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Vaidade masculina engorda mercado de cosméticos e tratamentos

Vaidade masculina engorda mercado de cosméticos e tratamentos

Folha

09/08/2011 - 23h30
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Foi-se o tempo em que presente de Dia dos Pais era caixa de ferramentas ou kit-barba. Eles também curtem o último lançamento cosmético ou um "vale-tratamento".

"A vaidade masculina, que era só aposta de mercado, está legitimada socialmente e apreciada pelo olhar feminino", diz o sociólogo Dario Caldas, que desde 1995 monitora esse segmento em seu birô de tendências.

Se o jogador Ganso escancara que arranca pelos, quem precisa esconder a peruíce? "A novidade não é a depilação, mas a naturalidade com que ele fala sobre, sem dramas de afirmação", diz Caldas.

A cada 20 dias, o empresário Diogo Ribeiro, 30, deixa R$ 400 no cabeleireiro. Faz limpezas de pele trimestrais. Sua nécessaire tem creme antirrugas, anti-olheiras e xampu para cabelo tingido.

"Os amigos tiram sarro de mim quando estão em turma, mas, depois, cada um vem pedir um conselho", diz.

O gerente de marketing Danilo Benatti, 30, também enfrenta gozações. "Falam que não sou metro, mas quilometrossexual." Ele, que depila a sobrancelha, calcula gastar uns R$ 5.000 por mês com estética.

"Macho desleixado só serve para fantasia sexual, mas as mulheres procuram um cara bem cuidado para relacionamento sério", crê Benatti.

Revistas masculinas mais recentes não estampam mulheres nuas, mas torsos de deus grego e chamadas tipo "Conquiste barriga de tanquinho em duas semanas".

O dermatologista Davi de Lacerda credita a essa literatura uma parte da influência. "Vendem uma aparência cosmopolita de beleza, os homens buscam inspiração nelas, o que abriu o mercado."

E como. Em 2010, produtos masculinos para higiene e beleza movimentaram US$ 3,2 bilhões (cerca de R$ 5 bi), segundo a associação que reúne indústrias do setor.

O crescimento de 39% em relação a 2009 é explicado pelo momento econômico e o fato de os produtos estarem "melhores e mais baratos", segundo João Carlos Basílio, presidente da entidade.

O aumento da expectativa de vida também ajuda a entender o boom. "Como precisa ficar no mercado de trabalho por mais tempo, o homem investe mais na aparência."

Nem sempre produtos "for men" têm fórmulas específicas para eles, que têm pele mais oleosa que as mulheres.

"A indústria coloca nos produtos texturas e fragrâncias baseadas em pesquisas, o que não significa, obrigatoriamente, que ofereçam vantagens dermatológicas aos homens", diz Davi de Lacerda, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Rugas de preocupação

Botox, tratamentos contra manchas e depilação a laser estão aumentando a romaria de homens aos dermatologistas. "No meu consultório, triplicou a presença masculina nos últimos cinco anos", diz o dermatologista Sérgio Schalka.

Para ele, a maior eficácia dos procedimentos, nas mulheres, atraiu os rapazes. "O botox é muito procurado por eles para a ruga entre as sobrancelhas", diz.

Mas nada bate o interesse por transplantes capilares.

"Cabelo de boneca é passado", diz o dermatologista Francisco Le Voci, especializado em transplantes. Hoje, segundo ele, são feitas 350 mil cirurgias do tipo no mundo, a maioria seguindo os dois principais métodos: extração da unidade folicular e transplante folicular.

A diferença é que, no primeiro, cada folículo é retirado, geralmente da nuca, e implantado na área calva. No segundo, toda uma tira é extraída e, depois, cada folículo é separado e colocado. Um procedimento desses varia de R$ 8.000 a R$ 30 mil, em média.

Homem não deita na maca só pra colocar cabelo. Também retoca pálpebras e nariz, tira "pneus" e já representa 15% do total de plásticas, na estimativa do presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Sebastião Guerra.

"Antes, a faixa era por volta dos 40 anos. Hoje, cresce para baixo e para cima."

Os cabeleireiros sentem bem a mudança. Dennis Ruiz, sócio dos salões Imagem, em São Paulo, diz que a demanda aumentou nos últimos cinco anos, o que levou a marca a abrir uma unidade só para homens.

