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"É preciso que essa gente seja punida de forma exemplar"

de LULA // sobre atos de vandalismo e terror em Brasília

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Luciano Hang, dono da Havan, bolsonarista de carteirinha, emitiu nota em suas redes sociais sobre os acontecimentos no último domingo. “A democracia não combina com atos de vandalismo e sim com diálogo, jamais com violência”.

Mais: na semana passada, também publicou nota para o novo presidente: “Quero desejar ao novo governo que faça uma ótima administração”. E completou: “Torço pelo piloto, afinal de contas estamos todos no mesmo avião”.

In – Salpicão de frango com iogurte
Out – Salpicão de repolho com frango

Atrás dos grandes

Agora, com o ministro Flávio Dino, da Justiça, no comando, também Lula já desistiu da contemporização proposta por José Múcio Monteiro, da Defesa. Os considerados peixes pequenos da baderna serão processados e presos, incluindo provavelmente, também o ex-secretário da Segurança do DF, Anderson Torres. Dino, contudo, quer a cabeça dos grandes chefes, incentivadores, articuladores e financiadores do vandalismo – e dos acampamentos. Nos posts que convocavam os manifestantes, oferecia-se “tudo de graça” para eles, que deveriam trazer apenas “capas de chuva e papel higiênico”. Almoço e lanches estavam garantidos, bem como o ônibus.

NA PAREDE

De aliados e mesmo companheiros de ministério ao próprio Lula, que resolveu arregaçar as mangas, estão todos contra a postura do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que disse que “os atos fazem parte da democracia”, referindo-se às concentrações perto dos quartéis e que “até tinha familiares e amigos nos acampamentos”. Agora, está atônito: a concentração dos golpistas aconteceu no acampamento de Brasília, desmontado, no começo da semana, com outros, pelo Exército e PM. Por outro lado, o Ministério da Justiça também quer saber por que a Força Nacional (estava convocada) não reagiu.

Neologismo

Em várias cerimonias de posse de ministros, foi usada a palavra “todes” que identifica pessoas que não integram o gênero feminino e tampouco o masculino, o que vem provocando debates. Na posse de Alexandre Padilha, o novo ministro das Relações Institucionais começou seu discurso com “boa tarde a todas, a todo, e a todes” – e acabou aplaudido pela plateia. Na posse de Fernando Haddad, a locutora repetiu a mesma saudação. Especialistas da língua portuguesa discordam do uso do suposto neologismo: dizem que “todos” inclui as três identificações. Outros defendem que “todes” dá visibilidade a um terceiro grupo.

OUTROS TEMPOS

Quando José Sarney ocupava a Presidência da República usava em seus discursos a abertura “Brasileiros e brasileiras” e até era ironizado pelo tratamento. Na época, a colocação dos especialistas da língua portuguesa era a mesma: “brasileiros” incluía “brasileiras”, não necessitando de identificação do bloco feminino. Só que Sarney permaneceu com o tratamento até o final do governo. Detalhe: naqueles tempos, eventuais “brasileires” não seriam tão populares. A primeira-dama Janja já usa “todes”.

Mais um

Depois do senador Flávio Bolsonaro que resolveu passar uns dias em Orlando ao lado do pai, também está por lá outro filho, Carlos Bolsonaro, cujas relações com Michelle, ex-primeira-dama do país, estão rompidas. Depois da fúria que dominou os golpistas, o ex-presidente Bolsonaro, que assistia tudo pela Globo, resolveu divulgar uma mensagem, quando negou responsabilidade nos atos. O texto foi preparado pelo filho Carlos, considerado o especialista da família na área digital e um dos líderes do “gabinete do ódio”.

Dose dupla

Amigas desde que fizeram a 14ª temporada de Malhação, Thaila Ayala, 36 anos e Fiorella Mattheis, 34 anos, vivem agora uma nova experiência juntas: ambas estão grávidas. Thaila ao contrário de Fiorella (mãe de primeira viagem) já é mãe de Francisco de 1 ano e agora espera uma menina que se chamará Tereza, os dois são frutos de Renato Goês, que está no ar como Tertulinho na novela Mar do Sertão, já a atriz, está afastada da TV desde 2019. Fiorella vive a primeira gravidez com um dos herdeiros da Globo, Roberto Marinho Neto, que será um menino e terá o mesmo nome do pai. Fiorella é madrinha de Francisco.

