O sorriso encantador de Luís revela um passado, um presente e um futuro pautados na fraternidade. De Moçambique, ele foi a primeira criança a ser atendida pela organização humanitária que nasceu em Campo Grande para acolher famílias na África, a Fraternidade sem Fronteiras, em 2009. “Antes da Fraternidade, a gente ia para a machamba, que aqui vocês chamam de roça, e trabalhava para ganhar R$ 2,50 para então poder ir à escola”, conta.
A expectativa de vida dele era estudar até a 4ª série e depois só trabalhar na lida. Destino que foi mudado e moldado graças aos padrinhos. “Quando a Fraternidade chegou, eles cortaram aquelas raízes de a gente ir à roça, e eu pude estudar. Nunca sonhei em cursar Ensino Médio e faculdade, mas a Fraternidade garantiu isso”, diz o agora acadêmico de Administração Pública.
Luís deixou a aldeia onde morava e foi para uma cidade maior, viver a sensação descrita como a “mais incrível de sua vida”, a de prestar vestibular. “Eu agradeço por ter essa corrente de amor, esses padrinhos, unindo-se por este objetivo de ultrapassar a fronteira geográfica e chegar a Moçambique”.
O país de origem do Luís foi onde todo o trabalho fraterno começou, depois que o coração do fundador recebeu um “chamado”. Quando menino, Wagner Moura Gomes já tinha o sonho de acabar com a fome e a miséria na África. Projeto que vem se concretizando ao longo dos últimos 10 anos, com os padrinhos que abraçam o mesmo desejo dele.
A primeira ação da Fraternidade, chamada Acolher Moçambique, hoje conta com 34 centros de acolhimento, que oferecem alimentação, cuidados com a higiene, atividades pedagógicas, culturais e formação profissional a crianças e jovens das aldeias.
De lá, a Fraternidade esticou os braços para dar as mãos aos órfãos do Senegal. Em Dakar, funciona o projeto Chemin du Futur, em que adolescentes e jovens, que antes moravam na rua, conquistam nova perspectiva de vida. Em 2017, o trabalho chegou a Madagascar, especificamente em Ambovombe, ao sul da ilha, um local onde a miséria e a fome assombram a população. Na falta de água, moradores tomam o restinho que encontram quando chove, cerca de duas ou três vezes ao ano. Na região, foram acolhidas aproximadamente 3 mil crianças e mães, em três unidades da Fraternidade, onde recebem alimentação, água limpa para beber e higiene básica.
No mesmo ano, a Fraternidade deu o pontapé para os projetos no Brasil, abraçando a causa pelo tratamento de crianças com Microcefalia, no Nordeste, em apoio ao trabalho do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (Ipesq), na Paraíba, prestando assistência para que quanto mais cedo as crianças recebam o tratamento intensivo adequado, maiores as chances de vencer as sequelas.
EM CAMPO GRANDE
Na Capital, a Fraternidade sem Fronteiras também está nas ruas. Unida à Clínica da Alma, o projeto oferece tratamento e oportunidade aos dependentes químicos. “O programa foi criado para fomentar a Clínica da Alma, que realiza um trabalho sério e cumpre seu objetivo”, explica a coordenadora da Fraternidade, Soraia Monteiro. A finalidade da organização aqui é arrecadar recursos para manter as ações nas duas chácaras que atendem aos 130 homens e 40 mulheres dando tratamento de um ano e trabalhando a ressocialização.
Também na Capital, a Fraternidade chegou aos corações movidos pela música, por meio da Orquestra Filarmônica Jovem Emmanuel, garantindo estudo da música, como incentivo à autoestima e disciplina, em que os alunos recebem a instrução e o contato com os instrumentos, inspirando novos sonhos e escolhas de vida.
No estado de Roraima, a organização acolhe venezuelanos imigrantes que atravessam a fronteira da Venezuela com o Brasil em busca de uma chance. O projeto mais recente é em Malawi, na África, onde vivem 38 mil refugiados, que estão há mais de 20 anos no campo Dzaleka. Na região, o trabalho é para levantar um centro de acolhimento com salas de aulas, oficinas, artes, água potável e cultivo sustentável.
Ainda há muitas outras ações para abraçar e somar. De Campo Grande, também vai ajuda para a Bahia, com os projetos Jardim das Borboletas e Retratos da Esperança, para crianças que nascem com epidermólise bolhosa e famílias que sobrevivem com a seca do sertão nordestino e, para o Haiti, onde uma escola está sendo construída para abrigar 200 crianças desamparadas pela guerra e terremotos no país.
COMO AJUDAR
Existem várias maneiras de colaborar com os trabalhos da Fraternidade sem Fronteiras. A primeira delas é apadrinhando um projeto, com a doação de R$ 50 ou mais por mês que serão destinados para a compra de alimentos, atenção à saúde, estudo, atividades pedagógicas, culturais, formação profissionalizante
e também a estrutura e montagem dos centros de acolhimento.
A ajuda também pode ser por meio de doação avulsa. Voluntários podem viajar nas caravanas para conhecer de perto as crianças acolhidas, os trabalhadores e o dia a dia nos centros de acolhimento. E ainda contribuir divulgando a causa ou organizando eventos em prol dos projetos da Fraternidade sem Fronteiras, além de curtir, compartilhar e comentar as postagens da organização nas redes sociais.
O site da organização é o www.fraternidadesemfronteiras.org.br. No Facebook, pela página https://www.facebook.com/fraternidade.semfronteiras/ e no Instagram como @fraternidadesemfronteiras.