Política

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Dino acompanha Moraes e vota para condenar Bolsonaro e mais 7; placar está 2 a 0

Dino fez ressalvas em relação a três dos réus que ele considera que tiveram uma participação menor na trama golpista

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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhou nesta terça-feira, 9, o relator, Alexandre de Moraes, para condenar o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado.

Mas Dino fez ressalvas em relação a três dos réus que ele considera que tiveram uma participação menor na trama golpista: o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa. Dino entende que as penas devem ser menores para eles.

A sessão de julgamento foi suspensa e será retomada na quarta-feira, às 9 horas, com o voto do ministro Luiz Fux.

A expectativa é que Fux apresente alguma divergência em relação à pena. Isso porque ele e Cristiano Zanin já defenderam, em julgamentos anteriores sobre a trama golpista, penas menores para os réus.

Já Cármen Lúcia, de acordo com advogados, deve acompanhar Moraes na íntegra.

A principal aposta das defesas é que dois dos crimes (abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado) devem absorver um ao outro e que as penas não podem ser somadas.

Dino refutou essa hipótese nesta terça. Mas a tese tem simpatia de Fux, que indicou que poderia votar nesse sentido quando a Primeira Turma recebeu a denúncia da PGR, em março.

Mais cedo, Moraes votou pela condenação dos oito réus. A calibragem das penas será discutida apenas depois do julgamento do mérito, caso haja condenação. Essa definição está prevista para o último dia de julgamento, na sexta-feira, 12.

Diferenças

No seu voto, o ministro Flávio Dino expôs uma divergência em seu voto em relação ao do ministro Alexandre de Moraes ao dizer que houve "níveis de culpabilidade" diferentes entre os réus da ação penal de tentativa de golpe de Estado.

Segundo Dino, o ex-presidente da República e o general Walter Braga Netto têm uma culpabilidade "bastante alta", mas indicou que aplicaria penas mais leves aos generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira e ao deputado Alexandre Ramagem.

"Não se cuida de fazer a dosimetria, mas adianto às partes, ao Ministério Público que os níveis de culpabilidade são diferentes E mais, essa não é uma divergência propriamente, mas uma diferença: em relação aos réus Jair Bolsonaro e Braga Netto, não há dúvida de que a culpabilidade é bastante alta, e portanto a dosimetria deve ser congruente com o papel dominante que elas exerciam. Do mesmo modo, digo que a culpabilidade é alta em relação a Anderson Torres, Almir Garnier e Mauro Cid, sendo que, em relação a Mauro Cid, há os benefícios atinentes à colaboração premiada. Contudo, e essa é a diferença para a reflexão dos pares, em relação a Paulo Sérgio, Augusto Heleno e Alexandre Ramagem, considero que há uma participação de menor importância", disse Dino.

O ministro afirmou que Ramagem "saiu do governo em março de 2022, portanto tem uma menor eficiência causal em relação aos eventos que se sucederam".

No caso de Heleno, Dino disse que "chamou a atenção que ele não participa das reuniões, ele não está nas reuniões". "Se foi por conta do Centrão, por conta de problemas pessoais, políticos, pouco importa. É um juízo objetivo", declarou.

Quanto a Paulo Sérgio, Dino afirmou que chegou a cogitar que houve "desistência" por parte do ex-ministro da Defesa - ou seja, de que ele teria se arrependido de um crime, por exemplo.

"Mas não está claro o que aconteceu no dia 14 de dezembro quanto à desistência ser por vontade própria. O que está mais claro é que foram fatores alheios à sua vontade, ou seja, a não aquiescência do brigadeiro Baptista Júnior e do general Freire Gomes, que o levaram à frustração do intento de subscrição do documento (minuta golpista). Mas considero relevante que ele tentou demover (Bolsonaro da ideia golpista) na hora derradeira", declarou o ministro do STF.

Segundo Dino, "Bolsonaro e Braga Netto eram quem de fato tinham domínio de todos os eventos que estão narrados nos autos e as ameaças aos ministros (Luís Roberto) Barroso, (Luiz) Fux, (Edson) Fachin, Alexandre (de Moraes) e à instituição".

