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Cinco anos após ser cancelada, a série "Sessão de Terapia" volta ao GNT

A quarta temporada está recheada de temas pertinentes e grandes atuações

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Com três temporadas exibidas pelo GNT, entre 2012 e 2014, a história da versão nacional de “Sessão de Terapia” parecia ter ficado no passado. Mesmo elogiada e com boa audiência, o canal pago optou por cancelar a produção por conta dos inúmeros compromissos do diretor Selton Mello com o cinema e, especialmente, pelos altos custos envolvidos. Cinco anos depois, com orçamento robusto e na busca por conteúdo original, a série foi ressuscitada a partir de uma parceria entre o aplicativo Globoplay e o próprio GNT. Já disponibilizada no “streaming” e agora exibida pelo canal pago, a série mostra que o hiato não mexeu em seu poder de aglutinar assuntos potentes a partir de um formato simples, em que a complexidade surge a partir do jogo de cena entre roteiro e atuação. Baseada no original israelense “BeTipul” e na versão inglesa “In Treatment”, a estrutura narrativa da série continua intacta: o terapeuta recebe seus pacientes de segunda a quinta e, às sextas, é ele quem vira paciente. Nas três primeiras temporadas, Zécarlos Machado deu vida a Theo, protagonista da produção. Por conta da negativa da Record em liberar o ator para o projeto, Selton assume o papel principal na pele de Caio e segue como diretor dos novos episódios.

Acumular as duas funções foi uma atitude ao mesmo tempo prática e arriscada para Selton. Afinal, responsável pela adaptação, ninguém melhor do que ele para saber exatamente o resultado pretendido para o texto. Entretanto, com uma direção de elenco tão exigente, algo poderia se perder no caminho e empobrecer um dos pontos mais fortes e necessários de “Sessão de Terapia”. Mais novo e suave que Machado, Selton agrega um pouco mais de leveza às cenas. Com esse novo tom, a densidade fica mesmo para as tramas e diálogos que envolvem questões como fama, machismo, abuso familiar, envelhecimento e solidão. Por ser centrada em praticamente um único cenário: o consultório do terapeuta, a série exige bastante do elenco escolhido a dedo por Selton e que entrega as nuances necessárias para o roteiro assinado por Jaqueline Vargas. Toda segunda é dia de ver os dilemas de Chiara, comediante que enfrenta a depressão defendida pela sempre ótima Fabiula Nascimento. Terça é a vez da pré-adolescente Guilhermina, de Lívia Silva, que inventa um mundo paralelo para não revelar seus segredos. Às quartas, Nando, de David Júnior, é um alto executivo que perde o interesse sexual na esposa. Na quinta, Cecília Homem de Mello dá vida a Haidée, mulher experiente que busca uma nova razão de viver após ficar viúva. Por fim, sexta é o momento de Caio cuidar dele mesmo e ir até o consultório de sua psicoterapeuta Sofia, papel que marca a estreia em produções nacionais da atriz brasileira Morena Baccarin, conhecida pela série americana “Gotham” e a franquia “Deadpool”.

Mesmo que Selton tenha conseguido uma unidade de atuação que equilibra o resultado geral de “Sessão de Terapia”, é nítido que algumas histórias e personagens se destacam em meio aos temas debatidos pelo texto. Fabiula, por exemplo, dosa bem humor e drama em uma atuação à beira do desespero, estrategicamente situada como “cartão de visitas” da série. O grande chamariz da nova temporada de “Sessão de Terapia”, entretanto, é o próprio Selton. Um dos melhores atores de sua geração e hoje diretor premiado, ele consegue diferenciar bem as posturas de doutor e paciente de Caio sem recorrer a caras e bocas ou outros truques fáceis. Nesse sentido, a série acaba sendo um atestado de sua maturidade artística como realizador e intérprete.

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Saúde B+: Autismo na vida adulta: oito sinais que podem estar presentes em adultos. Como lidar?