"Mas os mais modernos preferem salão unissex, acham que, no masculino, o pessoal é muito tradicional", diz.

"Antes, ia ao cabeleireiro escondido", conta o industrial Antônio Melo Filho, 53, que não gosta de barbearias "porque só cortam no comprimento e não acertam". Hoje, Melo vai ao salão com mulher e filhos.

O contador Marcos José, 42, divide cremes com a mulher. "Pele não tem sexo", diz. Ele gasta 40 minutos no ritual: "Começo com a loção de limpeza, depois tonificante, hidratante e, no fim, creme antienvelhecimento".

Há dois anos, ele descobriu a massagem e o banho de ofurô, quando ganhou um pacote para um spa.

"Tinha preconceito no começo. Depois, vi que não tinha nada a ver."

Diálogo

Essa história de possível fusão, federação ou incorporação dos partidos es... Leia na coluna de hoje

Confira a coluna Diálogo desta terça-feira (29)

29/04/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Clarice Lispector - escritora brasileira

Ando de um lado para outro, dentro de mim. (...)
Estou bastante acostumada a estar só, 
mesmo junto dos outros”.

FELPUDA

Essa história de possível fusão, federação ou incorporação dos partidos está parecendo novela mexicana, aquelas em que noivas são abandonadas no altar, pais autoritários que não aceitam o namoro e rapazes pobres sonhando em casar com moças ricas. A realidade: algumas siglas achavam que estavam prestes a trocar alianças e foram deixadas de lado. Certas lideranças estão batendo o pé e não aceitam nenhuma das três alternativas e determinados partidos pobres em representatividade querem porque querem “casar” com os ricos em potencial de votos. Afe!

Profissional

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou projeto de lei que reconhece o exercício profissional da capoeira, declarando-a bem de natureza imaterial em todas as formas. 

Mais

O texto também estabelece as competências do profissional mestre de capoeira e as qualificações profissionais para o exercício da atividade. 

Diálogo

Os alunos Tailaine Gomes Felix de Lima e José Vitor Ferreira Balasso, de Nova Andradina, estarão representando o Brasil 
e Mato Grosso do Sul na Regeneron International Science and Engineering Fair (ISEF), que ocorrerá entre os dias 10 e 16 de maio, em Columbus, Ohio (EUA), considerada a maior feira pré-universitária de ciências do mundo. Eles foram premiados na Mostratec-Liberato (Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia), que é considerada a maior feira de jovens pesquisadores da América Latina. Alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, apresentaram estudo que avaliou o uso da espectroscopia FTIR-ATR como ferramenta para identificar fungos presentes em pastagens em Mato Grosso do Sul e analisar a composição química do solo, sob a orientação da professora Grazieli Suszek.

DiálogoIomê dos Santos

 

DiálogoGlorinha Kalil

Aconchego

Com a prevista oficialização do Podemos se incorporar ao PSDB, o governador Riedel sinaliza que não pretende deixar o ninho tucano e, a exemplo de quando disputou o primeiro mandato, espera contar com apoio de alguns dos partidos, inclusive alguns hoje de sua base aliada. Poderá ter dificuldade em ter no palanque o PT e o MDB, que deverão trabalhar para continuar no comando da Presidência da República.

Baliza

O ex-governador Azambuja sinaliza que o PSDB caminha para se tornar um partido de centro-direita, ou seja, a esquerda praticamente não teria sinal verde em direção ao ninho tucano. Candidato ao Senado, ele está movendo as peças em nível nacional para rumos do partido e, consequentemente, em MS.

No prumo

A escolha do deputado estadual Coronel David para presidente do PL de Campo Grande faz com que Jair Bolsonaro, liderança maior do partido, tenha nos dois postos-chave da sigla pessoas fiéis as suas propostas. Tenente Portela, suplente de senador, e Coronel David são amigos e políticos que ajudaram a construir a trajetória política do ex-presidente. Maior cuidado com as articulações políticas na Capital é uma necessidade no time liberal, onde o descontrole é grande. Alguns queriam “chutar” para um lado como se fosse a estrela máxima. Tudo indica que o Capitão botou a ordem em campo para que não volte a se decepcionar no jogo eleitoral de 2026, como ocorreu em 2024.

