Por: Marcelo Carneiro dos Santos - Docente da Estácio e mestre em Educação Física
Neste ano, o 20 de Novembro – Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra – será celebrado como feriado nacional pela primeira vez na história. Originalmente criado por jovens universitários negros do Rio Grande do Sul, o movimento por uma data em que o protagonismo seja verdadeiramente dos negros surge para reforçar a luta por liberdade e prega direitos iguais em todos os setores da sociedade.
Essa forma de visibilidade é importante, principalmente para a valorização cultural de elementos afro-brasileiros. O samba, as religiões de matriz africana e a capoeira, assim como outras danças tradicionais, formam o exemplo desse legado, transmitido de geração a geração. Negar a herança africana é negar o próprio Brasil. A cultura africana faz parte da nossa origem, dos nossos antepassados e da nossa história, e isso influencia o nosso modo de viver.
Este mês oferece uma oportunidade valiosa para refletir e discutir questões raciais e de identidade dentro das universidades. A disciplina de Educação Física, por exemplo, pode ser uma boa porta
de entrada para a introdução de elementos da cultura africana, como as danças e as práticas corporais em geral.
Dentro da sala de aula também é uma oportunidade para explorar as atividades dos esportes e das danças de matriz africana, como a capoeira e o samba, que têm raízes profundas na história do povo negro e que são exemplos poderosos de resistência e preservação cultural. Para o professor é relevante não apenas ensinar a técnica, mas também contextualizar o valor histórico e cultural dessas práticas, abordando a história do movimento negro e das lutas por reconhecimento e espaço dentro do esporte e da sociedade como símbolo de resistência.
Temas como a representatividade de atletas negros, os estereótipos raciais e como o preconceito afeta tanto a prática quanto o acesso ao esporte em diferentes níveis também merecem espaço na discussão. As universidades têm importante papel em desenvolver pesquisas que investiguem o impacto do racismo na saúde física e mental da população negra, além de estudar como as barreiras raciais influenciam o acesso a práticas esportivas e a oportunidades profissionais.
Promover a valorização da herança africana no Brasil exige um compromisso diário de todos, e não apenas no ambiente acadêmico, mas também no dia a dia. A herança africana está presente em inúmeros aspectos da nossa cultura, como a música, a dança, a culinária, a linguagem, as religiões e as artes, porém, infelizmente, muitas dessas influências ainda são pouco reconhecidas ou valorizadas como merecem. Vejo que há muitos avanços ainda necessários para promover a inclusão e a valorização da população negra no Brasil.