Neuropsicólogo dá dicas com as principais reflexões, os caminhos e os direitos. O diagnóstico como ferramenta de libertação

24/05/2025 19h00

Saúde B+: Autismo na vida adulta: o diagnóstico como ferramenta de libertação, saiba como lidar

Saúde B+: Autismo na vida adulta: o diagnóstico como ferramenta de libertação, saiba como lidar Foto: Divulgação

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Sabe aquela sensação de se sentir diferente ou de não pertencer a nenhum grupo? De ter dificuldade para lidar com mudanças imprevistas, de ter pavor de estar em um ambiente barulhento, com som alto e muitas pessoas falando ao mesmo? Esses são alguns sintomas que podem indicar o diagnóstico de autismo na vida adulta.

Será que sou autista e nunca soube? Se essa pergunta já ecoou em seus pensamentos, sim, você pode ser autista. “Essa dúvida já passou pela cabeça de uma infinidade de pessoas adultas, e é mais comum do que se imagina.

Mais importante do que qualquer rótulo é o que essa pergunta abre: um convite à autocompreensão, à escuta do próprio funcionamento e, acima de tudo, ao direito de existir plenamente com todas as suas singularidades”, observa Guilherme Cosme, neuropsicólogo na INSELF Neuropsicologia Avançada.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que acompanha a pessoa ao longo da vida e se expressa de forma diferente em cada indivíduo.

Até há pouco tempo, o autismo era geralmente retratado com base em estereótipos infantis, o que contribuía para o apagamento de milhares de adultos neurodivergentes que não se encaixavam nesse perfil. 

De acordo com o neuropsicólogo, “após a ampliação dos estudos, da escuta qualificada e de vivências compartilhadas, começamos a reconhecer a diversidade de formas com que o autismo pode se manifestar, inclusive em quem sempre ‘deu conta de tudo’, mas às custas de um imenso esforço e sofrimento interno”.

Mas afinal, o que é estar no espectro do autismo?

O TEA envolve um conjunto de características que afetam principalmente a comunicação social, a flexibilidade de pensamento e o processamento sensorial. Em adultos, essas manifestações podem aparecer de maneira mais sutil, mas profundamente impactante.

Muitos adultos autistas desenvolveram estratégias de camuflagem para se adaptar às demandas sociais, um processo que pode levar à exaustão emocional, colapsos ou crises de identidade. 

Muitos adultos com TEA vivem décadas lidando com sentimentos de inadequação, baixa autoestima, ansiedade social e depressão sem nunca receberem um diagnóstico que explicasse suas dificuldades. E isso é agravado pelo fato de que boa parte da sociedade ainda desconhece as expressões do autismo fora dos estereótipos midiáticos.

Oito sinais que podem estar presentes em adultos no espectro:

• Sentimento persistente de ser “diferente” ou de não pertencer;

• Dificuldade em manter conversas triviais ou sentimento de exaustão após interações sociais;

• Hipersensibilidade a sons, cheiros, luzes ou texturas;

• Interesse profundo e intenso por temas específicos, que muitas vezes se tornam fonte de hiperfoco;

• Rigidez cognitiva, ou seja, dificuldade com mudanças imprevistas ou processos novos;

• Dificuldade em entender ou expressar emoções próprias ou alheias;

• Episódios frequentes de sobrecarga emocional (meltdowns) ou desligamento (shutdowns);

• Uma vida marcada por tentativas constantes de se “encaixar” e de se comportar de forma “socialmente aceitável”.

“Esses sinais podem ser vividos de forma silenciosa, confundidos com timidez, ansiedade, introversão ou até diagnosticados erroneamente como transtornos de personalidade. Por isso, é fundamental considerar a cognição social nesses casos, a forma como a pessoa compreende o outro, interpreta o mundo e responde a ele”, alerta Cosme.

O processo de avaliação e diagnóstico 

A investigação diagnóstica deve ser feita por uma equipe multidisciplinar especializada. A avaliação neuropsicológica é um dos pilares nesse processo.

