O ano de 2022 foi de grandes experiências para a atriz e bailarina Carol Costa, que se dividiu entre diferentes papéis e se viu diante da necessidade de enfrentar muitas transformações, pessoais e profissionais.
Ela foi do presídio feminino de Cook County à Terra do Nunca, passando muito rapidamente pela saudosa Vila do Chaves e chegando à iluminada Paris, onde vem brilhando como a Condessa Lily, de “Anastasia - O Musical”, seu novo musical em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo, e que revisita após 12 anos.
Sem descansar dos palcos, a artista que começou o ano realizando o sonho de estrelar “Chicago”, adiado por dois anos em função da pandemia, celebrou não só sua primeira protagonista (Roxie Hart) em 12 anos de carreira no teatro musical, como também somou mais uma indicação à prêmio para sua coleção, dessa vez como Melhor Atriz no Bibi Ferreira, que, em 2021, a consagrou Melhor Atriz Coadjuvante pelo trabalho como Chiquinha, em “Chaves - Um Tributo Musical”, tal qual antecipou o Destaque Imprensa Digital.

Desprendida do universo da corista assassina, ela literalmente voou ‘até a segunda estrela à direita’ para dar vida à lúdica Wendy, na última temporada de “Peter Pan - O Musical da Broadway”.
Deu tempo ainda de matar as saudades da filha do Seu Madruga, em uma apresentação especial do “Circo do Chaves”, da mesma produtora do musical, e agora pode ser vista em trajes luxuosos na companhia da Imperatriz Viúva, e do ex-membro da Corte Real, Vlad Popov, com quem vive uma divertida e tórrida relação de amor.
Agora, ao lado do grande amigo Tiago Abravanel, com quem mantém uma amizade há mais de 12 anos, ela divide cenas divertidas e românticas que movimentam o segundo ato. Essa é a primeira vez que a dupla, que já compartilhou inúmeros momentos, divide o palco, outro sonho antigo que ela realiza em 2022.
“Trabalhar com o Tiago é o maior presente! Nós já tínhamos esse desejo há anos e o processo foi maravilhoso".
Se preparando para conquistar a marca de 25 espetáculos na carreira, Carol, que já integrou o elenco de produções como “A Madrinha Embriagada”, “Hebe, O Musical”, “My Fair Lady”, “Os Produtores”, “Annie, O Musical”, “As Cangaceiras - Guerreiras do Sertão” entre outros, segue em cartaz com “Anastasia - O Musical” pelos próximos meses, mantendo sempre as portas abertas para novas audições, mas mirando também no audiovisual, gênero que deseja estudar mais e conhecer em 2023.
A atriz Carol Costa é a Capa do Correio B+ desta semana, e com exclusividade ela fala sobre o sucesso do musical "Anastácia" em cartaz em São Paulo, papéis desafiadores em sua carreira esse ano e novos projetos.

CE - Carol, como você se descobriu no teatro musical?
CC- Quando mais jovem ganhei uma bolsa de estudos para fazer o curso de menestréis do Oswaldo Montenegro. Ali tive contato com artistas, cantores, bailarinas e atores e atrizes de diversos lugares do Brasil. Na oficina a gente unia todas as ferramentas para contar a história.
Na época montamos o espetáculo 'Noturno'. Logo depois comecei a trabalhar com shows da Disney em São Paulo e tive contato com artistas - e hoje amigos - que já faziam teatro musical. Todas essas experiências me despertaram a vontade de aprender, estudar mais e me arriscar no mercado de teatro musical.
CE - A dança te levou a ele?
CC - Com toda certeza. A dança me levou a muitos lugares incríveis. Através da dança eu ingressei no teatro musical porque sempre fui muito disciplinada e boa profissional. Sempre exigi muito de mim mesma. No meu primeiro musical eu passei porque era muito boa bailarina e já amava atuar.
Mas eu ganhava menos que todo elenco porque não passei no teste de canto. Só fiquei sabendo disso depois. No segundo musical eu passei para ser swing ( plot que cobre todos os papéis do ensemble feminino e até masculino, se precisar). Eu não sabia nem como pegar numa partitura e lembro que eram poucas as pessoas que tinham paciência para explicar ou auxiliar.
Com essas experiências eu entendi que precisaria me esforçar e lutar muito pra crescer na profissão e não deixar que me rotulassem ou que me colocassem em 'caixinhas'. Então a bailarina foi estudar mais e mais…
CE - É um diferencial que você tem, dançar profissionalmente?
CC - Acredito que sim. Um diferencial e um chamado. Entrei na aula de ballet aos 6 anos porque tinha o pezinho caído para dentro e entrei na vaga da minha prima, que saiu na época. Estudei ballet clássico até os 18 anos, quando me formei profissionalmente pela escola de dança Petite Danse.
Foi essencial para a minha formação artística e pessoal também. Aos 15 anos tive aquela crise de adolescência e não queria mais fazer ballet, pois exige muita abdicação, mas sempre tive uma rede protetora de mestres que me auxiliaram nesse caminho e não me deixaram desistir.
Hoje agradeço a cada uma dessas pessoas. Se eu tivesse abandonado o ballet eu não seria a mesma artista completa que sou hoje. A dança me abre portas e me coloca em espaços e oportunidades que outros artistas não têm, simplesmente por não dominarem a dança.

