Política

MS

Ministério Público Eleitoral apura caixa 2 na campanha de Capitão Contar

Procurador eleitoral deu cinco dias para Contar explicar denúncias; dono do QG do Capitão está oculto nas contas da campanha

Continue lendo...

O Ministério Público Eleitoral  (MPE) atendeu ao pedido feito pelo Cidadania para investigar possível prática de caixa 2 na campanha do candidato a governador de Mato Grosso do Sul Capitão Contar (PRTB). 

Conforme o despacho publicado pelo procurador regional eleitoral Pedro Gabriel Siqueira Gonçalves na noite de domingo (23), Contar terá cinco dias para explicar todas as acusações feitas pelo partido Cidadania, e seu presidente, Édio de Souza Viegas, terá de explicar sobre uma suposta prática de caixa 2 na candidatura de Capitão Contar e seu vice, Humberto Figueiró. 

“Nesse sentido, considerando que os fatos merecem uma melhor apuração, determino à Seção Eleitoral que proceda à autuação do documento como Notícia de Fato, com as seguintes disposições: Objeto: Apurar eventuais ilícitos eleitorais na prestação de contas do candidato ao cargo de governador Renan Contar, no âmbito das eleições de 2022”, asseverou o integrante do Ministério Público Eleitoral em seu despacho.
No mesmo documento, o procurador também determina a expedição de ofício ao candidato Capitão Contar, para que se manifeste oficialmente sobre as acusações feitas pelo Cidadania. 

“Para instruir aludida apuração, o Ministério Público Eleitoral, pelo procurador regional eleitoral signatário, solicita que, no prazo de 5 [cinco] dias úteis, vossa senhoria preste as informações e encaminhe os documentos que entender necessário para a elucidação dos fatos narrados na denúncia anexa.

Requer-se, por fim, que sejam acrescentados outros dados que vossa senhoria entender relevantes para a melhor compreensão das questões em comento”, indica o Pedro Gabriel em seu despacho.

O integrante do MPE frisou que o processo de prestação de contas eleitorais encontra-se sobrestado até a apresentação final das contas da campanha, e que receitas e despesas da campanha eleitoral do candidato podem sofrer alterações que terão relevância para a presente demanda.

Este foi o motivo para que a denúncia feita pelo Cidadania fosse enquadrada como “denúncia de fato” dentro do processo de prestação de contas de Contar. 

A prática de caixa 2 na campanha é considerada grave. Pode ir desde um ilícito eleitoral a um crime eleitoral. Ou seja, a punição pode ir desde uma simples multa a até mesmo a cassação da candidatura. 

Ilegalidades

O diretório do Cidadania listou pelo menos cinco ilegalidades cometidas pela campanha de Capitão Contar, as quais, segundo a legenda, podem ser enquadradas como falsidade ideológica eleitoral ou caixa 2. 
O pedido feito pelo partido indica que a candidatura de Capitão Contar não observou a lei eleitoral e não tem declarado devidamente as receitas de sua campanha.

A cessão do imóvel avaliado em aproximadamente R$ 60 milhões para o funcionamento do comitê da campanha, o QG do Capitão, é a maior das irregularidades, mas há outras, como despesas com pessoal lançada em valor ínfimo (36 pessoas contratadas), quando comparadas com o fluxo de pessoas trabalhando efetivamente na campanha; ausência de lançamento de gastos com produção de programas de rádio, televisão ou vídeo; ausência de lançamento de contratação de serviços jurídicos; e também despesas de serviços contábeis com valor ínfimo. 

QG do Capitão

O caso mais grave trata do QG do Capitão Contar, imóvel de 11,8 mil m² localizado em região nobre da Avenida Afonso Pena, no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande. Neste bairro, o metro quadrado dos terrenos tem sido vendido, em média, por R$ 5 mil. 

O terreno, que conforme as contas de Capitão Contar seria uma cessão de seu vice, Beto Figueiró, à campanha, pelo módico valor de R$ 10 mil, na verdade, como comprovou o Correio do Estado (veja a certidão publicada nesta página), não pertence a ele, e sim a um empresário do ramo de peles e comunicação.

