Por meio de edição extra do Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande), o Executivo da Cidade Morena publicou o reajuste tarifário de 15% nas bandeiras do táxi em Campo Grande, que já passou a valer a partir do fim da tarde de sexta-feira (12).
Conforme o texto da portaria, que entrou em vigor a partir da data de publicação ontem (12), o reajuste em questão é resultado de um processo regulatório submetido ao Conselho Municipal de Regulação e Controle Social.
Feitas as devidas apurações, o diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), José Mario Antunes da Silva, tornou público os percentuais referentes ao exercício de 2025.
Com isso, as populares "bandeiras" dos táxis anotaram reajustes da ordem de 15%, com os seguintes valores atualizados.
- Bandeira I (quilômetro rodado): passa a R$ 3,86;
- Bandeira II (quilômetro rodado): passa a R$ 4,41
- Volume transportado com dimensões superiores a 70 cm x 40 cm x 20 cm: passa a R$ 0,46
É importante explicar que, na chamada "bandeirada do táxi comum", houve um reajuste que foi homologado em 11,11%, que faz o valor ficar fixado em cinco reais.
Além disso, a tarifa técnica da hora parada, agora, fica estipulada no valor de R$30,91. Houve também o reajuste de 5,14% para a bandeirada do táxi aeroporto, que fica fixada em nove reais.
Táxi em CG
No passado o setor de táxis em Campo Grande era comandado por "barões e reis", que montaram um verdadeiro monopólio na Cidade Morena através do acúmulo de números de alvarás, que - como bem acompanhou o Correio do Estado - chegou a cair em 45% após a chegada da Uber.
Em balanço, enquanto as alternativas para transporte na Capital eram depender de ônibus, mototáxis e táxis, podendo praticar preços que bem entendiam, em 2015 existia um total 486 alvarás ativos.
Vale lembrar que naquele ano, os aplicativos de transporte (principalmente o Uber) já iniciavam suas operações no Brasil, com sua vinda para a Capital cada vez mais iminente.
Em Campo Grande o Uber chegou em setembro de 2016, época em que a diferença do quilômetro rodado em relação ao táxi atingiu 154%, que tinha um valor médio de R$ 2,80 diante da então nova oferta à época de R$ 1,10.
No passado campo-grandense, uma corrida de táxi entre o Aeroporto Internacional de Campo Grande e o terminal rodoviário que fica na saída para São Paulo chegou a valer quase o mesmo que passagens para Bonito, conforme balanço feito no início de agosto de 2014.
Do cenário local, recentemente, em julho deste ano, na figura do diretor-presidente, Flávio Panissa, o Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul (Sintáxi-MS) comemou a isenção do pagamento da taxa de verificação dos taxímetros como uma vitória para a categoria.
Barões e monopólios
Sobre o dito "monopólio", os chamados "barões" começaram a montar seus impérios em Campo Grande ainda na década de 70, como o caso Moacir Joaquim de Matos, que chegou a acumular mais de 50 alvarás em seu nome.
Tudo isso acontecia porque, até 1993, não havia um limite imposto de quantos alvarás uma única pessoa poderia acumular. Quando essa regra mudou, Moacir começou a "distribuir" essas permissões.
Até antes da morte de Moacir, em 2013, a família Matos chegou a responder por mais de 10% de toda a frota de táxis em Campo Grande e, conforme apurado na época, ele deixou 15 no nome da esposa, Francisca Pereira dos Santos, e a mesma quantia para o filho, Elton Pereira de Matos, e oito veículos.
Importante ressaltar que, apesar desses títulos em seus respectivos nomes, nenhum deles, além de Moacir, atuava diretamente com o empreendimento de táxis.
Em 11 de abril de 2017 foi instaurada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), onde os envolvidos em acumular os alvarás foram chamados para depor.
Além da família Matos, a CPI apurou o segundo maior monopólio, pertencente a Orocídio de Araújo, que também colocou sua esposa, Maria Helena Juliace de Araújo, o cunhado Benevides Juliace Ponce e esposa do cunhado, Gleickermen Bogarim Godoy Ponce no esquema, acumulando 39 carros no nome da família.
Através desse trabalho, foi constatado que mais de 80% dos alvarás foram transferidos de maneira informal, sendo necessário na época a quebra de sigilo financeiro e fiscal dos envolvidos.
Já na última etapa dos trabalhos, outras 25 pessoas foram convocadas à Câmara Municipal, já que a situação até o momento apontava para 980 alvarás de permissão de exploração do serviço de táxi e mototáxi em Campo Grande.




