Cidades

Avanço na Pesquisa

Primeiro tatu-canastra é capturado no cerrado de Mato Grosso do Sul

A fêmea adulta com idade aproximada de 7 anos, foi localizada no Parque Natural Municipal do Pombo em Três Lagoas

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Uma fêmea adulta de tatu-canastra (Priodontes maximus), espécie ameaçada de extinção, foi capturada na madrugada desta quarta-feira (08) no Parque Natural Municipal do Pombo (PNMP), em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul.

A captura, considerada um marco histórico para a conservação do Cerrado, deu início ao monitoramento da região, que é realizado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio (SEMEA).

Costumeiramente, o ICAS nomeia os tatus-canastra que acompanha em outro bioma, no Pantanal sul-mato-grossense, mas a espécime adulta, que pesa 34 quilos e mede 1,45 metro, ainda não foi batizada.

Monitoramento

A fêmea em questão vinha sendo registrada por armadilhas fotográficas desde 2022, conforme explicou o coordenador do Projeto Tatu-canastra, Gabriel Massocato:

"Ela é saudável, com escamas muito bonitas, e vive dentro do PNMP, em uma área bem preservada do Cerrado. O monitoramento com transmissores de GPS permitirá entender melhor a movimentação desse animal, o uso da paisagem tanto dentro quanto fora do parque, e identificar os corredores ecológicos que ligam o parque a fragmentos de mata nativa ao redor", explicou Massocato.

Outras regiões

A iniciativa monitora, desde 2010, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, 44 indivíduos que estão sendo acompanhados e agora expandiu sua atuação para entender a evolução da espécie no Cerrado.

Na região pantaneira, como acompanhou o Correio do Estado, o primeiro nascimento de um filhote foi registrado após 13 anos de pesquisa.

O avanço dos estudos realizados pelo ICAS tem sido de extrema importância. Outro marco foi registrado em outubro de 2024, com a captura do maior tatu-canastra já documentado, um animal que pode pesar entre 28 e 60 quilos, dependendo do bioma, e medir até 1,50 metro.

Divulgação ICAS

Captura no Cerrado

A fêmea tatu-canastra passa a ser monitorada com o uso de GPS. Segundo Massocato, os pesquisadores terão informações detalhadas sobre sua movimentação.

"Com o GPS, teremos dados sobre deslocamentos noturnos, áreas de uso preferenciais e padrões comportamentais. Isso nos ajudará a dialogar com as comunidades locais sobre a importância de conservar áreas essenciais para a sobrevivência da espécie", destacou Massocato.

Flávio Fardin, da SEMEA, enfatizou que a parceria com o ICAS foi fundamental e que o avanço é motivo de orgulho.

"Estamos muito felizes com a captura do primeiro tatu-canastra aqui no parque. Pudemos acompanhar a coleta de amostras biológicas e diversas medidas do animal, informações fundamentais para compreender o comportamento dessa espécie no bioma Cerrado. São dados inéditos que enriquecem o conhecimento científico e fortalecem a conservação", afirmou.

Atuação

Foram mais de dois anos de trabalho do Projeto Tatu-canastra no Parque Natural Municipal do Pombo, que tem um papel fundamental na conservação da biodiversidade.

Nesse período, foi usado um grid com 80 câmeras que registrou diversas espécies raras, como o cachorro-vinagre, e outras ameaçadas de extinção, como o lobo-guará e a onça-parda.

Importância do Tatu-canastra

O presidente e fundador do ICAS, Arnaud Desbiez, descreve o tatu-canastra como "um verdadeiro detetive ecológico".

"Esse trabalho é essencial para entender como a matriz agrícola impacta a movimentação da espécie e priorizar áreas ao redor do parque para manter a conectividade com outros fragmentos de mata nativa", explicou.

Por meio dos dados de movimentação, os pesquisadores podem traçar potenciais corredores que conectam o parque a fragmentos de habitat nativo. Além disso, as tocas do tatu-canastra são usadas por outros animais, e ele desempenha um papel fundamental na natureza, onde tudo está conectado.

Por suas tocas, que criam abrigos para outros animais, o animal recebeu o título de "engenheiro da natureza". Alimentando-se de formigas e cupins, ele cumpre um papel essencial no controle de pragas. Fornecimento de abrigo, diminuição de pragas deu a espécie o título de "embaixador da biodiversidade".

Estudo

Com a captura da fêmea, foram coletados materiais biológicos para análises de saúde e comparação com os dados do Pantanal.

"Coletamos amostras biológicas para comparar padrões de saúde e ecológicos com os dados do Pantanal. Além disso, o projeto realiza monitoramento por armadilhas fotográficas em Minas Gerais, estudando a última população viável da espécie. Isso nos ajudará a criar um panorama mais abrangente da espécie em diferentes biomas em que o projeto atua", concluiu Desbiez.

Com a captura, um novo ciclo de pesquisa para a conservação do Cerrado se inicia, reforçando a importância do Parque Natural Municipal do Pombo como refúgio para a biodiversidade.

