Com 19 dias de atraso, os tucanos de Mato Grosso do Sul reagiram às críticas de lideranças do PMDB, classificando o ataque como demonstração de medo de enfrentálos na sucessão estadual. Para a cúpula do PSDB, setores do PMDB sentiram-se acuados diante da ameaça da senadora Marisa Serrano (PMDB) de disputar o Governo do Estado e adotaram a tática da crítica para forçar os tucanos a abandonarem o projeto. O ataque contra a senadora partiu do presidente da Assembleia Legislativa, Jerson Domingos (PMDB). Ele acusou a tucana de prejudicar Mato Grosso do Sul por promover “política da crítica”, tanto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto ao governador André Puccinelli (PMDB). O deputado chegou a sugerir que Marisa não faz nada para o Estado. “Qual foi a contribuição dela?”, perguntou aos jornalistas. “Os senadores Valter (Pereira) e o Delcídio (do Amaral) são bem mais operantes em trazer recursos para Mato Grosso do Sul”, completou. Inicialmente, Marisa silenciou- se diante do ataque, mas, ontem, durante reunião da executiva do partido, ela classificou as críticas como demonstração de medo do PMDB. “Foi uma crítica feita porque eles sentiram a possibilidade de eu sair candidata e, é claro, foi a forma que o PMDB teve de tentar desqualificar esta minha caminhada”, opinou a senadora. “O recado que foi dado é esse: vocês (os tucanos) não levantem a cabeça”, complementou. O presidente regional do PSDB, deputado estadual Reinaldo Azambuja, fez coro ao discurso de Marisa. “Mostra realmente a preocupação (do PMDB) da candidatura própria do PSDB”, reforçou. Sobre o fato de as críticas serem direcionadas exclusivamente à senadora, Azambuja credenciou ao potencial eleitoral de Marisa. “Ela é o nome mais forte que o PSDB tem, a liderança maior que o partido tem no Estado”, comentou. Sem mágoas Apesar da reação, de olho no palanque do PMDB para o governador de São Paulo, José Serra, virtual candidato do partido a presidente da República, os tucanos se apressaram em destacar que a atitude dos tradicionais aliados no Estado não abalou a relação entre as legendas. “Cada partido tem a suas táticas e essa foi uma tática do PMDB”, minimizou, em seguida, Marisa. “Nós estamos construindo uma chapa proporcional competitiva, temos um palanque nacional muito forte, com boas propostas, e eu vejo que é isso que vai valer nas eleições”, desconversou Azambuja. Mesmo assim, os tucanos insistem na possibilidade de lançar candidatura ao Governo do Estado, caso o PMDB se alie ao PT e ofereça palanque à ministra Dilma Rousseff, provável candidata petista à sucessão presidencial. “Nunca escondemos de ninguém que queremos continuar com o PMDB, mas, se o partido ficar com o PT, estamos prontos para entrar na disputa para sucessão estadual”, garantiu Azambuja. Mas a definição final sobre o rumo da sigla só vai sair quando o governador de São Paulo oficializar sua pré-candidatura a presidente. “Já está definido que o Serra lançará a candidatura em março. Antes disso, fica difícil a gente se manifestar”, frisou Azambuja. Ele informou ainda que, depois do carnaval, vai conversar com o governador sobre as eleições.