Cidades

SEGURANÇA PÚBLICA

Traficante racha diplomacia entre o Paraguai e a Bolívia

Sebastián Enrique Marset Cabrera, após sumir em 2023, reapareceu em um vídeo em que fala que pode se movimentar entre os dois países sem problemas

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Mensagens que criminosos sul-americanos passaram a endereçar para rivais, com respingos em autoridades e governos nacionais, estão gerando diversas situações nos setores de diplomacia de países ao redor do Brasil. 

O narcotraficante uruguaio Sebastián Enrique Marset Cabrera, foragido da Justiça desde 2021 e com alerta vermelho da Interpol, voltou a figurar no cenário da segurança pública de Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai entre setembro e outubro, ao fazer declarações em vídeo que circulou em redes sociais, que também acabou gerando incômodo nas relações entre Bolívia e Paraguai.

O caso mais emblemático sobre essa tensão governamental gerada a partir de relatos do crime organizado envolveu o ministro do Interior do Paraguai, Enrique Riera, e o então ministro de Governo da Bolívia, Roberto Ríos. Este último saiu do cargo com a troca de presidente no país vizinho, que ocorreu no sábado. Enrique Riera sugeriu que a Bolívia estaria “abrigando” Sebastián Marset.

O criminoso deu sinais de ter vínculos com o Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa brasileira, e estar atuando em uma possível etapa de expansão de rotas do tráfico de cocaína na Bolívia.

Além do vídeo em que ele aparece armado e com um material gráfico que remete ao PCC, também houve um informe do setor de Inteligência da Polícia Boliviana que apontou uma atuação mais contundente de Marset contra outros grupos criminosos bolivianos.

Por conta das insinuações do representante do governo paraguaio, a Bolívia apontou que ainda não existem evidências de que o narcotraficante uruguaio esteja escondido em território boliviano.

Além disso, houve comunicado formal para que autoridades paraguaias possivelmente pudessem compartilhar dados que apontem o paradeiro do investigado com a Bolívia. A medida foi tomada como um posicionamento de repreensão ao governo paraguaio.

Em Santa Cruz de la Sierra, no fim de outubro, Roberto Ríos convocou a imprensa boliviana para criticar o “desencontro diplomático” entre os países enquanto há sinais de que as organizações criminosas transnacionais estão buscando ficar cada vez mais alinhadas para garantir que as rotas do tráfico sigam em funcionamento.

“Nós, sendo responsáveis e respeitosos dos procedimentos estabelecidos, fizemos solicitação, por meio da Interpol, à Polícia do Paraguai para que sejam fornecidas mais informações [sobre o paradeiro de Marset]. Entregaram para a gente dados preliminares. Ainda assim, queremos detalhar esta informação, porque não existe evidência específica da presença de Marset no nosso país”, apontou o então ministro de Governo da administração de Luís Arce, que saiu do poder no sábado.

Desde a penúltima semana de outubro, a Polícia Boliviana e a Fuerza Especial de Lucha Contra el Narcotráfico (Felcn) estão com operações em andamento para tentar identificar as organizações criminosas atuando no país.

Nesse trabalho, já foi apurado que o PCC está diretamente ligado com as principais rotas de narcotráfico na Bolívia, bem como agindo em conjunto com organizações que têm como liderança o uruguaio Marset e o boliviano Yasser Andrés Vásquez Cardona, o Coco.

Com as disputas diplomáticas em curso, no começo de novembro, o ministro Enrique Riera deu declaração reafirmando que há indícios de a Bolívia estar mesmo abrigando Marset e que a manifestação do governo vizinho acabou sendo exagerada, ainda ligando a situação ao fato de a atual administração, de esquerda, estar deixando o poder após mais de 19 anos.

“Eu recebi extraoficialmente [a informação sobre Marset], mas, por meio de fontes muito confiáveis de amigos da Interpol da Bolívia e do Paraguai, [que] começaram a trocar informações de que existia a possibilidade de que [Marset] seguisse na Bolívia ou que está na Bolívia”, alegou Enrique Riera, ao conceder entrevista anteriormente à Rádio Monumental.

LIGAÇÕES ENTRE PAÍSES

Enquanto Sebastián Marset segue foragido desde 2023, quando vivia em uma mansão em Santa Cruz e conseguiu escapar de um cerco policial que tentava prendê-lo, sua ex-namorada Gianina García Troche está detida no Paraguai.

