Demitidos do Partido dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul acusam o presidente regional do partido, deputado federal José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, de perseguição política, má vontade e falta de respeito com aqueles que, segundo eles, deveriam ser a prioridade do PT: os trabalhadores. Dez dias depois da demissão, os oito funcionários ainda aguardam o dinheiro da rescisão contratual. O “calote”, para o ex-assistente financeiro do partido Marquinhos Nogueira, foi “premeditado”.
“Hoje (ontem) era o dia em que eles deviam nos pagar. Assinamos o curso indenizatório no dia 3, para recebermos hoje o que nos é de direito, mas, além de não nos pagarem, ninguém nos convidou para dar alguma satisfação”, disse Marquinhos, que atuou anteriormente como assessor do Zeca do PT.
“É um desrespeito, uma falta de vergonha para um ex-governador, um ex-presidente de sindicato, um ex-vereador e agora deputado federal fazer isso com funcionários do partido que foi criado, inclusive, para garantir os direitos do trabalhador”, criticou Marquinhos. Indignado e precisando do dinheiro para pagar contas, o ex-empregado do PT no Estado ressaltou a “conversa mole” do presidente regional do partido. “Como que ele atua contra a reforma trabalhista com tanta ênfase no discurso e, na prática, mostra que não está nem aí para o trabalhador?”, questionou.
Alegando falta de dinheiro em razão da suspensão do fundo partidário, Zeca do PT disse ao Correio do Estado que não havia condições financeiras para pagar as despesas partidárias. Portanto, para não aglomerar as dívidas, ele decidiu mandar embora quase todos os funcionários da direção estadual.
No entanto, de acordo com Marquinhos, a justificativa do petista é “mentirosa”. “Para mim, o que ele fez foi premeditado, visando ao calote. Foi uma ação inconsequente, indecente e de muita falta de vontade”, avaliou. “Se não havia como pagar todos os funcionários, ele deveria ter feito uma demissão escalonada, dando condições para todos receberem o valor indenizatório”, emendou.
FALTA DE RECURSOS
A escassez de recursos no PT do Estado foi agravada depois que a Justiça determinou a suspensão do fundo partidário de 1º de abril deste ano a 1º de janeiro de 2018. Constituído por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros que lhes forem atribuídos por lei, o fundo abastecia o partido no Estado, conforme Zeca do PT, com R$ 12 mil por mês. O valor, porém, segundo funcionário demitido que não quis se identificar, era, na verdade, R$ 70 mil. “Estávamos buscando alternativas de arrecadação. Faltou vontade”, finalizou.