Julgamento

Relator diz que CPMI do INSS blindou 4 depoentes que receberam R$ 10 milhões: 'É uma vergonha'

Weverton Rocha já afirmou publicamente ter recebido o "Careca do INSS" em seu gabinete por três vezes, mas para tratar de assuntos legislativos.

10/11/2025 21h00

Relator diz que CPMI do INSS blindou 4 depoentes que receberam R$ 10 milhões

Relator diz que CPMI do INSS blindou 4 depoentes que receberam R$ 10 milhões Carlos Moura/Agência Senado

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O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), disse, nesta segunda-feira, 10, que a comissão parlamentar blinda investigados que receberam R$ 10 milhões em propinas, segundo ele mesmo.

Gaspar mencionou as tentativas de impedir a convocação e quebras de sigilo de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP); a publicitária Daniela Fonteles, que recebeu R$ 5 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS"; a empresária Roberta Luchsinger, que atuou com o 'Careca"; e Gustavo Gaspar, ex-assessor do senador Weverton Rocha (PDT-MA).

"O STF não é o principal blindador dessa comissão", disse Alfredo Gaspar. Para ele, falta altivez do próprio Congresso. "A blindagem pela própria comissão é uma vergonha."

O relator ainda mencionou que o Senado ainda tem outra "vergonha" ao impor sigilo de 100 anos sobre informações acerca de visitar do "Careca do INSS" a gabinetes de senadores. "Esse sigilo de 100 anos é outra vergonha da República", afirmou.

Gaspar ainda fez um desafio ao STF. Há, na Corte, um mandado de segurança pedindo a divulgação dessa informação. "Abra essa caixa preta dessas visitas", apelou o relator.

Weverton Rocha já afirmou publicamente ter recebido o "Careca do INSS" em seu gabinete por três vezes, mas para tratar de assuntos legislativos.

Essa foi a fala inaugural de Gaspar na sessão da CPMI do INSS desta segunda-feira, 10, que ouve Igor Dias Delecrode, dirigente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP).

Causou nova indignação entre os membros da comissão um habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, do STF, a Delecrode, para que ele possa permanecer em silêncio em perguntas que possam o incriminar.

Com o benefício, Delecrode permaneceu em silêncio às perguntas do relator. Diante disso, Gaspar fez uma introdução do depoente citando reportagem do Estadão.

A reportagem em questão fala do cancelamento, por parte dos Correios, de leilão de R$ 280 milhões após receber cheque sem fundo de ONG de pai de santo.

"Esse pai de santo é um coitado. Esses aqui tiveram sucesso", citando uma lista de outras quatro entidades que, juntas, faturaram cerca de R$ 714 milhões com descontos associativos de aposentadorias entre 2022 e 2025. A AASAP, de Delecrode, recebeu R$ 63,2 milhões.

"Esse que está aqui, teve mais sucesso ainda. Ele conseguiu colocar suas empresas juntando outras entidades num desvio de R$ 1,4 bilhões", disse Gaspar.

O relator define Delecrode como "o coração tecnólogico da safadeza", operacionalizando um sistema de coleta de dados e verificação de autenticidade.
 

Política

Lula regulamenta novas regras do vale-refeição e alimentação nesta terça; entenda o que muda

O decreto está previsto para ser assinado às 16h desta terça-feira, 11, em cerimônia fechada no Palácio do Planalto

10/11/2025 20h00

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O decreto de regulamentação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) deverá limitar a taxa de desconto e encurtar o tempo de repasse dos pagamentos para lojistas nas operações com vale-alimentação (VA) e vale-refeição (VR). A portabilidade, que daria ao trabalhador a possibilidade de escolha sobre a operadora do seu tíquete, deve ficar de fora dessa regulamentação, por razões técnicas.

O decreto está previsto para ser assinado às 16h desta terça-feira, 11, em cerimônia fechada no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, possivelmente, dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.

Inicialmente, a cerimônia seria aberta a 100 pessoas, mas o cerimonial do Planalto informou que ela foi reduzida em função da logística do presidente, que retorna de Belém na noite desta segunda-feira, 10, após dias de agenda intensa na capital paraense e também na Colômbia, por ocasião da 4ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE).