Curiosidades

  • A toca do tatu-canastra pode atingir até seis metros de comprimento;
  • Mais de 100 espécies de vertebrados e 300 espécies de invertebrados usam as tocas, já que o animal troca de "casa" periodicamente;
  • O tatu-canastra é o maior tatu do mundo.

Por isso, o "engenheiro da natureza" cria micro-habitats que promovem a biodiversidade. Esse impacto positivo reforça sua importância ecológica, especialmente em biomas ameaçados como o Cerrado e a Mata Atlântica.

Características

  • Adultos podem pesar entre 28 e 60 quilos, dependendo do bioma;
  • Podem atingir até 1,50 metro de comprimento, incluindo a cauda;
  • A garra dianteira pode chegar a 13 centímetros.

Maturidade sexual tardia

Além de questões como o desmatamento, o tatu-canastra atinge a maturidade sexual tardiamente, entre 7 e 9 anos. As fêmeas geram apenas um filhote por vez e podem passar de 3 a 4 anos sem se reproduzir.

Esses fatores contribuem para a vulnerabilidade da espécie, tornando sua conservação ainda mais urgente. Preservá-lo é essencial para garantir a vida de outros animais que dependem de sua existência.

Veja a devolução da tatu-canastra a natureza:

Divulgação ICAS

 

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Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

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Operação

Apagar das Luzes: Pecuarista investigado por Gecoc é solto após pagar fiança

Jorge Lopes Cáceres, 72 anos, foi detido em sua residência no Jardim Auxiliadora com um revólver calibre .38 e seis munições; ele pagou fiança de R$ 2 mil e foi liberado para responder ao processo

19/12/2025 17h45

Operação Apagar das Luzes foi deflagrada nesta sexta-feira (19)

Operação Apagar das Luzes foi deflagrada nesta sexta-feira (19) FOTO: Marcelo Victor/Correio do Estado

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O pecuarista e empresário Jorge Lopes Cáceres, 72 anos, foi preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo na manhã de 19 de dezembro de 2025, durante a Operação Apagar das Luzes, do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), do MPMS.

Cáceres é proprietário da Construtora JLC, investigada pelo Gecoc por fraudes em processos licitatórios e superfaturamento de R$ 62 milhões em contratos com a prefeitura de Campo Grande.

Após ser conduzido à Depac, o delegado de plantão arbitrou fiança no valor de R$ 2 mil. Com o pagamento, Cáceres foi liberado e responderá ao processo em liberdade.

A prisão ocorreu quando policiais militares, em apoio a uma equipe do Gecoc, cumpriam um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça. Durante as buscas na residência do pecuarista, foi encontrado um revólver calibre .38, municiado com seis projéteis e sem documentação.

Na delegacia, Jorge Lopes Cáceres declarou que é engenheiro civil, empresário e pecuarista, com uma renda mensal de aproximadamente R$ 50 mil. Sobre a arma, ele explicou que a adquiriu em 1997 de um familiar e que, na época, chegou a registrá-la na Polícia Federal, mas admitiu que deixou de renovar o registro ao longo do tempo.

Cáceres afirmou que não possui porte de arma e que, durante a operação do Gecoc, quando os policiais perguntaram sobre a existência de armas na casa, ele respondeu afirmativamente e entregou o revólver e as munições espontaneamente.

Após o interrogatório, o delegado João Cleber Dorneles ratificou a prisão em flagrante. Ao menos nove contratos relacionados ao serviço receberam reajustes próximos de 25%, percentual máximo permitido pela legislação, mesmo em um período de crise financeira enfrentada pela prefeitura.

Os contratos foram assinados inicialmente entre maio e junho de 2024 e, menos de um ano depois, receberam aditivos em 13 de março, elevando significativamente os valores.

Os reajustes ocorreram menos de uma semana após a prefeita Adriane Lopes publicar decreto determinando a redução de 25% nos gastos com água, luz e combustíveis, além da revisão para menor de todos os contratos com prestadores de serviço.

Ainda assim, no dia 13 de março, seis contratos com empresas do setor foram elevados, garantindo repasse extra de R$ 5,44 milhões apenas com os aditivos.

Os aumentos variaram entre 24,92% e 24,98%, muito acima da inflação oficial acumulada nos 12 meses anteriores, que era de 5%, segundo o IBGE. Quando da assinatura inicial, as empresas B&C e JLC tinham direito a faturar R$ 21,82 milhões. Após os reajustes, o valor saltou para R$ 27,27 milhões.

Dos seis contratos reajustados naquele momento, quatro tratam da manutenção, implantação e ampliação do sistema de iluminação pública nas regiões do Anhanduizinho, Lagoa, Bandeira e região central, áreas que já contavam com luminárias de LED.

Os outros dois contratos referem-se à implantação de luminárias públicas LED Solar, com fornecimento de materiais, nas avenidas José Barbosa Rodrigues e Amaro Castro Lima, além da instalação do mesmo tipo de luminárias nos parques Soter, Ayrton Senna, Jacques da Luz e no poliesportivo da Vila Nasser.

Dias depois, em 19 de março, outros três contratos com a empresa B&C, receberam novos aditivos, novamente com reajustes próximos de 25%. Apenas nesses contratos, a empresa obteve faturamento extra de R$ 2,77 milhões.
 

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