Ela permite analisar o funcionamento cognitivo, emocional e adaptativo, fornecendo dados objetivos sobre como a pessoa percebe, organiza e responde ao mundo. Também permite diferenciar o TEA de condições como TDAH, ansiedade social, depressão e outros transtornos que compartilham sinais semelhantes. 

A consulta psiquiátrica também é fundamental, especialmente para avaliar comorbidades e prescrever tratamentos, se necessário. Outros profissionais, como terapeutas ocupacionais, psicólogos clínicos e fonoaudiólogos, também podem contribuir para um diagnóstico mais completo e cuidadoso. 

“O processo avaliativo não deve ser vivido como um ‘teste para saber se você é autista ou não’, mas como um caminho de escuta, acolhimento e entendimento. Diagnosticar o autismo em adultos é, antes de tudo, um exercício de empatia, que considera a história de vida, os esforços de adaptação e os impactos subjetivos dessa trajetória”, orienta o neuropsicólogo.

O diagnóstico como ferramenta de libertação 

O diagnóstico não é uma sentença, mas uma chave que abre a porta da autocompreensão. Muitas pessoas vivem anos se achando inadequadas, e compreender-se como autista permite reescrever a própria história com mais clareza, validar sofrimentos passados e desenvolver estratégias mais respeitosas consigo mesmo.

Além disso, o diagnóstico possibilita:

• Acesso a tratamento adequado: psicoterapia adaptada à neurodivergência, treinamento de habilidades sociais, suporte sensorial e intervenções baseadas nas reais necessidades da pessoa;

• Reconhecimento de direitos: políticas públicas de saúde, educação, trabalho e benefícios legais, como BPC e adaptações em concursos ou ambientes de trabalho;

• Fortalecimento de redes de apoio: grupos autistas, coletivos neurodivergentes e espaços de escuta têm crescido e se tornado referências na luta anticapacitista e quanto à visibilidade social;

• Ativismo e pertencimento: ser autista é também um posicionamento político. Trata-se de reconhecer que o mundo foi desenhado para um modo de funcionar, mas há múltiplas formas legítimas de ser, sentir e pensar.

Orientações para quem deseja investigar essa possibilidade

• O primeiro passo é procurar um psicólogo ou neuropsicólogo com experiência em autismo na vida adulta. Prefira clínicas que ofereçam avaliações completas, com entrevistas clínicas, aplicação de testes, observação comportamental e escuta subjetiva;

• Reúna a sua história: relatos do período escolar, memórias de infância, relatos de familiares ou amigos podem ser úteis;

• Não tenha medo do diagnóstico: ele não muda quem você é, apenas oferece uma nova lente para olhar sua trajetória com mais generosidade;

• Respeite o seu tempo: para algumas pessoas, o processo leva meses. Para outras, é quase imediato. O importante é que seja verdadeiro.

 

“Se você sente que viveu por muito tempo em desconforto com o mundo, ou consigo mesmo, saiba que você merece compreensão, respeito e suporte. O autismo na vida adulta é real, legítimo e merece visibilidade. Nomear é validar, e validar é cuidar”, finaliza Cosme.

 

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Bem-estar B+: Espiritualidade no trabalho - a nova fronteira do cuidado com a saúde ocupacional

Empresas que olham para o propósito e o bem-estar integral de seus colaboradores colhem mais engajamento, saúde e sustentabilidade.

24/05/2025 17h00

Bem-estar B+: Espiritualidade no trabalho - a nova fronteira do cuidado com a saúde ocupacional

Bem-estar B+: Espiritualidade no trabalho - a nova fronteira do cuidado com a saúde ocupacional Divulgação/Pinterest

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Há uma mudança silenciosa, porém profunda, acontecendo nos ambientes de trabalho: as empresas estão sendo chamadas a olhar para o ser humano de forma integral — corpo, mente e espírito.

