O Brasil contemporâneo, com suas paisagens, lutas, afetos e questionamentos, estará em cena no Sesc Teatro Prosa de hoje até sábado. Nesse período, a unidade sedia uma etapa da Mostra Palco Giratório, considerado o maior projeto de circulação de artes cênicas do País.
Com entrada gratuita, a programação traz grupos artísticos do Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pará, oferecendo ao público sul-mato-grossense um panorama rico e diversificado da produção teatral nacional.
Três dos quatro espetáculos contarão ainda com interpretação em Libras, reforçando o compromisso com a acessibilidade.
O PROJETO
O Palco Giratório, projeto do Sesc lançado em 1998, é uma iniciativa consolidada no cenário cultural brasileiro, responsável por intensificar a formação de plateias por meio da circulação de espetáculos dos mais variados gêneros.
Nesses mais de 20 anos, o projeto já contou com a participação de 412 grupos de todas as regiões do País, realizando aproximadamente 10.000 apresentações para um público estimado em mais de 5 milhões de espectadores.
A curadoria, construída por uma rede plural de representantes do Sesc em todo o Brasil, busca fomentar o intercâmbio e a difusão de linguagens cênicas que dialoguem diretamente com as urgentes questões do nosso tempo.

ESPETÁCULOS
A semana no Teatro Prosa começa com força e consciência política. Na terça-feira, às 19h, o grupo cearense Pavilhão da Magnólia apresenta “A Força da Água”. Com dramaturgia e direção de Henrique Fontes, o espetáculo de teatro documental traça um caminho historiográfico pela seca no Ceará, partindo das promessas do imperador Dom Pedro II, passando pelos horrores dos campos de concentração e pelo massacre do Caldeirão, até os dias atuais.
A peça questiona, de forma bem-humorada e crítica, a narrativa da seca como uma fatalidade, expondo os mecanismos da “indústria da seca” e denunciando os fatos que foram apagados da história oficial, culminando na reflexão sobre a água não ser um direito Constitucional garantido a todos.
O espetáculo, que provoca o público a pensar “até quando aceitaremos?”, é classificado para 14 anos e será acessível em Libras.
Na quarta-feira, também às 19h, é a vez do teatro infantil ganhar o palco com inovação e sensibilidade. A Trupe do Experimento (RJ) apresenta “Da Janela”. A peça narra a história da menina Malu, que, de sua janela, observa e narra o nascimento da amizade entre Nina e Cadu.
A montagem se destaca por incorporar os recursos de acessibilidade – como Libras e audiodescrição – como elementos centrais da dramaturgia e da cena, e não como meros apêndices. A narrativa prioriza o brincar como ferramenta de descoberta, propondo um jogo divertido com a plateia e fomentando o diálogo em família sobre inclusão e comunicação para além das palavras. Classificação livre.
A programação da quinta-feira, reserva um momento especial de reflexão e troca. Às 19h, acontece o Pensamento Giratório, um debate com o tema “A criação dramatúrgica a partir de uma comunicação acessível e poética”, também conduzido pela Trupe do Experimento.
Mediado por Felipe Sampaio, o encontro propõe uma conversa com o público a partir da experiência como espectadores e dos desafios enfrentados pelo grupo em sua pesquisa, que insere os recursos de acessibilidade como linguagem cênica intrínseca. O objetivo é discutir a construção de um teatro verdadeiramente comunicável para todas as pessoas. A atividade é livre e acessível em Libras.
A sexta-feira, às 19h, recebe o grupo mineiro Esparrama! com o comovente espetáculo “Aptá”. Trata-se de um trabalho de dança-teatro que une movimento, palavra e silêncio para explorar as relações entre o dançarino Bernardo Gondim (também idealizador e dramaturgo ao lado de Anamaria Fernandes) e seu filho, Manoel, que está dentro do espectro autista.
A criação artística se entrelaça com a jornada pessoal de Bernardo, que durante o processo perdeu seu pai, fechando um ciclo emocionante entre três gerações: avô, pai e filho.
“Aptá” mergulha nas experiências de comunicação inerentes a esses contextos geracionais e de atipicidade comportamental. Classificação livre.
Encerrando a semana com poesia e imaginação, no sábado, às 16h, o grupo Las Cabaças (PA) apresenta “Divagar e Sempre”. O espetáculo, classificação livre, reflete sobre a amizade da dupla de palhaças Bifi e Quinan.
No meio da floresta, elas procuram chegar a um lugar utópico e desconhecido, que vai se construindo na medida em que caminham. Enquanto uma quer ir “Lá”, a outra prefere ficar “Aqui”, mas seguem unidas rumo ao desconhecido.
O trabalho é um mergulho no imaginário da Amazônia, dedicado a todos que vivem nas beiras dos rios, e apresenta ao público do Centro-Oeste um olhar sensível e cênico originário do Norte do país. O espetáculo será acessível em Libras.

Neli Marlene Monteiro Tomari e Yosichico Tomari, que hoje comemoram bodas de ouro, 50 anos de casamento - Foto: Arquivo Pessoal
Donata Meirelles - Foto: Marcos Samerson


