Política

DO CÉU AO INFERNO

'Fui roubado na cara dura', escreveu Tiago Vargas sobre decisão que tirou-lhe mandato de deputado

Ainda que incluído na lei da ficha limpa, que o impede de disputar eleição, ele vai permanecer vereador de Campo Grande até 2024

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Entre os dias 15 de novembro de 2020 e 19 de outubro de 2022, o vereador em Campo Grande, Tiago Henrique Vargas, do PSD, período de quase dois anos, na esfera política, subiu ao céu e desceu ao inferno, expressão que suscita parte de um enredo que queira narrar uma história de origem boa, mas com remate mal-aventurado.

Na temporada em questão, Vargas, 34 anos de idade, virou vereador mais votado da cidade, foi expulso da Polícia Civil, profissão a qual tinha como sonho desde criança e, por fim, em outubro passado, elegeu-se deputado.

Mas, a demissão da polícia estragou tudo. Seu mandato no legislativo estadual, que assumiria em fevereiro, daqui pouco mais de um mês, exauriu-se por força de decisão judicial.

HISTÓRICO  

Tiago Vargas foi eleito com 6,2 mil votos e virou vereador mais votado em novembro de 2020. Assumiu o mandato em janeiro de 2021 com pompa de político promissor. Em julho de 2019, contudo, ele tinha sido demitido da Polícia Civil, onde ocupava cargo de investigador.

O motivo: numa perícia médica, diz documento que narra a demissão dele, Tiago teria ofendido a equipe que o atendia e ainda espatifado uma mesa a pancadas, com chutes e socos.

Ainda assim, demitido, condição que o impediria de assumir cargo público, ele inscreveu-se como candidato a vereador. Ninguém contestou. E o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) deferiu sua candidatura.

Assumiu o mandato e, no ano seguinte, em 2022, resolveu candidatar-se a deputado estadual. Ele havia apelado contra a exoneração da polícia, mas o TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) rejeitou o pedido.

Ainda assim, a candidatura de Tiago Vargas sobreviveu. O pleito que o elegeu ocorreu no dia 2 de outubro, ele perdeu o mandato em seguida e recorreu.

Dia 13 de outubro, já há 11 dias de eleito uma decisão do TRE-MS, respaldada pelo Ministério Público Eleitoral, devolvia o mandato a Vargas, note aqui trecho da decisão.

Ante o teor da petição e documentos no evento 15060597, o Ministério Público Eleitoral opina pelo deferimento do registro pleiteado [no caso, o registro de candidatura de Tiago Vargas], decidiu o promotor eleitoral Luiz Eduardo Lemos de Almeida. Daí a juíza eleitoral da 44ª Zona Eleitoral, Joseliza Alessandra Vanzela Turine, ainda no dia 13 de outubro, decidiu:

"Foram preenchidos todas as condições legais para o registro pleiteado e não houve impugnação. O pedido veio instruído com a documentação exigida pela legislação pertinente e, publicado o edital, transcorreu o prazo sem impugnação. As condições de elegibilidade foram preenchidas, não havendo informação de causa de inelegibilidade. Isso posto, DEFIRO o pedido de registro de candidatura de Tiago Henrique Vargas".

Dias depois, a mesma corte impugnou a candidatura do vereador e o caso seguiu para o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Dia 19, segunda-feira passada, a amarga decisão para o parlamentar.

Sete ministros votaram contra o recurso de Tiago Vargas. Agora, assume o mandato ganho por ele Pedro Pedrossian Neto, também do PSD, que havia ficado com a primeira suplência.

MANDATO GARANTIDO  

Com essa decisão do STJ, surgiram na Câmara Municipal de Campo Grande rumores de que o mandato dele como vereador também poderia ser questionado.

Mas isso não vai ocorrer. O Correio do Estado ouviu dois advogados, também especialistas no assunto, André Borges e Julicezar Barbosa, que comentaram o assunto.

"A demissão do serviço público é causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea “o”, da Lei das Inelegibilidades. Dura 8 anos, a contar da decisão", afirmaram os advogados, que acrescentaram:

"Mas não atinge mandatos em curso. Como o registro da candidatura para vereador foi deferido, sem oposição dos legitimados e do Ministério Público Eleitoral, a eleição para vereador está consolidada e não é atingida pelos efeitos da demissão", afirmaram os advogados.

REAÇÕES DE TIAGO  

A reportagem tentou conversar com Tiago Vargas na quinta-feira e sexta-feira, mas não conseguiu. A Câmara dos Vereadores entrou em recesso nesta semana.