A regulamentação do programa é muito aguardada pelas entrantes no segmento, como Caju, Mercado Pago, Nubank, Picpay e iFood, mas conta com a resistência da Associação Brasileira de Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), que representa as tiqueteiras tradicionais (Ticket, VR e Alelo, por exemplo).

Também estiveram envolvidas nas discussões com o governo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que representa estabelecimentos comerciais; a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que reúne as associações estaduais de supermercados; e a Câmara Brasileira de Benefícios ao Trabalhador (CBBT), que reúne empresas de tecnologia já atuantes no mercado (como Caju, Flash e Swile).

Mudanças

Uma das principais mudanças do texto que será assinado amanhã é a definição de um teto para a taxa de desconto (o chamado MDR, do inglês Merchant Discount Rate), que deverá ficar entre 3,5% e 4% - uma taxa mais alta do que o mercado de cartões e que visa acomodar a remuneração da bandeira e da operadora do intermediário.

Também é esperada a redução do prazo de liquidação. Em agosto, falava-se em uma redução desse prazo, hoje de 30 dias, em média - podendo chegar a até 60 dias -, para dois dias. Segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, as discussões levaram o prazo para um patamar intermediário, de cerca de 15 dias.

A abertura forçada do arranjo , que estava ventilada em versões anteriores do texto, foi motivo de críticas ao governo ao longo das discussões. Assim como a portabilidade, a abertura do arranjo está prevista no decreto de 2021, que visava modernizar o PAT e trazia as primeiras mudanças.

A abertura do arranjo consiste na possibilidade de uso do VA e do VR em qualquer estabelecimento comercial das bandeiras de cartões pelo País, não apenas nas redes específicas credenciadas pelas ticketeiras.

Uma das alegações foi de que essa abertura atrapalharia as empresas menores e poderia desvirtuar o programa. Então, o governo está tentando manter o arranjo fechado, mas com a determinação de que ele seja interoperável.

Com a obrigação das grandes empresas abrirem o arranjo, na prática, 90% do mercado ou mais será interoperável. Com a maioria trabalhando bandeirado, deverá ser aproveitada a interoperabilidade da rede de cartões.

Já a portabilidade não deverá ser tratada neste momento por dificuldades técnicas. O ministro Luiz Marinho é publicamente contra. O Ministério da Fazenda, que se mostra favorável à portabilidade, não encontrou uma solução para criar esse instituto sem o Banco Central (BC). Como o BC apresenta resistências a entrar no acordo, por entender que os vales não são meios de pagamento comuns, o governo não conseguiu solucionar a questão e isso não deverá sair agora.

Quem acompanha as discussões vê ainda a possibilidade de que o decreto traga a criação de um comitê ou um grupo de trabalho (GT) para definir regras adicionais. Gestões petistas têm o costume de recorrer a esses fóruns.

As entrantes veem a medida como positiva por entender que ela possibilita a abertura do mercado e ajuda na redução das taxas. Nesta segunda-feira, 10, a ABBT, que representa as tiqueteiras tradicionais, publicou um texto na Folha de S.Paulo em que sustenta que o arranjo fechado garante a fiscalização dos estabelecimentos credenciados.

"A introdução do 'arranjo aberto' prejudica o trabalhador, abre brechas para fraudes e desvia a finalidade social do PAT. Com o controle implantado pelas empresas de arranjo fechado, cerca de 3,5 mil estabelecimentos são descredenciados todos os anos por irregularidades, inclusive pela venda ilegal dos vales", afirmou a associação.

PAT

O PAT é um programa de adesão voluntária que prevê incentivos fiscais às empresas em troca da oferta de vale-alimentação e vale-refeição aos empregados. Em outubro de 2024, o Ministério do Trabalho vetou o uso do PAT em benefícios pagos aos empregados sem relação direta com a alimentação, como telemedicina e desconto na academia.

Segundo dados do Ministério do Trabalho, o PAT atende atualmente mais de 21,5 milhões de trabalhadores brasileiros, dos quais aproximadamente 86% recebem até cinco salários mínimos. Esses trabalhadores recebem o benefício por meio das cerca de 300 mil empresas beneficiárias inscritas no programa em todo o Brasil. O volume anual de negócios do mercado de benefícios no País está na casa dos R$ 150 bilhões.

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