Cidades

BRIGA NO CAMPO

Famasul quer intermediar acordo por outras áreas em MS

Após conciliação que solucionou conflito de terra em Antônio João, presidente da entidade afirmou que buscará outras regiões que possam ter mesmo desfecho

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Conciliação entre o povo Guarani-Kaiowá da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu e produtores rurais de Antônio João pode servir de exemplo efetivo para a resolução de outros conflitos fundiários que ocorrem em Mato Grosso do Sul.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni, após a finalização do processo de conciliação entre as partes, que ainda será votado em sessão do plenário no Supremo Tribunal Federal (STF),  o acordo pode servir de exemplo para outros casos de conflitos de áreas reivindicadas como território indígena no Estado.

“O acordo está feito e será ratificado pelo STF em plenário. Depois de tudo isso resolvido, nós vamos procurar outras áreas para a gente sentar e conversar com as partes dispostas em resolver o problema”, declarou Bertoni.

A Famasul aprova o fechamento do acordo indenizatório no valor de R$ 146 milhões, e acredita que este modelo de conciliação mediado pelo STF pode servir de exemplo quando se trata de conflitos fundiários entre indígenas e produtores rurais.

“Desde que tenha a vontade do Estado e da União e do Ministério dos Povos Indígenas, eu acredito que este acordo possa ser um modelo a ser replicado para o Brasil inteiro”, disse o presidente da Famasul.

O governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), também reiterou a importância do acordo histórico. 

“Participei diretamente das negociações, gente sempre disse que íamos buscar a conciliação junto com todas as partes interessadas para pacificar a situação. Todo o encaminhamento que houve desse acordo, eu considero histórico. Uma discussão ampla, que envolve todo o Brasil, e que a gente consegue dar um passo importante rumo a uma solução definitiva”, disse Riedel.

Ao final da audiência de conciliação, realizada na quarta-feira, que definiu o pagamento indenizatório aos produtores rurais, o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Eloy Terena, falou sobre a necessidade em se chegar a um acordo para entregar a posse da terra ao povo Guarani Kaiowá.

“Este acordo foi um marco inaugural, este é o primeiro caso que estamos fazendo após a decisão do STF sobre o marco temporal, que abriu a possibilidade de se pagar pela terra nua. É um caso a ser comemorado”, enfatizou.

ACORDO

Em acordo histórico entre indígenas e fazendeiros, ocorrido em audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF), o governo federal e governo do Estado se comprometeram a pagar R$ 146 milhões de indenização para proprietários rurais de Antônio João, dando continuidade, assim, a finalização da homologação da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, de 9.317 hectares.

Uma semana após o assassinato do indígena Neri Guarani Kaiowá, de 23 anos, ocorrido no dia 18, o acordo feito com a presença do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), lideranças indígenas Guarani Kaiowá, governo do Estado, representado pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE), Ana Carolina Ali Garcia, e proprietários rurais, que sacramenta o fim dos conflitos pela propriedade das terras em Antônio João.

Do total de R$ 146 milhões que serão pagos como indenização, R$ 102,2 milhões serão destinados pela União aos proprietários rurais pela terra nua, por meio de precatórios, e R$ 16 milhões o governo do Estado vai arcar como contrapartida. 

O outro montante restante, de acordo com a ata do termo da audiência de conciliação, será pago pela União de imediato aos fazendeiros, pelas benfeitorias feitas nas terras, no valor de R$ 27,8 milhões.

Após o pagamento das benfeitorias, que deve ocorrer até o final deste ano, os proprietários rurais terão 15 dias para se retirarem dos 9.317 hectares, que serão oficialmente pertencentes ao povo Guarani Kaiowá.

Já para o pagamento pela terra nua, que será feito através de precatórios, a previsão é que os títulos de precatórios comecem a ser pagos no começo de 2025.

Saiba

O conflito de terras em Antônio João já dura décadas, ao longo desse período, quatro indígenas já foram mortos no município em virtude da disputa por terras. O primeiro foi Marçal de Souza, em 1983, o segundo foi Dorvalino Rocha, em 2005. Dez anos depois, em 2015, Simião Vilhalva foi assassinado. O último foi Neri Guarani Kaiowá, no dia 18.