CE - Esse ano você viveu quatro intensos personagens, como está sendo pra você 2022?
CC - Pessoalmente foi um ano difícil e continuo na busca por algumas respostas pessoais. Assim como todos, acredito eu. Depois de dois anos de pandemia não somos mais as mesmas pessoas… Mas profissionalmente foi maravilhoso e só tenho a agradecer.
Sempre que estou na coxia, à espera de entrar em cena, dou aquela olhadinha pra cima e mentalizo "Deus obrigada por estar aqui". Tive lindas e grandiosas oportunidades. Vivi quatro personagens completamente diferentes entre si, com camadas e atmosferas diferentes. Para uma atriz isso é um presente!
CE - Você estrelou 'Chicago' e foi até indicada a prêmio como Melhor Atriz. Foi uma realização?
CC - Foi a maior de todas. Protagonizar um musical desse porte, conhecido e famoso mundialmente pelas suas diversas montagens, premiações e o icônico filme… Uma responsabilidade enorme e que devorei com todas as minhas forças, entregando tudo o que eu podia.
O sonho de toda, ou quase toda, atriz de teatro musical é dar vida a Velma ou Roxie, que são duas personagens completas. Digo que não esperei dois anos de pandemia para fazer esse musical, mas sim que esperei a vida toda e nem sabia… Colhi lindos frutos e continuo…
CE - Como se sente atuando em produções mundiais tão importantes?
CC - Me sinto honrada e privilegiada. Sou dedicada, estudiosa e disciplinada. Mas sei que a vida é feita de oportunidades, e que no meio com centenas de talentos, nem todos têm a mesma chance; muitos as vezes não conseguem nem chegar a uma audição. É preciso ter vocação também, pois talento só não basta.

CE - Esse ano qual foi o seu maior desafio?
CC - Me equilibro entre a vida pessoal, que tomou alguns rumos diferentes, e a vida profissional, que decolou lindamente por quatro universos muito diferentes. Roxie, Wendy, Chiquinha e agora a Condessa Lily. Essas personagens me mantiveram firme no meu propósito com a arte e me iluminaram durante todo o caminho percorrido em 2022.
CE - E a preparação para Chicago, foi intensa?
CC - Muito! Com a chegada da pandemia eu acabei ganhando dois anos para me preparar. E o que deveria ser relaxado acabou se intensificando. Estudei, mergulhei em filmes, séries e documentários, além das diversas versões do musical.
Emagreci e engordei algumas vezes com o adiamento da produção. Fiz aulas de ballet e jazz, voltadas para o estilo do musical, e aulas de canto intensificadas; além de fazer um trabalho com personal e endocrinologista. Com o início dos ensaios, em novembro do ano passado, toda essa rotina se intensificou ainda mais até a nossa grande estreia, depois foi só manter o ritmo ao longo da temporada.
CE - Como você vê o teatro musical no país hoje?
CC - Crescendo, graças a Deus! Criando mais e mais oportunidades não só para os artistas que estão no palco, mas para os que estão por trás, no backstage, desde o pipoqueiro lá na rua.
O mercado do teatro musical movimenta e gera centenas de empregos o ano inteiro, e o mais incrível é que tenho visto a formação e criação de musicais autorais brasileiros. Nosso. Contando a nossa história. Não perdemos em nada para Broadway...

