Até meados de abril, as cerca de 160 mil toneladas de milho, que dificultam a armazenagem da atual safra de soja em Mato Grosso do Sul, devem sair do Estado. Leilão de frete da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no último dia 11, contratou sete empresas transportadoras – nenhuma sul-mato-grossense – que terão, a partir do dia 1º de março, 45 dias para entregar os grãos em 12 estados brasileiros. O prazo pode ser prorrogado, se houver contratempos climáticos ou de qualquer outro tipo. O objetivo da operação é liberar os armazéns do Estado para a soja que já está sendo colhida. Neste ano, a produção da oleaginosa deve ser recorde: 4,9 milhões de toneladas – 18% a mais que a colhida na safra passada. As cargas de milho que vão dar lugar à nova safra sairão dos municípios de Bonito, São Gabriel do Oeste, Dourados, Sidrolândia, Itaporã e Naviraí, com destino a cidades do Ceará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Roraima, Amazonas, Pará, Paraíba, Pernambuco, Tocantins, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. O transporte custará aos cofres públicos federais R$ 30,11 milhões – 3,5% a menos que o valor previsto no edital do certame, que era de R$ 31,22 milhões. Segundo o superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab/MS), Sérgio Rios, as operações de frete serão rigorosamente fiscalizadas por equipes da estatal que, inclusive, enviou um representante de Brasília ontem a Campo Grande para coordenar todo o processo. “Ainda serão disponibilizados cerca de 14 funcionários a campo, enviados aos armazéns que terão milho retirado e uma equipe aqui dentro da superintendência da Capital, emitindo as notas fiscais”, explicou Rios, contabilizando o efetivo de 18 funcionários envolvidos na operação de escoamento da commodity no Estado. Os oito lotes colocados a leilão foram arrematados pelas empresas H Lobo Logística, Rodoviário Matsuda Ltda., Transporte Botuverá Ltda., Transkine Transporte Rodoviário, Polivias S.A. Transportes, Transportes Rodoviários e Transul Transportes Ltda. Nenhuma é sediada em Mato Grosso do Sul. As transportadoras terão que entregar a carga a 38 municípios dos 12 estados listados em, no máximo, um mês e meio. Caso ocorra algum imprevisto, o prazo poderá ser estendido, de acordo com a Conab. “Os armazéns, por exemplo, podem enfrentar dificuldades para expedir o milho. Há a possibilidade de ocorrer de algum problema no equipamento ou na qualidade do produto. Nestas e algumas outras situações, devidamente avaliadas, atrasos serão tolerados”, exemplificou o superintendente do órgão. A concorrência com a safra pode ser outro empecilho para a saída do milho de Mato Grosso do Sul. Como as empresas não são locais, elas geralmente terceirizam caminhões do Estado e também de todo o Brasil – caso estes estejam voltando de alguma entrega ou passando pela região. Se os preços pagos pelo escoamento da soja forem mais atrativos que os fechados no leilão, as empresas licitadas correm o risco de não conseguir mão de obra.