O verdadeiro proprietário não consta como doador de Capitão Contar. 
A área, que na parte em que constam as “receitas estimáveis em dinheiro” da campanha está avaliada na módica quantia de R$ 10 mil, vale, na verdade, cerca de R$ 60 milhões. 

O terreno tem problemas tributários. Na semana passada, o Correio do Estado divulgou com exclusividade que a área deve R$ 3,8 milhões em tributos na prefeitura, e a maioria da dívida é composta de cobranças atrasadas do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que não é pago desde 2011. 

Por causa da veiculação da reportagem, a candidatura de Contar foi à Justiça Eleitoral para retirá-la de circulação. Mas o juiz José Eduardo Cury não encontrou irregularidades na matéria e a manteve, rejeitando o pedido da coligação. 

“O primeiro ponto que se suscita é que a estimativa apresentada nos autos da prestação de contas parcial é um disparate, de tão ínfima, se comparada com os imóveis daquela região”, alega o Cidadania, que complementa que a candidatura de Contar desprezou resolução do Tribunal Superior Eleitoral que determina que, no caso de movimentação de recursos financeiros ou estimáveis em dinheiro, o bem recebido seja avaliado por preços praticados no mercado, com a identificação da fonte de avaliação.

 

Escreva a legenda aqui

Fora da declarAção

Mas esse não é o único problema do QG do Capitão. A doação do local é tratada como cessão de imóvel, em que o doador é a pessoa física do candidato a vice-governador, Humberto Figueiró, o Beto Figueiró.

Ocorre que Beto Figueiró, ao informar seus bens à Justiça Eleitoral, nem sequer informou a área na qual está instalado o QG do Capitão como sua, e ela também não aparece em sua declaração de bens.
“Houve sonegação de bens do candidato a vice em seu registro de candidatura”, acusa o Cidadania. Desde a década passada, pessoas jurídicas não podem fazer doações para campanhas. 

OUTRO LADO

A campanha de Capitão Contar alega que a denúncia do Cidadania é “falsa, ridícula e criminosa”. “Esperamos que os responsáveis pela falsa denúncia do Cidadania, bem como pelo uso indevido do partido, sejam devidamente punidos na esfera eleitoral e criminal”, afirmou o partido por meio de nota.

“O eleitor deve saber ainda que a campanha de Contar tem gastos modestos porque é financiada com recursos arrecadados na forma da lei, ou seja, dinheiro privado, fruto de doações de amigos e simpatizantes. A campanha vem sendo conduzida basicamente por voluntários”, complementou.

 

Política

Soberania do país tem que ser resguardada, diz Lula sobre Meta

Presidente criticou mudanças em regras de moderação de redes sociais

09/01/2025 22h00

Presidente Lula

Presidente Lula José Cruz / Agência Brasil

Continue Lendo...

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (9) que fará uma reunião para discutir as novas regras anunciadas pela multinacional Meta, empresa de tecnologia que controla o Facebook, Instagram e WhatsApp, para o funcionamento dessas redes sociais.Presidente LulaPresidente Lula

"O que nós queremos, na verdade, é que cada país tenha sua soberania resguardada. Não pode um cidadão, não pode dois cidadãos, não pode três cidadãos acharem que podem ferir a soberania de uma nação", afirmou Lula no Palácio do Planalto, enquanto visitava a galeria de ex-presidentes, que fica no térreo do prédio, e foi reinaugurada há poucos meses.

Na última terça-feira (7), o dono da Meta, o bilionário norte-americano Mark Zuckerberg, anunciou as novas diretrizes de moderação de conteúdo das redes sociais e ressaltou que vai se aliar ao governo do presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, para pressionar países que buscam regular o ambiente digital. Entre as alterações, estão o fim do programa de checagem de fatos que verifica a veracidade de informações que circulam nas redes, o fim de restrições para assuntos como migração e gênero, e a promoção de "conteúdo cívico", entendido como informações com teor político-ideológico.

