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TEMENTE A DEUS

Traficante recolhia o dízimo e até alugava propriedade para igreja

Investigados nas operações Prime e Sordidum tinham postura de empresários e escondiam tráfico de drogas por meio de empresas de fachada, que usavam para lavar o dinheiro ilícito, em Dourados

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Recolhedor de dízimo, temente a Deus e empresário de sucesso, essa era a postura  que um dos investigados na Operação Prime tinha perante à sociedade. Porém, o dinheiro que ele ostentava era, segundo investigação da Polícia Federal, oriundos do tráfico de cocaína.

Segundo investigações da Polícia Federal, Marcel Martins Silva aos olhos da socidade era um homem comum, empresário de Dourados e que frequentava a igreja. Casado, ele morava em um condomínio de luxo na cidade e tinha duas empresas.

Porém, ele e o irmão mais novo, Valter Ulisses Martins, comandavam uma quadrilha especializada em tráfico de cocaína e de armas, conforme apurado pela Polícia Federal.

“Para quem se relaciona com essas pessoas, com os líderes, principalmente na sociedade, são pessoas até religiosas. O chefe do terceiro grupo [Marcel], ele recolhia o dízimo, uma das propriedades dele era alugada pra igreja que frequentava e participava ativamente das atividades da igreja. Se apresentava como empresário na sociedade”, contou o delegado da PF Lucas Vilela, que coordenou as Operações Prime e Sordidum, deflagradas no dia 15 de maio deste ano.

De acordo com o delegado, para pessoas normais, os líderes das facções criminosas, tanto os irmãos Martins como os chefes das outras duas organizações investigadas, Alexander Souza e Ronildo Chaves Rodrigues, eram pessoas não se mostravam perigosas.

"A impressão que a gente tem é que o cara ele atua como empresário, vendendo drogas e ele não se sente vinculado a nenhuma facção criminosa", Lucas Vilela, delegado da PF.

“O chefe do segundo grupo [Alexander] também, apesar de não ter esse vínculo religioso com nenhuma instituição religiosa, ele vive a vida dele normalmente”, relatou o delegado.

Apesar disso, o líder da segunda organização teria feito uma sessão de tortura contra um homem que lhe devia dinheiro e tentou pagar com um chefe sem fundos. Arquivo de vídeo armazenado pelo próprio traficante mostrava ele praticando “roleta russa” e cortando o dedo da vítima ao final.

Entretanto, isso teria sido um ponto fora da curva.

“Foi uma pessoa que ele se sentiu desprestigiado pelo fato de ter recebido um cheque sem fundos. Mas para as pessoas que não tinham negócios ilícitos ou lícitos com ele, não tinha nenhum risco a oferecer”, declarou o delegado.

No caso de Valter, foram encontrados diversos vídeos dele manuseando armas de fogo no Paraguai, acompanhado por segurança armada, porém, no Brasil a polícia não encontrou vestígios de que ele andasse armado.

“Apesar de ter sido encontrada uma arma na casa do irmão mais velho, a gente não tem conhecimento de que eles portassem arma consigo no Brasil”, declarou Vilela.

Apesar disso, a polícia afirmou que no caso dos irmãos Martins eles andavam com seguranças armadas, porque já teriam sido alvos de atentado no Paraguai.

“O pessoal do terceiro grupo, da Operação Prime, os dois irmãos, eles já foram vítimas de atentados no Paraguai por conta de guerras e tráfico de drogas. Então o chefe, o irmão mais velho, que fazia o papel de empresário, ele andava com o carro blindado e com segurança”, explicou.

EMPRESÁRIO

Marcel Martins Silva é sócio-proprietário das empresas Efraim Incorporadora e Construtora e da Primeira Linha Acabamentos. As duas empresas, de acordo com investigação da Polícia Federal, eram usadas para lavar o dinheiro fruto do tráfico de cocaína e de armas.

“O irmão mais velho [Marcel] ocupava a função de empresário, responsável pela lavagem, e aí ele fazia uma mescla de capitais lícitos com ilícitos. Têm empresas que funcionavam de fato, e aí ele, no ato de funcionamento dessas empresas, mesclava na contabilidade da empresa esses valores de origem ilícita e utilizava esse valores para aquisição de bens”, afirmou o delegado.

Já o irmão mais velho atuava na logística do tráfico, segundo a PF. Era ele quem mantinha contato traficantes peruanos, bolivianos e com Antônio Joaquim Mota, também conhecido como Motinha ou Dom.

Na Efraim Incorporadora e Construtora, além de Marcel, Alexander Souza também aparece como sócio-administrador. A empresa foi criada em dezembro de 2021 e o capital social dela é de R$ 1 milhão.

