O ex-deputado estadual estaria em negociações avançadas para ingressar no PP e disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados
A “superfederação” entre os partidos PP e União Brasil, que será oficializada na tarde de hoje, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), pode proporcionar algo improvável há três anos no meio político sul-mato-grossense, ou seja, unir, no mesmo barco, o ex-deputado estadual Capitão Contar (PRTB) e o governador Eduardo Riedel (PSDB).
De acordo com apuração do Correio do Estado, essa possibilidade ganhou força nas últimas semanas com as negociações avançadas para que Capitão Contar troque o PRTB pelo PP para disputar uma das oito cadeiras de Mato Grosso do Sul na Câmara dos Deputados nas eleições gerais do ano que vem.
A reportagem ouviu de interlocutores ligados ao ex-deputado estadual que ele teria procurado o partido da senadora Tereza Cristina para negociar sua migração para os progressistas e, dessa forma, ser um dos nomes da legenda para concorrer à Câmara dos Deputados.
Como o arco de aliança do governador Eduardo Riedel para disputar a reeleição no ano que vem inclui o PP e, por consequência, por conta da oficialização da “superfederação”, também contará com o União Brasil, os dois últimos adversários pelo cargo de chefe do Executivo estadual nas eleições de 2022 terão de caminhar juntos em 2026.
No momento, essa futura parceria só não ocorreria caso aconteça um rompimento político entre Tereza Cristina e Eduardo Riedel, algo inimaginável nas atuais circunstâncias políticas em Mato Grosso do Sul e, portanto, já seriam favas contadas que os dois velhos adversários vão se tornar aliados.
Entretanto, o certo é que Capitão Contar já estaria com os dois pés dentro do barco progressista para as eleições do ano que vem. Para as lideranças do PP no Estado, a presença dele no partido será um trunfo, pois, aliado com a ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil), a “superfederação”, batizada de União Progressista, terá dois campeões de votos na mesma chapa na disputa por cadeiras na Câmara dos Deputados.
Com isso, as lideranças da União Progressista já trabalham com a probabilidade concreta de eleger três deputados federais, pois, com dois campeões de votos, a chance de a chapa puxar, no mínimo, mais um deputado federal e, no máximo, mais dois deixa de ser um sonho, ficando bem próximo de uma realidade palpável.
Com essa fase das articulações políticas em Mato Grosso do Sul já pacificada, as atenções ficarão voltadas para o destino político do governador Eduardo Riedel e do ex-governador Reinaldo Azambuja, atual presidente estadual do PSDB, pois, para que seja concretizado o arco de aliança para a reeleição do primeiro e a eleição do segundo ao Senado, vai depender de qual decisão eles vão tomar.
Pelas bandas da União Progressista já está tudo encaminhado para a disputa das eleições gerais do ano que vem. Agora a bola está com Riedel e Azambuja, que terão de tomar, logo, uma decisão para que a locomotiva continue nos trilhos.
Como diziam os romanos, Alea jacta est, que traduzido do latim para o português significa a sorte está lançada.
ADVERSÁRIOS
Nas eleições gerais de 2022, o empresário do agronegócio e ex-secretário estadual Eduardo Riedel (PSDB) e o então deputado estadual Capitão Contar (PRTB) travaram uma disputa acirrada e que só foi decidida no segundo turno do pleito.
Com 100% das urnas apuradas, o tucano obteve no total 808.210 votos, o que corresponde a 56,90% dos votos válidos, contra 43,10% do militar da reserva do Exército, que conseguiu 612.113 votos, uma diferença de 196.097 votos, ou seja, 13,8%.
Enquanto no segundo turno Riedel conquistou o apoio da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, que estava no Patriotas, do candidato a governador derrotado Adonis Marcos, que era do Psol, e de boa parte do PT, Contar recebeu o apoio dos candidatos a governador derrotados André Puccinelli (MDB) e Rose Modesto (União Brasil).
No primeiro turno, Capitão Contar avançou para o segundo turno graças a uma declaração do então presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) no último debate dos candidatos a presidente, realizado pela Rede Globo.
Bolsonaro pediu para que os eleitores da direita em Mato Grosso do Sul votassem no candidato do PRTB em vez de Riedel, que tinha o apoio da sua ex-ministra Tereza Cristina.
Entretanto, no segundo turno, a então senadora recém-eleita Tereza Cristina pediu para que Bolsonaro, que também tinha ido para o segundo turno para enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ficasse neutro.
A estratégia deu certo e o tucano derrotou o militar da reserva do Exército na reta final da campanha eleitoral.
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