ANIVERSARIANTES

Gustavo de Arruda Castelo (Cegonha),
Dra. Thaynara Souza da Silva,
Tatiana Martinho Lescano Trad, 
Maria Dileni Rezende Siufi,
Dra. Eluiza Bortolotto Ghizzi, 
Dr. Alfredo Marquart Filho, 
Leonardo Teixeira Lage,
Rosa Carolina da Costa Rondon,
Sidnei Kunimatsu Guenka,
Adilson Amorim Puertes, 
Maria Elisabeth Mitsuko Ricco,
Marcio Aparecido de Lacerda,
Diego Theodoro Loinaz,
Zuliney Medeiros Acosta,
Helio Sanches,
Florêncio Ruiz Esteche,
Milene de Oliveira Nantes,
Edman Yamazato,
Cláudia Olívia Cesco Ribeiro Harfouche, 
Miriam Heney,
Hugo Borges Soares,
Luiz Felipe Santa Rita d’Athayde Gall, 
Oneide Gomes,
Vanderlei Pinheiro de Lima,
Nivaldo Araujo,
Juliana Abuhassan,
Nilo Peçanha Coelho Filho,
Célia Flores Medeiros,
Elvira de Oliveira Marques,
Hugo Pinto de Almeida,
Alice Martins de Jonas,
José Silva,
Afonsina Santana Costa,
Honorina Gonçalves,
Tércio Waldir de Albuquerque,
Marilene de Oliveira Lima,
Jesus Delbar Ferreira Leite,
Bruno Kurt Fehauer,
Eliza Yoko Kanashiro Miyahira,
Rogério Pereira Lobo,
Gabriela Maria Bastos Lucchesi Kadri,
Dilza Andrade Xavier,
Sandra Coutinho Curado, 
Patrícia Carneiro de Melo,
Ary Campos de Oliveira,
Mário Sérgio Miranda,
Diana Maria Marques,
Cleuza Helena dos Reis Assis,
Eulália Maria Ferreira de Souza,
Odilza Nogueira,
Norma Suely Flores,
Maria Elza da Silva Cruz,
Sérgio Murilo de Souza Teixeira,
Maria Helena Cruz,
Hedil Marcos Benzi Filho,
Maria Lucia Echeverria Rocha,
Bruno Schneider Pereira Sele,
Braulio Schneider Pereira Sele,
Douglas Lubacheski de Aguiar,
Maria Raquel Lins de Oliveira,
Ana Flávia Martins Cantarin,
Maria Angélica Velasques,
Ivanir Cardoso de Melo,
Fernando Câmara Ferreira,
Adilson de Souza Rodrigues,
Luana Ruiz, 
Dra. Emília Emiko Tomé Alves, 
Dr. Antonio Carlos de Menezes, 
Dr. Cesar Adania, 
Alceu Roberto Ungari,
Bruna Arza Schneider,
Joracy Pereira Hernandes,
Antonia de Jesus Pereira,
Maria Artêmia Rocha da Silveira, Jacqueline Fatima Rodrigues de Mendonça,
Francisco Valter Azambuja,
Nair Barbosa Rodrigues.
Antonio Carlos da Silva,
Daniel de Paula e Souza, 
Edu Mariano de Souza Júnior,
Jean Rodrigo Lisbinski, 
Ester Cruciol,
Carlos Alberto Machado,
Paula Balestieri Mariano de Souza, 
Jaqueline Zambiasi,
Mario Kimio Sasada,
Messias Alipio de Oliveira Ribeiro,
José Rizkallah Júnior, 
Rosalva Darc Lopes Nakamura,
Antonio Leite de Barros Neto,
Sérgio Luiz Romanholi,
Alessandro Consolaro,
Gustavo Lauro Korte Junior,
Ana Patricia Pinesso,
Elisangela Piffer,
Renatta Silva Venturini,
Walfrido Lourenço de Souza,
Denivaldo Antônio de Oliveira, Ivando Dias da Silva, 
Rodolfo Martins Costa, 
Joaquim de Jesus Campos de Faria,
Renato da Silva Cavalcanti,
Weber Luciano de Medeiros,
Adriana Teles Morele Monteiro,
Juarez Valerio Durex, 
Tânia Cristina Pereira Souza, 
Olga Sueli de Oliveira.

