A morte é um assunto recorrente na teledramaturgia. Geralmente, o tema é relacionado ao mistério que rege as tramas ou o destino de vilões ardilosos. Em “Bom Sucesso”, novíssima novela das sete que estreia nesta terça, dia 29 de julho, a morte volta a dar as caras na tevê, mas não como punição. Ela funciona como ponto de partida para um novo jeito de olhar a vida. “A morte é a única certeza que a gente tem e não precisa ser um tabu falar disso. Especialmente porque, com a consciência de que nossos dias são finitos, podemos valorizar mais cada momento”, filosofa Rosane Svartman, autora da trama ao lado de Paulo Halm. O estilo da dupla já é conhecido do grande público. Em 2014, a eles estrearam a parceria com uma vitoriosa temporada de “Malhação” e, no ano seguinte, assinaram o sucesso “Totalmente Demais”. Equilibrando romance, drama e risos na medida para o horário, a dupla promete mais um trabalho marcado pela leveza que lhe é peculiar. “A vida não é todo dia um drama e também não é todo dia tão leve e fácil. Optamos por uma linguagem contemporânea e divertida, mas também é bacana levar o público a uma reflexão”, entrega Halm.
Na trama, Paloma, de Grazi Massafera, leva um dia a dia corrido e nunca tem tempo para pensar nela mesma. Até que um exame de saúde lhe trazer uma sentença determinante: ela tem apenas seis meses de vida. A percepção da morte a desperta para o presente. O diagnóstico do exame, porém, é de outra pessoa. Os testes foram trocados e o resultado pertence a Alberto, personagem de Antonio Fagundes. Os dois se conhecem e a paixão em comum pela literatura é a semente para a construção de uma amizade capaz de abrir horizontes e dar um novo significado à vida de ambos. A convivência entre eles e as novas experiências que protagonizam vão afetar a todos que os rodeiam, principalmente dois homens apaixonados por Paloma: Ramon, de David Junior, pai de sua primogênita e o amor que ela conhece desde muito jovem, e Marcos, de Romulo Estrela, filho de Alberto que sente por ela uma paixão arrebatadora e inesperada. “Muita gente vive de forma protocolar, postergando sonhos e objetivos. O fato de a Paloma ter uma data para morrer faz ela se transformar e viver uma vida mais intensa. Sendo assim, essa trama fala, basicamente, de renascimento”, filosofa uma confiante Grazi, feliz por viver uma mulher simples e solar.
Ambientada no Rio de Janeiro, as gravações “Bom Sucesso” começaram no início do mês de abril. Sob o comando do diretor artístico Luiz Henrique Rios, uma pequena equipe viajou até Chicago, nos Estados Unidos, em pontos que remetem ao universo do basquete, já que Ramon se mudou para lá há mais de 15 anos com o sonho de jogar profissionalmente. Ao longo de uma semana, as gravações passearam pelo United Center, que é a casa do time de basquete Chicago Bulls, e nas margens do Rio Chicago. Além disso, também rodou sequências em pontos turísticos como os parques públicos Millennium Park e Grant Park. “Quando criança, meu sonho era ter uma camisa do Chicago Bulls por causa do Michael Jordan. Me ver dentro da quadra para gravar a novela foi um sonho. Beber dessa fonte foi fundamental para o personagem”, valoriza David. Em maio, a viagem foi mais próxima. Direção, elenco e equipe técnica passaram cerca de 10 dias em Búzios, litoral fluminense, onde captaram cenas nas praias de Geribá e Tucuns. É lá que acontece o primeiro encontro entre Marcos e Paloma. “Marcos precisa do ar, do verde, da água, da areia para viver. Fui buscar esses lugares para a construção do personagem. Foram dias incríveis”, destaca Romulo Estrela.
Grande parte da ação de “Bom Sucesso” se passa no bairro do subúrbio carioca que inspirou o título da novela: Bonsucesso. Os cenógrafos fizeram diversas visitas ao local para reproduzir a atmosfera da região na cidade cenográfica erguida em uma área de cerca de 8 mil m² nos Estúdios Globo. “É preciso sentir o bairro para poder pinçar o que é representativo daquele mundo. Trouxemos todo o colorido e a alegria que presenciamos lá”, explica May Martins, que assina a cenografia ao lado de Marcelo Carneiro. O comércio, muito característico na região, está presente com camelôs, lojas de roupas, artigos para festa, itens de decoração e de material elétrico, lanchonete, pastelaria, farmácia, além de mais de 150 manequins espalhados pelas ruas. A cidade cenográfica ainda conta com muitas placas e letreiros, além de uma entrada para a estação de trem, transporte que Paloma usa praticamente todos os dias. “Ainda temos uma área mais residencial, onde fica a casa da protagonista, que é uma construção da década de 1930, e outra região mais decadentes, onde tem a quadra de basquete”, destaca Carneiro.
Entre palavras
Rosane Svartman e Paulo Halm conceberam “Bom Sucesso” como uma carta de amor e apoio à literatura. Em um momento onde editoras perdem força e o comércio de livros já não é mais o mesmo, os autores utilizam esse universo como principal pano de fundo da história. Com a saúde debilitada, Alberto, de Antonio Fagundes, pede que os filhos assumam o comando da Editora Prado Monteiro o mais rápido possível. Nana, papel de Fabiula Nascimento, entende de negócios melhor do que ninguém, e Marcos, protagonista de Romulo Estrela, apesar de irresponsável aos olhos do pai, é apaixonado por livros. Os dois juntos são imbatíveis e funcionam como cabeça e coração. “Nana se entrega ao trabalho para manter a família unida. Mesmo assim, não é reconhecida e se sente rejeitada pelo pai. É uma história com muitos traumas envolvidos”, conta Fabiula.
