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ARTES VISUAIS

Temporada de exposições do Museu de Arte Contemporânea começa nesta quarta

Desiquilíbrio ambiental e subjetividade estão entre os temas de exposições

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A segunda temporada de exposições do Museu de Arte Contemporânea (Marco) para 2022, que será aberta nesta quarta-feira, às 19h, com entrada franca, põe foco em temas como o desequilíbrio ambiental, a subjetividade da urbe abandonada e do isolamento em zonas rurais, a devastação do agronegócio e a relação homem-tecnologia.

Nomes que se dedicam a diferentes suportes e linguagens, selecionados por meio de edital público, assinam os trabalhos que compõem as quatro novas exposições: Felipe Siqueira, com “Desvios Portáteis”; Finok, com “Liberdade Assistida”; o Coletivo Dodo, com “Ocupa Dodo”; e Jó Aquino, com “A Tua Cultura É o Meu Patrimônio”.

desvios

Em “Desvios Portáteis”, Felipe Siqueira apresenta uma série de colagens digitais produzidas com smartphone a partir da reciclagem criativa do lixo midiático gerado por segmentos como a publicidade, a moda, o design e a própria arte – se é que ainda é possível tal distinção.

“Gosto muito da expressão surrealista, e dentro da colagem ela se faz muito presente e forte no meu trabalho, essa reinterpretação dos signos, dos símbolos. Também abordo uma temática onírica, sensualidade, caos urbano, cidade, solidão”, divaga Siqueira, que trabalha com colagens desde 2015.

Arquiteto e urbanista de formação, pela UCDB, em 2018, o artista diz que, com a sua mostra, pretende fazer uma provocação sobre “nossa relação com a tecnologia” e como isso afeta a percepção do que é real ou imaginário. “Eu vou até o surreal para falar de coisas que vivemos na vida prática, no cotidiano”, afirma.

“O que os visitantes podem experienciar é uma mistura sinestésica, repleta de imagens que buscam essas situações e de personagens oníricos, mixando sons e sensações desse submundo digital em que mergulhamos todos os dias”, anuncia Felipe Siqueira.

liberdade

Pinturas, desenhos e uma escultura integram a mostra “Liberdade Assistida”, de Finok, nome artístico de Raphael Sagarra. O artista parte de um contato mais íntimo com moradores e pessoas que se encontram, de modo aleatório, em ambientes relacionados com a ideia de abandono. Finok utiliza fotografias, desenhos, bate-papos e suas lembranças pessoais para reinventar “narrativas de felicidade, tristeza e saudade” dos personagens.

“Os indivíduos que enfrentam múltiplas adversidades nesses ambientes problemáticos, como pobreza excessiva, ausência de atenção do Estado ou falta de água por conta do clima extremamente seco, se tornam o corpo das obras que buscam a valorização daquilo que está permanentemente em declínio, observando com beleza e visando maior atenção a essas vidas e a esses territórios, tensionando a discussão sobre o direito à igualdade dentro da nossa sociedade”, explica.

A liberdade assistida é uma das medidas socioeducativas previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente para jovens infratores. Além de restringir parte dos direitos legais, a medida garante ao menor acompanhamento sistemático de um assistente social e não lhe priva de liberdade, inclusive do convívio social – família, escola e comunidade.

dodo

Carol Carvalho, Gabriel Brito, Gabriel Martins, Marina Cozta, Patricia Osses, Victor Macaulin e Xulia são os sete artistas do Coletivo Dodo, que assina a “Ocupa Dodo”, mais uma mostra da nova temporada do Marco. A exposição envolve trabalhos em fotografia, fotografia de instalação, desenho, lambe e fotografia sobre tecido.

Criado com a proposta de habitar e “(re)existir em espaços urbanos inacabados, abandonados e esquecidos”, o coletivo prospecta nos locais o que entende como potencialidades, “ressignificando-os e transformando-os em espaços ativos, que abriguem acontecimentos e que gerem uma sensação de pertencimento”. Em suas ocupações, o Dodo também lança mão de videoinstalações, performances, pinturas e outros procedimentos.  

O Dodo, por meio de um mapeamento permanente do espaço urbano em Campo Grande, traça uma cartografia de “lugares possíveis”, reivindicando, então, o uso de espaços públicos com ações práticas de transformação ancoradas no binômio arte-vida.