No entanto, quanto a decisão do STJ, a que tirou o mandato de deputado estadual de Tiago, ele reagiu em suas redes sociais. Assim expressou o parlamentar:

"FUI ROUBADO NA “CARA DURA” 

E foi assim que aconteceu o maior roubo da história política de Mato Grosso do Sul para beneficiar o neto do ex-Governador do Estado [Pedro Pedrossian] que não teve votos!

Eu com 18.288 votos, sem fundo eleitoral, tempo de rádio e tv fui eleito, mas o meu suplente por ser neto do ex-governador do Estado teve mais “SORTE” que eu , mesmo tirando 15.994 votos, pegando fundo eleitoral, usando tempo de rádio e tv. Isso que é “SORTE”

AINDA NOS ATAQUES  

Tiago Vargas, por meio das redes sociais, atacou a gestão do governador Reinaldo Azambuja, do PSDB, que o processou.

Pelo crime - ele chamou o governo de corrupto, por meio de vídeo divulgado na internet - Tiago Vargas foi condenado, em agosto passado, a quatro meses de prisão a ser cumprido em regime aberto. Ele recorreu e ainda não há um desfecho da questão.

Numa última investida de Tiago, ele ataca, também pela rede social, a prefeitura de Campo Grande, que enfrenta movimento grevista por parte dos professores.

"TOMEM VERGONHA NA CARA!!! NÃO QUEREM DAR O REAJUSTE SALARIAL AOS PROFESSORES DE CAMPO GRANDE", escreveu o parlamentar.

PREFEITURA DE CAMPO GRANDE

Vereador derrotado nas urnas e fora do alto escalão consegue "cargo alto"

Fora da política campo-grandense e do secretariado, o que sobrou para eles foram cargos comissionados especiais, especificados como "DCA-1", com salários de até R$ 15 mil

15/01/2025 09h45

Tiago Vargas, ex-vereador e ex-policial civil

Tiago Vargas, ex-vereador e ex-policial civil DIVULGAÇÃO

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Vereadores, derrotados nas eleições 2024 e fora do alto escalão do secretariado municipal, foram nomeados para exercer grandes cargos comissionados de assessoria na Prefeitura Municipal de Campo Grande, para o mandato 2025-2028.

Fora da política campo-grandense e do secretariado, o que sobrou para eles foram cargos comissionados especiais, especificados como “DCA-1”. Nesta categoria, os salários podem alcançar os R$ 15 mil.

Os cargos altos na prefeitura são os de direção, chefia e assessoramento, que são ocupados por servidores em comissão.

Os cargos de comissão são: 

  • Secretário Municipal
  • Secretário Especial
  • Subprefeito
  • Secretário-Adjunto
  • Secretário-Executivo Adjunto
  • Chefe de Gabinete Pessoal do Prefeito
  • Chefe de Gabinete Pessoal do Vice-Prefeito
  • Chefe de Gabinete

É o caso de Tiago Henrique Vargas, mais conhecido como Tiago Vargas, ex-vereador de Campo Grande e ex-policial civil de Mato Grosso do Sul.

Vargas foi vereador de Campo Grande de 2021 a 2024 e Policial Civil de Mato Grosso do Sul de 2014 a 2020. Ele foi expulso da corporação após “peitar” o ex-governador do Estado, Reinaldo Azambuja, xingando-o de "canalha e corrupto".

Tentou a reeleição para vereador em 2024 pelo Partido Progressistas (PP), mas, com 6.202 votos, foi derrotado nas urnas.

Agora, foi nomeado como assessor especial na Secretaria Especial de Articulação Regional. 

Confira o trecho redigido em Diário Oficial:

ADRIANE BARBOSA NOGUEIRA LOPES, Prefeita de Campo Grande, Capital do Estado de Mato Grosso do Sul, no uso de suas atribuições legais, resolve:

NOMEAR THIAGO HENRIQUE VARGAS, para exercer o cargo em comissão de Assessor Especial, símbolo DCA-1, na Secretaria Especial de Articulação Regional, em conformidade com a Lei n. 6.774, de 3 de fevereiro de 2022, com efeito a contar de 2 de janeiro de 2025.

A prefeita da Capital, Adriane Lopes, anunciou, na segunda-feira (13), que iria conceder cargos a alguns políticos que perderam nas eleições do ano passado.

“Com certeza. Eles foram grandes parceiros de gestão. Eles têm como prioridade melhorar a qualidade dos serviços para Campo Grande e estarão conosco também nessa caminhada”, disse a prefeita, durante coletiva de imprensa realizada na Câmara Municipal de Campo Grande.