Na editora, os irmãos contam com um time talentoso e igualmente envolvido pelo mundo dos livros, como os editores Mario, Thaissa e Felipe, personagens de Lucio Mauro Filho, Yasmin Gomlevsky e Arthur Sales. Os negócios da empresa precisam ser alavancados e uma das estratégias pensadas pelos editores é a publicação de títulos mais populares. É aí que o escritório é invadido pela personalidade intensa da atriz Silvana Nolasco, de Ingrid Guimarães, com quem Marcos já teve um flerte e que foi seduzida a publicar sua biografia recheada de “barracos”. “Silvana se acha a melhor atriz do Brasil e não tem o menor problema em falar sobre isso. Tem milhões de seguidores, é a vilã da novela e vive para a carreira dela”, diverte-se Ingrid.
Por baixo dos panos, outra vilã de “Bom Sucesso” é a dissimulada Gisele, assistente pessoal de Nana, interpretada por Sheron Menezzes. Ambiciosa e invejosa, ela mantém um caso com o marido de sua chefe, Diogo, de Armando Babaioff. Os dois têm o plano de tomar todas as posses da família Prado Monteiro e, por isso, Gisele espiona e sabota a chefe. “Ela realmente acha que essa relação é de verdade e acaba cometendo atrocidades por amor. Como nem sempre se dá bem, existe um humor nesse fracasso que é muito interessante”, elogia Sheron.
Quem é quem
Núcleo de Paloma
Paloma é Mulher batalhadora, solar e sonhadora que, apesar das dificuldades do dia a dia, está sempre disposta a ajudar as pessoas. Apaixonada pelos livros, batiza os três filhos com nomes inspirados em grandes clássicos da literatura: Alice (Bruna Inocêncio), Gabriela (Giovanna Coimbra) e Peter (João Bravo). Quando engravida de Ramon (David Junior) de sua primogênita, precisa abrir mão do sonho de estudar Letras e começa a trabalhar como costureira. Tem mais dois filhos de outro relacionamento, mas fica viúva cedo e nunca esquece a paixão de juventude por seu primeiro amor. Moradora de Bonsucesso, é frequentadora assídua da quadra da Unidos do Bom Sucesso. Depois de ser vítima de uma troca de exames, tem sua vida virada do avesso ao acreditar que tem seis meses de vida. Isso a levará a conhecer Alberto (Antonio Fagundes), com quem construirá uma forte amizade, e Marcos (Romulo Estrela), que fará com que seu coração fique dividido entre ele e Ramon. O grande sonho de Ramon era ser jogador de basquete, mas uma grave contusão o deixou fora das quadras. Morando nos Estados Unidos há muitos anos, ele decide voltar para reconquistar a confiança de Paloma e de sua filha. Sempre ao lado da mocinha está Antônio (Anderson Muller), seu irmão mais velho. Casado com Lulu (Carla Cristina Cardoso), ele se acomodou com o status de desempregado há alguns anos. Tem um bom coração, mas vive devendo ou apostando dinheiro sem que a mulher saiba. Em contrapartida, ajuda na barraquinha de comes e bebes de Lulu e faz alguns bicos.
Núcleo de Alberto
Alberto é o patriarca da família Prado Monteiro. Pragmático, autoritário e ranzinza, ele é o pai distante e exigente de Nana (Fabiula Nascimento) e Marcos (Romulo Estrela). A única pessoa por quem Alberto consegue demonstrar amor e carinho é sua neta Sofia (Valentina Vieira), para quem adora contar histórias e ler livros de sua imponente biblioteca. Construiu a Editora Prado Monteiro vendendo enciclopédias de porta em porta. A editora hoje é focada em livros acadêmicos e clássicos em edições de luxo, mas está em vias de ir à falência. Passa a repensar a forma como encara a vida ao conhecer Paloma, a mulher com quem o seu exame acusando uma doença terminal foi trocado. Com a piora da saúde de Alberto, Marcos decide retornar ao Rio de Janeiro para ajudar o pai a reerguer a editora, tornando-a mais popular e acessível. É nesta volta que vai se aproxima de Paloma. Quem não fica nada feliz com esse clima de romance é Silvana (Ingrid Guimarães), uma atriz extravagante e egocêntrica que está de olho em Marcos. Quem não está nem aí para o amor é Nana. Workaholic e perfeccionista, é a mente administrativa por trás dos negócios da editora e frequentemente é alvo da arrogância e crueldade do pai. Por conta do trabalho, nem desconfia que seu marido Diogo (Armando Babaioff) e sua assistente pessoal, Gisele (Sheron Menezzes), têm um caso.
Família Machado
Vaidosa, elitista e presunçosa, Eugênia (Helena Fernandes) é dona da loja Chic Store, onde Paloma trabalha, e frequenta a “high society” carioca. Esposa de Machado (Eduardo Galvão) e mãe de Vicente (Gabriel Contente), superprotege o filho e consegue ter todos os desejos atendidos pelo marido. É capaz de usar a influência da família para o próprio bem-estar sem pensar nas consequências para terceiros. Quem paga toda essa “conta” é Machado, dono de um renomado escritório de advocacia. Ele dá mais atenção aos pitacos da esposa do que à própria consciência. Os dois até tentam ser bons pais, mas não conseguem entender o temperamento mais introspectivo de Vicente. Apaixonado por basquete, o garoto é rebelde, odeia estudar e, diferentemente do que os pais esperam, não quer fazer Direito. Sonha em entrar para a NBA ou para uma universidade americana como atleta. Tem dificuldade de expressar seus sentimentos e, quando começa a jogar no time de basquete do Clube Esportivo Ipê Roxo, conhece Gabriela (Giovanna Coimbra), com quem viverá uma relação de gato e rato.