Para a ocupação temporária da grande sala do Marco, o mesmo espaço em que até 5 de junho estavam expostas as xilogravuras de Arlete Santarosa, o coletivo destaca uma ideia particular de múltiplo deslocamento, “do marginal ao institucional, perpassando pela margem até o centro, retornando do centro para a margem, traçando suas próprias linhas e instituindo sua cartografia das transitoriedades”.

agrovilão

Em “A Tua Cultura É o Meu Patrimônio”, Jó Aquino apresenta a sua pintura, que mistura pigmentação natural de terra, tinta acrílica e óleo sobre tela para tematizar a destruição do meio ambiente. “São paisagens que fazem o espectador pensar sobre a degradação da natureza”, diz Aquino.

“A mostra faz uma reflexão do homem como autor dessa degradação por meio das queimadas, a agropecuária e a agricultura de monocultura como possíveis causadoras dos desastres ambientais, transformando as paisagens naturais em outras paisagens danificadas por essa agressão humana, uma cultura de ganância e capitalista”, denuncia o artista, que está em atividade desde 1995. Esta é a primeira vez que Jó Aquino, normalmente voltado para “o psicológico e o trauma humano”, trabalha com a questão ambiental.

“Por ter nascido no campo e ter convivido com a natureza, gosto da natureza selvagem e dos biomas, tive sempre no fundo uma preocupação ambientalista. Está na hora mais que urgente de pensar na conservação da natureza e ajudá-la a se recuperar das feridas causadas pelo homem moderno. Que no futuro próximo o homem possa ser consciente de que ele é somente um elemento da natureza e não pode ser o vilão desse desequilíbrio natural”, conclui o artista.

Serviço: Marco – Museu de Arte Contemporânea 2ª Temporada de Exposições 2022 | “Desvios Portáteis” – Felipe Siqueira/ “Liberdade Assistida” – Finok/ “Ocupa Dodo” – Coletivo Dodo/ “A Tua Cultura É o Meu Patrimônio” – Jó Aquino - de 15/06 a 28/08, de terça a sexta-feira, das 7h30min às 17h30min. Sábados e domingos das 14h às 18h. Entrada franca. Endereço: Rua Antônio Maria Coelho, nº 6.000, dentro do Parque das Nações Indígenas. Mais informações e agendamento para visitas mediadas: (67) 3326-7449.

 

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CAMPO GRANDE

Evento reúne 250 carros antigos com exposição de Fusca, Opala e Chevette

Evento é solidário/beneficente e venda de alimentos e bebidas será destinada à instituições sociais

28/11/2024 11h15

Exposição de Fuscas

Exposição de Fuscas DIVULGAÇÃO

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Exposição de carros antigos acontecerá neste fim de semana em Campo Grande.

Fusca, Opala, Chevette, Gol ‘quadrado’, Brasília, Ford Del Rey, Santana, Chevrolet D-20 e Ford F-1000 serão alguns dos veículos em exposição. É uma ótima oportunidade para os que são apaixonados por carros antigos.

A exposição terá shows musicais, espaço kids com o Carretão da Alegria, praça de alimentação, cães adestrados da Polícia Militar Rodoviária (BPMRv) e diversas outras atrações.

Exposição de Fuscas Evento acontece anualmente no estacionamento do Comper

O evento é beneficente e solidário, ou seja, a renda obtida com a venda de alimentos e bebidas nas barracas será destinada a três instituições: Casa Peniel, Escola Juliano Varela e Cotolengo Sul-Mato-Grossense.

‘Confraria Apaixonados por Fusca e Derivados MS’ ocorre neste sábado (30), das 14h às 22h, no estacionamento do Comper Itanhangá, localizado na rua Joaquim Murtinho, número 1679, bairro Itanhangá Park, em Campo Grande.

A Confraria Apaixonados por Fusca e Derivados MS nasceu em 2011, a partir da união de amigos apaixonados por carros antigos.

Desde então, o grupo organiza eventos e ações sociais, com o objetivo de compartilhar a paixão por carros e ajudar o próximo.

