreira foi defender a preservação do meio ambiente

23/05/2025 14h00

Sebastião Salgado, em 2011, durante o projeto Genêsis, no Pantanal

Sebastião Salgado, em 2011, durante o projeto Genêsis, no Pantanal Foto: Reprodução

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Nesta sexta-feira (23), o mundo perdeu um dos maiores fotógrafos já existentes, o mineiro Sebastião Salgado, aos 81 anos. Marcado por ajudar na preservação do meio ambiente, já capturou imagens do pantanal sul-mato-grossense em duas oportunidades. 

Em 2011, ainda aos 69 anos, o bioma foi responsável por ser o lugar onde Sebastião encerraria seu projeto intitulado Gênesis, que consistiu em uma “tour” de oito anos pelo mundo para registrar as regiões intocadas do Planeta Terra, como Sibéria, Patagônia, Alto Xingu, Guiana Holandesa, Amazônia venezuelana e África.

Durante seus 30 dias no Pantanal, tanto em Mato Grosso do Sul quanto no Mato Grosso, mais de 10 mil fotos foram produzidas, com auxílio de equipamentos analógicos e centenas de quilômetros percorridos de barco, carro e avião, além de ter adentrado em pequenos rios da região para se banhar.

Conhecer o bioma era um dos sonhos de Sebastião Salgado, afirmando ser um dos símbolos mais fortes do Brasil. Na parte sul-mato-grossense, fotografou na Reserva Particular do Patrimônio Natural Eliezer Batista e Acurizal, e em fazendas das subregiões da Nhecolândia, Paiaguás e Aquidauana.

Já naquela época, sobre o alto nível de desmatamento, afirmou que a única marca que o ser humano tem que deixar no Pantanal é o turismo, que ele diz ser “uma alternativa de distribuição de renda sustentável”.

A outra oportunidade foi mais recente, em 2021, na exposição “Pantanal e a Physis – Olhar o Presente para Ver o Futuro”, que começou em 25 de novembro e vai até 20 janeiro daquele ano. O trabalho reúne obras de Alexis Prappas, Sebastião Salgado, Bia Doria e Victor Chahin com a proposta de mobilizar o público para a urgência da questão ambiental, tanto que parte das vendas foi destinada ao Instituto do Homem Pantaneiro (IHP).

Em um cenário com luzes, sons e outros elementos que simulam a atmosfera quente e úmida do Pantanal, os quatro artistas apresentaram um conjunto de 20 trabalhos, entre fotografias e esculturas, do qual repercutiram suas leituras e sentimentos sobre o Pantanal e, de modo mais específico, a Serra do Amolar, na região de Corumbá, onde se localiza o IHP.

Morte e carreira

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia mundial, morreu na França, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, fundado pelo fotógrafo e sua esposa, Lélia Wanick.

Reconhecido internacionalmente por seu trabalho, Salgado ficou marcado pelo registro de seres humanos vivendo em condições sub-humanas. Seu trabalho denunciou as mazelas da sociedade em mais de 40 países e chamou a atenção para a importância da justiça social e da preservação do meio ambiente.

Ele nasceu em Aimorés, no interior de Minas Gerais, e formou-se em Economia antes de migrar para a fotografia. Mestre em economia pela Universidade de São Paulo (1968) e doutor pela Universidade de Paris (1971), ele trabalhava na Organização Internacional do Café, em Londres, quando iniciou o desejo de fotografar. O trabalho exigia muitas viagens à África e Salgado gostava de documentar o que via.

Em 1974, fez seu primeiro trabalho como fotógrafo freelancer para a agência Sygma. Rapidamente se destacou, sendo contratado por outra agência, a Gamma. No final de 1979, Salgado passou a integrar a Magnum, cooperativa que revolucionou a fotografia documental no século 20, fundada por nomes como Henri Cartier-Bresson e Robert Capa.

Na década de 1980, o fotógrafo já havia se estabelecido o suficiente para financiar projetos pessoais. No livro Outras Américas, de 1986, ele registrou povos indígena de toda a América Latina. Já com a série Trabalhadores, de 1997, documentou o trabalho manual e penoso de indivíduos ao redor do mundo, de minas de enxofre na Indonésia à pesca de atum na Sicília.

Durante a produção da série, Salgado realizou um dos trabalhos pelo qual é mais lembrado: o registro de garimpeiros na Serra Pelada, no Pará, que revela as condições desumanas em que a extração do ouro ocorria. Uma das imagens da série, a obra Mina de Ouro de Serra Pelada, Estado do Pará, Brasil, foi eleita pelo jornal New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade.

O fotógrafo também se dedicou a registrar a vida de migrantes, desabrigados e refugiados nos livros Exôdos e Retratos de Crianças do Êxodo. Para o projeto, ele viajou durante seis anos por mais de 40 países. "Este livro [Êxodos] conta a história da humanidade em trânsito. É uma história perturbadora, pois poucas pessoas abandonam a terra natal por vontade própria", escreveu ele na introdução da obra.

