Política

EDUCAÇÃO

Governo quer limitar recursos do Fundeb para salários

Modificações foram criticadas por entidades e especialistas da área da educação

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O governo quer limitar os recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) que poderão ser utilizados para o pagamento de salários de professores, além de repassar parte dos recursos para o novo programa Renda Brasil e adiar a entrada em vigor das mudanças em discussão no fundo para 2022.

Contrário a pontos do projeto, o governo negocia com líderes partidários mudanças às vésperas de a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Fundeb ser votada pela Câmara dos Deputados, o que está previsto para ser iniciado nesta semana.

As modificações foram criticadas por entidades e especialistas da área da educação, que disseram que o adiamento para 2022 cria um "vácuo de recursos para 2021", já que as regras para o fundo atual acabam neste ano. O texto da PEC estabelece que as novas regras começam a valer no ano que vem.

"[Cria-se] um "apagão" para o financiamento e um colapso para a educação básica no Brasil no ano de 2021", afirmou o Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed), em nota.

Fontes do governo ouvidas pelo Broadcast/Estadão dizem que em 2021 continuaria valendo o aporte de 10% de recursos da União e que nunca foi proposto que 2021 não houvesse transferência de recursos. Isso não está claro, porém, no texto encaminhado a líderes do Congresso Nacional.

Salários

O projeto da relatora, deputada Dorinha Rezende (DEM-TO), estabelece um mínimo de 70% dos recursos para pagamento de salários dos professores na ativa. O governo transforma esse patamar em teto, porque quer que sobrem recursos para infraestrutura escolar.

As entidades criticam a mudança com o argumento de que a maior parte dos municípios e alguns Estados já usam acima desse porcentual de 70% para o pagamento da folha, e que essa limitação inviabilizaria os pagamentos.

De acordo com o Instituto Educatores, que reúne ex-secretários de educação, 80% dos municípios utilizam 100% dos recursos do fundo para bancar a folha e seis Estados mais de 90%.

"É uma situação extremamente preocupante, especialmente se consideramos que os dados são de um ano anterior à crise, e ficarão ainda piores com a queda da arrecadação e o crescimento vegetativo da folha", afirmou a entidade, em nota.

Até agora, a equipe econômica se opunha a aumentar a participação da União no fundo. Pelo texto da relatora, a complementação federal passaria dos atuais 10% para 20%, ao longo de seis anos.

Na contraproposta, o governo aceita subir o montante, mas vincula cinco pontos percentuais à transferência direta de renda para famílias com crianças em idade escolar que se encontrem em situação de pobreza ou extrema pobreza.

Isso seria parte do chamado Renda Brasil, novo programa social que vem sendo elaborado pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. A ideia é custear crianças em creches com recursos do Fundeb. É permitido, inclusive, o uso para o pagamento de auxílio-creche, o que foi visto pelos especialistas como uma possibilidade de transferência dos recursos para a iniciativa privada.

Outra mudança é em relação ao pagamento de aposentadorias com recursos do fundo. A proposta da relatora exclui a possibilidade dos municípios pagarem os inativos com recursos do fundo. O governo quer permitir o pagamento porque considera que Estados e municípios terão cada vez menos recursos para bancar aposentadorias.

Timing. As entidades criticaram também a apresentação da proposta do governo apenas às vésperas da votação. "Não é apenas um total desrespeito ao Congresso Nacional e aos diversos atores que participaram da ampla discussão da PEC 15/2015 nos últimos cinco anos, mas um claro indicativo que o Ensino não é prioridade para quem a escreveu", afirma o Instituto Educatores

O Consed reiterou o apoio à proposta da deputada Dorinha e disse que o texto "representa o resultado de mais de cinco anos de amplo debate com Estados, municípios e a sociedade civil organizada".

Política

Tebet afirma que "lugar de golpista é na cadeia"

Participando de um painel na Expo Favela, a ministra comentou sobre a intentona golpista que culminou no indiciamento do ex-presidente Bolsonaro

25/11/2024 17h45

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Durante o 2º dia da Expo Favela Innovation Ceará 2024, a Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, rasgou o verbo após a Polícia Federal indiciar o ex-presidente Bolsonaro (PL) e membros de seu governo.

No painel que dividiu com a deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), Tebet traçou um panorama sobre sua vivência durante o regime militar, ressaltando que, onde não há democracia, “as minorias são massacradas”.

A fala da ministra foi a mais dura entre os representantes da política sul-mato-grossense que repudiaram a tentativa de golpe que envolve o ex-presidente Bolsonaro e outras 36 pessoas - algumas com participação ativa em seu governo.