Os vereadores que não conseguiram reeleição são Ayrton Araújo (PT), Betinho (Republicanos), Coronel Vilassanti (União Brasil), Dr. Loester (MDB), Tiago Vargas (PP), Dr. Sandro Benites (PP), Edu Miranda (Avante), Gian Sandim (PSDB), Gilmar da Cruz (PSD), Prof. João Rocha (PP), Marcos Tabosa (PP), Valdir Gomes (PP), William Maksoud (PSDB), Zé da Farmácia (PSDB), mas, até agora, foram nomeados Tiago Vargas, Valdir Gomes e Sandro Benites, todos do Progressistas, partido da prefeita.

Valdir Gomes está no alto escalão da gestão, como secretário de Cultura. Sandro Benites também está no alto escalão, como secretário do Esporte, apesar de ser médico.

LEVANTAMENTO

Deputados de MS gastam metade da verba de gabinete com autopromoção

Enquanto Dagoberto Nogueira lidera em gastos da cota parlamentar, Geraldo Resende é quem mais gastou com divulgação

15/01/2025 08h00

Dagoberto Nogueira (à esquerda) é o que mais gasta com cota palamentar e Geraldo Resende (à direita) é o que mais gasta com divulgação

Dagoberto Nogueira (à esquerda) é o que mais gasta com cota palamentar e Geraldo Resende (à direita) é o que mais gasta com divulgação Foto: Montagem

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Os deputados federais de Mato Grosso do Sul gastaram em 2024, ano das eleições municipais, metade da cota parlamentar em autopromoção. 

É o que indica o levantamento realizado pelo Correio do Estado com o Portal da Transparência da Câmara dos Deputados.

Durante todo o ano passado, os oito representantes sul-mato-grossenses na Casa de Leis, em Brasília (DF), gastaram R$ 3,37 milhões de cota parlamentar. Desse valor, R$ 1,76 milhão foi destinado à autopromoção ou à “divulgação da atividade parlamentar”, como é chamada a rubrica desse tipo de gasto.

O campeão de gastos na cota parlamentar foi o deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB), que usou R$ 569,5 mil do dinheiro destinado à manutenção do gabinete.

Quando se trata em gastos com divulgação da atividade parlamentar, porém, o líder foi o deputado federal Geraldo Resende (PSDB), que representa a região da Grande Dourados e que usou R$ 286,1 mil da cota disponível em seu gabinete.

O deputado federal de Mato Grosso do Sul que menos usou sua cota parlamentar no ano passado foi Marcos Pollon (PL): foram R$ 392,1 mil utilizados, conforme o Portal da Transparência da Câmara. 

No que diz respeito à divulgação, quem menos gastou com esse tipo de verba foi o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), com R$ 165,7 mil.

Para 2024, as regras da Câmara dos Deputados estabeleceram que cada parlamentar de Mato Grosso do Sul poderia gastar por mês o montante de R$ 46.336,64 com uma das 13 modalidades de ressarcimento da cota parlamentar.

A cota mensal, contudo, é uma média anual, o que não significa que os valores possam ultrapassar essa cota em um único mês.

O deputado federal Beto Pereira (PSDB), candidato derrotado a prefeito de Campo Grande, por exemplo, não gastou com divulgação nos 120 dias anteriores às eleições municipais, conforme determinação da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

Em dezembro do ano passado, porém, Beto Pereira gastou R$ 85,5 mil com divulgação, a maior parte desse valor (R$ 55,5 mil) na Tavares & Penedro Gráfica e Editora Ltda.

O mesmo fez a deputada federal Camila Jara (PT), a qual também concorreu à Prefeitura de Campo Grande e foi derrotada. A petista não gastou com divulgação da atividade parlamentar entre julho e outubro, entretanto, em novembro, usou R$ 63,9 mil da cota e, no mês seguinte, mais R$ 51 mil.

Há parlamentares que mesmo não tendo se candidatado gastaram bastante com divulgação em novembro. É o caso do deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP).

O maior gasto foi com a Gráfica Globo Ltda. (R$ 35 mil). Ovando ainda ajudou a financiar, entre novembro e dezembro, o site de notícias MS Conservador, com R$ 10 mil em cada mês.

O site pertence ao advogado Danilo Assis Azambuja, ex-assessor parlamentar de Rafael Tavares quando ele ainda era deputado estadual pelo PRTB, antes de Tavares ter sido cassado pela Justiça Eleitoral, migrado para o PL e saído candidato a vereador (eleito) por Campo Grande.

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