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Campo Grande

Igreja promove ação de plantio de árvores e conscientização sobre o meio ambiente

Neste sábado (28), a comunidade Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias promove ação social com atividades de plantio de árvores e limpeza do Parque das Nações Indígenas

27/09/2024 16h44

Imagem Divulgação

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A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias promove, neste sábado (28), a ação ambiental “Mãos que Ajudam” no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande.

Neste ano, o tema da mobilização escolhido foi “Mãos que Ajudam o Meio Ambiente”, que tem como objetivo conscientizar a população a respeito da importância da preservação ambiental.

Durante o evento, também serão abordados temas como:

  • Combate à poluição;
  • Resíduos sólidos.

O início da atividade será às 7h30, com a limpeza de áreas verdes e plantio de mudas no Parque das Nações Indígenas.

Segundo os organizadores, o evento tem como objetivo despertar a cultura do cuidado com o espaço coletivo e a preservação ambiental.

Com caráter inclusivo, todos os públicos e idades estão convidados a colaborar da forma que puderem.

Imagem Divulgação

Hidratação

No local, os participantes contarão com pontos de distribuição de água para auxiliar a participação da comunidade.

“A expectativa é mobilizar um grande número de pessoas, reforçando o senso de coletividade e destacando a importância de pequenas ações que, somadas, fazem uma grande diferença. Além da ação de limpeza, o evento será uma oportunidade para fortalecer o vínculo entre a comunidade e o meio ambiente”, diz a nota do evento.

 

 

Certificado

A participação na atividade coletiva renderá certificado; interessados podem se inscrever por meio do link (https://abrir.link/FSCfi).

“O certificado reforça o compromisso com a cidadania e a educação ambiental. Todos estão convidados a se unir a essa importante iniciativa em prol da sustentabilidade e do cuidado com o planeta.”

Saiba: O programa promovido pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ocorre desde 1989 e, desde então, tem mobilizado milhares de voluntários com o intuito de promover ações de ajuda humanitária e atividades pelo meio ambiente.

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Cidades

Deflagrada há 5 anos, Omertà resultou em penas de 129 anos de prisão

No total, foram 17 pessoas condenadas, sendo 11 deles agentes de segurança pública, além de Jamil Name Filho

27/09/2024 16h00

Omertà resultou em condenações que somam 129 anos de prisão

Omertà resultou em condenações que somam 129 anos de prisão Marcelo Victor / Arquivo

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A Operação Omertà, uma das maiores ofensivas contra o crime organizado em Mato Grosso do Sul e que revelou a existência de uma milícia armada ligada à exploração do jogo do bicho, formada por empresários e agentes de segurança pública, completa cinco anos de deflagração nesta sexta-feira (27). 

Ao longo deste período, a operação teve sete fases, sob responsabilidade do Grupo de Atuaçaõ Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que resultaram na condenação de 17 acusados, com penas que somam 269 anos de prisão.

Dentre os principais nomes acusados e condenados por envolvimento na milícia armada estão Jamil Name Filho, condenado há mais de 73 anos de prisão; o ex-guarda municipal Marcelo Rios, o policial aposentado Vladenilson Olmedo e o ex-policial federal Everaldo Monteiro Assis.

Jamil Name também foi preso durante ações da Omertà, em setembro de 2019, apontado como chefe da organização criminosa, morreu em junho de 2021, aos 82 anos, em decorrência da Covid-19. Ele estava preso em Mossoró (RN) e não chegou a passar por julgamento antes da morte.

"Ao levar para a prisão pessoas de sobrenome influente e seus comandados, a Omertà trouxe - além de mais de 269 anos de reclusão em condenações - os sentimentos de justiça, alívio e esperança para famílias que sofreram com a violência e os desmandos perpetrados para assegurar os negócios ilícitos ou, ainda, se vingar de inimigos por questões banais", diz o MPMS, em nota.