“Nosso objetivo é reunir os amantes de carros antigos, promover a cultura automotiva e, ao mesmo tempo, contribuir para uma causa nobre. Ficamos muito felizes com a adesão do público na primeira edição e esperamos repetir o sucesso neste sábado”, ressaltou  um dos presidentes da Confraria do Fusca, Luiz Paulo Domingos da Costa.

Em 6 de setembro, houve outra feira de exposições de carro na Capital.

 

 

SERVIÇO

Evento: 2º Encontro de carros antigos da Confraria Apaixonados por Fusca e Derivados

Data: 30 de novembro (sábado)
Horário: das 14h às 22h
Renda da ação em favor das Instituições: Casa Peniel, Escola Juliano Varela e Cotolengo Sul-Mato-Grossense
Local: estacionamento do Comper Itanhangá

PANTANAL DE CORUMBÁ

Exército e Iphan apresenta projeto de R$ 8 milhões para a restauração do Forte Coimbra em Corumbá

Exército e Iphan apresentam projeto de R$ 8 milhões para restauração do Forte Coimbra; a ideia é que os recursos sejam captados pela Lei Rouanet e que as intervenções, além de integrar a comunidade civil, fortaleçam o culto a Nossa Senhora do Carmo

28/11/2024 10h00

Amuleto: palco de grandes batalhas contra espanhóis e paraguaios no século 19, fortificação tinha a imagem  da santa estampada em sua muralha, o que intimidava os inimigos

Amuleto: palco de grandes batalhas contra espanhóis e paraguaios no século 19, fortificação tinha a imagem da santa estampada em sua muralha, o que intimidava os inimigos Foto: Divulgação

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Exército e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aguardam aprovação do Ministério da Cultura para captar R$ 8 milhões, via Lei Rouanet, para o projeto de restauração do bicentenário Forte Coimbra, no Pantanal de Corumbá, tombado em 1974. A obra vai além da preservação de um dos maiores patrimônios arquitetônicos nacionais: integra a comunidade civil local e fortalece a religiosidade e a manutenção da festa de Nossa Senhora do Carmo.

Construído a partir de 1775 no estreito de São Francisco Xavier, margem direita do Rio Paraguai, a fortificação foi palco de duas grandes batalhas no século 19, contra os espanhóis (1801) e os paraguaios (1864). Infinitamente inferiores, os brasileiros teriam sido massacrados sem a intercessão da santa padroeira, cuja imagem na muralha do forte, segundo registros, fez os inimigos retrocederem, fato considerado milagroso e cultuado por militares e civis.

Situado na tríplice fronteira do Brasil com Bolívia e Paraguai, Coimbra é um exemplar da arquitetura militar portuguesa do século 18 nos sertões ocidentais brasileiros e testemunho da ocupação do território nacional no período de guerras e indefinições limítrofes. Após a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), o Exército assumiu a administração e hoje mantém um pelotão especial, subordinado à 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira, guardando o local.

ESTUDO ARQUEOLÓGICO

A proposta de revitalização encomendada pelo Iphan sugere a rerratificação da área tombada (abrange apenas a fortificação), para corrigir distorções da legislação da época e garantir a preservação de outros elementos singulares que compõem o espaço: a Gruta Ricardo Franco, as vilas militar e civil, o mirante, a morraria no entorno, o Rio Paraguai e as ilhas Coração e Comprida. Também se propõe um estudo arqueológico antes do início das obras.

O detalhamento das intervenções foi apresentado no encontro para celebrar os 50 anos de tombamento do forte, dia 23, em Corumbá, promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso do Sul (CAU), Iphan/MS, prefeitura de Corumbá, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Exército. Também foi dada ênfase para a devoção à santa padroeira como elo da comunidade local com o conjunto que originou a povoação pós-guerra.

Um dos palestrantes, o superintendente regional do Iphan, João Santos, informou que os projetos de restauro foram elaborados respeitando os valores estéticos e culturais das edificações que compõem o forte. 

As intervenções buscarão melhores condições de acessibilidade, adequações nos banheiros, restauração do piso e da cobertura, ampliação dos quatro espaços expositivos, além de novas pinturas nas paredes internas e externas.

