Nesta quinta-feira (19) houve, na Câmara Municipal de Campo Grande, a última sessão ordinária de 2024 que, passado mais um ano eleitoral, marca a despedida de verdadeiros "dinossauros" da política local e outros 11 parlamentares que não conseguiram reeleição.
Como bem abordado ao final do período eleitoral, Dr. Loester (MDB), Valdir Gomes (PP) e João Rocha (PP) são os vereadores veteranos considerados "dinossauros" da política, já que alcançaram o feito de quatro mandatos consecutivos.
Ao Correio do Estado, Valdir Gomes disse que se sente realizado por seus mandatos consecutivos e, neste último dia, sai da Casa de Leis de Campo Grande "sem deixar nada para trás", ressaltando o legado de seus feitos.
"O Vovó Ziza, que eu fundei; a Vila do Idoso, que acredito que dentro ainda desse semestre nós vamos entregar, já está quase até em fase de acabamento", reforça Valdir sobre seus "carros-chefes".
Além disso, sendo filiado ao Partido Progressistas (PP), sigla a qual também pertence a atual prefeita reeleita por Campo Grande, Adriane Lopes, ele reforça também a intenção de conseguir um novo cargo junto ao Executivo Municipal.
"Tenho previsão de compor o quadro de primeiro e segundo escalão da Prefeitura, então tenho trabalho pela frente, não estou achando que perdi".
Valdir ainda lembra a quantidade de votos recebidos nesse última eleição, 3,7 mil que é considerado por ele como um resultado expressivo, que lhe garantiriam a recondução à cadeira de vereador, tendo em vista os eleitos por demais partidos que garantiram o cargo com cerca de 2 mil escolhas de eleitores.
Também, Dr. Loester enxerga esse "adeus" como um momento de "missão cumprida", abrindo mão de uma possível nova candidatura no futuro e dizendo que só volta para a Casa de Leis em caso de suplência.
"Fora disso, se acontecer, não serei candidato à reeleição. Então, realmente, está encerrado a minha vida como político. Mas eu sinto feliz, trabalhei, fiz tudo o que eu podia fazer em benefício de Campo Grande, sem jogar nada para a plateia, nunca vim em busca de aplausos", disse
Sem mágoas da vida política, que se estendeu por três mandatos de deputado e quatro como vereador, o agora ex-parlamentar de 77 anos diz também que não busca "emprego", quando questionado sobre a possibilidade de cargos junto aos executivos Municipal ou Estadual.
Ex-presidente da Câmara Municipal, João Rocha é o terceiro entre os "dinossauros", que também se diz feliz pelo trabalho exercido como representante da população campo-grandense.
"Acredito que fiz com dignidade, com postura, com determinação e muita responsabilidade. Acredito muito nos que foram eleitos que possam dar seguimento, estar aqui para defender o interesse do cidadão", disse.
Segundo João Rocha, ele, que exerceu a função política por um período, pretende voltar para a área da educação física, retornando às atividades "normais como todo cidadão".
Entretanto, antes de deixar a cadeira, comentou como enxerga essa questão político-partidária para o próximo ano, bem como os desafios que a chefe do Executivo deve encontrar diante da nova composição da Câmara Municipal.
"É necessário muita habilidade política, de entendimento e articulação. Vejo uma Câmara bastante eclética, vários partidos e linhas diferentes e há necessidade de alinhamento, para haver harmonia entre Câmara e Prefeitura".
Considerando essa habilidade algo fundamental para que a cidade possa caminhar bem, ele complementa dizendo que enxerga esse potencial, tendo em vista a curva de aprendizado vivida por Adriane ao assumir a Capital.
"A prefeita é uma pessoa muito inteligente, demonstrou isso pegando a prefeitura no meio do mandato com muitas dificuldades. Eleita por mais quatro anos, acredito que ela vai conseguir fazer esse trabalho de articulação, de aproximação e de unidade. Não é fácil, tem que ter mais pessoas juntas, pois sozinha é difícil já que não é assim que funciona", completa.
Adeus de vereadores
Cabe lembrar que, dos 29 vereadores que compõem a Câmara Municipal de Campo Grande, os seguintes atuais parlamentares não conseguiram reeleição para a próxima legislatura:
- Ayrton Araújo (PT)
- Betinho (Republicanos)
- Coronel Vilassanti (União Brasil)
- Dr. Loester (MDB)
- Dr. Sandro Benites (PP)
- Edu Miranda (Avante)
- Gian Sandim (PSDB)
- Gilmar da Cruz (PSD)
- Prof. João Rocha (PP)
- Marcos Tabosa (PP)
- Valdir Gomes (PP)
- William Maksoud (PSDB)
- Zé da Farmácia (PSDB)
- Tiago Vargas (PP)
Alguns desses vereadores aproveitaram a tribuna, nesta última sessão enquanto parlamentares, para deixarem uma despedida pública, caso de Ayrton Araújo; Gilmar da Cruz; Edu Miranda, entre outros.
Ayrton lembrou que chegou à Casa de Leis junto do então "Alex do PT"; Thais Helena e Zeca do PT em seu primeiro mandato, seguindo na Câmara como "líder do partido solitário" até receber a chegada de Camila Jara e posteriormente Luiza Ribeiro, com o partido elegendo para a próxima legislatura nomes como Jean Ferreira e Landmark.
Os demais, como Betinho e Dr. Sandro Benites, aproveitaram para relembrar a trajetória enquanto parlamentares, cargos exercidos e frentes de luta abraçadas por eles, porém, o que chamou atenção foi a fala de Tiago Vargas, que narrou sua ida de "vereador mais votado em 2020" para uma rotina de quem irá cumprir pena pelo próximo ano.
"Não sei se não fui reeleito, se fui tirado do jogo mas esses últimos quatro anos foram de muita luta. Ganhamos um cargo que dormi deputado estadual e acordei tinha perdido o mandato. Ganhei liminar para disputar reeleição de vereador, também dormi e acordei com ela derrubada... então foram quatro anos atípicos", disse.
Ainda assim, Tiago reservou momentos de seu discurso final para agradecer aos inimigos que, segundo ele, fizeram o ex-parlamentar, de 36 anos, "acreditar cada vez mais em Deus".
"Me fortaleceram. Tiago Vargas não está morto, é um moleque do Los Angeles filho da finada Mercedes, diarista e empregada doméstica. Tenho 36 anos, um e cinco meses de cadeia para cumprir. Vou ter que dormir de segunda a sexta-feira, das 18h às seis da manhã; sábados; domingos e feriados, entro e saio só em dia útil. Mas tudo bem, entrei com a cabeça erguida e saio da mesma forma", apontou.