"Eu acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha mesma responsabilidade de um cara que cometa um crime na imprensa escrita. É como se um cidadão pudesse ser punido porque ele faz uma coisa na vida real e pudesse não ser punido porque ele faz a mesma coisa na digital", comentou Lula sobre o impacto das mudanças.

Até o momento, a nova política de moderação da Meta vale para os EUA, mas deverá se estender para outros países.

Antes do comentário do presidente, o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira, já havia criticado as novas regras, que na sua avaliação causarão prejuízo à democracia.

Na mesma linha, o secretário de Políticas Digitais da Secom, João Brant, afirmou que a decisão da Meta sinaliza de forma explícita que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital, em uma antecipação de ações que serão tomadas pelo governo de Donald Trump, que toma posse no dia 20 de janeiro.

Ainda na quarta-feira (8), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que a Corte “não vai permitir que as big techs, as redes sociais, continuem sendo instrumentalizadas, dolosa ou culposamente, ou ainda somente visando lucro, instrumentalizadas para ampliar discursos de ódio, nazismo, fascismo, misoginia, homofobia e discursos antidemocráticos”. 

*Com informações de Agência Brasil

Pente-fino

CGU indica falta de transparência em obra com emenda PIX em Dourados

Reforma da Colônia Paraguaia custa R$ 1,8 milhão; dinheiro de emenda PIX foi enviado ao governo e depois à entidade

09/01/2025 18h45

Colônia Paraguaia de Dourados está em obra e deve ser concluída em maio

Colônia Paraguaia de Dourados está em obra e deve ser concluída em maio Divulgação

Continue Lendo...

Como parte do “pente-fino” determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Controladoria-Geral da União (CGU) investigasse a destinação dos recursos das emendas parlamentares por transferência especial, também conhecidas como “emendas PIX”, o órgão federal realizou uma análise na execução das obras da Colônia Paraguaia de Dourados, localizada a 230 quilômetros de Campo Grande.

Embora a CGU não tenha identificado desvios de recursos públicos na execução da obra, constatou irregularidades legais no repasse dos R$ 1,85 milhão.

Segundo o órgão, o valor foi destinado sem a realização de um chamamento público que permitisse a participação de outras organizações interessadas no projeto.

Além disso, a CGU apontou a falta de prestação de contas adequada e transparente sobre o uso do dinheiro público. A Associação da Colônia Paraguaia de Dourados não possui página oficial na internet, restringindo as informações sobre a reforma a postagens em sua página no Facebook.

“Ainda assim, divulgaram-se apenas fotos da execução da obra, sem detalhar a origem dos recursos recebidos, valores gastos, prazos de execução, cronogramas, etc.”, ressaltou a CGU.

O relatório do órgão federal é categórico ao criticar a falta de transparência.

“Portanto, com efeito, inexiste transparência adequada na divulgação dos recursos recebidos por parte da Associação da Colônia Paraguaia de Dourados/MS”, afirmaram os fiscais.

A verba destinada à reforma tem origem em uma emenda PIX indicada pelo deputado federal Geraldo Resende (PSDB) ao governo de Mato Grosso do Sul.

Após o dinheiro ser transferido ao caixa do governo estadual, foi repassado diretamente à Colônia Paraguaia por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

Em novembro de 2023, a reforma foi anunciada com grande destaque pelo deputado Geraldo Resende, pelo ex-prefeito Alan Guedes (PP) e pelo governador Eduardo Riedel.

Monitoramento

Apesar da ausência de transparência por parte da Colônia Paraguaia, que recebeu os recursos, o monitoramento da obra está sendo realizado, conforme a CGU, pela Agência Estadual de Empreendimentos (Agesul).

Embora a contratação da obra tenha sido feita diretamente pela Colônia Paraguaia, a CGU não encontrou indícios de irregularidades na aplicação dos recursos.

A execução está a cargo da empresa Planew Engenharia, que apresentou a melhor proposta em um processo que contou com a participação de outras duas empresas. 

“O contrato foi assinado em 9 de julho de 2024, no valor de R$ 1.825.089,37. No que diz respeito a este contrato, não foram identificados elementos evidentes que indicassem direcionamento da contratação”, detalhou a CGU.
 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).