*Colaborou Tatyane Gameiro

JUBILEU DE PRATA

No Dia Internacional da Educação, conheça diferentes abordagens e opiniões sobre o tema

Acordo foi assinado por 164 países, inclusive o Brasil, há 25 anos, no Senegal, para garantir o desenvolvimento e o acesso a esse importante bem universal

28/04/2025 10h00

Homenagem do ilustrador Éder Flávio ao pernambucano Paulo Freire (1921-1997), referência mundial na pedagogia e patrono da educação brasileira; Freire é o autor da frase que dá título a essa reportagem

Homenagem do ilustrador Éder Flávio ao pernambucano Paulo Freire (1921-1997), referência mundial na pedagogia e patrono da educação brasileira; Freire é o autor da frase que dá título a essa reportagem Crédito: Éder Flávio

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Em “O Clube do Filme” (2007), um pai desempregado, buscando garantir a educação de um filho de 15 anos que enfrenta seguidas reprovações na escola, propõe ao rapaz a substituição das aulas por três sessões semanais de cinema. Em “O Mestre Ignorante – Cinco Lições Sobre a Emancipação Intelectual” (1987), Joseph Jacotot (1770-1840), um professor iluminista, rompe com os padrões pedagógicos então vigentes e com as suas convicções para, em plena França do século 19, criar um método revolucionário baseado na igualdade.

Inspirados em histórias reais, os dois livros, lançados no Brasil em 2009 e 2004, respectivamente, tornaram-se best-sellers. O primeiro, do crítico de cinema canadense David Gilmour, é de cunho autobiográfico. O segundo foi escrito pelo filósofo francês Jacques Rancière. Ambos narram propostas nada ortodoxas de prover a educação, seja no ambiente doméstico entre familiares, seja partindo de um professor para a sua turma de alunos. Mas, afinal, o que é educação? Embora não seja tão fácil defini-la, todos concordam sobre a sua importância.

Na filosofia, de modo bem genérico, a educação seria a transmissão e o aprendizado de técnicas de uso, produção e comportamento – ou seja, a própria a cultura – que permitem a um grupo humano a satisfação de suas necessidades, sua proteção em relação ao ambiente físico e biológico, bem como o trabalho coletivo segundo determinadas regras de organização e harmonia. Isso vale tanto nas sociedades primitivas quanto nas civilizadas, que se diferenciam, nesse sentido, apenas quanto à atitude ou orientação que procuram destinar à educação.

“É o mecanismo encontrado pela sociedade para possibilitar às novas gerações o acesso ao conhecimento, no caso escolar, e à forma de vida, no caso da família. Então, pega tudo aquilo que já foi produzido pela sociedade e forma as novas gerações. Isso é educação. A educação é histórica, assim como afirma o [pedagogo paulista Dermeval] Saviani. Em cada momento do desenvolvimento histórico da sociedade, ela se apresenta de uma forma diferente. E, sim, a educação escolar é diferente da educação familiar. Porém, as duas, o tempo todo, se completam. É impossível falar de uma sem falar de outra”.

Quem afirma é Paulo Duarte Paes, professor da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (FAALC-UFMS). Doutor em Educação pela Universidade Federal de São Carlos e especialista na formação de professores, ele diz que a escola deve se ater principalmente à educação no que se refere à apropriação das formas mais desenvolvidas do conhecimento: a ciência, a arte, a estética, a filosofia.

“Enquanto que a família ou as outras formas de educação comunitária se atêm a uma questão da vida cotidiana, de preparar uma nova geração para uma vida cotidiana. Mas as duas vão se interpondo uma sobre a outra”, reforça o professor. 

“Falando da educação formal, cientificista, cabe à escola esse papel. No entanto, a educação deve ser mais ampla e envolve o desenvolvimento integral do ser humano”, pontua a pedagoga e psicóloga baiana Miriam Teles von Hauenschild, especialista na pedagogia Waldorf, de base antroposófica.

SETÊNIOS

A maior preocupação da educação Waldorf, segundo Miriam, é oferecer ao indivíduo um currículo e um espaço que com possibilidades de pesquisa, experiência, curiosidade e autonomia na aquisição dos assuntos abordados, respeitando a individualidade.

