Carlos Henrique Braga
Desconfiados, empresários de Campo Grande estranharam o primeiro Dia Sem Imposto e ficaram de fora da manifestação, mas os consumidores aproveitaram produtos com redução de preços nas três lojas que encararam o desafio ontem.
Elas responderam ao apelo dos organizadores, que convidaram duas mil para a campanha. Ao contrário de outras cidades que promoveram manifestações contra alta carga tributária nacional, nenhum posto de combustíveis disse sim ao Conselho de Jovens Empresários da Associação Comercial de Campo Grande.
A unidade da Avenida Mato Grosso da rede de fast-food Subway tirou do cardápio Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e tributos do regime de tributação Simples. Mais magros, o preço de sete tipos de sanduíches caiu de R$ 5,95 para R$ 3,80 (36% de desconto).
Na especializada em materiais de escritório Zornimat, as vendas de papel Ofício A4, único item participante, cresceu 15% em relação aos dias normais. Sem o ICMS pesando no preço final, o produto passou de R$ 112 para R$ 92. A gerente Priscila Aquino lamenta a baixa adesão dos comerciantes da cidade e creditou isso ao “medo de assumir o tanto de impostos que pagam”.
O temor, segundo membro do conselho, Rodrigo Bogamil, pode ser explicado pela má interpretação do manifesto. “Alguns lojistas tiveram medo de ser acusados de concorrência desleal pelo Ministério Público, mas falamos com o Ministério, que entendeu a campanha como manifestação legal”, explica Bogamil, que admite que o movimento deveria ter sido melhor explicado aos comerciantes. “O começo é difícil, no ano que vem eles já vão conhecer melhor a campanha”.
A coordenadora de marketing da empresa de materiais para construção Alvorada, Giovana Bigolin, vê a campanha como “forma de conscientizar os consumidores do quanto pagam de impostos”.
A loja isentou clientes de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), entre outros, e vendeu tintas que custam R$ 40 por pouco mais de R$ 29. O Kit de portão eletrônico teve redução de R$ 40, chegando a R$ 102,50. “Cada cliente pôde levar um produto, não é promoção, é conscientização, já estamos operando em margem negativa”, contou a coordenadora.