Em 1994, Salgado fundou a agência Amazonas Images, dedicada ao seu trabalho. A maior floresta brasileira também foi tema de seus trabalhos. O fotógrafo passou seis anos viajando pela região e documentando seus povos, rios, montanhas e animais. As imagens estão reunidas em um livro e foram apresentadas em uma exposição que passou por cidades como Paris, Rio de Janeiro e São Paulo em 2022.

O mineiro foi reconhecido com alguns dos principais prêmios da fotografia mundial, como o Eugene Smith de Fotografia Humanitária, dois Prêmios ICP Infinity de Jornalismo, o Prêmio Erna e Victor Hasselblad e o prêmio de melhor livro de fotografia do ano do Festival Internacional de Arles por Workers, por Trabalhadores.

Ele morava em Paris com a mulher, Lélia Wanick Salgado, e deixa dois filhos, Juliano, que nasceu em 1974, e Rodrigo, de 1979. Juliano é cineasta e lançou em 2015, ao lado do diretor Wim Wenders, o documentário O Sal da Terra, que conta a trajetória de seu pai. O longa foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário e recebeu o prêmio César, principal premiação do cinema francês.

*Com algumas informações do Estadão Conteúdo

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LUTO NACIONAL

Morre Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo, aos 81 anos

Profissional ficou marcado pelo registro de seres humanos vivendo em condições sub-humanas, ajudando a denunciar as mazelas da sociedade em mais de 40 países

23/05/2025 13h00

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia mundial, morreu na França, aos 81 anos

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia mundial, morreu na França, aos 81 anos Foto: Reprodução/X

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Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia mundial, morreu na França, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, fundado pelo fotógrafo e sua esposa, Lélia Wanick.

Reconhecido internacionalmente por seu trabalho, Salgado ficou marcado pelo registro de seres humanos vivendo em condições sub-humanas. Seu trabalho denunciou as mazelas da sociedade em mais de 40 países e chamou a atenção para a importância da justiça social e da preservação do meio ambiente.

Ele nasceu em Aimorés, no interior de Minas Gerais, e formou-se em Economia antes de migrar para a fotografia. Mestre em economia pela Universidade de São Paulo (1968) e doutor pela Universidade de Paris (1971), ele trabalhava na Organização Internacional do Café, em Londres, quando iniciou o desejo de fotografar. O trabalho exigia muitas viagens à África e Salgado gostava de documentar o que via.

Em 1974, fez seu primeiro trabalho como fotógrafo freelancer para a agência Sygma. Rapidamente se destacou, sendo contratado por outra agência, a Gamma. No final de 1979, Salgado passou a integrar a Magnum, cooperativa que revolucionou a fotografia documental no século 20, fundada por nomes como Henri Cartier-Bresson e Robert Capa.

Na década de 1980, o fotógrafo já havia se estabelecido o suficiente para financiar projetos pessoais. No livro Outras Américas, de 1986, ele registrou povos indígena de toda a América Latina. Já com a série Trabalhadores, de 1997, documentou o trabalho manual e penoso de indivíduos ao redor do mundo, de minas de enxofre na Indonésia à pesca de atum na Sicília.

Durante a produção da série, Salgado realizou um dos trabalhos pelo qual é mais lembrado: o registro de garimpeiros na Serra Pelada, no Pará, que revela as condições desumanas em que a extração do ouro ocorria. Uma das imagens da série, a obra Mina de Ouro de Serra Pelada, Estado do Pará, Brasil, foi eleita pelo jornal New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade.

O fotógrafo também se dedicou a registrar a vida de migrantes, desabrigados e refugiados nos livros Exôdos e Retratos de Crianças do Êxodo. Para o projeto, ele viajou durante seis anos por mais de 40 países. "Este livro [Êxodos] conta a história da humanidade em trânsito. É uma história perturbadora, pois poucas pessoas abandonam a terra natal por vontade própria", escreveu ele na introdução da obra.

Em 1994, Salgado fundou a agência Amazonas Images, dedicada ao seu trabalho. A maior floresta brasileira também foi tema de seus trabalhos. O fotógrafo passou seis anos viajando pela região e documentando seus povos, rios, montanhas e animais. As imagens estão reunidas em um livro e foram apresentadas em uma exposição que passou por cidades como Paris, Rio de Janeiro e São Paulo em 2022.

O mineiro foi reconhecido com alguns dos principais prêmios da fotografia mundial, como o Eugene Smith de Fotografia Humanitária, dois Prêmios ICP Infinity de Jornalismo, o Prêmio Erna e Victor Hasselblad e o prêmio de melhor livro de fotografia do ano do Festival Internacional de Arles por Workers, por Trabalhadores.

Ele morava em Paris com a mulher, Lélia Wanick Salgado, e deixa dois filhos, Juliano, que nasceu em 1974, e Rodrigo, de 1979. Juliano é cineasta e lançou em 2015, ao lado do diretor Wim Wenders, o documentário O Sal da Terra, que conta a trajetória de seu pai. O longa foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário e recebeu o prêmio César, principal premiação do cinema francês.

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