“Para [o filósofo e educador croata] Rudolf Steiner [1861-1925], a educação é o meio que o indivíduo desenvolve a sua capacidade para ser livre, criativo e consciente. Contudo, essa liberdade, criatividade e consciência estão vinculadas ao desenvolvimento sadio de cada setênio”, afirma. Steiner é o mentor da Antroposofia e da pedagogia Waldorf.

“Assim sendo, existem aspectos do desenvolvimento humano que estão diretamente ligados à família e o entorno do educando”, prossegue Miriam. “No primeiro setênio [até os sete anos], os adultos responsáveis pela criança devem ser dignos de serem imitados e mostrar à criança em pequenas coisas que o mundo é bom. Nesse período, a família é fundamental, é o alicerce. Uma família disruptiva causa insegurança e medo”, afirma a psicóloga.

“No segundo setênio, até por volta dos 12 anos, o mundo deve-lhe ser apresentado como belo. Observar a beleza do mundo nas diversas formas, principalmente na beleza do afeto. As crianças começam a desvendar aos poucos o mundo que lhes rodeia. As críticas devem ser evitadas. Mas não se deve empurrar para baixo do tapete, aproveitando o erro para conduzir ao acerto e cada acerto deve ser acatado com entusiasmo”, prossegue a educadora antroposófica,

“No terceiro setênio [dos 14 aos 21 anos], os pais, e educadores de forma geral, não conseguem mais fingir ou camuflar quem realmente são e como o mundo é verdadeiro. Esse jovem deve chegar aos 21 anos sabendo que existe bondade, beleza e feiuras no mundo. Como a bondade e a beleza foram cultivados nos primeiros setênios, os jovens tendem a ser livres para escolher o seu caminho”, explica Miriam.

PROFESSOR ACUADO

O professor Paulo Duarte Paes defende que “a educação escolar precisa de projeto, de método, de estudo e de muito conhecimento”. E o que o adulto deve saber em relação a uma criança no que diz respeito à educação?

“Que a criança, quando vem ao mundo, ela ainda não sabe. Ela precisa aprender e ela precisa ter humildade. Nós vivemos em uma sociedade em que essa humildade está sendo negada, em que há um relativismo entre o que a criança sabe e o que o adulto sabe”, responde.

“A criança passa a ter um poder muito além do que deveria ter, o que destrói a capacidade da escola ensinar, da mãe ensinar, do tio ensinar, das pessoas mais velhas e mais sábias. Sim, sabedoria para quem viveu mais, para quem estudou mais. Agora, existe uma imensa força contrária a isso, que acha que não tem valor nenhum estudar e conhecer. Mas isso é uma visão terraplanista de educação, sabe? O professor está acuado hoje na escola, está sofrendo”, opina o professor.

“E isso não é só no Brasil, é quase no mundo inteiro ou no mundo ocidental. Lá na Ásia, eles continuam com uma educação super-rigorosa, supervoltada para a ciência, para a arte e para a cultura”, observa Paes.

AUTOEDUCAÇÃO

Para Miriam Teles, “todos os educadores deveriam seguir a máxima de retirar do caminho do educando os empecilhos para seu total desenvolvimento. Para isso, a postura do educador deve ser sempre de alguém que pode ser imitado”.

A especialista diz que, depois da educação formal, cabe a cada indivíduo a continuidade da autoeducação.

“Esse é o tempo da contribuição consciente para o mundo. Agora mais do que nunca o indivíduo precisa desenvolver o eu, o ser espiritual livre, mais que aquilo que a sociedade exige que ele aprenda”, afirma a psicóloga e pedagoga baiana. 

AUTORIDADE

“Sem autoridade, não há educação”, retoma Paes.

“Mas manter a autoridade sem entrar em uma perspectiva destrutiva. Porque, se ela for destrutiva, não é mais autoridade. O Brasil negligenciou muito a educação. A política pública não é só o dinheiro, é metodologia. Em termos metodológicos, não se avançou nada no sentido da busca de uma educação qualificada realmente. A política pública acompanhou tendências liberais que são um atraso no sentido da educação”, afirma o professor, que diz ser filiado à pedagogia histórico-crítica.

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