Alexander é apontado como chefe do segundo grupo e teria sido um dos alvos da Operação Downfall, deflagrada no ano passado pela PF do Paraná e que tinha como alvo quadrilha especializada em tráfico de cocaína para a Europa

O grupo utilizava mergulhadores para inserir a droga nos cascos dos navios que tinham como destino o continente europeu.

Quando a operação foi deflagrada, o “empresário” teria fugido de Maringá, onde morava, em direção ao  Paraguai. Após um tempo foi morar em Dourados, à convite dos irmãos Martins, que o chamam de compadre.

Alexander também seria amigo de Ronildo, ex-piloto de avião que teria trabalhado para grandes traficantes e agora comandava organização criminosa que enviava cocaína para países da América Central, de onde seguiria, possivelmente, para os Estados Unidos.

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interior

Entre 'laranjas' e pilotos, outros 16 de quadrilha de MS são denunciados

Grupo de irmão de Dourados alugava pistas de pouso e comprava aviões para viagens únicas e serem destruídos posteriormente, já que lucros do tráfico "bancavam" trocas constantes de aeronaves

22/09/2024 17h05

Ministério Público Federal também requereu o

Ministério Público Federal também requereu o "perdimento de todos os bens móveis e imóveis levantados na operação". Reprodução/PF

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Através do Ministério Público Federal (MPF), outros 16 integrantes, entre laranjas; pilotos e familiares da quadrilha de irmãos douradenses - que recolhiam até dízimo - foram denunciados por pelo menos três tipos de crimes, cometidos ao longo de quase 10 anos enquanto o esquema criminoso se disfarçava no interior do Estado. 

Segundo o MPF em nota, as práticas dos investigados na Operação Sordidum, conforme denúncia, incorrem em pelo menos três tipificações, sendo: organização criminosa; lavagem de dinheiro e uso de documento falso.

Cabe lembrar que há cerca de um mês - ainda em 20 de agosto - 14 integrantes da quadrilha que enquanto recolhia dízimos, traficava cocaína - foram denunciados pelos crimes de: organização criminosa, tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. 

Agora, segundo o MPF em nota, constam entre os denunciados desde familiares dos irmãos douradenses, que comandavam esquema com empresas de fachada, até: 

  • “Laranjas”; 
  • Doleiros,
  •  “Funcionários” e 
  • Pilotos de avião

Detalhe para "pilotos" [no plural mesmo], porque, segundo investigações da Polícia Federal, diversas aeronaves eram compradas e usadas apenas uma única vez. 

Conforme a PF, traficando substâncias entorpecentes ilícitas pelos ares, os aviões comprados por um dos denunciados não voltavam do seu destino, já que uma única viagem era suficiente para "bancar" os custos de uma nova aeronave. 

Nesse esquema, a polícia estima que apenas uma única movimentação da quadrilha, para transportar drogas internacionalmente, geravam gastos de R$ 10 milhões ao grupo. 

Com isso, os aviões eram destruídos, com o intuito de apagar os rastros do transporte e dificultar qualquer forma de rastreio, com esses "pilotos" voltando para o Brasil em voos comerciais. 

Ainda, investigações apontam que o modelo mais usado pela quadrilha eram aviões 'King Air', popular entre produtores do "agro", que possuem pelo menos cinco classificações, com velocidades de cruzeiro que alcançam de 574 até 578 km por hora. 

Entre os "king air", há modelos que possuem desde um preciso sistema de navegação e radar meteorológico; até mesmo um com espaço para cargas, comportando até sete passageiros. 

Laços do crime

Considerando até mesmo trabalhar com o conhecido traficante fornecedor, Antônio Joaquim Mota - o popular "Motinha" -, os irmãos Marcel Martins Silva e Valter Ulisses Martins, agiam principalmente no setor envolvendo Mato Grosso do Sul e outros quatro Estados, sendo:

  • Mato Grosso 
  • Pará
  • Bahia e 
  • Paraná 

Porém, o grupo estreitava laços com quadrilha a qual pertenciam doleiros paraguaios, bem como traficantes de demais países situados na América Central, como Honduras e Guatemala, cita o MPF em exemplo. 

Justamente uma tabela de valores, contendo a estrutura de logística do grupo sobre o transporte internacional de drogas, ajudou a polícia a desenhar a teia de trabalhos criminosos da organização. 

Além disso, com "laranjas" assinando a compra dos aviões; pistas de pouso sendo alugadas, aliada a contratação de pilotos, entre outros fatores, esclareceram as investigações da PF quanto aos laços do grupo. 

Atuação e 'último dos fiéis'

Dos demais crimes, investigações mostram que o suposto líder "mergulhou" no personagem e, com documentos falsos, tornou-se um "empresário de sucesso" e até mesmo separou da esposa só para casar com ela mesma tendo, agora, outro nome. 