"Por isso, o coro contra golpista tem que ser unânime. Lugar de golpista é na cadeia; lugar de quem quer a morte das pessoas é na cadeia. Esse não é o espírito cristão do cidadão. Onde já se viu alguém que tem armas na mão falar em envenenar ou matar uma autoridade eleita legitimamente pelo povo?", pontuou Simone.

Tentativa de golpe

O presidente Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoas foram indiciados, no dia 21 de novembro, e vão responder por crimes de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Entre os indicados está o general da reserva que mora em Mato Grosso do Sul, Laércio Virgílio, que foi apontado como participante de um grupo denominado "alta patente".

Em conversas de WhatsApp, revelou-se um suposto planejamento para a prisão do ministro Alexandre de Moraes, que seria levado para o pelotão dos Kids Pretos em Goiás.

O inquérito de mais de 800 páginas está nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve encaminhá-lo, nesta terça-feira (26), à Procuradoria Geral da República (PGR).

Com o documento em mãos, cabe ao PGR definir os procedimentos seguintes.

 

 

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Falta de controle

Vape usado no Brasil pode ter maconha, diz Soraya Thronicke

Para a senadora, a falta de regulamentação e fiscalização permite que cigarros eletrônicos de pior qualidade entrem no país, podendo conter até drogas

25/11/2024 17h00

Senadora de Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke

Senadora de Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke Agência Senado

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A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), entusiasta pela regulamentação do Vape, afirmou que os dispositivos que circulam irregularmente no país podem conter até maconha.

A fala foi feita na manhã desta segunda-feira (25), na Rádio Hora, onde a senadora comentava sobre a CPI das Bets, que inicia amanhã (26), no Senado Federal, em Brasília.

Como bem acompanhou o Correio do Estado no dia 17 de outubro, a senadora sul-mato-grossense apresentou o projeto que trata da regulamentação do cigarro eletrônico no Brasil no que prevê a produção, importação, exportação, comercialização, controle, fiscalização e propaganda dos cigarros eletrônicos.

A parlamentar acredita que, diante da falta de uma lei que controle o uso do VAPE, os produtos que estão entrando no país "são da pior qualidade", sendo impossível prever o que as pessoas estão consumindo. 

Embora diversas entidades médicas tenham repudiado o projeto da senadora, ela acredita que, com a regulamentação, seria possível controlar o produto, justificando que "a nicotina não é proibida" no país.

"Não adianta proibir, mas continuar recebendo aqui o que vem de contrabando de cigarros. Quando regulamentamos o cigarro, conseguimos fazer um trabalho de diminuir o consumo. Quando a gente não regulamenta, a gente permite que entre tudo no país, porque não estão indo atrás. A gente percebe que a pessoa utiliza Vape na frente do policial, vendem [livremente]", explicou Soraya e completou:

"A questão é: o que tem nesses Vapes no Brasil? Por que, em tese, os países que estão regulamentando têm uma exigência? Por que nós não aceitamos esses cigarros contrabandeados? Por mais danoso que seja o cigarro, nós temos um mínimo de controle para não ser tão mais danoso. Só que esses [cigarros eletrônicos] que vêm do Paraguai são de pior qualidade ainda. Então, quando você regulamenta, não é em tese o Vape que mata, por exemplo, é o que tem lá dentro. E o que é que tem dentro dos Vapes no Brasil? Eu não sei. Pode ter até maconha e outros tipos de droga. A gente tem que ter um controle."

Entre as entidades médicas que emitiram nota de repúdio contra o projeto de regulamentação do cigarro eletrônico estão:

  • Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT);
  • Associação Médica Brasileira (AMB);
  • Academia Nacional de Medicina;
  • Academia Brasileira de Ciências, entre outras.

Veja a nota na íntegra:



"AMB, SBPT e entidades signatárias são totalmente contrárias à mudança na atual regulamentação dos cigarros eletrônicos no Brasil

A possibilidade nesta terça-feira, dia 20, de aprovação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado Federal, do Projeto de Lei Nº 5.008/2023 (da senadora Soraya Thronicke), que dispõe sobre a produção, importação, exportação, comercialização, controle, fiscalização e propaganda dos cigarros eletrônicos (chamados “vapes” ou “pods”) é uma grave ameaça à saúde pública brasileira e de toda sua população.

A Associação Médica Brasileira (AMB), juntamente com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), instituições que atuam no combate ao tabagismo e demais entidades signatárias, reiteram veementemente posição contrária à mudança na regulamentação destes dispositivos, sem qualquer ressalva.