A saúde ocupacional, tradicionalmente centrada na prevenção de doenças físicas e no equilíbrio mental, agora amplia suas fronteiras para incluir a espiritualidade como dimensão essencial do bem-estar.

Essa visão mais abrangente do cuidado não é apenas uma tendência de gestão ou RH. Está respaldada por evidências científicas e reconhecimentos institucionais importantes.

O próprio Conselho Federal de Medicina (CFM), sensível a essa nova abordagem, criou recentemente a Comissão de Saúde e Espiritualidade — um grupo dedicado a estudar e integrar práticas espirituais baseadas em evidências no cuidado clínico, inclusive na medicina do trabalho.

Para o Dr. Ricardo Pacheco, médico, palestrante, mentor e consultor em saúde e segurança do trabalho, essa mudança é não apenas necessária, mas urgente.

“O trabalhador não é só um corpo que executa funções. Ele é mente, é emoção, é espírito. Carrega histórias, dores, esperanças e uma busca profunda por sentido. Integrar a espiritualidade ao cuidado é dar nome a essa dimensão invisível, mas absolutamente real”, defende o consultor.

Um novo olhar sobre o bem-estar nas organizações

Não se trata de religião — e sim de propósito. Segundo o McKinsey Health Institute (MHI), a espiritualidade envolve conexão com algo maior do que si mesmo, sensação de pertencimento, significado de vida e clareza de propósito.

Em uma pesquisa global com mais de 41 mil pessoas em 26 países, o instituto revelou que a maioria dos entrevistados considera essa dimensão da saúde como “razoavelmente importante” a “extremamente importante”. No Brasil, esse número ultrapassa 80%.

Os resultados também mostram que pessoas com baixa saúde espiritual têm quatro vezes mais chance de apresentar problemas de saúde mental, além de registrarem bem-estar físico e social significativamente inferiores.

Ainda assim, apenas 1% dos estudos em saúde tratam da dimensão espiritual, enquanto 75% continuam focados exclusivamente no corpo.

Para o Dr. Pacheco, essa lacuna é alarmante: “Estamos cuidando de partes do trabalhador e ignorando o todo. Essa negligência pode comprometer a eficácia de qualquer programa de saúde corporativa. O que não é visto, não é cuidado — e isso inclui o espírito.”

O papel das empresas e a importância da escuta

No contexto atual, marcado por instabilidade, sobrecarga e ansiedade, promover sentido no trabalho é mais do que uma ação humanizada — é uma estratégia de saúde.

A geração Z, por exemplo, tem demonstrado maior interesse pela espiritualidade. Segundo o estudo do MHI, jovens com maior desenvolvimento espiritual apresentam melhores indicadores de saúde mental, física e social.

Por isso, Dr. Pacheco alerta: “O mundo corporativo precisa entender que saúde espiritual não é luxo, é necessidade. Em tempos de tanta incerteza e sobrecarga emocional, oferecer espaços para o autoconhecimento, para a escuta e para o silêncio pode ser tão valioso quanto oferecer um bom plano de saúde.”

Práticas como a meditação, a introspecção, a oração ou mesmo espaços para conversas significativas são cada vez mais reconhecidas como ferramentas que promovem bem-estar emocional, força interior e equilíbrio.

O próprio CFM reforça que essas práticas podem contribuir para hábitos mais saudáveis, melhor recuperação de doenças e fortalecimento da relação médico-paciente, contanto que sejam realizadas de forma ética, sem qualquer tipo de proselitismo.

Cuidar do todo para gerar valor real

Reconhecer a espiritualidade como parte legítima da saúde não significa transformar o trabalho em um templo, mas sim acolher o ser humano em sua inteireza. É oferecer ferramentas para que cada pessoa se sinta vista, valorizada e conectada com algo maior - consigo mesma, com a equipe, com o propósito do que faz.

Esse é o verdadeiro cuidado ocupacional: aquele que vai além do físico, que inclui o emocional e o espiritual, e que, por isso mesmo, é mais eficaz, mais duradouro e profundamente humano.

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