Tutores buscam opções mais naturais e equilibradas, refletindo o cuidado que têm com a própria alimentação
A relação de amor e carinho entre os homens e seus pets está mais forte do que nunca. Os cães, que inicialmente foram domesticados para ajudar na caça, dormiam no quintal, eram alimentados com restos de comida e levados ao médico-veterinário apenas quando doentes, e os gatos, que evitavam a presença de roedores em locais para armazenamento de alimentos, tinham acesso irrestrito à rua e em muitos casos, eram considerados animais “comunitários”, hoje vivem dentro de casa, dormem na cama e no sofá, recebem alimentação de alta qualidade e são levados periodicamente ao médico-veterinário para consultas preventivas.
Os pets passaram a ser considerados membros do que ficou conhecido como “famílias multiespécie” — núcleos familiares compostos por pessoas e seus animais de estimação, reconhecendo os laços afetivos e emocionais que os unem. Já os humanos, que antes eram donos dos pets, passaram a ser melhores amigos e agora, muitos se identificam como “pais de pets”. Como resultado desse processo de humanização, os cuidados com os animais de estimação têm crescido — e a alimentação ocupa papel de destaque nesse novo cenário.
“Os tutores estão cada vez mais atentos ao que oferecem aos seus pets. Se antes buscavam alimentos que apenas saciassem a fome e nutrissem o animal de estimação, hoje procuram alimentos que expressem o mesmo cuidado e atenção que dedicam à própria saúde, priorizando ingredientes naturais, alta qualidade nutricional e benefícios extras para promover o bem-estar. Muitos preferem até economizar em suas próprias compras do que em produtos para seus pets”, destaca Amanda Arsoli, médica-veterinária da Adimax, fabricante de alimentos para cães e gatos.
Entre as principais demandas dos tutores que buscam uma alimentação com olhar mais humanizado para seus companheiros estão:
- ingredientes de qualidade humana: preferem alimentos feitos com ingredientes naturais, funcionais e com padrão semelhante ao de produtos para consumo humano;
- saúde e bem-estar: valorizam opções saudáveis, que promovam longevidade, vitalidade e previnam problemas de saúde;
- personalização: procuram alimentos adaptados à idade, raça, porte e condições específicas de saúde dos animais.
Esse movimento tem transformado o mercado de pet food. Linhas de alimentos e snacks com apelo natural, sem a inclusão de conservantes artificiais, corantes e ingredientes transgênicos, ganham cada vez mais espaço nas prateleiras e no coração dos tutores.
Ainda que os tutores tenham as melhores intenções, Amanda Arsoli alerta para um ponto importante que pode trazer prejuízos à saúde dos pets: “A humanização dos animais de companhia, sem considerar que são de espécies com necessidades físicas, biológicas e comportamentais diferentes das humanas, pode levar a erros como suplementação desnecessária; deficiência nutricional causada por dietas caseiras desbalanceadas; oferta excessiva de petiscos; manejo alimentar inadequado (como deixar alimento à vontade); veganismo; oferta de alimentos crus; superalimentação, sobrepeso e obesidade. Por isso, é importante sempre fornecer alimentos de qualidade, completos e balanceados, na quantidade recomendada nas embalagens ou orientada pelo médico-veterinário de confiança”.
A obesidade, inclusive, vem se tornando cada vez mais comum entre cães e gatos. Apesar de haver uma predisposição genética em algumas raças, além de fatores endocrinológicos (como o hipotireoidismo), a doençatem como principal causa o desequilíbrio provocado pelo excesso de calorias oferecidas. Os quilos a mais podem comprometer gravemente a saúde dos pets e têm potencial de reduzir sua expectativa de vida.
No caso de pets com sobrepeso ou obesidade, Amanda explica que apenas diminuir a quantidade diária de alimento não é a solução correta, pois junto com as calorias, seriam reduzidos os nutrientes essenciais, comprometendo a saúde do cão ou gato.
“O ideal é ajustar a dieta com alimentos formulados especificamente para o controle de peso, que apresentam densidade energética reduzida, mas mantêm o equilíbrio de todos os nutrientes necessários. Após o emagrecimento, é recomendado migrar para uma dieta de manutenção com menor densidade calórica, associada a hábitos saudáveis, como passeios regulares, estímulo a brincadeiras e controle de petiscos”.
Mais do que uma tendência de mercado, a busca por alimentos mais naturais reflete uma nova forma de expressar amor e responsabilidade. Investir em uma nutrição de qualidade significa promover uma vida mais longa e saudável para os cães e gatos.