Além, de amigas, atrizes elas têm outra coisa em comum: são empreendedoras. Fiorella é dono da Gringa um recommerce de acessórios de luxo, ou seja, uma brecho virtual chique, que vende peças até de grifes de pessoas famosas. A intenção da empresa quando foi criada foi a ressignificar o consumo e estender a vida útil dos produtos e promovendo a economia circular a fim de diminuir os impactos dessa indústria no planeta. O que nos une é o amor pela moda, e o desejo de ressignificar nosso consumo. Já Thaila é dona da Amarca, criada em plena pandemia com mais duas amigas (Fernanda, Maria Claudia), que é uma grife sustentável. Nas redes sociais elas compartilharam algumas fotos feitas juntas.

Oito de Janeiro 

Os posts distribuídos pela internet durante a semana passada convocavam os bolsonaristas à “Tomada de poder pelo próprio povo”, antecipando invasões no Congresso, STF e até Planalto. E com duas datas: dia 7, chegada dos convocados à Capital Federal e dia 8, data específica das invasões. O ex-ministro de Jair Bolsonaro e agora demitido Secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, adotou, como segurança reforçada, um grupo de PMs munidos de sprays de pimenta (foram enfrentados e colocados a correr em cinco minutos pelos golpistas). Na véspera do vandalismo, o mesmo Torres voa para Orlando “de férias” com a família e jura não ter “tramado” nada com Bolsonaro também em Orlando para o dia 8 de janeiro, que entra para história do Brasil.

A AGU, agora comandada por Jorge Messias, procurador que foi subchefe de Assuntos Jurídicos do governo de Dilma Rousseff, pediu ao STF a prisão de Anderson Torres que, supostamente, deve permanecer mais tempo em Orlando. Também a permanência (até o final do mês) de Jair Bolsonaro lá deverá ser esticada, embora ele garanta que “não tem nada a ver com as invasões”, o que foi referendado por Valdemar Costa Neto, dono do PL (também jurou que seu partido igualmente não participara da violência). Mais: em muitos momentos das transmissões viam-se policiais do DF confraternizando com golpistas e até tirando selfies ao lado deles (os policiais estão sendo identificados e serão presos).

Para o Papa

Quem diria que uma brasileira (desconhecida no país) fosse chegar tão perto do Papa Francisco. Mary Rodrigues é a violinista que tocou no aniversário do pontífice, que aconteceu no dia 18 de dezembro. A música escolhida foi Heal The World, de Michael Jackson. Mary foi aprovada em um processo seletivo extenso de dois meses de duração que avaliou não apenas o conhecimento técnico, como também a vivência cristã dos candidatos.

Nos posts que compartilhou nas redes sociais brincou, que apesar do aniversário ter sido do Papa, quem ganhou o presente teria sido ela. “Uma realização Pessoal e Profissional. Me sinto completamente agradecida por essa oportunidade incrível e inesquecível”. E ainda falou da repercussão da apresentação: “Estou bem feliz com toda a repercussão e realizada com a trajetória que estou construindo, baseada no que realmente acredito. Isso não abro mão!”.

“Cair de madura”

Enquanto Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho, nova ministra do Turismo, tenta se distanciar da relação dela e do marido com milicianos do Rio, a cúpula de seu partido, o União Brasil, diz que sua escolha para o ministério partiu de Lula. Ou seja, não foi uma escolha da legenda. Já os aliados do presidente acham que, com o avanço das denúncias, a ministra pode “cair de madura”, embora prefeririam que a nomeação fosse cancelada.

90 dias
O presidente do TSE e ministro do STF, Alexandre de Moraes, achou pouco Lula decretar intervenção na segurança do governo do DF e determinou a suspensão do governador Ibaneis Rocha, que na falta de Anderson Torres não se mexeu, por 90 dias. Com outros ministros, ele viu de perto o que restou das dependências do Supremo, nunca antes imaginada. Se Ibaneis recorrer ao plenário da Alta Corte, perderá. Lance patético: no final do colossal desastre, o mesmo governador grava vídeo e “pede desculpas a Lula, ao STF e ao Congresso”.