Lembramos que os vapes tem sua venda proibida no Brasil e este projeto absurdo pretende liberar a comercialização e legitimá-los sob as mesmas normativas que regem os cigarros convencionais. Em abril deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por unanimidade, ratificou esse impedimento, que vem sendo mantido desde 2009.

No entanto, a falta de fiscalização no país, vem permitindo que qualquer pessoa tenha fácil acesso aos dispositivos eletrônicos e desta forma o número de usuários de cigarro eletrônico quadruplicou no Brasil em quatro anos: saltou de 500 mil em 2018, para 2,2 milhões de usuários em 2022, segundo dados do instituto IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica). A administração da nicotina neste formato tem sido associada a um aumento no risco de iniciação do consumo de cigarros tradicionais entre crianças e jovens.

Vale sempre lembrar que o tabagismo é uma das maiores ameaças à saúde pública global, causando a morte de mais de 8 milhões de pessoas anualmente. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a indústria do tabaco é responsável por 12% dos óbitos no mundo e está relacionada a mais de 60 tipos de doenças. Além disso, impõe enormes custos econômicos à sociedade, com gastos de mais de R$ 125 bilhões para mitigar os problemas de saúde associados ao tabagismo, conforme o relatório do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS 2020).

Nos cigarros eletrônicos, a nicotina se apresenta sob a forma líquida, com forte poder aditivo, ao lado de solventes (propileno glicol ou glicerol), água, flavorizantes (cerca de 16 mil tipos), aromatizantes e substâncias destinadas a produzir um vapor mais suave, para facilitar a tragada e a absorção pelo trato respiratório. Foram identificadas, centenas de substâncias nos aerossóis, sendo muitas delas tóxicas e cancerígenas. O uso de cigarros eletrônicos tem sido ainda correlacionado a problemas respiratórios, como asma, e ao aumento da rigidez arterial, caracterizando-se assim como um risco cardíaco similar ao do uso diário de cigarros convencionais.

Desencadeou até mesmo o surgimento de uma nova doença, denominada Evali (Doença Pulmonar Associada aos Produtos de Cigarro Eletrônico ou Vaping), que causa fibrose e outras alterações pulmonares, podendo levar o paciente à UTI, ou mesmo à morte, em decorrência de insuficiência respiratória.

O Brasil é reconhecido internacionalmente por suas políticas eficazes de controle do tabaco, tendo implementado, em julho de 2019, todas as medidas do MPOWER, ferramenta proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que os governos reduzam o consumo de tabaco e protejam a população das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). A regulamentação para liberar o uso, o comércio e a publicidade desses produtos, coloca em risco a importante redução da proporção de fumantes no Brasil, que passou de 35% para 9% nos últimos 30 anos.

Para fortalecer a luta contra o tabagismo, é essencial que o Brasil foque em estratégias de fiscalização, educação e conscientização, especialmente voltadas aos jovens e adolescentes. A história nos ensina que a aceitação de produtos nocivos à saúde, mesmo que sob regulamentação, traz à tona consequências indesejáveis que vão além do que já experimentamos na luta contra o tabagismo.

As entidades aqui signatárias entendem que a regulação atual é prudente: proíbe a comercialização e condiciona eventuais pedidos de registro à apresentação e aprovação de estudos toxicológicos e científicos – sem conflitos de interesse – que comprovem a alegação de que são menos nocivos, não-contaminantes do ambiente e com avaliação de risco de agravo à saúde do usuário.

Embora defensores da regulamentação para a comercialização dos cigarros eletrônicos possam argumentar em favor da arrecadação tributária, estimada em R$ 2,2 bilhões, é crucial considerar que são inestimáveis os custos que estes produtos impõem ao Sistema Único de Saúde (SUS) e os impactos econômicos acentuados pelo aumento de doenças relacionadas ao uso de tais produtos, muitas vezes irreversíveis.

Diante deste grave e preocupante cenário, as entidades médicas aqui representadas reafirmam sua oposição totalmente contrária a qualquer tipo de mudança na regulação atual estabelecida pela ANVISA, que proíbe a comercialização dos cigarros eletrônicos no Brasil, e conclamam à Comissão de Assuntos Econômicos para avaliar com extremo rigor não apenas os aspectos de arrecadação fiscal, mas, principalmente, as consequências para a saúde da população.

A prioridade que deve ser prevalecer sobre qualquer circunstância e sem nenhuma concessão é a da proteção da saúde pública de todos os brasileiros e brasileiras". 

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