Omertà em números

Dentre os números expressivos da Omertà estão:

  • 17 condenados
  • 21 ações penais
  • 269 anos em penas de reclusão
  • 11 agentes de segurança pública punidos, entre policiais civis, um delegado, guardas civis metropolitanos, um policial militar e um policial federal

Os crimes denunciados incluem:

  • Organização criminosa
  • Obstrução à justiça
  • Extorsão
  • Homicídios
  • Posse/Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e restrito
  • Receptação
  • Corrupção ativa e passiva
  • Lavagem de dinheiro

Casos emblemáticos

A primeira fase da Operação Omertá foi deflagrada em setembro de 2019. 

Dentre os casos emblemáticos, destaca-se o assassinato do estudante Matheus Coutinho Xavier, que foi executado por engano no lugar do pai, Paulo Roberto Teixeira Xavier, conhecido como PX, em 9 de abril de 2019.

Jamil Name Filho foi acusado de ter sido o mandante do crime, enquanto Marcelo Rios e Vladenilson seriam seus intermediadores, ou seja, responsáveis pela contratação de uma dupla de pistoleiros.

Os  pistoleiros foram à casa de PX, no Bairro Jardim Bela Vista, em Campo Grande.  Assim que a caminhonete saiu da garagem do militar, a dupla disparou tiros de fuzil contra o motorista.No entanto, o filho de PX era quem conduzia o veículo.

Jamilzinho, foi condenado a 20 anos de prisão pelo homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e o emprego de recursos que dificultaram a defesa da vítima.

Ele também foi condenado por posse ilegal de arma de fogo (um fuzil AK-47, de calibre 7,62) a 3 anos e 6 meses de prisão, além de pagamento de 60 dias-multa.

Outro caso de repercussão foi o homicídio do empresário Marcel Hernandes Colombo, conhecido como Playboy da Mansão, morto em 18 de outubro de 2018 em um bar na Avenida Fernando Corrêa da Costa.

O assassinato teria sido motivado por vingança de desentendido anterior da vítima e Jamilzinho em uma boate, em Campo Grande, quando Marcel deu um soco no nariz de Jamilzinho.

Por este crime, Jamilzinho foi condenado a 15 anos de prisão, sendo considerado o mandante do crime.

Marcelo Rios foi condenado a 15 anos de prisão, enquanto o policial federal Everaldo Monteiro de Assis pegou 8 anos e 4 meses de detenção. O primeiro segue preso, já o ex-agente federal poderá recorrer em liberdade, pois não foi decretada a sua prisão preventiva.

O quarto julgado, o ex-guarda municipal Rafael Antunes Vieira foi condenado a 2 anos, 6 meses e 30 dias em regime aberto. Com isso, ele também não será preso.

Próximos passos

Conforme o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, os trabalhos da Omertà continuam, como uma coluna ativa contra o crime organizado em Mato Grosso do Sul.

"Ainda há ações penais em trâmite, algumas condenações já transitaram em julgado e outras aguardam julgamento em segunda instância em virtude de recursos interpostos", diz o órgão.

O MPMS cita ainda que a partir da Omertà, seguiram-se outras iniciativas para combater grupos criminosos, dentre elas a operações Sucessione, para desbaratar organização criminosa que queria assumir o comando da jogatina e, mais recentemente, a operação Forasteiros, que foi às ruas para prender sete pessoas ligadas a grupo vindo de São Paulo com o mesmo objetivo.

“A Omertà advém do competente trabalho investigativo desenvolvido, sobretudo, nos procedimentos de investigação criminal (PIC) conduzidos pelo Gaeco e os resultados alcançados até a presente são fruto de esforço coletivo de diversos membros do Ministério Público e de parcerias com outras Instituições. É preciso celebrar a prevalência da justiça nas condenações obtidas, bem como destacar a transformação social que o resultado punitivo promove, a partir do esperançar na redução da impunidade. Mas o trabalho segue firme, forte e consistente nas variadas ações e recursos que seguem em curso, inclusive junto aos Tribunais Superiores", conclui o Gaeco.

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