Quarto dos Minions

Na casa do ex-lutador de MMA, José Aldo, na Grande Orlando, onde Jair Bolsonaro está hospedado, tem um quarto temático dos Minions, do filme Meu malvado favorito e os personagens amarelos, inspiram, nas redes sociais, comparações com seus apoiadores. A mansão está no nome da mulher de Aldo, Viviane Pereira Oliveira, que recebeu Auxílio Emergencial durante a pandemia. A influenciadora foi beneficiada com R$ 600 mensais entre maio e outubro de 2020. A vida do ex-lutador está retratada no filme Aldo – Mais Forte que o Mundo, na Netflix, onde ele é interpretado por José Loreto e sua mulher por Cleo.

NA PLATEIA

No sábado (7), havia uma atração especial na plateia do programa Altas Horas, de Serginho Groisman, que comemorava os 80 anos de Milton Nascimento – e sua semi-aposentadoria: nada menos do que a primeira-dama Janja. Ela só dedicou umas palavras ao cantor e permaneceu sentada em meio a outros tantos convidados para o programa especial. A primeira-dama foi muito aplaudida e na plateia, não tinha nenhum segurança por  perto. Nos bastidores, sim.

MISTURA FINA

DUAS figuras do primeiro time petista, Aloízio Mercadante, presidente do BNDES e Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, já estariam trabalhando nos bastidores – e com muita antecedência, pelo que se sabe – para que Fernando Haddad sequer sonhe com a possibilidade de suceder Lula em 2026 no Planalto. 

ANALISTAS estão decretando o triste fim do PTB, que só elegeu um deputado e vai se fundir com o Patriotas. O partido já foi um dos mais importante do país desde os anos 40, deu dois presidentes (Getúlio Vargas e João Goulart) e a liderança de Leonel Brizola.  Nas eleições recentes, últimos lances: lançou um desconhecido Padre Kelmon à Presidência da República e seu antigo presidente, Roberto Jefferson, trocou tiros com agentes da Polícia Federal.

ELE já havia anunciado que, dedicando-se à iniciativa privada, não assumiria posto algum no SBT (de seu sogro Silvio Santos): o ex-ministro das Comunicações, Fábio Faria, que volta a passar a semana inteira em São Paulo, onde fica sua família, vai trabalhar no BTG Pactual. E também o ex-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União) Bruno Bianco vai para o mesmo BTG: será sócio.

LULA tem uma visão muito especial sobre os líderes políticos da Argentina. Gosta muito de Alberto Fernández, mas não tem a menor paciência com Cristina Kirchner. Acha Fernández dedicado e ligado no futuro de seu país. Sobre Cristina, diz que é ultrapassada, vive como se ainda estivesse  nos anos 80 e também pensa no futuro – só que apenas no seu futuro. 

JOSÉ Sarney e Dilma Rousseff foram os dois únicos ex-presidentes brasileiros vivos que compareceram à posse de Lula. Jair Bolsonaro tratou de fugir e Fernando Henrique Cardoso não foi por razões de saúde. Michel Temer, segundo analistas, não precisa explicar as razões de sua ausência. E Fernando Collor não apareceu, mas muita gente nem percebeu sua ausência.

POSSES em Brasília são concorridas porque definem troca de poder e o que isso representa. Para duas posses realizadas no Planalto na semana passada, de Geraldo Alckmin e Marina Silva, contudo, as filas para entrar davam voltas no palácio. O público era outro, aplaudia com entusiasmo e até os servidores trabalhavam com outra cara, mais leves. Alckmin e Marina foram os campeões da área.

A AGÊNCIA Nacional de águas e o governo da Bahia vão fiscalizar conjuntamente a abertura das comportas da hidrelétrica de Pedra do  Cavalo, pertencente à Votorantim Cimentos (a manobra foi autorizada na semana passada). A medida segue a velha história do cadeado depois da porta arrombada. Nos últimos dias, várias cidades do Nordeste foram inundadas pela vazão das Barragens da Chesf, subsidiária da Eletrobras, que deve desembocar num contencioso. Os governadores da região estudam acionar a companhia na Justiça cobrando indenização pelos danos.

