A J&F Mineração, principal e agora maior empresa a operar na extração de minério de ferro e manganês em Mato Grosso do Sul, priorizará suas operações para a exportação das commodities e divulgou que o modal principal para realizar o escoamento será por meio da hidrovia do Paraguai.
A empresa, pertencente à holding J&F Investimentos, que também detém a JBS (proteína animal) e a Eldorado (celulose) no Estado, está operando em Corumbá e Ladário como Mineração Corumbaense Reunida (MCR) e prevê retomar a extração de manganês no Pantanal no início de 2023.
A capacidade de produção anual na Mina de Urucum é de 2 milhões de toneladas de minério de ferro e 450 mil toneladas de minério de manganês.
Com a compra dos ativos que eram da Vale na região do Pantanal, a J&F Investimentos passou a gerenciar integralmente as reservas em julho deste ano.
A empresa fez contato com o governo do Estado e mantém canal aberto com outras autoridades para haver investimentos na hidrovia para garantir o funcionamento do modal mesmo nos períodos de menor capacidade para transporte, como ocorre atualmente. O que o grupo pretende alcançar no próximo ano é a total perenidade da hidrovia.
Esse modelo de transporte mostrou-se favorável no último período de funcionamento da Vale, que ocorreu no primeiro semestre de 2022. Mesmo com nível de calado menor do que em anos anteriores, a antiga detentora dos ativos promoveu um “boom”.
Nos primeiros sete meses de 2022, houve números recordes na comparação com os últimos seis anos. Entre janeiro e julho deste ano, as chatas transportaram mais de 1,074 milhão toneladas de minério de ferro.
Esse volume só ficou atrás do transporte que foi levado a partir do porto Granel Química, de Ladário, no primeiro semestre de 2015, quando a marca foi de mais de 1,299 milhão de toneladas.
A J&F Mineração quer manter essa tendência e já solicitou apoio ao governo de Mato Grosso do Sul para garantir a perenidade da hidrovia a partir de celeridade de análise de projetos envolvendo dragagem e outras ações.
“Não é difícil a gente conseguir a perenidade da hidrovia, com pouquíssimos pontos de dragagem no Rio Paraguai. E sem nenhuma agressão ao meio ambiente. Os órgãos ambientais vão analisar esses projetos. Isso é possível”, afirmou o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que foi a Corumbá nesta terça-feira (6) para visitar a mineradora com diretores e, inclusive, percorreu túneis na Mina do Urucum.
Para que a hidrovia possa ter melhor utilização, a empresa e o governo estadual também ressaltaram que há obras em andamento para se criar ramificação terrestre entre a rodovia BR-262 e o Porto Gregório, que é administrado pela Mineração Corumbaense Reunida (MCR).
A Mina de Urucum fica antes da ponte Poeta Manoel de Barros, sobre o Rio Paraguai, e o porto de carregamento da mineradora está localizado em outro local, exigindo o transporte terrestre.
Outra intervenção apontada é que o acesso para o Porto Granel, atualmente um dos principais empreendimentos para embarque no Rio Paraguai e que fica em Ladário, passará por obras custeadas pelo governo do Estado para melhorar o trajeto.
“Nós já temos o compromisso de pavimentação da BR-262 até o porto, que são 6,4 km que o Estado vai pavimentar. Isso dará mais uma dinâmica para dar sustentação a dois portos para ocorrer a exportação, tanto no Gregório Curvo quanto no Granel Química”, explicou Reinaldo Azambuja.
A exploração da nova empresa na região é, atualmente, de 2,5 milhões de toneladas/ano de minérios, mas já existe projeções para o crescimento dessa extração para até 7 milhões de toneladas/ano no médio prazo.
Porém, para essa meta poder ser alcançada, será necessária a viabilização da melhoria no escoamento e sem a dependência da rodovia, pela BR-262.
“A gente terminou a aquisição recentemente, a nossa primeira ideia é a reativação da Mina de Urucum, era algo superimportante para a empresa, para os municípios [Corumbá e Ladário]. Criamos mais de 300 vagas de emprego”.
“Comentamos com o governador que a nossa meta é continuar expandido e a gente acredita que para o próximo ano a gente tenha capacidade para dobrar a produção que vem sendo feita, mas tudo com muita responsabilidade em termos de questões ambientais”, afirmou Agnaldo Gomes Ramos Filho, presidente da J&F Mineração, em evento realizado em Corumbá nesta terça-feira (6).
FERROVIA
O uso da ferrovia no transporte de cargas, principalmente dos minérios de ferro e manganês, é uma opção em análise. Porém, como depende de trâmites burocráticos para a licitação ser realizada e, posteriormente, do início de obras, esse modal é analisado como de longo prazo, conforme relatos de diretores e autoridades governamentais.
A recomposição da Malha Oeste, que envolve o trecho em Corumbá e que interessa para a mineração, precisa de R$ 14,9 bilhões de investimento privado, distribuídos ao longo de 15 anos. Esses números foram definidos após estudo da Empresa Brasileira de Logística (EPL) apresentado à Semagro ainda em 2021.