CE - Agora em Anastásia, como foi todo o processo até o palco?
CC - Rápido e intenso. Menos de dois meses de ensaios e com um Covid no meio. Peguei Covid duas semanas antes da estreia, bem naquela semana que estamos pegando resistência e fazendo corridos da peça. A semana mais importante...
Mas fora isso, foi desafiador pegar intimidade com essa história e essa personagem, que é tão distante da minha realidade. É desafiador descobrir as camadas dessa personagem em tão pouco tempo de ensaios. Tivemos cinco semanas para levantar a peça toda. Eu fui conhecendo o musical e estudando ao longo dos ensaios.
Eu nem sonhava que esse musical viria para o Brasil, e muito menos que eu teria a possibilidade de fazer teste para essa personagem, a Lily. Existe toda uma questão de perfil e etarismo quando se monta um elenco.
É um quebra cabeça, onde às vezes, um personagem depende do perfil do outro. E quando fui encorajada pela produção a testar, percebi que a Lily tinha tudo a ver comigo nos quesitos do que é preciso entregar em cena. Dança, humor, sensualidade, potência, criatividade, despudor…
CE - O Tiago é muito seu amigo, como está sendo atuar com ele?
CC - Um presente! O maior! Eu e Ti já tínhamos esse desejo de trabalhar juntos há muitos anos. E o Universo é tão maravilhoso que nos uniu agora nos palcos, com esse presente que é o casal Lily e Vlad.
Eu havia feito audição com uns seis atores e a produção não tinha decidido nada. Esperei ansiosamente por três semanas, acho, mas não veio nenhuma resposta. Como os criativos estrangeiros já tinha ido embora eu fui fazer teste por vídeo com mais três atores e para a minha surpresa, o Ti estava entre eles.
Um dia antes do nosso vídeo, o Tiago estava se casando no papel. Uma correria. Rs. Fora a agenda lotada de compromissos… Fui para a casa dele perto da meia noite, estudamos juntos, escolhemos roupa, ensaiamos cena, dança, e as músicas que ele precisava apresentar.
Gravamos os vídeos e enviamos com muita expectativa. Dois dias depois recebemos o sim individualmente. Numa chamada de vídeo ele me contou que foi aprovado. De fato os ensaios foram rápidos, porém intensos. Em cena, o Ti conta a história desde o início, então fiquei observando a construção dele para entender por onde a minha personagem iria e como seria o reencontro desse casal.
Foi divertido, leve e libertador, diria que até nostálgico por um lado, porque já vivi alguns momentos muito especiais com ele, e esse é mais um. Com ele sempre me sinto segura, dentro e fora do palco.

CE - Para quem for assistir ao espetáculo Anastásia oq esperar?
CC - Figurinos deslumbrantes, cenários de brilhar os olhos, músicas lindíssimas, além de aventura, romance e comédia. E, de presente, um trecho do ballet Lago dos Cisnes no meio da peça. Eu assisto literalmente de camarote e amo essa parte. (Não sei nem se podia contar essa surpresa rs.)
CE - Como foi concorrer no Bibi Ferreira junto com atrizes tão consagradas?
CC - Um reconhecimento lindo. Consequência de muito estudo e dedicação. Atrizes essas que são inspirações pra mim. Receber a indicação ao lado dessas mulheres é maior que qualquer troféu.
CE - Uma inspiração pra você…
CC - Tenho muitas que já falei em diversas entrevistas, como Cláudia Raia e Jarbas Homem de Melo, que são importantes na minha formação como artista. Aliás, muito do que faço no Palco é inspirado neles e em tudo que já aprendi os vendo fazer.
Eles assistiram a peça e logo depois recebi um áudio cheio de amor e orgulho. Mas hoje quero destacar também a Giovanna Rangel, que faz a Anastasia no nosso musical e divide camarim comigo. Uma jovem dedicada e que me faz lembrar todos os dias, com o seu frescor, como é mágico estar em cena fazendo o que se ama.
Ela vibra com todas as conquistas, cada recadinho carinhoso do público, cada reconhecimento que recebe. Já estive nesse lugar de protagonismo há pouco tempo e sei o valor. Com ela tenho me realizado da mesma maneira. Ela encara o ofício assim como eu. Com respeito, dedicação e os pezinhos no chão.
CE - Novos projetos?
CC - Sigo com 'Anastasia' por mais um tempinho. Há também um musical que acabou sendo adiado, porém não posso dizer ainda - talvez em 2024 aconteça... Até lá, quero muito fazer audiovisual e vou me dedicar para isso. Torcendo para que 2023 seja O ano!