Uma varredura bancária dessas empresas abertas, analisando os dados desse suposto líder do grupo, apontam que 50 milhões de reais foram movimentados no período de cinco anos, entre 2015 e 2020. 

Marcel Martins Silva era, aos olhos da sociedade, um homem comum: empresário com duas empresas em Dourados; morava em um condomínio de luxo na cidade e frequentava a igreja, onde inclusive atuava recolhendo o dízimo. 

As investigações mostram que, tendo trocado de nome com documentos falsos, o agora denunciado pelo MPF inclusive pediu o próprio divórcio, para novamente se casar com a mesma mulher com a nova identidade. 

Curiosamente, o indivíduo precisou se apresentar junto à Polícia Federal com a documentação falsa para que conseguir seu passaporte. 

Apesar de irmãos, análise do setor policial mostra que nem sempre Marcel e Valter agiam juntos, com o segundo atuando de forma parecida, com documentos falsos, tendo em comum a violência, já que chegaram a discutir torturas e possível morte de desafetos. 

Quando o doleiro do grupo não tinha "disponibilidade financeira", a quadrilha tinha o costume de comprar e vender imóveis, sendo que um dos líderes possui um "considerável patrimônio" tanto no Brasil como no Paraguai, conquistado através dos lucros do tráfico de drogas, segundo o MPF. 

Esquema gigante

Como já citado anteriormente pelo Ministério Público, pelo menos nove empresas estavam envolvidas no esquema: cerca de quatro construtoras; uma transportadora, bem como denúncia contra dona de escritório de contabilidade em Dourados. 

Em matéria ainda no dia das operações "Sordidum e Prime" - 15 de maio deste ano - entre os alvos foram listadas: Referência Incorporadora; Focco Imobiliária; Primeira Linha Acabamentos e Efraim Incorporadora, sendo Marcel o sócio-proprietário dessas duas últimas citadas.

Esse grupo usava até mesmo mergulhadores para inserir a droga nos cascos dos navios que tinham como destino o continente europeu. 

Em complemento, o MPF requer que a quadrilha - principalmente líderes da organização criminosa - paguem indenização milionária por trazerem fragilidade ao sistema financeiro, já que injetavam recursos criminosos na economia local. 

Além de pedir as penalidades legais, o Ministério Público Federal também requereu o "perdimento de todos os bens móveis e imóveis levantados na operação".

 

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curva perigosa

Colisão de carro em guard rail mata meninas de 16 e 18 anos em MS

Veículo Volkswagen Gol seguia na rodovia quando perdeu o controle da direção em uma curva e colidiu frontalmente contra a proteção na lateral da pista

22/09/2024 16h29

Colisão entre carro x guard rail na BR-158

Colisão entre carro x guard rail na BR-158 DIVULGAÇÃO

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Meninas de 16 e 18 anos morreram em colisão de um carro de passeio com o guard rail, na madrugada deste domingo (22), no KM-356 da BR-158, entre os municípios de Brasilândia (MS) e Pauliceia (SP), na divisa MS/SP.

Guard rail é uma mureta metálica utilizada como barreira de proteção em estradas e rodovias. Havia quatro pessoas dentro do carro, sendo dois homens e duas mulheres. Os homens fugiram do local sem prestar socorro, conforme as informações iniciais divulgadas pelas autoridades de trânsito.

Colisão entre carro x guard rail na BR-158Lateral esquerda do veículo sofreu avarias e foi amassada. Foto: divulgação

Conforme apurado pela mídia local, o veículo Volkswagen Gol seguia na rodovia, quando perdeu o controle da direção em uma curva e colidiu frontalmente contra o guard rail. De acordo com populares, o grupo de amigos voltava de Panorama (SP) a Brasilândia, quando houve a colisão.

Com o impacto, as vítimas foram arremessadas contra o painel do carro e morreram na hora. Não se sabe o estado de saúde dos dois rapazes, que supostamente fugiram, já que não havia registro de que tenham sido socorridos pelo algum motorista que tenha passado pelo local.

Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Científica e Pax estiveram no local para efetuar os procedimentos de praxe.

A lateral esquerda do veículo sofreu avarias e foi amassada. O para-brisa frontal e traseiro e vidros laterais foram destruídos.

O corpo da menina de 18 anos será enterrado em Brasilândia (MS) e o corpo da menina de 16 anos será sepultado em Panorama (SP). A Polícia Civil irá investigar as circunstâncias do acidente. 

Por conta da comoção, aulas em escolas públicas de Brasilândia foram suspensas para esta segunda-feira (23). 

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