GESTÃO DE RECURSOS

Representando o Exército, a 2ª tenente e museóloga Kauanna Souza explicou que os recursos serão captados por meio da organização Appa Cultura & Patrimônio, de Minas Gerais, que está envolvida também no restauro e na revitalização de outros dois fortes: a Fortaleza de São José de Macapá e o Real Forte Príncipe da Beira. Juntamente com o Forte Coimbra, eles estão na disputa para se tornarem patrimônio mundial pela Unesco. “Assim o projeto anda mais rápido”, completou.

O superintendente do Iphan observou que “o projeto foi construído a várias mãos pensando na preservação do patrimônio cultural como um todo e na valorização dos aspectos sociais”. Uma das etapas prevê qualificação da comunidade “para fazer a vida girar” no distrito, segundo Kauanna. O acesso rodoviário ao forte, com a implantação da BR-454, de 70 km, em execução pelo governo do Estado, vai fomentar o turismo, e os moradores precisam estar preparados.

Festa será reconhecida como patrimônio cultural

Findada a Guerra do Paraguai, a reconstrução em etapas do forte se deu na mesma proporção em que começaram a se instalar os casebres de ribeirinhos e voluntários da guerra, com o Exército, já no controle do bem, proibindo novas edificações a partir de 1930. A vila dos civis prosperou, mantida pelos descendentes, com comércio e pousadas, e chegou a ter 400 moradores na década de 1990. Hoje, são 20 famílias (50 pessoas, a maioria adultos).

O êxodo, que coloca em risco a preservação da tradicional festa de Nossa Senhora do Carmo, se deu por vários fatores: restrições impostas pelos comandantes da guarnição militar, com ordens excessivas, isolamento (chega-se ao distrito apenas pelo Rio Paraguai, distante 70 km da BR-262, no Morrinho), e abandono imposto pela prefeitura. A energia elétrica chegou ali somente no ano 2000; hoje estão fechados a escola, o posto de saúde e o cemitério.

“Com a perda populacional, será que teremos a festa da padroeira daqui a alguns anos?”, questionou o professor Joelson Pereira, da Universidade Federal da Grande Dourados, ao abordar o contexto sociocultural da manifestação popular, que atrai fiéis e turistas de várias regiões do País. 

“O que mantém a tradição são as pessoas, é preciso garantir cidadania com serviços públicos, tornar aquela região um polo de desenvolvimento do Pantanal”, cobrou.

RECONHECIMENTO

Apesar do descaso da administração pública, por iniciativa da Fundação Municipal de Cultura e do Patrimônio Histórico, a Câmara Municipal de Corumbá aprovará projeto de lei que declara a celebração religiosa, que ocorre secularmente no dia 16 de julho, como patrimônio cultural imaterial do município. A fundação apresentou minucioso dossiê da festa, que reúne centenas de devotos civis e militares e tem procissão, churrasco de chão, muita comida e baile.

Amuleto: palco de grandes batalhas contra espanhóis e paraguaios no século 19, fortificação tinha a imagem  da santa estampada em sua muralha, o que intimidava os inimigos

“Não vamos deixar a festa acabar por capricho de alguns”, garantiu a festeira Marina Arruda Ferreira, de 69 anos, que, apesar de morar na cidade, é fervorosa devota da santa há 50 anos e ajuda na organização da celebração. Ela afirmou que a intransigência de alguns comandantes do forte tem prejudicado o evento, citando que no ano passado a ordem do comando era de acabar o baile às 22h e que a procissão foi impedida de entrar na área militar.

SANTA VIVA

Os conflitos entre civis e militares não são recentes, submetendo a comunidade inclusive a toque de recolher. Em 2005, o Exército tentou remover a população para a cidade, mas, com a intervenção do Ministério Público Federal, os moradores receberam a concessão de direito real de uso da área. Em 2021, o Iphan negou pedido do Exército para demolir os imóveis desocupados. Marina Arruda conta que um comandante evangélico chegou a proibir a festa.

“Fui no general da brigada e disse que precisava pagar promessa, então ele autorizou ir ao forte”, lembrou a devota. “O comando atual do forte é nosso parceiro”, prosseguiu. “A padroeira é uma santa viva, meu irmão mais velho, de 91 anos, conta que quando servia no forte, ainda jovem, cansou de ver, com outros soldados, a santa andar à noite pelo caminho entre a antiga e a nova capela. Ninguém vai conseguir acabar com seus milagres e nossa fé”, sustentou. (SA)

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