Ela é acusada de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Já Marset, que tem advogado constituído no Uruguai, segue na lista vermelha da Interpol.

Por conta de uma suposta disputa por rotas de tráficos de drogas na América do Sul, o uruguaio estaria sendo ameaçado por outro criminoso, que já foi seu aliado. Erlan Ivar García López, supostamente, estaria fornecendo informações do paradeiro de Marset.

O vídeo em que o uruguaio aparece com ligações com o PCC foi filmado como uma mensagem em tom de ameaça direcionada a Ivar, que é também conhecido como Colla.

Apesar de não haver menção ao território brasileiro nessas disputas, o País está conectado pelo fato de, aparentemente, as organizações criminosos das diferentes nações estarem mantendo relação comercial fomentada pela busca do lucro gerado pelo tráfico de drogas.

No Brasil, não houve pronunciamento oficial de autoridades sobre a situação envolvendo Bolívia e Paraguai. Paralelo a isso, a Polícia Federal em Mato Grosso do Sul confirmou que está procurando ampliar a atuação binacional para ter mais efetividade em investigações.

“Já reconhecemos que o crime é transfronteiriço e o Brasil possui uma atuação em La Paz e em Santa Cruz de la Sierra [ambos na Bolívia], com policiais federais presentes naqueles locais. Mas agora precisamos ter os policiais bolivianos do lado de cá para agirem da mesma forma. Aqui em Corumbá é o principal local para essa integração ocorrer”, apontou o superintendente da Polícia Federal no Estado, Carlos Henrique Cotta D’Angelo.

*SAIBA

Matéria do Correio do Estado da semana passada mostrou que Marset chegou a se “esconder” à vista de todos na Bolívia, onde criou um time de futebol em que também era um dos jogadores. Ele disputou partidas e deu até entrevistas.

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CNH

Congresso derruba veto de Lula e retoma exigência de exame toxicológico para primeira CNH

O veto é derrubado dias após a aprovação de uma reformulação no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para eliminar a obrigatoriedade de aulas

04/12/2025 21h00

Foto: Divulgação

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O Congresso Nacional rejeitou, em sessão conjunta realizada na tarde desta quinta-feira, 4, um veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que barrava a exigência de exame toxicológico para os candidatos à primeira habilitação de condutores nas categorias A (motos e ciclomotores) e B (veículos de passeio).

O veto é derrubado dias após a aprovação de uma reformulação no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para eliminar a obrigatoriedade de aulas;

A exigência do exame toxicológico representa, na verdade, uma ampliação: a realização do exame já é obrigatória para motoristas das categorias C, D e E (transporte de cargas e passageiros).

Na justificativa do veto, de junho deste ano, o governo Lula argumentou que a exigência do exame para as categorias A e B aumentaria os custos para tirar a CNH, o que poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação - estimativas indicam que há cerca de 20 milhões de pessoas nessas condições.

"Em que pese a boa intenção do legislador, a inclusão do artigo para prever que os condutores de todas as categorias de veículos sejam obrigados a realizar exame toxicológico para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) contraria o interesse público, pois importaria em aumento de custos para a sociedade e poderia influenciar que mais pessoas optassem por dirigir sem a devida habilitação, o que comprometeria, por consequência, a segurança viária", justificou o Planalto, no veto.

Parte dos parlamentares entendeu que o argumento, porém, ficou ultrapassado, uma vez que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editou recentemente uma resolução autorizando regras menos rígidas para acesso à CNH sem precisar cursar escolas de trânsito.

Em nota, a Associação Brasileira de Toxicologia (ABTox) afirmou considerar a "derrubada do veto ao exame toxicológico obrigatório para a primeira habilitação um avanço decisivo para a segurança viária no País".

"A medida reforça uma política pública que comprovadamente tem impacto positivo na sociedade: desde 2016, quando passou a ser obrigatório para motoristas das categorias C, D e E, o exame evitou ao Brasil uma perda estimada de R$ 74 bilhões em sinistralidades apenas em seu primeiro ano e permitiu que mais de 28 mil condutores inicialmente reprovados retornassem às atividades após tratamento e reabilitação", estima a entidade.

Conforme a ABTox, a decisão também reflete a vontade da sociedade: segundo pesquisa Ipec de fevereiro de 2025, 83% dos brasileiros apoiam a exigência do exame para novos condutores.