CLÁUDIO HUMBERTO

"Governos com cabeça vazia produzem pratos vazios"

Senador Ciro Nogueira (PP-PI) em momento reflexão sobre a situação do País

14/02/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Montadoras ainda não se recuperaram de Dilma

A mais grave crise do setor automobilístico brasileiro não foi a pandemia da covid e sim o governo Dilma (PT). É o que apontam dados Federação da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Em 2011, primeiro ano da petista no Planalto, vendas bateram recorde com 5,7 milhões de veículos leves e comerciais emplacados. Mas, até o impeachment, em 2016, as vendas caíram à metade após cinco anos seguidos de retração e atingiram o pior nível dos últimos 15 anos: 3,2 milhões de veículos.

Permanece abaixo

Em 2024, o mercado comemorou 4,7 milhões de veículos vendidos, mas o resultado é quase 20% menor que o recorde de 2011.

Recuperar demora

Após o “tsunami Dilma” na economia brasileira, veículos novos emplacados voltaram a superar a marca de 4 milhões apenas em 2019.

Sem respiro

Com a pandemia da covid e lockdowns em 2020, vendas de veículos despencaram para 3,2 milhões. Mas voltaram a crescer em 2021.

Observe e compare

Em 2020, ano da pandemia, vendas caíram 21,63%. Em 2015, último ano cheio de Dilma, a queda foi de 21,85%. Em 2016, tombaram 20,3%.

Lula mal disfarça perda de autoridade sobre Ibama

Na visita ao Amapá, nesta quarta (13), o petista Lula deixou claro que seu discurso envelheceu com ele, recorrendo a velhos chavões, tentando jogar pobres contra ricos, para tentar se reconectar com o eleitor que o rejeita, e esconder sua falência de autoridade na área de meio ambiente do próprio governo. Hoje, o Brasil tem governo oficial, chefiado por Lula, e outro paralelo, no qual ele não manda, segundo resumiu o ex-ministro Aldo Rebelo no Jornal Gente, da rádio Bandeirantes e TV BandNews.

Lula quem?

O Ibama dá banana a Lula e não autoriza nem mesmo estudos sobre as fantástica reserva 10 bilhões de barris de petróleo na Margem Equatorial.

Lesa-Pátria

O Brasil e seu presidente estão reféns dos ambientalóides, ignorando a riqueza inexplorada que poderia garantir a prosperidade da população.

Hipocrisia

Rebelo lembrou que o burocrata nomeado presidente do Ibama diz defender o “paraíso da Amazônia”, mas nem sequer conhece a região.

Sentou na cadeira

Com Lula fragilizado, o ministro Flávio Dino age como se tivesse assumido o poder supremo. Intimou AGU, PGR, TCU e ministérios para uma audiência no próprio STF para discutir emendas e Orçamento, antes mesmo do início das discussões no Congresso.

Aqui, não

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) avisou o juiz Carlos Villareal, da Corte Interamericana de Direitos Humanos , que investiga o STF por violar liberdade de expressão no Brasil: “Democracia aqui não é”.

Lotou

Faltou vaga para estacionar no centro de Brasília nesta quinta (13). A sede do PL fica na região e ficou lotada com prefeitos em busca de uma foto ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Gastança sem controle

Já soma R$1,4 trilhão o total de despesas realizadas pelo governo Lula até 10 de fevereiro de 2025. Isso representa pouco mais de 27% de todo o orçamento público previsto para este ano.

Muito por fora dos autos

Em mais uma entrevista ao canal de notícias CNN, o ministro Gilmar Mendes (STF) voltou a comentar sobre a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda sequer foi julgado pela Corte Suprema.

Otimismo de aço

Os produtores de aço não parecem muito preocupados com as ameaças de taxação de Trump. Acham que tudo se resolverá com negociação, como disse ontem Marco Pólo de Melo Lopes, do Instituto Aço Brasil

À espera de um milagre

Quem circulou por Brasília nos últimos dias foi o ex-candidato à Presidência da República Padre Kelmon. O padre rodou pela Câmara atrás de apoio para o projeto de anistia aos presos pelo 8 de Janeiro.

Nada de inelegibilidade

O ex-presidente Jair Bolsonaro disse ontem que “quando eu voltar à presidência, transformarei a libertação do povo cubano em prioridade da política externa”, diz. “Tudo em cooperação com Donald Trump e Javier Milei”.

