ADRIANA MOLINA
O preço do leite pasteurizado acumula, de janeiro a abril, alta de 13,6% na Capital, conforme dados do Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC-CG), calculado pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Uniderp-Anhanguera. De acordo com o estudo, a média de valores do litro teve trajetória crescente no quadrimestre, passando de R$ 1,69 em janeiro, para R$ 1,92 em abril.
O tipo C, vendido em saquinhos, ou chamado ainda de “barriga mole”, foi o que ficou mais caro no período, apresentando alta de 17,5%. O litro do produto passou de R$ 1,48 em janeiro, para R$ 1,74 no mês passado. Já o tipo A (desnatado e integral), subiu 15,5%, ambos com valores saltando de R$ 1,80 para R$ 2,08 no quadrimestre ao consumidor.
Dados do IPC-CG de abril revelam que, só no último mês, os preços médios do alimento inflacionaram cerca de 7,92%, tornando-o, pela segunda vez consecutiva, o produto que mais colaborou para aumentar a inflação, contribuindo em 0,11% para a elevação do índice total mensal, que foi de 0,49%. A atual situação mercadológica é contrária a verificada no mesmo período do ano passado (abril de 2009), quando o cenário era de queda média de 3,19% nos preços do produto.
Segundo o presidente do Sindicato Varejista de Gêneros Alimentícios de Campo Grande (Sindsuper), Adeilton Feliciano do Prado, as sucessivas altas no ano para o consumidor nada mais são do que reflexo da lei de oferta e demanda. “A produção começou a cair por conta da entressafra e, com a diminuição do produto, os preços tendem a aumentar”, explica.
A previsão, conforme Prado, é de que a menor oferta continue até outubro, quando a produção volta a crescer, pela retomada da disponibilidade de alimento (pasto) para os animais. Porém, até lá, novos acréscimos aos preços do alimento podem ocorrer, tornando o leite oneroso para o consumidor. “Todos os anos verificamos nesse período alta de mais ou menos 15%. Neste, deve seguir essa média”, prevê.
Queda
Contrariando a previsão de alta estimada pelo Sindsuper, o produtor de leite e também proprietário de laticínio, Edgar Rodrigues Pereira, acredita que podem ocorrer quedas nos preços do produto a partir do próximo mês. Isso porque, com a alta acumulada de 10,72% nos supermercados, o consumidor tende a reduzir a aquisição desse tipo de alimento, invertendo o contexto na lei de oferta e demanda.
“Até então o produtor estava sendo melhor remunerado a cada mês por causa da pouca oferta de leite no mercado. O preço do litro chegou a subir 40% desde janeiro para nós. Porém, já começamos a verificar uma estabilização do mercado, justificada pela queda no consumo”, explica Pereira. De acordo com o produtor, alguns mercados já começaram a baixar os preços para conseguir liquidar os estoques, o que deve, em breve, refletir positivamente no bolso do consumidor e negativamente no do produtor.
“Já houve mudança no topo da cadeia, agora esperamos para ver o que será repassado para a base do setor”, disse, prevendo que até o mês que vem (junho), as mudanças já poderão ser sentidas de forma concreta.