O Brasil fez história na Olimpíada de Tóquio 2020. Rebeca Andrade, 22 anos, encerrou a sua participação nos jogos com a melhor campanha da ginástica artística do País, com duas medalhas, sendo uma de ouro no salto e uma de prata no geral individual.
A atleta iniciou sua jornada no esporte com apenas quatro anos e, como muitas meninas que praticam a modalidade, teve muitas dificuldades. De família pobre, a brasileirinha é filha de mãe solo empregada doméstica e, além disso, cresceu com sete irmãos, dos quais recebeu apoio e ajuda.
Seus primeiros treinos foram em um projeto oferecido pela prefeitura de Guarulhos, interior de São Paulo, no Ginásio Bonifácio Cardoso. Mesmo com diversos problemas, a menina nunca desistiu de seus sonhos.
Como estímulo, disse em várias entrevistas que tinha um ídolo, Daiane dos Santos, e que queria chegar onde ela chegou. A gaúcha foi a primeira campeã mundial da ginástica artística brasileira, em Anaheim, 2003, além de conseguir chegar na final dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
Hoje, Rebeca conseguiu superar a sua referência e tornou-se uma “heroína” para meninas que estão iniciando suas trajetórias na modalidade. Em Campo Grande, a ginástica artística não é tão difundida, mas, mesmo assim, as poucas atletas que praticam o esporte sonham em chegar onde as duas brasileiras chegaram, ao topo das melhores competições mundiais.
MAIOR VISIBILIDADE
A ginasta Ana Luisa Neuhauf Franke, 11 anos, começou a praticar o esporte com seis anos, no Ginásio do Dom Bosco. Com o ouro olímpico de Rebeca, sua referência, ela acredita que o esporte vai começar a ter mais visibilidade e apoio.
“É emocionante ver a medalha de ouro. Uma menina que começou de baixo e agora está ganhando uma medalha de ouro, agora ela é referência mundial.
Muita gente não conhecia [a ginástica] e agora está pesquisando mais, conhecendo mais, por causa da Olimpíada”, contou a estudante, que está no sexto ano do Ensino Fundamental.
A campo-grandense teve a oportunidade de conhecer os principais atletas do País no Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística, no Rio de Janeiro, em 2019.
Outra atleta que se dedica diariamente ao esporte é Beatriz Resende, 15 anos. A mãe da atleta, a pedagoga Ida dos Santos Pereira, 48 anos, viu que a filha gostava de fazer movimentos diferentes das outras crianças durante as brincadeiras, como saltos e estrelinhas, e, por isso, resolveu colocá-la na escola de ginástica.
Beatriz se encontrou na modalidade e já ganhou diversas competições, como o Brasileiro de 2019, no qual ficou na primeira colocação no salto em sua categoria.
“A gente incentiva, estamos com ela em todos os momentos. Ela sabe que qualquer esporte que ela queira ou até ir para fora vamos estar aqui para apoiar. O esporte ajuda em tudo, ele e a educação andam juntos. É possível mudar a vida de uma criança por meio do esporte”, relatou Ida dos Santos.
Beatriz, que está no primeiro ano do Ensino Médio, também tem como ídolo Rebeca Andrade. Ela conseguiu estar com a medalhista olímpica no Brasileiro de 2019, e para ela os pódios da brasileira nos Jogos Olímpicos significam muito.
“Eu sou fã de muitos ginastas, mas hoje os melhores são a Rebeca Andrade e o Arthur Nory. As medalhas dela significam todo o esforço e a superação, porque mesmo com as dificuldades ela não desistiu. Ela é muito simpática, humilde e merecedora do que tem”, afirmou a ginasta de Mato Grosso do Sul.
Homenagem no Flamengo
Ontem, Rebeca recebeu homenagem do Flamengo. A ginasta, que defende o Fla há mais de 10 anos, ganhou uma placa parabenizando-a pelas medalhas inéditas nos Jogos Olímpicos e também uma camisa personalizada do Rubro-Negro.
O evento marcou o encontro dela com o MC João, autor de “Baile de Favela”, funk que embalou o solo da ginasta no Japão.
FELIZ COM O ÊXITO
Já Ana Luísa Correia dos Reis, 10 anos, não teve oportunidade de conhecer Rebeca, pois, no campeonato em que se encontrou com outros atletas, sofreu uma lesão e teve de se afastar dos tablados.
“Pude conhecer o Arthur Zanetti e a Flavinha [Flávia Saraiva], mas, mesmo assim, fico feliz com as medalhas dela, acredito que são uma inspiração para me esforçar e conseguir chegar onde quero, que é em grandes competições”, disse a estudante do sexto ano.
A atleta já ganhou diversas competições, como os Jogos Escolares da Juventude, nos quais ficou em 1° lugar. Em dezembro ela tem compromisso marcado em Aracaju (SE), nos Jogos da Juventude 2021. “Espero que a ginástica artística tenha mais visibilidade, mais reconhecimento a partir de agora”, torce.


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