Pensando bem...

...VAR no campeonato carioca é como perfume em gente fedida: não serve para nada.

PODER SEM PUDOR

Um ataque elogioso

Ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge cultivava o hábito da discrição, evitando declarações fortes desde a época de poder. Mas, certa vez, surpreendeu um interlocutor que queria saber sua opinião sobre o governo do PT. Ferrenho defensor da era FHC, de quem foi ministro, EJ surpreendeu: “Eles têm muitas ideias boas e novas...”, disse, referindo-se aos petistas. O interlocutor não se conteve: “Dr. Eduardo, o senhor ‘lulou’?” Com seu estilo de sempre, o ex-ministro esclareceu: “Não. O problema é que as ideias boas não são novas, e as ideias novas não são boas.”

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A dor que cala e o silêncio de todos nós

13/02/2025 16h14

Arquivo

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Imagine. Era uma manhã como outra qualquer. Em algum lugar, uma mulher acordava com o coração acelerado, os olhos marejados de medo. Em algum lugar, uma mulher olhava para o homem ao seu lado e não via mais o companheiro, o pai de seus filhos, o amor de sua vida. Via um algoz. Em algum lugar, uma mulher respirava fundo, tentando encontrar coragem para mais um dia de sobrevivência. Em algum lugar uma mulher suspira fundo ao imaginar que pode ser agredida a qualquer momento. Em algum lugar uma mulher será próxima vítima.

Ela teme vir à público, denunciar. Teme por mais agressões antes que medidas se tornem efetivas. Alguém, não sem razão, fará a pergunta: Quantas vezes o sistema falhou em protegê-las? Pode invocar o argumento que a justiça, que deveria ser um porto seguro, muitas vezes se transforma em um labirinto burocrático, onde a vítima é revitimizada a cada depoimento, a cada julgamento adiado, a cada olhar de descrença.

O machismo brasileiro é um câncer enraizado. Ele está nas piadas que objetificam as mulheres, nas letras de música que as reduzem a corpos, nas igrejas que pregam a submissão, nas famílias que ensinam aos meninos que chorar é “coisa de menina” e que meninas devem ser “boazinhas” e “comportadas”. Está nas delegacias, onde policiais despreparados perguntam: “Por que você não se separou antes?” Está nos tribunais, onde juízes questionam: “Mas ela não provocou?” Está nas ruas, onde homens se sentem no direito de invadir o espaço das mulheres com assédios e ameaças.

E enquanto isso, os números não mentem: o Brasil é um dos países com mais feminicídios no mundo. O Estado do MS, infelizmente, também não fica atrás. São mulheres mortas por serem mulheres. Mortas porque ousaram dizer “não”. Mortas porque tentaram recomeçar. Mortas porque existiam. São assassinadas pelo simples fato de ser mulheres. E, muitas vezes, seus assassinos seguem impunes, protegidos por uma justiça lenta e por uma sociedade que ainda hesita em enxergar a gravidade do problema.

Onde está a luz no fim deste túnel de horrores?  Nas mulheres que se levantam, que denunciam, que apoiam umas às outras. Há homens que questionam o machismo, que educam seus filhos para o respeito, que entendem que a luta pela igualdade não é só das mulheres, mas de todos nós. Há leis que avançam, como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio (em MS já existe essa tipificação), mas que precisam ser aplicadas com rigor e eficácia. E há luz nas campanhas incisivas a exemplo da #TodosporElas, criada pela desembargadora Jaceguara Dantas, com chancela dos três Poderes.

É necessário se engajar. Protestar. Gritar se preciso for. E se unir a outras mulheres. Ninguém, em sã consciência, deve se calar, naturalizar, muito menos ignorar. Mais do que nunca é preciso alento. Para além das jovens, mulheres na meia idade e até idosas está em jogo o futuro das nossas crianças, meninas que sonham. Elas não precisam carregar esta culpa.

A dor que cala é a dor de milhares de mulheres silenciadas. A justiça que falta é a que deveria protegê-las. Enquanto houver uma mulher com medo, enquanto houver um agressor impune, enquanto houver um sistema que falha, a luta não pode parar. Porque nenhuma vida a menos é aceitável. Porque todas merecem viver sem medo. Porque o silêncio já foi demais.

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