Como funciona o fim da obrigatoriedade de aulas para obter a CNH

Como mostrou o Estadão, a nova resolução para facilitar a obtenção de CNH prevê um curso teórico gratuito e digital, maior flexibilidade nas aulas práticas e permissão para que candidatos sejam acompanhados por instrutores credenciados dos Detrans, e não apenas por autoescolas.

O processo também poderá ser iniciado online, pelo site do Ministério dos Transportes ou pela Carteira Digital de Trânsito (CDT).

A mudança mira os altos custos e a burocracia que afastam milhões de brasileiros. Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indicam que cerca de 20 milhões de pessoas dirigem sem habilitação, e outras 30 milhões têm idade para tirar a CNH, mas não conseguem arcar com despesas que podem chegar a R$ 5 mil O governo estima que o novo modelo pode reduzir em até 80% o custo total da habilitação.
 

EMPREENDIMENTO

Terceiro porto em município de MS terá investimento acima dos R$ 180 milhões

O novo complexo de Porto Murtinho planeja atender três cadeias estratégicas: grãos, fertilizantes e cargas diversas

04/12/2025 20h18

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A partir de 2026, Porto Murtinho terá um novo Terminal Multifuncional à beira do Rio Paraguai, com investimento previsto acima dos R$ 180 milhões. A empresa responsável pelo empreendimento será a PTP Group. O projeto recebeu o licenciamento ambiental e a licença de instalação para construção, emitidas pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), durante reunião no gabinete do governador Eduardo Riedel, na quarta-feira (3).

O terceiro terminal portuário do município será construído no quilômetro 2.322 do Rio Paraguai, em uma área total de 352,5 hectares, com 9,9 hectares dedicados à fase inicial das operações. 

A estrutura foi planejada para atender três cadeias estratégicas e prevê uma capacidade de movimentação anual em torno de:

  • 1,15 milhão de toneladas de grãos;
  • 1 milhão de toneladas de cargas diversas;
  • 700 mil toneladas de fertilizantes. 

O complexo também contará com infraestrutura para expansão de silos, armazém de 20 mil toneladas e área offshore para atracação e operação de barcaças.

Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), destacou que o PTP Group já atua ao longo da hidrovia do Paraguai com portos na Argentina, Uruguai e Paraguai, o que reforça a integração regional. 

“Estamos falando de um investimento que inicia obras no ano que vem e que, em um ano, já deve estar em operação. É o terceiro porto em implantação em Porto Murtinho, ampliando a capacidade da nossa hidrovia e conectando a produção sul-mato-grossense a mercados do Atlântico e do Pacífico”, afirmou o secretário.

O projeto executivo prevê execução físico-financeira distribuída em dez meses, com Capital Expenditure (CAPEX) total de R$ 181 milhões, incluindo obras civis, infraestrutura portuária e implantação dos sistemas de armazenagem e movimentação de cargas. A Licença Prévia do empreendimento já teve todo o estudo ambiental apresentado ao Imasul, e o processo segue em análise técnica.

Reunião do governador Eduardo Riedel com a delegação de Entre Ríos e a PTP / Crédito: Governo do Estado

Durante a reunião, também foi discutida a ampliação da cooperação internacional com a província de Entre Rios, na Argentina, onde o PTP Group mantém operação portuária. A intenção é fortalecer o corredor logístico entre Mato Grosso do Sul, portos argentinos e o hub de Nueva Palmira, no Uruguai, ampliando as rotas de exportação e criando alternativas de importação via hidrovia. Verruck ressaltou que essa integração também favorece o mercado boliviano, que tem aumentado sua utilização do Rio Paraguai.

O governador Eduardo Riedel propôs que os estados e províncias vizinhas criem um modelo de governança para a hidrovia similar ao desenvolvido na Rota Bioceânica. A ideia é instalar um fórum de governadores subnacionais para tratar conjuntamente de infraestrutura, regulação e expansão das operações ao longo do Rio Paraguai.

Paralelamente, Brasil e Paraguai avançam nas tratativas finais para permitir que, já no próximo ano, seja lançada a primeira licitação hidroviária do trecho entre Corumbá e Porto Murtinho, medida considerada essencial para elevar a navegabilidade e garantir sustentabilidade ao corredor logístico.

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